Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros

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Transcrição:

Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros Carlos da Silva Costa Governador APGEI Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial Porto, 10 julho 2014

Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros Estrutura da apresentação I. Radiografia dos fatores de competitividade da economia portuguesa Cenário macroeconómico Eficiência do mercado de trabalho Desenvolvimento do mercado financeiro Dimensão do mercado Sofisticação do negócio e inovação Instituições II. Condicionantes europeias 2

Competitividade da economia Portuguesa: desafios futuros I. Radiografia dos fatores de competitividade da economia portuguesa 3

Radiografia dos fatores de competitividade da economia portuguesa Índice de Competitividade Global Portugal França Inovação Instituições 7 6 5 Infraestruturas Alemanha Itália Espanha Sofisticação do negócio Dimensão de mercado 4 3 2 1 0 Cenário macroeconómico Saúde e educação primária Preparação tecnológica Educação superior e formação Desenvolvimento do mercado financeiro Eficiência do mercado de trabalho Eficiência do mercado de produtos 4 Fonte: The Global Competitiveness Report 2013-2014

Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros 7 6 Infraestruturas 5 4 3 Cenário macroeconómico 2 1 0 Saúde e educação primária Preparação tecnológica Educação superior e formação Eficiência do mercado de produtos 5

Cenário macroeconómico Elevado nível de endividamento de todos os agentes económicos Endividamento dos setores público e privado (% do PIB) Posição de Investimento Internacional (% do PIB) 400 350 Particulares Empresas não financeiras Administrações públicas 0-20 300-40 250-60 200 150 100-80 -100 50-120 0 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012-140 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 6 Fonte: Banco de Portugal

Endividamento do setor público Significativo ajustamento do saldo orçamental Aumento da dívida pública Em percentagem do PIB Cenário macroeconómico Principais indicadores orçamentais 2010 2011 2012 2013 2010-2013 Saldo total -9,8-4,3-6,4-4,9 4,9 Medidas temporárias 0,4 3,6 0,0 0,3-0,1 Fatores especiais 1,5 0,9 0,5 0,0-1,5 Saldo total excluindo medidas temporárias e fatores especiais -8,7-7,1-6,0-5,3 3,5 Componente cíclica 1,4 0,5-1,4-2,2-3,6 Saldo estrutural -10,1-7,6-4,6-3,0 7,1 Despesa em juros 2,8 4,0 4,3 4,3 1,5 Saldo primário estrutural -7,3-3,5-0,3 1,2 8,5 Receita estrutural (em percentagem do PIB tendencial) 39,2 41,0 41,1 43,6 4,3 Despesa primária estrutural (em percentagem do PIB tendencial) 46,7 44,6 41,3 42,4-4,3 Dívida pública 94,0 108,2 124,1 129,0 35,0 Variação da dívida pública (em p.p.) 10,3 14,3 15,8 4,9 35,0 Contributo do saldo primário 7,0 0,3 2,1 0,6 3,1 Efeito da despesa em juros 2,8 4,0 4,3 4,3 12,6 Efeito do crescimento económico -2,1 1,0 3,9-0,4 4,5 Ajustamentos défice-dívida 2,6 9,0 5,4 0,4 14,8 por memória: Receita total 41,6 45,0 40,9 43,7 2,1 Despesa total 51,5 49,3 47,4 48,7 2,8 Saldo Primário -7,0-0,3-2,1-0,6 6,4 7 Fonte: Banco de Portugal e INE

Endividamento do setor público Continuação do processo de consolidação orçamental Cenário macroeconómico A trajetória sustentável de Finanças Públicas tem de ser compatível com: Compromissos europeus (Six pack, Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação e Two pack) o Correção do défice excessivo em 2015 o o Melhoria do saldo total estrutural em 0.5 pp do PIB por ano até se ter atingindo o OMP (saldo estrutural de -0.5% do PIB) Redução anual média do rácio da dívida em 1/20 da diferença face ao valor de referência de 60% do PIB Sustentabilidade do modelo de desenvolvimento económico e social o Redução permanente da despesa e da taxa de crescimento da despesa o Fiscalidade mais amiga do crescimento 8

Taxa de crescimento do PIB nominal Endividamento do setor público Continuação do processo de consolidação orçamental 9 Fonte: Banco de Portugal Saldos necessários para reduzir a dívida num vigésimo do excesso face ao valor de referência Rácio da dívida pública no PIB Saldos Totais 130% Saldos Primários 1,0% 2,2% 6,5% 1,5% 1,6% 5,9% 2,0% 1,0% 5,3% 2,5% 0,3% 4,6% 3,0% -0,3% 4,0% 3,5% -0,9% 3,4% 4,0% -1,5% 2,8% Cenário macroeconómico Precisamos de ter contas públicas equilibradas Notas: As células a sombreado indicam as situações em que o saldo total é superior ao OMP (note-se que o OMP é medido em termos estruturais). Para cálculo dos saldos primários, considerou-se que a despesa em juros em rácio do PIB corresponde à estimativa para 2013 (4.3% do PIB).

Endividamento do setor público Continuação do processo de consolidação orçamental Cenário macroeconómico A dívida pública é sustentável desde que: Sejam adotadas medidas de consolidação orçamental adicionais que respeitem os compromissos europeus O programa de consolidação seja credível, o que implica um compromisso alargado sobre as metas mas também sobre as reformas que conduzam a uma redução estrutural da despesa e a finanças públicas mais amigas do crescimento económico 10

Endividamento das empresas não financeiras Melhoria da autonomia financeira das empresas Os elevados níveis de endividamento das empresas são um obstáculo ao investimento Situação Financeira das Empresas (excluindo SGPS) Cenário macroeconómico Mediana 2008 2012 Rácio de Autonomia Financeira 22,9 23,8 Média Ponderada 35,0 30,2 Juros em % do cash-flow Mediana 18,3 10,8 Média Ponderada 46,6 57,0 Dívida Financeira em % do EBITDA Mediana Média Ponderada 279,8 366,9 584,1 944,3 O nível de autonomia financeira das SNF é muito baixo: 30% em média em 2012 A pressão financeira medida pelo peso dos juros no cash-flow gerado é muito elevada: mais de 50% em média em 2012 Em 2012 a dívida financeira era em média quase 9,5 vezes superior ao EBITDA Nota: Rácio de Autonomia Financeiro=Capital Próprio/Total do Ativo 11 Fonte: Banco de Portugal

Endividamento das empresas não financeiras Melhoria da autonomia financeira das empresas Cenário macroeconómico O rácio de autonomia financeira é baixo em todos os setores de atividade e classes de dimensão das empresas, mas especialmente na construção e comércio. Agricultura e Pescas Industria Eletricidade, água e gás Construção Comércio Restantes atividades 2008 2012 2008 2012 2008 2012 2008 2012 2008 2012 2008 2012 Mediana Média Ponderada 26,3 30,3 23,5 25,1 27,8 22,8 21,5 23,3 18,0 18,8 27,6 26,8 33,7 37,3 37,1 37,4 27,9 23,4 21,1 20,2 36,5 33,0 38,1 30,9 Micros Pequenas e médias Grandes 2008 2012 2008 2012 2008 2012 Mediana Média Ponderada 22,0 22,3 26,1 29,4 29,1 31,8 42,6 30,0 29,6 29,8 32,7 30,8 12 Fonte: Banco de Portugal

Endividamento das empresas não financeiras Melhoria da autonomia financeira das empresas Cenário macroeconómico Indicadores de autonomia financeira que levam em conta empréstimos de acionistas/sócios e operações de financiamento intragrupo por parte das empresas sugerem alguma resistência dos acionistas ao reforço dos capitais próprios. 60 55 50 45 40 35 30 Total de empresas 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Autonomia financeira (conceito tradicional) Alternativa 1 Alternativa 2 Autonomia Financeira Conceito tradicional = Capital Próprio/Total do Ativo Alternativa 1 = (Capital Próprio + Financiamentos obtidos de acionistas&sócios e empresas do grupo)/total do Ativo Alternativa 2 = (Capital Próprio + Financiamento líquido de acionistas&sócios e empresas do grupo)/(total do Ativo- Empréstimos concedidos a empresas do grupo) 13 Fonte: Banco de Portugal

Endividamento das empresas não financeiras Melhoria da autonomia financeira das empresas Cenário macroeconómico Urge encontrar uma solução para as empresas viáveis que estão sob stress financeiro Conversão de dívida em capital ou quase-capital Reforço de capitais próprios Aumento do autofinanciamento Afetação criteriosa dos recursos comunitários do próximo QREN Venda dos créditos bancários a fundos especializados na tomada de risco Aumento de capital pelos atuais acionistas Entrada de novo capital novos acionistas 14

Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros 7 6 Infraestruturas 5 4 3 2 1 0 Saúde e educação primária Preparação tecnológica Educação superior e formação Eficiência do mercado de produtos 15 Eficiência do mercado de trabalho

Eficiência do mercado de trabalho Mercado de trabalho segmentado Trabalhadores por conta de outrem: total e por tipo de contrato 2008 2013 Indivíduo - Milhares % Indivíduo - Milhares % Total 3949,7 100 3541,0 100 Contrato permanente (sem termo) 3047,4 77,2 2779,8 78,5 Contrato a prazo (com termo) 727,4 18,4 629,2 17,8 Outros (recibos verdes ou semelhante) 174,9 4,4 132,0 3,7 Dois grupos com características muito diferentes Trabalhadores com contrato a prazo: elevada rotação entre empregos, passagem frequente pelo desemprego e salários mais baixos Trabalhadores com contrato permanente: taxas de rotação entre emprego muito baixas e salários mais elevados 16 Fonte: INE Inquérito ao Emprego

Eficiência do mercado de trabalho Diminuição da população ativa e aumento do desemprego de longa duração 112 110 108 106 104 102 100 98 96 94 População total População activa Emprego total 18 16 14 12 10 8 6 4 2 Taxa de desemprego em Portugal Taxa de desemprego na área do euro Taxa de desemprego de longa duração em Portugal 92 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 17 Fontes: Banco de Portugal, INE e Eurostat

Eficiência do mercado de trabalho Aumento acentuado do desemprego estrutural 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Taxa de desemprego: observada e estrutural Em percentagem 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 Taxa de desemprego Taxa de desemprego estrutural Desde 2000, é visível um aumento acentuado e contínuo da taxa de desemprego estrutural Estimativas do Banco de Portugal apontam para uma taxa de desemprego estrutural acima dos 11.5% em 2013 Durante mais de uma década criámos postos de trabalho artificiais e não sustentáveis no setor dos bens não transacionáveis 18 Fonte: Cálculos do Banco de Portugal

Eslováquia Estónia Alemanha Eslovénia Finlândia Áustria Chipre Luxemburgo Irlanda França Países Baixos Bélgica Área do euro 17 Grécia Itália Espanha Malta Portugal 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Eficiência do mercado de trabalho A qualificação da força de trabalho portuguesa é baixa, mas registam-se progressos importantes em termos absolutos População com ensino secundário ou superior no total da população em idade ativa em 2013 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 60 50 40 30 20 10 0 Estrutura do emprego por nível de escolaridade Em percentagem Nenhum Básico - 3º ciclo Superior Básico - 1º e 2º ciclos Secundário 19 Fontes: Eurostat e INE

Índice 1999=100 Índice 1999=100 Necessidade de absorção do desemprego estrutural Eficiência do mercado de trabalho A absorção do desemprego estrutural passará pelo processo de restruturação da economia e transferência de recursos do setores não transacionável para o transacionável Variação acumulada do emprego nos principais sectores de atividade desde 1999 Variação acumulada do VAB real nos principais sectores de atividade desde 1999 130,0 120,0 110,0 100,0 130,0 120,0 110,0 100,0 90,0 90,0 80,0 80,0 Total 70,0 60,0 50,0 Total Indústria Construção Serviços 70,0 60,0 50,0 Indústria Construção Serviços 40,0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 40,0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 20 Fonte: INE

Necessidade de absorção do desemprego estrutural Eficiência do mercado de trabalho A absorção do desemprego estrutural vai levar tempo Mecanismos de apoio ao rendimento que evitem a exclusão social Mecanismos de coesão social amenizar os efeitos do desemprego de longa duração Mecanismos de apoio à requalificação dos desempregados que evitem a passagem à inatividade por obsolescência de conhecimentos Mecanismos que possibilitem a antecipação da passagem à reforma de trabalhadores com carreiras contributivas muito longas e sua substituição por recursos mais jovens e mais qualificados, com impacto neutro nas finanças públicas 21

Competitividade da economia Portuguesa: desafios futuros 7 6 Infraestruturas 5 4 3 2 1 0 Saúde e educação primária Preparação tecnológica Desenvolvimento do mercado financeiro Educação superior e formação Eficiência do mercado de produtos 22

Desenvolvimento do mercado financeiro Afetação ineficiente dos recursos (crédito) Recursos foram canalizados maioritariamente para o setor não transacionável Enviesamento para crédito de maior risco Ausência de diversidade dos instrumentos financeiros 4.0 Rácio entre empréstimos e VAB, por setor de atividade Peso no total da carteira de crédito de cada decil de risco 3.5 25 3.0 20 2.5 2.0 15 1.5 10 1.0 0.5 5 0.0 Indústrias transformadoras Construção Comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos Transportes e armazenagem Alojamento, restauração e similares Atividades imobiliárias Outros setores 0 1 (baixo) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (elevado) 2010 2013 Decil de risco 1997 2005 2011 23 Fonte: Banco de Portugal

Desenvolvimento do mercado financeiro Alteração dos modelos de governo e de gestão de risco do sistema bancário de forma a assegurar uma afetação eficiente da poupança: o Avaliação criteriosa dos projetos de investimento que lhes são apresentados o Reforço da capacidade de avaliação, acompanhamento e gestão do risco das empresas que financiam responsabilidade na antecipação de situações de incumprimento Desenvolvimento de novas formas de financiamento e de instrumentos financeiros alternativos (incluindo o capital semente e de risco) 24

Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros 7 6 Infraestruturas Dimensão do mercado 5 4 3 2 1 0 Saúde e educação primária Preparação tecnológica Educação superior e formação Eficiência do mercado de produtos 25

Dimensão do mercado Transição de um modelo de crescimento baseado na procura interna para um modelo de crescimento baseado nas exportações Nos últimos anos as empresas reorientaram a produção de bens e serviços para o mercado externo Ganhos de quota acumulados de 12 p.p. entre 2011 e 2013 Evidência do papel fundamental de fatores de competitividade não-preço Exportações e procura externa, Índice 1999=100 Evolução da quota de mercado, Índice 2007=100 15 10 Variação acumulada da quota de mercado Exportações Procura Externa de Bens e Serviços 120 115 Portugal Alemanha Espanha França Irlanda Itália 5 110 105 0 100-5 95 90-10 85-15 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 (p) 2016 (p) 80 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 26 Fonte: Banco de Portugal, BCE, INE e Thomson Reuters.

Dimensão do mercado Questão: num contexto de recuperação da procura interna é de esperar uma reversão dos ganhos de quota registados nos últimos anos? O movimento das empresas no sentido da exportação implica um investimento grande em termos de recursos. A evidência empírica sugere que, quando o retorno desse investimento é favorável, o movimento é irreversível, mesmo num contexto de recuperação da procura interna. Esta informação é corroborada por evidência anedótica obtida junto de algumas empresas exportadoras. 27

Dimensão do mercado É necessário continuar a redirecionar a produção para os mercados externos Nos sectores produtores de bens transacionáveis é necessário continuar a redirecionar a sua produção para os mercados externos, otimizando a utilização da capacidade com vista ao aumento das quotas de mercado. No setor dos serviços, é necessário potenciar a utilização da capacidade instalada através da prestação de serviços a não residentes. Para além do setor do turismo,que tem revelado grande dinamismo, é necessário tirar maior partido da crescente mobilidade internacional dos indivíduos para potenciar as atividades de setores como a saúde e a educação e conhecimento. 28

Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros Sofisticação do negócio Inovação 7 6 5 4 3 2 1 0 Infraestruturas Saúde e educação primária Preparação tecnológica Educação superior e formação Eficiência do mercado de produtos 29

Sofisticação do negócio e Inovação As empresas portuguesas têm, em geral, modelos de negócio pouco sofisticados Ausência de escala o Elevada fragmentação - em 2010, 95% das empresas não financeiras empregavam entre 1 e 9 trabalhadores. Menos de 1% empregava mais de 50 trabalhadores. o Resultados empíricos sugerem que as diferenças de dimensão das empresas entre os vários países estão relacionadas com as diferenças na qualidade do seu capital social (nomeadamente com os níveis de confiança entre os agentes económicos). Fraca qualidade de gestão e ausência de separação clara entre gestão e propriedade o Resultados empíricos indicam que em Portugal, as empresas são, em média, mal geridas. Mas existe uma grande dispersão da qualidade da gestão das empresas, sendo particularmente grande a percentagem de empresas mal geridas. o Nas empresas familiares, a qualidade da gestão degrada-se quando esta passa do fundador para a segunda geração e da segunda para a terceira geração. Quando se chega à terceira geração, é grande a probabilidade de se entrar num fenómeno entrópico, por falta de condutor, por disputas de gestão ou mesmo por disputas de rendas. Deficiente organização interna e visão estratégica 30

Sofisticação do negócio e Inovação Aumento da escala/aumento da produtividade e eficiência/ Melhoria da segmentação de mercado/aumento do valor acrescentado por ativo / Inovação incremental 31

Sofisticação do negócio e Inovação Investimento em novos setores - Inovação radical 32

Sofisticação do negócio e Inovação Criar condições que: - atraiam fatores móveis de produção a nível internacional, incluindo Investimento Direto Estrangeiro - retenham os fatores móveis de produção nacionais Um trabalho recentemente divulgado usando a base de dados do linkedin mostra que entre novembro de 2012 e novembro de 2013, os países europeus foram perdedores líquidos de trabalhadores qualificados (exceção: Alemanha) 33

Sofisticação do negócio e Inovação Articulação do sistema nacional de inovação com o tecido empresarial Inovação demand driven 34

Competitividade da economia portuguesa: desafios futuros Instituições 7 6 Infraestruturas 5 4 3 2 1 0 Saúde e educação primária Preparação tecnológica Educação superior e formação Eficiência do mercado de produtos 35

Instituições Em Portugal são necessários três tipos de reformas institucionais: i. Apropriação dos pressupostos de um processo de desenvolvimento socioeconómico sustentado pelos agentes políticos e sociais ii. iii. Reforma do processo orçamental do Estado Resposta à globalização da economia mundial pelas empresas financeiras, não financeiras e pelos reguladores de setores monopolistas/oligopolistas 36

Instituições i. Apropriação pelos agentes políticos e sociais dos pressupostos de um processo de desenvolvimento socioeconómico sustentado Consenso alargado quanto à necessidade de assegurar o equilíbrio das contas públicas e das contas externas Consensualização de regras coletivas que ancorem os incentivos na direção da sustentabilidade a prazo das opções imediatas - responsabilidade social dos decisores de política económica. É necessário que os agentes políticos incorporem nas decisões as implicações futuras das várias opções não só a nível macro mas também a nível microeconómico. Política de distribuição de rendimentos assente em regras que assegurem a mobilidade social e a manutenção da competitividade da economia 37

IV. Reforma Institucional ii. Reforma do processo orçamental Adoção de quadros orçamentais plurianuais com limites vinculativos para a despesa pública Adoção de mecanismos de controlo e responsabilização das entidades públicas pelo cumprimento estrito dos orçamentos aprovados e pela tomada de medidas corretivas em caso de desvio Adoção de medidas que assegurem capacidade de atração e de manutenção de quadros dirigentes da administração pública qualificados e motivados 38

IV. Reforma Institucional iii. Resposta ao processo de globalização da economia mundial As empresas portuguesas, para responderem ao desafio da concorrência e inovação no mercado global, necessitam de introduzir importantes reformas: o Separação clara entre propriedade e gestão da empresa o Profissionalização da gestão o Reforço da organização interna o Reforço da capacidade de absorção de conhecimento Alteração dos modelos de governos e de gestão de risco do sistema bancário de forma a assegurar uma afetação eficiente da poupança: o Avaliação criteriosa dos projetos de investimento o Reforço da capacidade de avaliação, acompanhamento e gestão do risco das empresas que financiam responsabilidade na antecipação de situações de incumprimento Reforço das autoridade reguladoras de setores monopolistas/oligopolistas para limitar a pulsão extrativa (via fixação de margens, ineficiência de produção e/ou especificidades na formação de preços e salários) que penaliza a competitividade da economia: o Definição de bechmarks de eficiência para a produção o Definição de bechmarks de custos o Definição de benchmarks de preços 39

Competitividade da economia Portuguesa: desafios futuros II. Condicionantes europeias 40

Condicionantes europeias O atual modelo de decisão europeu tem 2 enviesamentos 1 Resposta reativa Tendência para inércia da resposta Problemas são atacados mais tarde do que desejável => selfullfilling 2 Resposta é determinada pelos grandes Estados-membros Caracterização da situação é função da perceção dos EMs dominantes As decisões de política não correspondem à média, nem à moda Centro de decisão europeu centralizado que: - Pense o todo - Antecipe os problemas - Minimize os custos de ajustamento 41

APGEI Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial Porto, 10 julho 2014