PALAVRAS-CHAVE: Adoção Tardia; Adoção; Teresina; Documentário; Jornalismo.



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Transcrição:

Vídeo Documentário Jornalístico Sobre a Adoção Tardia: Um ato de amor 1 Ruth Carioca COSTA 2 Silmara dos Santos LOPES 3 Sammara Jericó Alves FEITOSA 4 Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI RESUMO O documentário audiovisual intitulado Adoção Tardia: Um ato de amor relata a Adoção Tardia na cidade de Teresina no Piauí, e tem como objetivo compreender como funciona esse sistema devido ao fato de a maioria das crianças presentes atualmente nas casas de acolhimento da cidade terem mais de 02 (dois) anos, característica principal desse tipo de adoção. Para tal fim os caminhos metodológicos foram a pesquisa qualitativa e entrevistas em profundidade. Através do produto audiovisual é possível explorar e compreender como funciona esse sistema, tendo em vista ser o documentário jornalístico uma ferramenta que atende aos anseios do público dando-lhe possibilidade de se aprofundar num assunto e contribuir com a sociedade para um melhor entendimento deste. PALAVRAS-CHAVE: Adoção Tardia; Adoção; Teresina; Documentário; Jornalismo. 1 INTRODUÇÃO Neste artigo apresentamos o resultado da pesquisa de campo feita em relação a Adoção Tardia na cidade de Teresina no Piauí, apresentando como principal objetivo reunir informações para a criação de um documentário jornalístico cujo problema é entender como funciona esse sistema em Teresina. Segundo Zandonade e Fagundes (2003), dentro das possibilidades jornalísticas, o documentário é um dos segmentos telejornalísticos que se permite sair do lead convencional e aprofundar uma questão. 1 Trabalho submetido ao XXII Prêmio Expocom 2015, na Categoria Jornalismo, modalidade Documentário Jornalístico. 2 Estudante do 9º. Semestre do Curso de Comunicação Social: Jornalismo e Relações Públicas, email: ruth.carioca@hotmail.com. 3 Aluno líder do grupo e estudante do 9º. Semestre do Curso de Comunicação Social: Jornalismo e Relações Públicas, email: silmaralopes17@hotmail.com. 4 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Comunicação Social: Jornalismo e Relações Públicas, email: samjerico13@yahoo.com. 1

Essa possibilidade se dá porque o realismo, a não ficção e profundidade na abordagem do tema são alguns aspectos que podem ser observados dentro de um documentário audiovisual, no entanto não são apenas essas características que o apresentam como documentário. Segundo Bill Nicholls (2005) o documentário é uma representação social, ou seja, uma forma de ver o mundo através da lente das câmeras podendo ainda representar o interesse de outros. Tendo isso em vista as pesquisadoras buscaram entender como funciona o sistema de adoção tardia. A definição Tardia não tem respaldo jurídico, porém é colocada assim por estudiosos, psicólogos e assistentes sociais, para definir a adoção de crianças que já possuem algum tipo de discernimento sobre si. Para Silva Filho (2009) a expressão, geralmente, é utilizada quando se fala de crianças maiores de 02 (dois) anos. As casas de acolhimento, como os abrigos passaram a ser chamados, enfrentam atualmente em Teresina problemas de lotação e, como no restante do país, a maior parte das crianças que se encontram nessas casas são maiores de 02 (dois) anos, perfil diferente do que é frequentemente procurado pela maioria dos pretendentes a adoção que preferem meninas de até 02 (dois) anos de idade. Segundo dados do Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (CRIA), em Teresina existem 06 instituições com 188 crianças abrigadas, no entanto apenas uma está apta à adoção, ou seja, já possui a destituição familiar que acontece quando os responsáveis pela criança assinam um termo entregando a responsabilidade ao Estado. Devido à falta de agilidade jurídica para que ocorra a destituição familiar muitas crianças e adolescentes permanecem nas casas de acolhimento sem saber se irão para uma nova família ou voltarão a sua família de origem. Essa situação judicial impede a adoção fazendo com que estas crianças permaneçam muitos anos nas casas de acolhimento tirandoas assim da faixa etária de maior interesse para quem deseja adotar. Observando esse sistema o documentário jornalístico propõe-se a esclarecer a sociedade sobre como este funciona na cidade de Teresina despertando dessa forma uma discussão sobre o tema. 2 OBJETIVOS Esse documentário pretende entender como funciona o sistema de Adoção Tardia na cidade de Teresina no Piauí através da coleta de depoimentos daqueles que fizeram essa escolha e de pessoas que pretendem fazer esse tipo de adoção. Através deste pretende-se: 2

levantar a discussão sobre a Adoção Tardia; Informar sobre os procedimentos para quem deseja adotar a partir do meio jurídico no Brasil; Promover uma reflexão sobre a importância desse ato para quem adota e para quem é adotado; Estimular a adoção de crianças maiores de 02 (dois) anos e adolescentes. 3 JUSTIFICATIVA O projeto foi elaborado a partir da observação da necessidade de compreender como se dá o processo de adoção tardia na cidade de Teresina permitindo que o documentário esclarecesse os interessados em adotar e a sociedade em geral, ocasionando numa possível diminuição dos preconceitos existentes em torno do assunto ou pelo menos dando a possibilidade do conhecimento da situação dessas crianças/adolescentes e dos motivos pelos quais a adoção torna-se muitas vezes um processo de maior tempo. O documentário jornalístico foi escolhido devido à liberdade de criação, uma das características que mais atraem neste tipo de modalidade. Ela dá ao jornalista a chance de desenvolver um tema, apresentando diversos pontos de vista. Entretanto, essa liberdade não pode ser confundida com uma distorção da realidade. Dentro do jornalismo, o documentário existe para aguçar a criticidade do telespectador e enriquecê-lo individualmente, como afirma Zandonade e Fagundes: O documentário deve promover a integração entre os membros da comunidade retratada e desenvolver entre eles, de forma a enriquecer os conhecimentos individuais e coletivos. (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p.41). A maioria das crianças presentes hoje nas casas de acolhimento da cidade de Teresina são maiores de 02 (dois) anos e geralmente possuem irmãos, o que está fora do perfil mais procurado por casais que pretendem adotar. Portanto informar através de um documentário a realidade dessas crianças, o processo de adoção e como esse ato pode mudar a vida de ambas as partes, pode refletir no nosso meio social. Tendo em vista que a informação é um dos meios mais eficientes para rever conceitos. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Para produzir este documentário fez-se necessária a utilização de três métodos: pesquisa qualitativa e entrevista em profundidade e análise de imagens. A opção por essas técnicas deu-se por entender que para a obtenção de um bom produto audiovisual é 3

necessário não apenas o conhecimento aprofundado sobre o problema da pesquisa, mas também, compreender os passos para a elaboração de um produto audiovisual jornalístico. Com o intuito de entender o sistema que permeia a Adoção Tardia usou-se da pesquisa qualitativa, que para Godoy (1995, p.58) parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. O método qualitativo faz uma avaliação e interpretação de dados dentro de uma perspectiva subjetiva e indutiva onde o pesquisador tem a possibilidade de ver através do olhar do objeto de estudo. O pesquisador vai a campo buscando captar o fenômeno em estudo a partir da perspectiva das pessoas nela envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes. Vários tipos de dados são coletados e analisados para que se entenda a dinâmica do fenômeno. (GODOY, 1995, p. 57) O estudo em questão reuniu o conteúdo bibliográfico, fazendo a junção das várias formas de conhecimento, assunto que inquieta autores, quando também realizou abordagem sobre o controle bibliográfico universal 5, à medida que o teor de informações advindo das novas tecnologias nem sempre é confiável. O segundo método utilizado foi a entrevista em profundidade. Macário; Martins; Vasconcelos (2012), afirmam que a entrevista em profundidade é um método de obter informações de forma mais flexível, possibilitando ao entrevistador não limitar-se à resposta direta como acontece no caso de questionários. As fontes selecionadas para esse tipo de entrevista tratam o tema de forma subjetiva, dialogam sobre sua experiência diante do assunto, o que traz a profundidade, tendo em vista que junto com a troca de informações, o entrevistado acaba passando sua visão crítica sobre o que está sendo abordado. A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer (DUARTE, p.01). As entrevistas em profundidade possuem diversos tipos: semiabertas, abertas, fechadas, semiestruturadas e estruturadas. Para alcançar os objetivos propostos por esta pesquisa optou-se pela entrevista semiaberta e semiestruturada, tendo como objetivo uma maior liberdade na condução da entrevista, como afirma Triviños (1987): [...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade [...] além de manter a 5 Mapeamento da informação produzida e publicada pela humanidade, onde se inclui localização e a que dissemina a produção intelectual em instituições como bibliotecas, centros de documentação e de informação, públicos ou privados (GALVÃO, 2009, p.1). 4

presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de informações (TRIVIÑOS, 1987, p. 146 a 152). A escolha dos entrevistados dentro da pesquisa qualitativa dar-se pela qualidade da informação que o sujeito tem a declarar. Em relação a quantidade de entrevistados, as pesquisadoras iniciaram o trabalho sem um número definido, mas com um objetivo claro, o que facilitou a procura por novos personagens, à medida que as entrevistas iam acontecendo, para que ao final desse processo fossem escolhidas apenas aquelas que respondessem diretamente ao problema da pesquisa. Esse processo é o mais indicado, como afirma Duarte (2002, p.01) o procedimento que se tem mostrado mais adequado é o de ir realizando entrevistas [...] até que o material obtido permita uma análise mais ou menos densa das relações estabelecidas naquele meio. Com base nas respostas das entrevistas, foi finalizado o material necessário para a compreensão do tema para que as pesquisadoras pudessem executar o produto audiovisual, entretanto surgiu a necessidade de um aprofundamento no modo de fazer documentário com a utilização de elementos cinematográficos. Sendo assim e por tratar-se de um produto audiovisual, o método de análise de imagem foi utilizado, com o intuito de aprofundar-se nas práticas cinematográficas que dão suporte ao documentário, tais como: movimentação de câmera, estrutura, manipulação de tempo e outros. A análise dos filmes A pessoa é para o que nasce (2002), com direção de Roberto Berliner e Ilha das Flores (1989), dirigido pelo cineasta Jorge Furtado e observação da linguagem, construção da narrativa, enquadramentos, iluminação e trilha sonora, foram realizados para entender o tratamento criativo da realidade, expressão usada por John Grierson em 1930. A boa narrativa em documentário, com raras exceções, depende de uma boa pesquisa. É preciso encontrar um tema, entender sua história e ter certeza de que se está apresentando um ponto de vista equilibrado e preciso pelo menos você deveria, se deseja que o filme satisfaça algum público (BERNARD, 2008, p. 115) Observar como esses produtos audiovisuais foram criados trouxe o suporte necessário para a definição da forma como o assunto seria abordado. Nessa produção, priorizou-se a construção de uma sequência de acontecimentos, que além de passar informações, também culminassem numa reflexão sobre o tema e uma ideia de possível final feliz, o que não fica evidente no documentário. No entanto, não se evidencia também se o final é ruim, o que tem como intento possibilitar uma reflexão. 5

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Adoção Tardia: Um ato de amor foi organizado em cinco momentos: a vida na casa de acolhimento, o processo de adoção, a organização não governamental (CRIA), a experiência de adoção tardia, e a mudança de vida. Como forma de melhor entendimento, optou-se por um narrador por acreditar ser essa uma construção mais direta. O espaço utilizado para desenvolver o enredo foi a cidade de Teresina, capital do Piauí, uma vez que os dados colhidos nesta pesquisa são retratos das casas de acolhimento dessa cidade e a realidade na qual estão inseridas, que provocou recentemente grande repercussão na mídia local, devido a superlotação desses abrigos. Para a realização dessa pesquisa, nove entrevistados, incluindo adotantes e especialistas, serviram como fontes de informação. Buscou-se, inicialmente, identificar os personagens que tinham alguma relação com adoção e Adoção Tardia, com o objetivo de que eles pudessem dar informações sobre o tema. Com esse intuito, traçaram-se estratégias, para que as fontes fossem fornecendo essas informações. Durante os três primeiros meses de pesquisa tentou-se entrar em contato com as casas de acolhimento, entretanto essa foi uma etapa que apresentou dificuldades, pelo fato de que é necessária a autorização pela juíza da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Estado, para a realização das filmagens, tendo em vista que não é permitida a reprodução imagética de menores em instituições públicas. Diante disso, procurou-se conseguir autorização junto à casa de acolhimento através de ofício expedido pela coordenação do Curso de Comunicação Social, apenas para a realização de filmagens do local, solicitação que não foi concedida. As pesquisadoras passaram a buscar dados no Centro de Reintegração e Incentivo à Adoção. Entrevistaram a diretora da ONG, Francimélia Nougueira e a psicóloga Thayse Santos, que forneceram dados, bem como esclareceram sobre o tema, embasando a pesquisa e o documentário. As duas famílias entrevistadas referentes a adotantes e adotados têm perfis variados, distintos em condições financeiras e locais onde residem, Centro da Cidade e zona Rural de Teresina, o que possibilita a percepção do contraste entre as histórias. Todas estas histórias se cruzam num mesmo ponto, que além do ato de adotar é o processo que, para algumas famílias foi mais burocrático pela ausência de informação. 6

Imagens de apoio cedidas pela Tv Antena 10 foram necessárias para compor a entrevista de Socorro Geliast por causa da ausência de um dos filhos no dia da gravação, solução encontrada pelo fato da regravação ter sido impossibilitada devido ao difícil acesso ao local onde esta reside. A maioria dos órgãos entrevistados foram receptivos a ideia e reconheceram a importância de informar a sociedade sobre o assunto, resultando no alcance dos objetivos. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados levantados para a produção do vídeo documentário Adoção Tardia: Um ato de amor relatados nesta pesquisa buscaram entender como funciona o sistema de Adoção Tardia em Teresina-PI. Ao longo do processo ficou claro que o sistema de Adoção Tardia em Teresina funciona de forma mais eficaz através dos Grupos de Apoio à Adoção (GAA s), em especial o Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (CRIA), principal responsável pela aproximação das crianças maiores de 02 (dois) anos com as novas famílias. Essa possibilidade de interação entre as partes é praticada através do programa federal Família Acolhedora, como ressaltado no documentário através da entrevista com a diretora da ONG, mesmo esta não sendo a forma mais aceita pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por causa da possibilidade de retorno da criança ou adolescente a casa de acolhimento, tendo em vista que essa forma de adoção não tem caráter definitivo. Portanto partindo da ideia de que a informação é a melhor maneira de possibilitar a criação de novos conceitos sobre o assunto, realizou-se esse documentário com a finalidade de divulgar informações nos meios de comunicação e possibilitar maior interesse da sociedade para com essas crianças. REFERÊNCIAS DUARTE, Rosália. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Rio de Janeiro: Cadernos de Pesquisa, n. 115, 2002. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/cp/n115/a05n115> Acessado em 10 de julho de 2014. GALVÃO, Maria Cristiane Barbosa. O levantamento bibliográfico e a pesquisa científica. Disponível em: <http://www2.eerp.usp.br/nepien/disponibilizararquivos/levantamento_bibliografico_cri CristianeG.pdf> Acessado em 07 de junho de 2014. 7

GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 20-29, mai/jun, 1995. MACÁRIO, Verônica; MARTINS, Maria de Fátima; VASCONCELOS, Ana Cecília. Entrevistas em Profundidade na Pesquisa Qualitativa em Administração: Pistas Teóricas e Metodológicas. Campina Grande, 2012. Disponível em: < http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2012/artigos/e2012_t00259_pcn02976.pdf > Acessado em: 09 de julho de 2014. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, SP: Papirus, 2005. SILVA FILHO, Arthur Marques da. Adoção. São Paulo: RT, 2009. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992. ZANDONADE, V.; FAGUNDES, M. C. de J. O vídeo documentário como instrumento de mobilização social. Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis/Fundação Educacional do Município de Assis, 2003. 8