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Transcrição:

748 As mordidas abertas anteriores são mais difíceis de serem corrigidas com a técnica lingual? The anterior open bites are more difficult to be corrected with the lingual technique? Marcelo Marigo 1 Guilherme Marigo 2 Resumo As desarmonias faciais no plano vertical, como as mordidas abertas, são grandes desafios para os ortodontistas pelas dificuldades técnicas conhecidas de tratamento e pela instabilidade da correção que depende da severidade, etiologia e época de tratamento. As técnicas ortodônticas vestibular e lingual apresentam grandes vantagens uma diante da outra, dependendo do tipo de movimento dentário a ser realizado. Este trabalho teve como objetivo demonstrar, comparativamente, recursos para fechamento de mordida aberta anterior entre as duas técnicas, e ainda, apresentar um bráquete lingual com ponta ativa como recurso para uma terapia ortodôntica mais eficiente pela técnica lingual, abrangendo as ações reeducadoras e impedidoras conforme o posicionamento da língua. Para isso, apresentou um caso clínico como projeto piloto para a proposição do Bráquete Esporão Marigo. Diante de resultados satisfatórios, foram apresentadas diversas considerações vantajosas em favor da técnica lingual no tratamento ortodôntico da mordida aberta anterior. Descritores: Mordida aberta anterior, Esporão, Ortodontia Lingual. Abstract Facial disharmonies in the vertical plane, such as open bite are major challenges for orthodontists by the technical difficulties of treatment and correction of instability, which depends on the severity, etiology and time of treatment. The buccal and lingual orthodontic techniques have great advantages in the face of one another, depending on the type of movement to be performed. This study aimed to demonstrate features compared to the closing of anterior open bite between the two techniques, and also presents a tongue-tip bracket as a resource for an active orthodontic treatment more efficient through the lingual technique, including actions as blockers retrained and positioning of the tongue. It also presented a clinical case as a pilot project for the proposition Spur Bracket Marigo. Front the satisfactory results, several considerations were presented in favor of advantageous technique in lingual orthodontic treatment of anterior open bite. Descriptors: Anterior Open Bite, Spurs, Lingual Orthodontics. 1 Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. 2 Especialista em Ortodontia pela Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). Professor do Curso de Odontologia da FACS, UNIVALE. Correspondência com o autor: marigo@ortodontiamarigo.com.br Recebido para publicação: 30/07/11 Aceito para publicação: 06/09/11

749 Introdução e revisão da literatura Desarmonias faciais no plano vertical, como as mordidas abertas, são grandes desafios para os ortodontistas pelas dificuldades técnicas conhecidas de tratamento e pela instabilidade da correção que depende da severidade, etiologia e época de tratamento. A etiologia dessa má oclusão pode ser atribuída aos hábitos de sucção, presença de tecidos linfóides hipertróficos, respiração bucal, fonação, deglutição atípicas e postura anterior da língua em repouso. 13,15,26 A mordida aberta anterior (MAA) tem uma prevalência que varia entre 1,5% a 11%. Esta variação considerável é devido à definição empregada pelos autores nos estudos, já que é considerada aberta desde quando a sobremordida é menor do que relação normal, relações incisais topo a topo e chegando até a falta de contato dos incisivos. 4 Em relação à estabilidade, há posicionamentos distintos entre alguns autores. Na dentição permanente, 35% dos pacientes tem mais de 3 mm de recidiva 17 e 1 ano após o tratamento 75% dos pacientes mantiveram estabilidade na correção. 16 Clinicamente, há uma estabilidade significante nos tratamentos de mordidas abertas dos pacientes com dentição permanente em torno de 61% após 5 anos de finalizados. 14 Porém, não há evidências de um alto nível de controle na eficácia da terapêutica ou estabilidade do tratamento da mordida aberta anterior sem cirurgias ortognáticas ou mesmo para os casos cirúrgicos. Análises longitudinais de série de casos, pelo menos de 1 ano após tratamento, indicaram que ambos os tratamentos, cirúrgicos ou não cirúrgicos, podem ser resolvidos satisfatoriamente e que também são propensos a recidivas. 10 É importante relacionar a etiologia da MAA com a sua severidade e estabilidade. As forças da atuação atípica durante a fonação e deglutição podem causar alteração nas arcadas dentárias. 27 Grande parte dos estudos de etiologia das MAA acusa a presença de disfunções secundárias, em especial a postura incorreta da língua em repouso. 24 É possível que uma pressão, mesmo que suave, porém contínua, exercida pela língua contra os dentes seja capaz de movimentá-los, produzindo efeitos indesejáveis significativos. 4 A tríade, quantidade, intensidade e frequência realmente parece ser a causa maior dessa má oclusão, pois quando um paciente tem uma postura anterior da língua, dependendo da frequência dessa força, mesmo que com baixa quantidade, poderia interferir na erupção e posição dos dentes causando uma mordida aberta. 15 Os dentes e ossos alveolares estão expostos a forças e pressões antagônicas advindas principalmente da função muscular, que em parte pode determinar a posição dentária, assim como, as forças intrínsecas dos lábios e da língua em repouso geram a condição de equilíbrio para a posição dos dentes. 4 Sendo assim, respeita-se a definição que o equilíbrio acontece quando um corpo recebe forças de diversas direções, mas não sofre aceleração, no caso dos dentes eles não sofrem movimentação. 21 Baseados neste conceito, Artese et al. 4 sugerem algumas situações de anormalidade e relacionam com a posição dos dentes e a forma de tratamento: 1) A posição alta da língua estaria associada à projeção discreta dos incisivos superiores, acarretando uma MAA com sobressaliência, sugerindo impedidores (grades) de projeção horizontal da língua; 2) Posição de repouso horizontal quando a língua projeta-se sobre a face palatina dos incisivos superiores e sobre os bordos incisais dos incisivos inferiores, causando projeção acentuada dos incisivos superiores e impedindo erupção dos inferiores. Indica-se uma terapia também impedidora; 3) Postura baixa da língua quando ela repousa sobre a face lingual dos incisivos inferiores, projetando-os e dificultando sua erupção, ocasionando uma relação incisal com um trespasse horizontal nulo ou mesmo negativo. Os incisivos inferiores em um plano abaixo dos dentes posteriores e podem ocorrer mordidas cruzadas posteriores e, por fim, 4) A postura muito baixa quando a língua apoia abaixo da face lingual dos incisivos inferiores, na região lingual do rebordo alveolar e ficando espalhada no assoalho da boca, causando uma constrição da arcada superior e uma expansão da arcada inferior. Em ambos os casos, de postura baixa e muito baixa, os autores indicam uma terapia com aparelhos educadores como os esporões ou pontas ativas. 4 Com a recente evolução dos aparelhos linguais, encontra-se na atualidade uma gama extensa de tipos de bráquetes. Na sua maioria, os bráquetes linguais possuem ganchos também nos anteriores, que facilitam o uso de elásticos verticais, além de serem uma referência para uma ação recordatória para a língua se posicionar mais atrás. 11 Considerando as MAA com postura baixa e muito baixa, a língua se encontra abaixo de sua posição correta e tem a necessidade de ser retraída e elevada, sendo esse processo de difícil aprendizado e automação. Para esses casos, há a indicação de métodos direcionadores. 4 Os esporões soldados aos arcos linguais, sejam eles superiores ou inferiores, são descritos na Marigo M, Marigo G.

750 literatura como solução para reeducação postural da língua, bem como aparelho quebra hábito resultando em fechamento de mordidas abertas. 9,22 Alguns métodos e preferências foram utilizados para o tratamento da mordida aberta e com sucesso, tais como, esporões soldados na palatina de anéis nos incisivos superiores 20, arco lingual de canino a canino inferior com esporões soldados 18, arco lingual inferior de molar a molar com esporões soldados 6 e grade palatina fixa e removível. 2,25 Ainda, o esporão lingual colado foi idealizado e desenhado com base nos princípios dos esporões tradicionais para a realização de uma pesquisa clínica no tratamento da deglutição atípica por pressionamento lingual. Esse acessório pode ser usado tanto no arco inferior quanto no superior dependendo do diagnóstico da posição lingual. 19 Quando tais métodos estão associados aos aparelhos fixos vestibulares, normalmente usa-se para potencializar o fechamento da mordida os elásticos verticais anteriores. Dessa forma, a ortodontia lingual busca esses recursos nas terapias das mordidas abertas anteriores. Portanto, diante de tantos recursos, qual técnica encontra maior dificuldade para o tratamento da mordida aberta anterior, a ortodontia lingual ou a vestibular? Proposição Em relação aos aparelhos impedidores, reeducadores e quebra hábitos (como os esporões ou pontas ativas, superiores ou inferiores) grades palatinas fixas ou removíveis são eficientes como auxiliares ou mesmo como principais métodos para o tratamento da mordida aberta anterior. Esses dispositivos são muitas vezes utilizados conjugados aos aparelhos vestibulares ou linguais. O objetivo desse estudo é demonstrar comparativamente recursos para fechamento de mordida aberta anterior entre as duas técnicas ortodônticas. Com a intenção de contribuir com o arsenal da terapia ortodôntica, propomos também, um tipo de bráquete esporão que poderá obter respostas favoráveis ao tratamento das mordidas abertas anteriores. Desenvolvimento do projeto Para o desenvolvimento desse projeto foi necessário se basear em alguns princípios biomecânicos comparativos entre a técnica vestibular convencional e a técnica lingual e, obviamente na literatura pertinente. É considerado que a ortodontia lingual possui grandes vantagens para determinados movimentos dentários em relação à técnica convencional e vice versa. Considerando as forças mecânicas, as distâncias dos pontos de aplicação dessas forças em relação ao centro de resistência dos dentes pode-se observar vantagens significativas em algumas situações. Outra diferença é a estética, quando se faz um tratamento ortodôntico sem o incômodo estético dos bráquetes vestibulares. 5 Na técnica lingual ocorrem movimentos verticais automaticamente pela proximidade ao centro de resistência, mesmo sem o auxílio de elásticos verticais intermaxilares. Nos casos de MAA que necessitam de exodontias para a correção, os dentes superiores tendem a inclinarem a coroa lingualmente durante a retração anterior. 7 Para evitar a retro inclinação dos dentes anteriores durante a retração anterior, os bráquetes são geralmente posicionados com um torque adicional vestibular de coroa. Esse torque produz uma força extrusiva nos incisivos e uma força intrusiva nos molares (Figura 1). Embora, seus efeitos sobre a movimentação dentária dependem do posicionamento dos bráquetes e da inclinação dos dentes. 8 Outra vantagem, é quando considera-se as forças extrusivas para fechamento das mordidas abertas anteriores mesmo sem exodontias (Figura 2). Figura 1 - Direcionamento das forças durante o fechamento de espaços nos casos de exodontias nas MAA tratados com Ortodontia Lingual.Fonte: Geron, S; Romano, R.; Brosh, T. 8 Figura 2 - Forças extrusivas comparativas aplicadas por vestibular e lingual.

751 O momento de força gerado quando é aplicado determinada quantidade de força por vestibular é maior do que a mesma força empregada pela lingual pela proximidade do ponto de aplicação da força ao centro de resistência (RC) do dente. Quando essa força é aplicada pela vestibular, o resultado é de uma inclinação lingual dos dentes ântero-inferiores, resultado indesejado quando se está diante de uma postura muito baixa da língua, pois nessas situações a língua se apoia abaixo das coroas dos incisivos, na região lingual do rebordo alveolar inferior, promovendo a retro inclinação dos incisivos inferiores e impedindo sua erupção normal. 4 Sendo assim, as forças extrusivas geradas pelos elásticos verticais aplicadas por vestibular potencializariam esses efeitos que são indesejáveis. Para um auxílio na comprovação da eficiência clínica, foi planejado um projeto piloto no qual foram utilizados bráquetes linguais inferiores do sistema Prieto, com modificação que consistia em uma soldagem de um esporão na aleta inferior do bráquete sobre o gancho, no sentido perpendicular à base do bráquete (Figuras 3 e 4). No arco superior, foram utilizados bráquetes Ormco 7 a Geração. Em ambos os arcos foram colados os bráquetes de canino a canino (Figura 5). A colagem foi indireta pelo sistema simplificado proposto por Scuzzo e Takemoto. 23 Paciente portador de uma Classe I de Angle com mordida aberta anterior, sexo feminino, adulto, com fonação e deglutição atípica (Figura 6a, 6b e 6c). Após os procedimentos laboratoriais, foi realizada a colagem nos arcos superior e inferior (Figura 7a e 7b). Além da mordida aberta, a paciente apresentava um discreto apinhamento dos incisivos superiores e inferiores. Os primeiros fios inseridos foram os 0.014 SS. Elásticos verticais 1/8 médios foram usados para aplicação das forças verticais extrusivas (Figura 8a, 8b e 8c). A duração do tratamento foi de 4 meses com resultados satisfatórios, como o fechamento total da mordida e uma relação vertical dos incisivos dentro dos padrões de normalidades. Houve também, concomitante ao fechamento da mordida, o alinhamento dos incisivos superiores e inferiores devido à atuação dos bráquetes (Figura 9a, 9b e 9c). Também foi constatado que em nenhum momento, apesar da utilização de pontas ativas bem afiladas, não houve qualquer lesão na língua da paciente durante todo o tratamento. 3 4 Figuras 3 e 4 - Esporões soldados nas aletas inferiores sobre os ganchos dos bráquetes do sistema Prieto. Figura 5 - Vista lingual dos bráquetes superiores e inferiores no processo de colagem indireta simplificada. Marigo M, Marigo G.

752 6A 6B Figura 6 (a,b,c) - Má oclusão Classe I com mordida aberta anterior. 6C 7A 7B Figura 7 (a,b) - Vista oclusal do arco superior e inferior após a colagem indireta pelo método simplificado. 8A 8B 8C Figura 8 (a,b,c) - Disposição dos elásticos verticais durante o tratamento.

753 9A 9B 9C Figura 9 (a,b,c) - Vista frontal e lateral mostrando o trespasse vertical dos incisivos e em oclusão lateral. Pode-se observar que, quando é associado um método reeducador (pontas ativas) com o método impedidor, os resultados podem ser mais eficientes e mais rápidos. Partindo do pressuposto que os elásticos verticais atuando por lingual (suas funções são como de uma grade palatina), há um impedimento da projeção da língua. Isto torna mais eficiente os resultados das forças verticais. Pode-se verificar que, quando as forças verticais são aplicadas pela lingual através dos elásticos, a língua não chega a interpor entre as bordas incisais, enquanto que, quando aplicados por vestibular a língua passa a interpor entre os incisivos, produzindo uma força contrária às forças verticais extrusivas dos elásticos (Figura 10). Bráquete esporão Considerando o caso clínico como um protótipo experimental, os princípios de biomecânica e a eficácia de métodos reeducadores e impedidores, principalmente nas posturas baixa e muito baixa da língua, foi proposto um bráquete esporão lingual - Bráquete ESPORÃO MARIGO (Figura 11a, 11b e 11c). Figura 10 - Demonstrativo das forças durante o uso dos elásticos verticais por lingual e por vestibular. Marigo M, Marigo G.

754 11A 11B 11C Figura 11 (a,b,c) - Bráquete Esporão Marigo. Esse bráquete possui dimensões bem apropriadas para sua função (Figura 12a e 12b). Possui base com angulação que proporciona adaptação melhor na superfície lingual, principalmente dos incisivos, diminuindo assim a espessura do pad de resina. A opção por um slot vertical foi visando um melhor acesso para inserção do fio e, essa opção indica na maioria das vezes, uma amarração com ligaduras metálicas (figura 13a e 13b). A amarração metálica facilita a colocação dos elásticos verticais nos ganchos e quando é feita ocupa grande parte da aleta inferior do bráquete, reduzindo assim o acesso ao elástico vertical a ser colocado nos ganchos. Quando houver a indicação da atuação reeducadora da postura baixa ou muito baixa da língua, o uso desses bráquetes deve ser apenas no arco inferior. No arco superior, pode-se usar qualquer outro bráquete com ganchos para o uso das forças elásticas verticais. Caso tenha a necessidade de esporões também no arco superior, os Bráquetes Esporão Marigo poderão ser também utilizados na arcada superior. A grande vantagem do uso desses bráquetes associados a elásticos verticais é que se tem uma ação efetiva de reeducação (pontas ativas) e impedidora (elásticos verticais com a função de grade palatina) (Figura 14a e 14 b). 12A Figuras 12 (a,b) - Dimensões em mm do Bráquete Esporão Marigo. 12B 13A Figura 13 (a,b) - Amarração do fio com ligaduras metálicas ao Bráquete Esporão Marigo. 13B

755 14A 14B Figura 14 (a,b) - Bráquetes Esporão Marigo no arco inferior (Reeducador) associado a elásticos verticais (Impedidor). Discussão A ortodontia lingual pode, em certas situações, ter vantagens indiscutíveis em relação à ortodontia com aparatologia vestibular, da mesma forma que a vestibular, em determinados casos, proporciona resultados bem mais eficientes do que a técnica lingual. Os diversos recursos de ambas as técnicas são comprovados cientificamente e a experiência clínica mostra a especificidade de cada uma. Quando se trata de mordidas abertas anteriores, essa anormalidade sempre foi considerada como uma das mais difíceis de ser tratadas pela técnica lingual. Porém, quando consideramos que os acessórios auxiliares para a correção da mordida aberta anterior utilizados pela técnica convencional são artifícios fixados pelo lado lingual, ou seja, a técnica convencional vestibular utiliza o aparelho vestibular com elásticos verticais e outros acessórios, como a grade palatina e esporões fixos pela lingual. Como grande parte das mordidas abertas, por função de hábitos ou mesmo posturas linguais, tem associado mordidas cruzadas posteriores e essas são as melhores indicações para correções com a técnica lingual, haja vistas, que a técnica vestibular utiliza também aparelhos expansores e disjuntores para o descruzamento de mordidas e, além disso, as forças partindo de lingual para vestibular são mais eficientes nesses casos. Assim, a técnica com bráquetes colados por lingual, muitas vezes não necessita de recursos expansores porque somente com os bráquetes e arcos conseguem resultados eficientes. Os recursos mais empregados para o tratamento de mordidas abertas anteriores que tiveram como fator causal o posicionamento atípico da língua ou hábitos anormais como a grade palatina 3,12,25 (a grade palatina associado à expansão rápida maxilar 28 ou esporão lingual fixo 3,6,9,18,20,22 ), são métodos comprovadamente eficientes. Considerando alguns aspectos como o número de visitas para a adaptação final desses aparelhos que implicam em separação de dentes, confecção de anéis, moldagens e trabalhos laboratoriais, corroboramos com as afirmações de Nogueira et al. 19 que os esporões colados tem a vantagem de serem métodos mais rápidos e com resultados efetivos, que dessa forma, por serem de menor tamanho e ainda justos à superfície lingual dos incisivos, proporcionam uma liberdade maior para a língua, não limitando-a ao espaço bucal reduzido pelo posicionamento das grades palatinas e outros acessórios. Estudos dos fatores etiológicos da mordida aberta anterior acusam a presença de disfunções secundárias, em especial a postura incorreta da língua em repouso. 24 Artese et al. 4 confirmam esses estudos classificando as posições da língua em normal, alta, horizontal baixa e muito baixa. Diante dessas afirmações, considera-se que o método proposto com o Bráquete Esporão Marigo abrangeria uma ação mais ampla em relação aos demais métodos, referente à correção da mordida aberta anterior. O bráquete esporão colado por lingual teria a função de reeducação lingual, assim como a efetividade de ação impedidora, quando se usa as forças verticais para fechar a mordida aberta. Os elásticos verticais posicionados por lingual atuam de forma mais eficaz do que os colocados por vestibular, já que não haveria forças opostas às extrusivas proporcionadas pela interposição da língua entre os incisivos. Quando inseridos por lingual, os elásticos têm uma ação semelhante à grade palatina, porém com a vantagem de estarem posicionados mais próximos aos dentes, não limitando excessivamente o espaço bucal para a língua realizar suas funções. 19 Ainda teria a vantagem de realizar o alinhamento e nivelamento dos incisivos caso estejam apinhados. Marigo M, Marigo G.

756 Considerações finais Diante do exposto e ainda levando em consideração a experiência clínica com a técnica lingual e o caso apresentado no projeto piloto, é pertinente fazer as seguintes considerações: Com a aparatologia lingual, há uma referência para o bom posicionamento da língua, se o paciente for bem orientado; Os casos de mordida aberta devem ter a avaliação, tratamento e acompanhamento da fonoaudiologia; Em caso de forças verticais com o uso de elásticos, a técnica lingual tem uma vantagem excepcional em relação à vestibular, já que não permite a interposição da língua como força resistente, como ocorre na técnica convencional; O auxílio de esporões pode ser um bom recurso para o bom posicionamento e reeducação da língua, evitando recidivas; A maioria dos fabricantes de bráquetes linguais adota ganchos em seus bráquetes anteriores, facilitando o uso de elásticos, o que não ocorre com os bráquetes vestibulares; No caso de se aplicar uma mecânica de aumento da altura nos dentes anteriores durante a colagem dos bráquetes, na técnica lingual é aplicado um torque independentemente da altura do bráquete, já que a colagem é sempre indireta. Na técnica vestibular, se a colagem não for indireta, com o aumento da altura, o torque é extremamente alterado; As forças verticais com o uso de elásticos aplicados por vestibular tendem a inclinar os incisivos para a lingual, e caso não haja espaço, poderá resultar em apinhamento. Esse fato se deve as forças serem aplicadas a uma distância maior do CR do dente e nos casos de postura muito baixa da língua tal movimento é contraindicado. Isso não ocorre com as forças linguais, pois estão mais alinhadas ao CR e são mais eficientes no momento de força extrusiva; Quando se necessita movimentos intrusivos nos molares superiores, a mecânica com a técnica lingual é mais eficiente, já que o ponto de aplicação de força está também mais alinhado ao CR. Enquanto isso, na técnica convencional há uma tendência de vestibularização dos molares; Esteticamente os elásticos utilizados pela face lingual são mais discretos do que os vestibulares, favorecendo maior colaboração do paciente. 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