Breves considerações acerca do teto remuneratório dos Procuradores Municipais



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Transcrição:

Breves considerações acerca do teto remuneratório dos Procuradores Municipais Felipe Barbosa de Menezes 1 Como é cediço, a Emenda Constitucional nº 41/2003 conferiu nova redação ao inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, consagrando o regramento do teto e subtetos remuneratórios para os agentes públicos (ocupantes de cargos, funções e empregos públicos, bem como detentores de mandado eletivo e demais agentes políticos) em relação ao poder governamental a que se vinculam, seja nos níveis federais, estaduais ou municipais. Oportuna a transcrição literal da norma constitucional: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) (grifos nossos) 1 Mestrando em Direito Processual pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Pós Graduado em Direito Público com Ênfase em Magistério Superior pela UNISUL/SC. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Vitória - FDV. Vice-Presidente da Comissão de Advogados Públicos da OAB - ES. Procurador do Município de Cariacica-ES. Advogado e Consultor Jurídico. 1

Restou nítida, no dispositivo constitucional, a regra de exceção relativa a certas carreiras jurídicas, notadamente no que se refere aos membros do Ministério Público, aos Defensores Públicos e Procuradores, que inquestionavelmente se submetem ao teto remuneratório correspondente ao subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, ao invés do Governador do Estado. Muito embora ainda não exista referência expressa à Procuradoria de municípios na Constituição da República (art. 132), não haveria que levantar dúvidas acerca do termo Procuradores no dispositivo supracitado, sendo certo que o mesmo engloba, pelo princípio isonomia e da simetria decorrente da forma federativa de Estado, os procuradores municipais. Os membros das Procuradorias Municipais, órgãos de consultoria e assessoria jurídica e de representação judicial e extrajudicial de ente federativo, não podem ser considerados tão somente servidores de apoio administrativo, a ponto de justificar a aplicação do teto remuneratório correspondente ao subsídio do Prefeito. Na verdade, esses profissionais integram carreira típica de Estado, tais quais os Promotores de Justiça, Procuradores do Estado e Defensores Públicos. Não existe, portanto, distinção institucional entre as Procuradorias dos diversos entes federativos. Sobre este tema, apenas a guisa de ilustração, vale lembrar o pronunciamento do E. Desembargador Rui Stoco, em voto proferido nos autos do processo 5.087/05-SP, que assim já se manifestou: emerge claro e icto oculi que os Procuradores em geral como o são os autores não se submetem ao subsídio de Prefeito como subteto ou limite. Pouco importa que sejam procuradores federais, estaduais ou municipais, pois onde a Magna Carta não distinguiu não cabe ao intérprete assim proceder. Não há como dar outra interpretação ao texto do inciso XI do art. 37 da Constitucional Federal. Aliás há absoluta coerência nessa simetria pois todos exercem seus cargos atuando perante o Poder Judiciário ou gravitam em torno dele. A matéria, especialmente no âmbito do Estado do Espírito Santo, já está pacificada pelo Tribunal de Justiça, conforme julgados que seguem: EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA COM APELAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCURADOR MUNICIPAL. TETO REMUNERATÓRIO. APLICÁVEL O TETO DE SUBSÍDIO DE 2

DESEMBARGADOR DE TJ. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA PARA MANTER A SENTENÇA 1) Tem prevalecido uma interpretação ampliativa do inciso XI, do art. 37, da CF/88. E, dessa maneira, tem-se aplicado também aos Procuradores Municipais, o teto dos Desembargadores. Precedentes TJ/ES e STF. 2) Inaplicabilidade, in casu, do teto remuneratório de subsídio percebido por Prefeito Municipal. 3) Recurso de apelação conhecido e improvido. Remessa necessária conhecida para manter a sentença guerreada. (TJES 024070096722 Classe: Reexame Necessário Relator : RONALDO GONÇALVES DE SOUSA Orgão Julgador: TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data do Julgamento: 30/04/2013) (grifos nossos) EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. APELAÇÃO CÍVEL. TETO REMUNERATÓRIO. PROCURADOR MUNICIPAL. ARTIGO 37, INCISO XI, DA CRFB. SUBSÍDIO DE DESEMBARGADOR. RECURSO DESPROVIDO. 1. A aquiescência tácita com o conteúdo da decisão há de inferir de fatos inequívocos, inconciliáveis com a impugnação da decisão. Inteligência do artigo 503, parágrafo único, do CPC. 2. Se não há exceção no texto constitucional, deve a remuneração dos Procuradores Municipais, assim como a dos Procuradores Estaduais e Distritais, ficar limitada ao subsídio dos Desembargadores. Aliás, é regra basilar da hermenêutica que não cabe ao intérprete restringir ou excepcionar onde a lei não o fizer. Vistos, relatados e discutidos os autos de APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA 024070096706, sendo APELANTE: MUNICÍPIO DE VITÓRIA E APELADO: ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA. Acorda a Egrégia Primeira Câmara Cível, à unanimidade, rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, por igual votação, negar provimento ao recurso e julgar prejudicada a remessa necessária, nos termos do voto do Exm.º Des. Relator. (TJES, Câmaras Civeis Reunidas, Processo: 0009670-50.2007.8.08.0024 (024.07.009670-6), Relator: Carlos Henrique Rios do Amaral, Data de Julgamento: 22/11/2011) (grifos nossos) Registra-se, inclusive, que foi reconhecida a repercussão geral da matéria pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 663.696, representativo de controvérsia nos termos art. 543-B do CPC: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TETO REMUNERATÓRIO (CF, ART. 37, XI). PROCURADORES MUNICIPAIS. LIMITE DO SUBSÍDIO DO PREFEITO. INTERPRETAÇÃO DA PARTE FINAL DO DISPOSITIVO. PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DA EXCEÇÃO TAMBÉM PARA OS ADVOGADOS PÚBLICOS MUNICIPAIS. LIMITE DO SUBSÍDIO DOS DESEMBARGADORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADUAL. QUESTÃO CONSTITUCIONAL COM REFLEXOS INDIRETOS NA 3

ESFERA JURÍDICA DOS PROCURADORES DE TODOS OS ENTES MUNICIPAIS DA FEDERAÇÃO. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL SOB OS ÂNGULOS JURÍDICO E ECONÔMICO (CPC, ART. 543-A, 1º). Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Não se manifestaram os Ministros Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia. Também por este motivo, o Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo mantém este posicionamento, no sentido de que o teto remuneratório dos Procuradores Municipais é o subsídio equivalente ao dos Desembargadores, já que inadmissível a distinção entre Procuradores Estaduais e Municipais: EMENTA: ESTUDO DE CASO ESPECIAL - TETO REMUNERATÓRIO APLICÁVEL AOS MEMBROS DE PODER, AOS DETENTORES DE MANDATO ELETIVO E AOS SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA EM QUALQUER DOS PODERES DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS TETO GERAL E TETOS ESPECÍFICOS INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 37, INCISO XI, 29, INCISO VI, E 27, PARÁGRAFO 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Na esfera Municipal, o subteto equivale ao subsídio do Prefeito. 2. Em sua manifestação, o culto representante do Parquet de Contas teceu ponderações relacionadas ao limite remuneratório dos Procuradores Municipais, manifestando-se no sentido de que os Procuradores Municipais devem seguir o mesmo regime constitucional delineado para os Procuradores Estaduais, para o Ministério Público, para os Defensores Públicos e para a Magistratura, aplicando-se a eles os preceitos esculpidos no inciso XI do art. 37, in fine, da Carta Magna. (...) argumenta-se que a Constituição Federal menciona apenas Procuradores, sem distinção de esfera de poder, entendendo que este teto seria o mesmo do Desembargador do Tribunal de Justiça, pois não se poderia criar uma distinção entre Procuradores Estaduais e Municipais. Ante todo o exposto, até decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal não ação acima referida, deverá ser mantido o posicionamento dessa Corte de Contas, considerando como teto remuneratório dos Procuradores Municipais o subsídio equivalente ao dos Desembargadores. Aplica-se assim o princípio da segurança jurídica. (Processo: TC-4766/2010 Procedência: TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Assunto: ESTUDO DE CASOS ESPECIAIS Interessado: CONSELHEIRO SEBASTIÃO CARLOS RANNA DE MACEDO. ACÓRDÃO: TC-293/2012 JULGADO EM 30.08.2012 E LIDO EM 11.09.2012 RELATOR: CONSELHEIRO SÉRGIO ABOUDIB FERREIRA PINTO) 4

Nesta linha, e em ação semelhante à que foi reconhecida repercussão geral, o Excelso Pretório se posiciona no sentido de que o termo Procuradores é previsto de forma ampliativa no ordenamento constitucional (RE nº 558258 - Ministro Relator Ricardo Lewandowski), sendo registrado que a exceção prevista no inciso XI do artigo 37 deriva do fato de que as referidas carreiras exercem funções essenciais à Justiça, o que demanda tratamento isonômico e simétrico aos membros da advocacia pública: Salientou, por outro lado, que a razão pela qual o inciso XI do art. 37 da CF na redação dada pela EC 41/2003 estabelecera uma exceção tão-somente em prol dos membros do Ministério Público, dos Procuradores e dos Defensores Públicos residiria no fato de que, embora os integrantes de tais carreiras não façam parte do Poder Judiciário, exerceriam, segundo assenta o próprio texto constitucional, funções essenciais à Justiça. Evidenciou, destarte, que os Procuradores Autárquicos também exerceriam função essencial à Justiça, haja vista que o vocábulo Procuradores, em nosso ordenamento jurídico, mostrar-se-ia polissêmico, servindo para designar tanto os membros do Ministério Público quanto os Advogados Públicos que atuam na defesa do Estado. Aduziu que a Constituição quando utilizou o termo Procuradores o fez de forma genérica, sem distinguir entre os membros das distintas carreiras da Advocacia Pública. Nesse diapasão, reputou ser desarrazoada uma interpretação que, desconsiderando o texto constitucional, excluísse da categoria Procuradores os defensores das autarquias, mesmo porque se aplicaria, à espécie, o brocardo latino ubi lex non distinguit, nec interpres distinguere debet. (Informativo STF nº 578) Por conseguinte, é evidente a possibilidade de aplicação do referido entendimento aos procuradores municipais, visto que integrantes da Advocacia Pública, desempenhando inegável função pública essencial à justiça, além da inexistir qualquer distinção, no texto constitucional, em relação aos procuradores estaduais e municipais. Pelo exposto, a melhor interpretação inclusive acolhida pela jurisprudência nacional e local (ES) é que o termo Procuradores constante no inciso XI do artigo 37 da Carta Constitucional abrange também os Procuradores dos Municípios, sendo que, considerando inexistir distinção de função institucional entre as Procuradorias, devem suas remunerações estar limitadas ao teto correspondente ao subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça e não ao Prefeito, como ocorre com os demais servidores da Administração Pública Municipal. 5