GERALDO RUBENS RAMOS DE FREITAS MARCEL RODRIGUES PRAXEDES. Disciplina de Nefrologia Faculdade de Medicina da USP



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Transcrição:

GERALDO RUBENS RAMOS DE FREITAS MARCEL RODRIGUES PRAXEDES Disciplina de Nefrologia Faculdade de Medicina da USP

GESF colapsante A primeira descrição desta GLOMERULOPATIA foi realizada por Weiss et al, em 1986, ao descrever 6 casos de pacientes com síndrome nefrótica e perda rápida e progressiva de função renal, histologicamente caracterizada pelo colapso glomerular, edema e hiperplasia das células epiteliais viscerais. Na descrição inicial de Weiss et al todos os pacientes eram afrodencendentes e 5/6 apresentaram quadro febril inespecífico antes da apresentação inicial da doença Posteriormente foi observada associação desta doença com o HIV, referindo-se habitualmente a esta como nefropatia do HIV (HIVAN) A maior parte dos casos de GESF colapsante estão associadas ao HIV (HIVAN) ou são idiopáticas AJKD, 33(4):652-657, 1999 Seminars in Nephrology, 23(2): 209-218, 2003

GESF colapsante Como causa secundaria definida de GESF colapsante há registro de casos após o uso de pamidronato Atualmente vários estudos tem investigado a associação de parvovírus B19 com GESF colapsante, os principais realizados por Tanawattanacharoen et al e Moudgil et al A GESF colapsante idiopática representa 1,8% a 1,9% das biópsias de rim nativo Ao longo do tempo a proporção de casos de GESF colapsante idiopática/ GESF idiopática de outros subtipos tem aumentado, de 1979 a 1985 representava 11%, de 1986 a 1989 20% e de 1990 a 1993 24% segundo serie de casos de Barisoni et al AJKD, 33(4):652-657, 1999 Seminars in Nephrology, 23(2): 209-218, 2003

Alguns estudos demonstravam predominância do sexo masculino, mas este não é um achado unanime Os vários estudos demonstram que os pacientes com GESF tem predomínio de afrodescendentes, proteinúria nefrotica com níveis superiores aos outros grupos de GESF e progressão mais rápida da piora de função renal. Grande parte dos pacientes com GESF colapsante apresentam proteinúria nefrótica (80%), em proporção maior que as demais variantes da GESF Seminars in Nephrology, 23(2): 209-218, 2003

A maioria dos estudos demonstra rápida evolução dos pacientes com GESF colapsante para doença renal terminal, com 50% a 100% dos pacientes apresentando este desfecho na maioria das séries Os vários estudos sugerem diferentes fatores prognósticos para desfecho renal, entre eles: creatinina da entrada, remissão ou não da proteinúria, fibrose intersticial à biópsia e número de glomérulos com lesões colapsantes Seminars in Nephrology, 23(2): 209-218, 2003

Tratamento da GESF colapsante Não existem estudos prospectivos controlados para avaliar os possíveis tratamentos para a GESF colapsante Existem pequenos relatos e estudos retrospectivos avaliando tratamento com corticosteroides, ciclofosfamida, ciclosporina e micofenolato, mas sem resultados que resultem em conduta imunossupressora incontestável O tratamento imunossupressor é habitualmente recomendado já que a evolução natural da doença é muito ruim, com a maioria dos centros optando por corticosteroides oral ou ciclosporina. Deve-se lembrar ainda que o tratamento com antiproteinúricos é parte indispensável na conduta desta doença, devendo ser instituídos sempre que possível Seminars in Nephrology, 23(2): 209-218, 2003

Coloração pela prata de glomérulo colapsado em GESF colapsante idiopática Seminars in Nephrology, 23(2):209-218, 2003

Características da GESF colapsante idiopática Estudo realizado no Hospital de Skopje na Macedônia Avaliadas 893 biópsias consecutivas de rim nativo Incluídos 16 pacientes com GESF colapsante idiopática e 29 pacientes com GESF idiopática de outros subtipos Todos pacientes HIV negativos Realizada a comparação de dados laboratoriais e populacionais dos grupos de GESF idiopática colapsante x não colapsante e seguimento de 5± 1,46 anos para observar desfecho AJKD, 33(4):652-657, 1999

GESF colapsante idiopática x GESF idiopática outros subtipos Não houve diferença em idade 34 ± 4anos (14 a 65 anos) x 35 ± 3anos (13 a 60 anos) (p=0,6952) Nível sérico da creatinina inicial superior 2,07 ± 0,35 X 1,3 ± 0,11 mg/dl mas sem significância (p=0,0504) Não houve diferença de proteinúria 5,83 ± 0,74g/d x 5,42 ± 0,84g/d (p=0,7668) Não houve diferença das medidas de pressão sistólica e diastólica (p=0,556) A evolução para doença renal terminal foi mais importante (15/15) 100% x 40% (12/29) em 5 ± 1,46 anos de seguimento (p=0,025) AJKD, 33(4):652-657, 1999

Parvovírus B19 e o rim A associação de glomerulopatias seguindo quadros de infecção por parvovírus B19 são relativamente frequentes e essa associação tem sido investigada, ainda sem mecanismo fisiopatológico bem definido Seguem abaixo as doenças renais já relatadas após quadro de infecção pelo parvovírus B19: Síndrome nefrítica com hipocomplementenemia podendo se associar a proteinúria nefrótica, histologicamente caracterizada com proliferação mesangial e capilar com deposito granular de C3 e IgG em parede capilar e mesangio, com PCR em biópsia positiva para pesquisa de parvovírus B19, caracterizando GNDA pós infecção por este agente. Microangiopatia trombótica após infecção viral Síndrome hemolítico urêmica Glomerulopatias associadas à vasculites como Henoch Schölein, poliarterite nodosa e granulomatose de Wegner Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) subtipo colapsante idiopática Clin J Am Soc Nephrol, 2:S47 S56, 2007

Parvovírus B19 O parvovírus B19 é um vírus sem envelope, com fita única de DNA, membro da família Parvoviridae, do gênero Erythrovirus, descoberto em 1975. Existem 3 genótipos do vírus o B19, LaLi-Like e V9 Like com variação de nucleotídeos de até 10%. O genoma do vírus codifica 1 proteína não estrutural, a nonstructural protein 1 (NS1), e ainda 2 proteínas do capsídeo viral protein 1 (VP1) e viral protein 2 (VP2) O vírus possui estrutura icosaédrica simétrica composta predominantemente de VP2 Clin J Am Soc Nephrol, 2:S47 S56, 2007

Epidemiologia do parvovírus B19 Aproximadamente 70-85% dos adultos tem evidência sorológica de exposição previa ao vírus. A transmissão ocorre habitualmente pela inalação de aerossóis, mas também pode ocorrer transmissão vertical, em transfusões ou transplantes. O parvovírus após adentrar o hospedeiro se liga às células que expressão a GP4 (glycosphingolipid globoside), também chamada antígeno P. Proteína com expressão mais importante em células de linhagem eritróide. Outras proteínas tem sido identificadas como coreceptoras para a adesão viral como a integrina α5β1 e Ku80. Clin J Am Soc Nephrol, 2:S47 S56, 2007

Infecção pelo parvovírus B19 A infecção pelo parvovírus B19 pode se apresentar de várias formas: Sintomas inespecíficos de uma infecção de via aérea superior Eritema infeccioso com face esbofeteada, febre e astenia Poliartralgia ou poliartrite com acometimento principal de metacarpo-falangianas, punhos, tornozelos e joelhos Crise aplástica em pacientes com baixa produção eritrocitária ou grande turn over Hidropsia fetal Óbito intrauterino Atualmente este vírus tem sido associado a varias doenças, com mecanismos fisiopatológicos ainda em investigação Clin J Am Soc Nephrol, 2:S47 S56, 2007

Clin J Am Soc Nephrol, 2:S47 S56, 2007

Diagnóstico e tratamento do parvovírus B19 O diagnóstico da infecção viral pode ser realizado por testes sorológicos ou pesquisa do DNA viral por PCR Não existe até o momento tratamento específico para o parvovírus B19 Existem alguns trabalhos, não controlados, com uso de imunoglobulina humana que demonstram melhora nos casos de anemia aplástica (dose 400mg/Kg/dia 5 a 10 dias consecutivos) Clin J Am Soc Nephrol, 2:S47 S56, 2007

Associação do parvovírus B19 com GESF colapsante idiopática Estudo realizado na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill Biópsias renais realizadas de 1991 a 1997 Incluído um total de 44 biópsias 10 GESF colapsante idiopática, 10 GESF não colapsante, 10 GN membranosa, 10 lesões mínimas, 4 controles de nefrectomia por neoplasia Realizada pesquisa de DNA do parvovírus B19 com PCR AJKD, 35(6):1166 74, 2000

Associação do parvovírus B19 com GESF colapsante idiopática Houve predomínio de afrodescendentes no grupo de GESF colapsante idiopática quando comparado aos outros grupos. O PCR para parvovírus B19 foi positivo em 17/20 casos (87%) de GESF idiopática, sem diferença estatística entre o grupo de colapsante e não colapsante, mas com diferença destas para o grupo de membranosa, lesões mínimas e controle com 13/24 (54%). AJKD, 35(6):1166 74, 2000

Associação do parvovírus B19 com GESF colapsante idiopática Estudo realizado no Cedars-Sinai Medical Center Los Angeles, CA, USA Biópsias renais realizadas de 1994 a 1999 Incluídos pacientes com GESF colapsante, GESF outros subtipos, GESF colapsante relacionada ao HIV (HIVAN) e controles Realizada pesquisa de parvovírus B19 por PCR (total 96 pacientes) Realizada pesquisa de PCR de parvovírus B19 em sangue dos pacientes disponíveis (total 213 pacientes) Kidney International, 59 :2126 33, 2001

Associação do parvovírus B19 com GESF colapsante idiopática O grupo de GESF colapsante idiopática apresentava maior proporção de mulheres quando comparado com os outros grupos. O grupo de GESF colapsante idiopática apresentava número semelhante de afrodescendes comparado com o grupo HIVAN, mas superior ao grupo de outras GESF não colapsante e controle. O grupo de GESF colapsante idiopática apresentava ainda anemia e perda de função mais acentuados que o grupo de GESF não colapsante, mas semelhante ao grupo de HIVAN. Kidney International, 59 :2126 33, 2001

Associação do parvovírus B19 com GESF colapsante idiopática A posirtividade do PCR para parvovírus B19 nas biópsias analisadas foi de 78% no grupo GESF colapsante com valor estatisticamente significativo quando comparado aos grupos com HIVAN, GESF não colapsante e controle. No grupo de pacientes em que foi realizado o PCR para parvovírus B19 no sangue houve concordância de positividade com PCR positivo no material da biópsia. O número de resultados positivos correspondia a 87% dos avaliados com valor estatisticamente significante no grupo de GESF colapsante idiopática. Kidney International, 59 :2126 33, 2001

Associação do parvovírus B19 com GESF colapsante idiopática A positividade do material analisado para parvovírus B19 no grupo de GESF colapsante idiopática permite perceber a associação deste agente com a doença, mas não demonstra relação de causa efeito nem traz evidência do mecanismo fisiopatológico da lesão A demonstração de possível associação do agente viral com GESF colapsante idiopática vem de encontro à sua apresentação clínica habitual, com sintomas sistêmicos inespecíficos e quadros infecciosos precedendo a apresentação clínico-laboratorial do quadro renal. Este estudo demonstra a associação entre a infecção por parvovírus B19 demonstrada com PCR para pesquisa de DNA viral em material de biópsia renal e sangue com a ocorrência de GESF colapsante Kidney International, 59 :2126 33, 2001

Hibridização in situ de biópsia renal com PCR em amostra previamente positivo evidenciando positividade para parvovírus B19 em célula do epitélio parietal em glomérulo estruturalmente normal Hibridização in situ de biópsia renal com PCR em amostra previamente positivo evidenciando positividade para parvovírus B19 em célula do epitélio visceral em glomérulo colapsado Kidney International, 59 :2126 33, 2001

Referencias Grcevska L, Polenakovik M. Collapsing glomerulopathy: clinical characteristics and follow-up. AJKD, 33(4):652-7, 1999. Schwimmer JA, Markowitz GS, Valeri A, Appel GB. Collapsing glomerulopathy. Semin Nephrol, 23(2):209-18, 2003. Waldman M, Kopp JB. Parvovirus B19 and the kidney. Clin JASN, 2(Suppl 1):S47-56, 2007. Tanawattanacharoen S, Falk RJ, Jennette JC, Kopp JB. Parvovirus B19 DNA in kidney tissue of patients with focal segmental glomerulosclerosis. AJKD, 35(6):1166-74, 2000. Moudgil A, Nast CC, Bagga A, Wei L, Nurmamet A, Cohen AH, Jordan SC, Toyoda M. Association of parvovirus B19 infection with idiopathic collapsing glomerulopathy. Kidney Int, 59(6):2126-33, 2001. Barisoni L, Valeri A, Radhakrishnan J, Nash M, Appel GB, D'agati V. Focal segmental glomerulosclerosis: A 20 years epidemiologic study. (abstract) JASN, 5:347, 1994.