CONHECIMENTO DE UNIVERSITÁRIOS SOBRE PROBIÓTICOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA PROMOÇÃO DE SAÚDE



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Transcrição:

35 CONHECIMENTO DE UNIVERSITÁRIOS SOBRE PROBIÓTICOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA PROMOÇÃO DE SAÚDE KNOWLEDGE OF COLLEGE STUDENTS ON PROBIOTICS AND ITS IMPLICATIONS IN THE PROMOTION OF HEALTH SANTOS, Taides Tavares dos 1 ; VARAVALLO, Maurilio Antonio 2 Resumo Os probióticos, microrganismos viáveis que ingeridos em quantidades satisfatórias exibem efeitos benéficos sobre a saúde do hospedeiro, têm conquistado muita importância nos últimos anos devida à promoção de saúde através de seu consumo. Sendo os universitários, disseminadores de informação à comunidade, objetivou-se nesse trabalho, avaliar o conhecimento entre estudantes universitários sobre probióticos e suas implicações na promoção de saúde. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de um questionário, constituído por questões de múltipla escolha, que envolvia conhecimentos básicos sobre probióticos e alguns hábitos de consumo. Entre os resultados, a maioria dos entrevistados conceituou probióticos corretamente; apenas 21,7% e 2,8% da área da saúde e humanas respectivamente, afirmaram consumir probióticos diariamente, revelando a necessidade de maiores esclarecimentos sobre a frequência correta de seu consumo; a possibilidade de um alimento promover saúde em virtude de conter microrganismos vivos não é, para a maioria dos entrevistados, um fator suficientemente atrativo para determinar sua escolha para consumí-lo; apenas 20,6% dos estudantes da saúde e 19,6% da área de humanas afirmaram que procuram se informar no momento da aquisição de um produto lácteo se ele contém microrganismos probióticos. Esses resultados demonstram a necessidade de se priorizar políticas e estratégias de absorção e disseminação de conhecimento sobre as aplicações e benefícios dos probióticos como alimentos funcionais para que esses possam auxiliar na melhoria da qualidade de vida e bem estar da população. Palavras-chave: estudantes universitários; probióticos; promoção de saúde. Abstract Probiotics, microorganisms that when ingested in amounts satisfactory exhibit beneficial effects on host health, have gained much importance in recent years due to the promotion of health through consumption. As the college students community to disseminate information aimed with this study was to evaluate the knowledge among students about probiotics and their implications for health promotion. Data were obtained through the application of a questionnaire consisting of multiple choice questions, which covered basic knowledge about probiotics and some consumer habits. Among the results, the majority of respondents correctly conceptualized probiotics, only 21.7% and 2.8% of health and human consume probiotics daily said, respectively, revealing the need for further clarification on the correct frequency of consumption of them, the possibility of promoting a health food because it contains live microorganisms is, for most respondents, a factor attractive enough to determine their choice for consumption, only 20.6% of students in health and 19.6% of the area human asserted that seek to inform on the purchase of a milk product if it contains probiotics. These results demonstrate the need to prioritize policies and strategies to absorb and disseminate knowledge about the applications and benefits of probiotics as functional foods so they can help to improve the quality of life and well being of the population. Keywords: college students; probiotics; health promotion. 1 Discente do curso de Farmácia Generalista do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC). 2Biólogo pela Universidade Estadual de Londrina, Mestre e Doutor em Microbiologia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa; Professor adjunto da Universidade Federal do Tocantins.

36 Introdução Pela sua magnitude, a educação em saúde deve ser entendida como uma importante vertente à prevenção, e que na prática deve estar preocupada com a melhoria das condições de vida e de saúde da população (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2004). De forma geral, focaliza encorajamento das pessoas para que adotem e mantenham padrões de vida sadios, usando de forma adequada os serviços colocados à sua disposição e tomando suas próprias decisões, no nível individual e coletivo, com vistas a aprimorar condições de saúde e de meio ambiente (ANDRADE JR et al., 2004). Tratando-se de promoção de saúde, um campo que vem se mostrando muito promissor nos últimos anos é o estudo dos probióticos, que são microrganismos viáveis que ingeridos em quantidades satisfatórias exibem efeitos benéficos sobre a saúde do hospedeiro (ROLFE, 2000; REID; HAMMOND, 2005; HENKER et al., 2007). Entre os benefícios à saúde que o consumo adequado de probióticos pode proporcionar, cita-se a modulação da microbiota intestinal, estímulo do sistema imunológico, melhora da absorção de determinados nutrientes, diminuição dos níveis de colesterol, controle de diarréias e efeito anticarcinogênico (COUDRAY et al., 2005; PROTIC et al., 2005; CANANI et al., 2007; HICKSON et al., 2007; STEFE et al., 2008). Hoje se sabe que alguns alimentos são capazes de promover saúde reduzindo o risco de certas doenças (HOLANDA et al., 2008), sendo o efeito benéfico de determinados tipos de alimentos sobre a saúde do hospedeiro conhecido há muito tempo; no entanto, o estudo desses alimentos, denominados alimentos funcionais, e de seus componentes responsáveis por esse efeito tornou-se intenso apenas nos últimos anos (OLIVEIRA et al., 2002). O progresso verificado no conhecimento de efeitos probióticos, assim como a identificação de novas estirpes bacterianas resistentes a fatores ambientais e novos veículos alimentares com maior capacidade para assegurar sua sobrevivência e viabilidade, têm vindo a fortalecer a sua importância na dieta alimentar (GOMES; MALCATA, 1999). Para a utilização de culturas probióticas na tecnologia de fabricação de produtos alimentícios, além da seleção de cepas probióticas para uso humano, as culturas devem ser empregadas com base no seu desempenho tecnológico. Culturas probióticas com propriedades tecnológicas ideais devem apresentar boa multiplicação em leite, promover propriedades sensoriais adequadas no produto e serem estáveis e viáveis durante o armazenamento. Desta forma, podem ser manipuladas e incorporadas em produtos alimentícios sem perder a viabilidade e a funcionalidade, resultando em produtos com textura e aroma adequados (OLIVEIRA et al., 2002). Nos últimos anos, período em que os produtos suplementados com culturas probióticas passaram a assumir um papel de importância no universo científico, muita pesquisa com probióticos tem sido voltada para leites fermentados e iogurtes, sendo os produtos lácteos fermentados por lactobacilos e bifidobactérias os alvos de estudo mais comuns (OLIVEIRA et al., 2002; BADARÓ et al., 2008; KOMATSU et al., 2008). Os iogurtes e leites fermentados com culturas probióticas além de serem alimentos saudáveis, se enquadram na definição de alimentos funcionais (HOLANDA et al., 2008). Em virtude dos probióticos normalmente terem pouco tempo de vida e ação, devem ser mantidos bem refrigerados. Ao serem ingeridos através dos alimentos, vão para o intestino e ali se somam à microbiota já existente, sem se fixarem, equilibrando-a e, com isso, auxiliando no trabalho de absorção dos nutrientes (VARAVALLO et al., 2008). Os produtos lácteos fermentados por lactobacilos e bifidobactérias contém um elevado teor de nutrientes que variam com o tipo de leite utilizado, o tipo de

37 microrganismo adicionado e o processo de fabricação escolhido (BADARÓ et al., 2008). As bactérias mais comumente utilizadas para a suplementação do iogurte são Lactobacillus acidophillus e Bifidobacterium bifidum, que podem ser isoladas do próprio trato intestinal do homem e dos animais (BISCAIA et al., 2004). O fato de as bifidobactérias proporcionarem o aumento do valor nutritivo e terapêutico dos alimentos estimula o mercado de alimentos probióticos e a pesquisa para descoberta de novas cepas e diversificação de produtos (MAZO et al., 2009). A seleção de cepas probióticas deve ser direcionada aos efeitos atribuídos desejáveis para o produto específico ou para a população-alvo daquele produto. Adicionalmente, bactérias probióticas utilizadas na produção em escala industrial e de processamento devem ser bem caracterizadas e apropriadas para cada tipo de produto, bem como manter-se com boa viabilidade durante o seu armazenamento (KOMATSU et al., 2008). O campo para o desenvolvimento de tecnologias envolvendo o emprego de culturas probióticas é deveras promissor e requer inúmeros estudos, a fim de que se possa estabelecer definitivamente o mecanismo de ação dessas culturas e os veículos apropriados para que essas culturas atinjam o intestino em concentrações efetivas e de maneira a exercer o seu efeito apropriadamente (OLIVEIRA et al., 2002). Tendo em vista a grandiosa importância dos probióticos para a saúde, compreende-se a necessidade de se estabelecer medidas que permitam difundir ainda mais o conhecimento científico sobre os mesmos. Partindo do pressuposto de que universitários são disseminadores de informação à comunidade e voltando à promoção de saúde por meio do consumo de probióticos, esse trabalho teve o objetivo de avaliar o conhecimento entre estudantes de uma instituição de ensino superior do Tocantins sobre probióticos e suas implicações na promoção de saúde. Material e Métodos O trabalho foi realizado no Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos, instituição de ensino situada no interior do estado do Tocantins, tendo como amostra 348 estudantes, pertencentes a cursos da área da saúde (enfermagem, farmácia, medicina e odontologia) e humanas (direito). Para a coleta de informações utilizou-se um questionário constituído por questões de múltipla escolha, de fácil interpretação, que envolvia conhecimentos básicos sobre probióticos e alguns hábitos de consumo. Os estudantes foram abordados em sala de aula e, antes da aplicação dos questionários, informou-se que se tratava de uma pesquisa com fins acadêmicos a qual tinha por objetivo investigar o conhecimento entre estudantes universitários sobre probióticos e suas implicações na promoção de saúde, estando todos os presentes convidados a participar. Aqueles que quisessem, bastava responder o questionário, não sendo necessário se identificar, e depositá-lo num envelope indicado e, os que não estivessem interessados em participar, dobrassem a folha sem respondê-la e a depositasse da mesma maneira. Essa amostra constituída por estudantes de duas áreas distintas do conhecimento foi considerada oportuna por possibilitar uma maior homogeneidade de dados e, também, permitir o estabelecimento de eventuais comparações estatísticas entre áreas. Resultados e Discussão Diversas definições para probióticos têm sido publicadas nos últimos anos. Entretanto, como já descrita, a definição atualmente aceita é que eles são microrganismos vivos que, administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (ROLFE, 2000; SAAD, 2006; HENKER et al., 2007). A análise dos dados obtidos mostrou que

38 mais da metade dos entrevistados (63,1%) indicaram esse conceito como correto entre as alternativas que lhes foram apresentadas, sendo esse percentual considerado satisfatório. Muitas pesquisas relacionadas a alimentos probióticos são voltadas para iogurtes e leites fermentados, sendo estes os principais produtos probióticos comercializados no mundo (OLIVEIRA et al., 2002; BADARÓ et al., 2008; KOMATSU et al., 2008). Entre os estudantes que definiram probiótico corretamente, 97,6% da área da saúde e 88,9% da área de humanas afirmaram que consomem, em frequência diária, semanal, mensal, ou anual, iogurtes e leites fermentados; porém apenas 21,7% e 2,8% da área da saúde e humanas, respectivamente, afirmaram consumir diariamente. Holanda et al. (2008), verificaram em um trabalho que objetivou avaliar o conhecimento sobre probióticos entre estudantes universitários de Jaguariúna (São Paulo), que apenas 16,0% dos estudantes por eles entrevistados afirmaram consumir esses produtos diariamente. Os autores consideraram essa freqüência de consumo baixa, já que a ingestão diária de probióticos é um dos fatores principais para que se garantam os efeitos benéficos a eles atribuídos (HOLANDA et al., 2008). Esses percentuais de consumo diário abaixo dos ideais entre os estudantes do referido trabalho e entre os aqui estudados revelam, então, a necessidade de maiores esclarecimentos públicos sobre a frequência correta de consumo de probióticos para que eles possam efetivamente promover saúde. A distinção entre produtos probióticos e não probióticos é algo extremamente importante e necessário. Apenas 20,6% dos estudantes da área da saúde e 19,6% da área de humanas afirmaram que procuram se informar no momento da aquisição de um produto lácteo, como iogurtes e leites fermentados, se ele contém probióticos. Viana et al. (2008), em um trabalho realizado na cidade do Rio de Janeiro que analisou a percepção e atitudes de consumidores sobre alimentos probióticos, detectaram que 21,7% dos entrevistados eram incapazes de mencionar um único exemplo de alimento probiótico. Conforme os autores, os resultados desse trabalho indicaram a necessidade de existirem programas educacionais usando linguagem acessível a fim reparar os conceitos relacionados a estes produtos (VIANA et al., 2008). Detectou-se que a possibilidade de um alimento promover saúde em virtude de conter microrganismos vivos não foi apontada como fator atrativo suficiente para determinar a escolha desse produto para o consumo, uma vez que apenas 15,9% dos entrevistados afirmaram considerar esse critério na escolha de um produto alimentício para o consumo e, que a maioria deles (30,4%) afirmou ser atraída apenas pelas propriedades organolépticas (ex.: como cor, sabor e odor) e composição química (ex.: carboidratos, lipídeos e proteínas); 28,0% do total de entrevistados afirmaram ser as propriedades organolépticas o fator mais atraente, enquanto que 7,0% afirmou ser o custo. A modulação da microbiota intestinal, seja por bactérias (lactobacilos e bifidobactérias principalmente) ou leveduras (como Saccharomyces boulardii), é uma das ações benéficas que se pode atribuir aos probióticos (MARTINS et al., 2005; PANT et al., 2007; BADARÓ et al., 2008; STEFE et al., 2008; MIGOWSKI; PUGLIESE, 2009). Os estudantes foram questionados sobre medidas que favorecem a manutenção e/ou controle da microbiota intestinal. O padrão de respostas está descrito na tabela 1.

39 Tabela 1 - Padrão de respostas dos estudantes ao questionamento: Das medidas descritas, quais favorecem a manutenção e/ou controle da microbiota intestinal? Alternativas Respostas (%) a) Uso de antibióticos 16,2 b) Consumo de bactérias probióticas 28,2 c) Consumo de bactérias e/ou leveduras probióticas 42,0 d) Uso de antibióticos simultâneo ao de consumo de bactérias 13,6 probióticas A partir das respostas apresentadas na tabela 1, é perceptível que a minoria dos entrevistados desse trabalho conhece as medidas corretas (alternativa c: consumo de bactérias e/ou leveduras probióticas). Uma vez que 29,8% dos entrevistados, soma das respostas que assinalaram as alternativas a e d, confundem a principal desvantagem do uso de antibióticos (eliminar a microbiota normal e/ou benéfica do intestino) com uma qualidade dos probióticos, torna-se evidenciada e urgente a necessidade de divulgações públicas mais persistentes dessa e de outras informações relacionadas aos probióticos. Conclusões Sendo os entrevistados deste trabalho estudantes de ensino superior e, considerando que alguns deles são de cursos da área da saúde, conclui-se que o conhecimento que esses possuem, portanto de possível transmissão, está aquém do necessário para que os alimentos probióticos exerçam seu efeito benéfico, promovendo saúde. Enfim, esses resultados demonstram a necessidade de se refletir sobre a implementação de práticas de incremento de educação em saúde entre universitários, priorizando-se, entre outros aspectos, políticas e estratégias de absorção e disseminação de conhecimento sobre as aplicações e benefícios dos probióticos para que esses possam auxiliar na melhoria da qualidade de vida e bem estar da população. Referências Bibliográficas ANDRADE JR., H; SOUZA, M. A.; BROCHIER, J. I. Representação Social da Educação Ambiental e da Educação em Saúde em Universitários. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 43-50, 2004. BADARÓ, A. C. L.; et al. Alimentos probióticos: aplicações como promotores da saúde humana parte 1. Nutrir Gerais Revista Digital de Nutrição, Ipatinga-MG, v. 2, n. 3, p. 1-20, ago./dez. 2008. BISCAIA, I. M. F.; STADLER, C. C.; PILATTI, L. A. Avaliação das alterações físico-químicas em iogurte adicionado de culturas probióticas. XI SIMPEP, Bauru-SP, nov. 2004. CANANI, R. B.; et al. Probiotics for treatment of acute diarrhoea in children: randomised clinical trial of five different preparations. British Medical Journal, London, v. 335, n. 7614, p. 340, ago. 2007. COUDRAY, C.; et al. Dietary inulin intake and age can significantly affect intestinal absorption of calcium and magnesium in rats: a stable isotope approach. Nutrition Journal, London, v. 4, n. 29, p. 117-122, 2005. GOMES, A. M. P; MALCATA, F. X. Agentes probióticos em alimentos: aspectos fisiológicos e terapêuticos, e aplicações tecnológicas. Boletim de Biotecnologia, Lisboa, n. 64, p. 12-22, 1999. HENKER, J.; et al. The probiotic Escherichia coli strain Nissle 1917 (EcN) stops acute diarrhoea in infants and toddlers. European Journal of Pediatrics, Berlin, v. 166, n. 4, p. 311 318, 2007. HICKSON, M.; et al. Use of probiotic Lactobacillus preparation to prevent diarrhoea associated with antibiotics: randomised double blind placebo controlled trial. British Medical Journal, London, v. 335, n. 7610, p. 1-5, 2007. HOLANDA, L. B.; et al. Conhecimento sobre probióticos entre estudantes de uma instituição de ensino superior. Revista Intellectus, n. 5, jul./dez. 2008.

40 KOMATSU, T. R.; BURITI, F. C. A.; SAAD, S. M. I. Inovação, persistência e criatividade superando barreiras no desenvolvimento de alimentos probióticos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v. 44, n. 3, p. 329-347, jul./set. 2008. MARTINS, F. S.; et al. Utilização de leveduras como probióticos. Revista de Biologia e Ciências da Terra, Paraíba, v. 5, n. 2, p. 14-20, 2005. MAZO, J. Z.; et al. Bifidobactérias: isolamento, identificação e aplicação em alimentos probióticos. B. CEPPA, Curitiba, v. 27, n. 1, p. 119-134, jan./jun. 2009. MIGOWSKI, E.; PUGLIESE, B. S. Gastrenterite aguda: por que dose maior de Saccharomyces boulardii na fase aguda? Revista Brasileira Clínica Médica, p. 267-271, 2009. OLIVEIRA, H. M.; GONÇALVES, M. J. F. Educação em Saúde: Uma Experiência Transformadora. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57, n. 6, p. 761-763, nov./dez. 2004. OLIVEIRA, M. N.; et al. Aspectos tecnológicos de alimentos funcionais contendo probióticos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 38, n. 1, p. 1-18, jan./mar. 2002. PANT, N.; et al. Effective prophylaxis against rotavirus diarrhea using a combination of Lactobacillus rhamnosus GG and antibodies. Microbiology, Edinburgh, v. 7, n. 86, p. 1-9, 2007. PROTIC, M.; et al. Mechanism of diarrhea in microscopic colitis. World Journal of Gastroenterology, Beijing, v. 11, n. 35, p. 5535-5539, 2005. REID, G.; HAMMOND, J. Probiotics: some evidence of their effectiveness. Canadian Family Physicians, Mississauga, v. 51, p. 1487-1493, 2005. ROLFE, R. D. The role of probiotic cultures in the control of gastrointestinal health. Journal of Nutrition, Bethesda, v. 130, n. 2, p. 396-402, 2000. SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v. 42, n.1, p. 1-16, jan./mar. 2006. STEFE, C. A.; ALVES, M. A. R.; RIBEIRO, R. L. Probióticos, Prebióticos e Simbióticos Artigo de Revisão. Saúde & Ambiente em Revista, Duque de Caxias, v. 3, n. 1, p. 16-33, 2008. VARAVALLO, M. A.; THOMÉ, J. N.; TESHIMA, E. Aplicação de bactérias probióticas para profilaxia e tratamento de doenças gastrointestinais. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 29, n. 1, p. 83-104, 2008. VIANA, J. V.; et al. Probiotic foods: consumer perception and attitudes. Internation Journal of Food Science and Technology, v, 43, p. 1577-1580, 2008.