TÍTULO: PALEONTOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA DOS SEDIMENTOS CENOZÓICOS DA REGIÃO DE EIRUNEPÉ, BACIA DO SOLIMÕES, AMAZONAS, BRASIL. Autores: MARIA INÊS FEIJÓ RAMOS E-MAIL: mramos@fua.com.br INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS ÁREA TEMÁTICA: TECNOLOGIA GERAL Estudo detalhado dos fósseis do município de Eirunepé e áreas próximas e implantação do museu de paleontologia do município a fim de valorizar e divulgar a paleontologia da região amazônica e incentivar as pesquisas nesta área. ESPECÍFICO Estudo sistemático, bioestratigráfico e paleoecológico dos fósseis encontrados na região; estudo dos perfis sedimentológicos da área de estudo; implantação do Museu de Paleontologia no Município de Eirunepé o qual possibilitará a criação de um centro de pesquisas, contribuindo na formação de um espaço físico para a melhoria do nível educacionalda população tornando-a em um novo pólo turístico; ministrar cursos a nível de ensino de ensino fundamental e médio referentes a área de Paleontologia, formar pessoal de nível técnico-científico para auxiliar no monitoramento do museu. METODOLOGIA ABORDAGEM TEÓRICA As seguintes atividades foram desenvolvidas durante o desenvolvimento do projeto: Reconhecimento da área de estudo, localização do sítio fossilífero Torre da Lua, coleta e preparação dos fósseis, estudo dos fósseis, o qual envolvem levantamento bibliográfico, classificação sistemática, reconstrução peleoambiental e estratigrafia além do estudo dos perfis sedimentares; e divulgação do trabalho para a comunidade. PROCEDIMENTOS 1ª Etapa: Levantamento bibliográfico e estudo da área: esta etapa compreende uma exaustiva busca de trabalhos científicos relacionados a geologia e paleontologia da área de estudo através de consultas as
bibliotecas setoriais da Universidade Federal do Amazonas, bem como de outras universidades como a Universidade federal do Rio Grande do Sul, consulta on line a biblioteca do Museu Paraense Emílio Goeldi, periódicos da CAPES entre outros. 2ª Etapa: campo coleta de amostras e estudo dos perfis sedimentares: esta etapa compreende um trabalho minucioso de reconhecimento da área de estudo, localização do afloramento Torre da Lua, resgate das amostras dos fósseis as quais estavam sob os cuidados do prefeito, coleta de amostras de fósseis no afloramento Torre da Lua, descrição do perfil do afloramento, fotografias do local de trabalho. 3ª Etapa: laboratório preparação e catalogação dos fósseis: divide-se em duas etapas: 1) Preparação dos fósseis de vertebrados: a limpeza das amostras se dá através da lavagem e pintura com uma fina película de verniz dissolvido com solvente; 2) Preparação dos microfósseis: é realizada através da lavagem, peneiragem e triagem das amostras. As peneiras utilizadas foram de malha 0,35mm, 0,177mm e 0,062mm. A triagem compreende um trabalho minucioso através do auxílio de um microscópio estereoscópio de picking dos microfósseis os quais são após colados em células especiais. 3) A catalogação dos fósseis compreende a pintura dos números de catálogo os quais são registrados em fichas no Laboratório de Paleontologia do Departamento de Geociências da UFAM. A numeração E- 01..., segue o número do exemplar e o E=localidade de origem, no caso Eirunepé. 4ª Etapa: classificação sistemática dos fósseis: esta etapa envolve o reconhecimento dos grupos de microfósseis encontrados, identificação a nível genérico e específico através de publicações especializadas. 5ª Etapa: estudo bioestratigráfico e paleoambiental: compreende a interpretação dos dados obtidos através dos fósseis e das estruturas sedimentares. 6ª Etapa: preparação dos fósseis para a exposição: os fósseis depois de preparados e catalogados são selecionados para a exposição. 7ª Etapa: divulgação dos trabalhos realizados: foi feita através das exposições, divulgados por meio telecomunicativos (rádio e televisão) e por apresentação em congresso.
RESULTADOS A exploração da área correspondente as proximidades do município de Eirunepé, a sudoeste do estado do Amazonas permitiu verificar a riqueza dos fósseis que ocorrem neste região. Dentre as amostras que foram encontradas as margens do rio Juruá, em frente ao município, 190 amostras foram catalogadas, sendo que 51 amostras foram enviadas ao Departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas e encontram-se catalogadas com a numeração E-01 a E-178, no acervo do Laboratório de Paleontologia do departamento. Alguns espécimens estavam desgastados devido ao retrabalhamento no momento que foram transportados; já outros estavam bem preservados. O estudo sistemático preliminar destes fósseis permitiu o reconhecimento de um osso da região pósorbital, amostra E-22 e fragmento de vértebra caudal de Crocodylomorpha, amostra E-15, vértebra de crocodylomorpha, amostra E-17, vértebra de mamífero, amostra E-11, dois dentes molar de mastodonte da espécie Haplomastodon hieringi, E-177 e E-178, muito bem preservados e um arco neural de Megatheridae, amostras E-09. O restante das amostras estãoem fase de classificação. Estes fósseis fazem parte de megafuana de mamíferos que se extinguiram no Pleistoceno, junto com os gigantes crocodilídeos (Ramos & Souza-Filho, 2001). Além da megafauna pleistocênica foram também coletados fósseis encontrados no afloramento Torre da Lua, às margens do rio Tarauacá. Todos estes fósseis foram identificados como representantes da fauna miocênica da Formação Solimões e segundo comunicação verbal pelo Dr. Jonas Pereira de Souza Filho, estes fósseis apresentam ampla correlação com os fósseis miocênicos do estado do Acre. A fauna é bastante diversa com 47 exemplares fósseis coletados os quais foram catalogados e identificados com o código: TL01 onde TL= Torre da Lua; 01=nº da amostra. Estes exemplares estão depositados no Laboratório de Paleontologia do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas. Parte do afloramento Torre da Lua estava erodido e portanto não foi possível confirmar a natureza dos depósitos in situ destes fósseis. Entretanto, a camada onde encontram-se associados bivalves e microfósseis correspondem a uma fauna autóctone. Dentre os microfósseis, foram identificados ostracodes e ictiólitos. O estudo sistemático preliminar dos ostracodes possibilitou a identificação de três gêneros: Cytheridella, Cytprideis e Darwinula. O gênero Cyprideis é bastante abundante mas com uma diversidade razoável, com três espécies distintas. O gênero Cytheridella é o mais abundante mas de baixa diversidade, estando representado por uma única espécie. Já Darwinulla é pouco abundante e de baixa diversidade, estando representada por uma única espécie. Em virtude de existir poucas localidades fossilíferas exploradas na região amazônica, os sítios estudados nesta região são de grande importância, pois contribuem para o estudo da paleontologia regional e a interpretação da história tectono/ambiental da América do Sul durante o terciário. Infelizmente a natureza
dos depósitos limita os tipos de informações que podem ser tiradas deles. Muitas das amostras encontradas estão fragmentadas e retrabalhadas, já transportadas por uma distância desconhecida, e fora do contexto estratigráfico. Ainda que eles se encontrem in situ, dificilmente se consegue correlacionar as localidades diferentes por estratigrafia física, por causa da natureza localizada das camadas depositadas pelos rios serpentiados. Os estudos correlativos baseiam-se principalmente no conteúdo fossilífero. Onde existem amostras conservadas in situ, é possível fazer estudos tafonômicos junto com estudos paleoecológicos, e ainda estudos sistemático (identificação de espécie) mesmo que estes tenham sido transportados. A área de estudo faz parte da Bacia do Solimões a qual abrange uma extensa área na região amazônica, incluindo, além do estado do Amazonas, Acre e países vizinhos como, Peru e Colômbia. A fauna encontrada nos sítios fossilíferos desta região é correlata com a de países vizinhos.entretanto também ainda não foi possível obter-se resultados a nível estratigráfico e bioestratigráfico mais precisos devido a natureza dos sítios fossilíferos. A exploração destes sítios na região amazônica requer um tempo considerado e para isto necessita-se de pontos estratégicos para a exploração dos mesmos. A implantação de um centro de pesquisas e de um Museu de Paleontologia no Município de Eirunepé seria de grande importância no auxílio destas explorações, por ser uma região altamente fossilífera. Cabe lembrar que além da área de estudo ser isolada e de difícil acesso, os fósseis encontrados na região são de tamanho e peso bastante considerados, entre 10 a 50cm e de 2 a 15 quilos, o que dificulta o transporte dos mesmos para os laboratórios especializados; justificando assim a necessidade de se montar um Centro de Pesquisas Paleontológicas na região; além disto já existe um pólo de ensino e pesquisa dentro do programa de extensão da Universidade Federal do Amazonas no Município de Eirunepé, o que facilitaria o andamento das pesquisas. Para se realizar a implantação de um Museu existe uma série de etapas burocráticas e políticas. Foram incansáveis as tentativas para se contactar o prefeito do município para a viabilização do projeto de implantação do Museu. Apesar do seu interesse, infelizmente não se obteve êxito, em termos de liberação de verba, pelo menos até o final de sua candidatura. No ano passado, houve as eleições ocorrendo a mudança de prefeito o que dificultou ainda mais o andamento do projeto. Um museu respeitável na comunidade científica tem que ser ao menos permanente e bem conservado, e preferivelmente deve realizar um programa initerrupto de coleção e pesquisa. A necessidade de recursos humanos e de uma boa infra-estrutura para o bom andamento de um Museu e de um centro de pesquisas dependerá de apoio institucional. As divulgações das pesquisas paleontológicas que estão sendo realizadas na região de Eirunepé foram realizados através de exposições: como a Exposição Permanente de Rochas, Minerais e Fósseis do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas, 1ª Mostra de Rochas, Minerais e Fósseis ocorrida no Paiol do Bosque da Ciência no INPA; apresentações dos trabalhos desenvolvidos no afloramento Torre da Lua no XVII Congresso Brasileiro de Paleontologia, ocorrido em 05 de agosto de 2001 na cidade de Rio Branco no Acre; e ainda divulgação em rede de telecomunicação em todas as
emissoras do estado e ainda pelo AmazonSat. Já a comunidade de Eirunepé, foi notificada também através de avisos educativos emitidos pela rádio local, com o objetivo de despertar a comunidade da importância da preservação dos sítios paleontológicos e dos procedimentos e cuidados que se deve tomar quando ocorrem achados fósseis, os quais são parte do acervo histórico regional. BIBLIOGRAFIA Títulos de artigos de extensão publicados em periódicos; Títulos de livros editados com base nas atividades de extensão; Títulos de comunicação em eventos com base nas atividades de extensão; Ramos, M.I.F; MALABARBA, M.C.S.L.2001. Registro de ictiólitos na região de Eirunepé, Formação Solimões, Bacia do Solimões, AM. XVII Congresso Brasileiro de Paleontologia, Rio Branco, Acre, Boletim de Resumos. P. 135. RAMOS, M.I.F.; SILVEIRA, R.R; COIMBRA, J.C.2001(1). Ostracodes Mixoalinos do mioceno da Formação Solimões, Bacia do Solimões, Amazonas, Brasil. XVII Congresso Brasileiro de Paleontologia, Rio Branco, Acre, Boletim de Resumos. P.86. RAMOS, M.I.F.& SOUZA-FILHO, J.P. (2001). Registro da Megafauna de mamíferos pleistocênicos nas margens do rio Juruá, Município de Eirunepé, Amazonas, Brasil, XVII Congresso de Paleontologia, Rio Branco, Acre, Boletim de Resumos. P.368. RAMOS, M.I.F.; SOARES, E.A.A.; SOUZA-FILHO, J.P.2001(2). Achado inédito de fósseis terciários da Formação Solimões, Bacia do Solimões, no Município de Eirunepé, amazonas, Brasil. XVII Congresso Brasileiro de Paleontologia, Rio Branco, Acre, Boletim de Resumos.p.172. Títulos de publicações/relatórios de novas tecnologias produzidas com base nas atividades de extensão; Títulos de publicações/relatórios de metodologias construídas com base nas atividades de extensão. Títulos de produção de vídeos, espetáculos, exposições, arranjos, etc...com base nas atividades de extensão. Exposição Permanente de Rochas, Minerais e Fósseis do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas, - 1ª Mostra e Fósseis ocorrida no Paiol do Bosque da Ciência, no INPA;