PERFIL LABORAL DA EQUIPE DE LIMPEZA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA. PALAVRAS-CHAVE: Equipe de Limpeza; Trabalho; Terceirização do Trabalho; Universidade.



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Transcrição:

PERFIL LABORAL DA EQUIPE DE LIMPEZA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA Thaluan Rafael Debarba Baumbach 1 Paulo Henrique Heitor Polon 2 RESUMO: Esta pesquisa trata-se de um estudo a respeito da equipe de limpeza de uma universidade pública, localizada no Oeste do Paraná. A pesquisa tinha por objetivo identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos funcionários, deste setor. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo. A pesquisa bibliográfica propiciou a compreensão dos conceitos de trabalho e trabalho terceirizado, categorias que embasaram, posteriormente, a análise da pesquisa de campo. Quanto à pesquisa de campo o levantamento de dados, efetivou-se, por meio de questionário semiaberto, aplicado aos funcionários. Os resultados apontaram um grau de insatisfação elevado da equipe de limpeza, por exemplo, em relação ao que concerne: (i) aos horários e escalas de trabalho estipulados; (ii) ao número reduzido de funcionários; (iii) desconto salarial. O estudo indica a necessidade de uma revisão e reavaliação do cotidiano de trabalho da equipe de limpeza, tanto no ponto de vista da carga horaria de trabalho, como organizacionalmente; com vistas à melhoria da rotina, da eficiência e das condições laborais desses trabalhadores. PALAVRAS-CHAVE: Equipe de Limpeza; Trabalho; Terceirização do Trabalho; Universidade. INTRODUÇÃO A mudança ocorrida no mundo do trabalho tem ocasionado alterações nas situações laborais com repercussão na saúde dos trabalhadores. Os processos de terceirização, de enxugamento de mão-de-obra e as mudanças na forma da organização do trabalho trouxeram a precarização dos meios de trabalho. As transformações nas relações trabalhistas, que também envolvem a terceirização dos serviços são uma realidade presente em diferentes modalidades de trabalho, entre elas o trabalho de limpeza. Conceituando esse tipo de atividade, como frisa Rocha (2003) a ação laborativa de limpeza pode ser avaliada como dinâmica e pesada, configura-se também por características que exigem do trabalhador movimentos repetitivos, força e posturas desagradáveis. Essa condição do trabalho pode em algumas situações representar alto risco a saúde, principalmente em relação ao sistema muscular dos funcionários. Dessa forma este artigo teve por objetivo identificar o perfil laboral da equipe de limpeza de uma Universidade pública, analisando os fatores cotidianos e 1 Graduando em Pedagogia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE. Bolsista de Iniciação Cientifica/Fundação Araucária. Thaluanunieste@gmail.com. 2 Orientador do trabalho. Mestre em sociedade, cultura e Fronteiras Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE. pauloh2polon@gmail.com

as relações interpessoais do trabalho da equipe. Para tanto, foi aplicado um questionário semiaberto, com perguntas sobre: a) Tempo que exerce a profissão; b) Mudança de ocupação; c) Valorização do profissional no exercício de sua ocupação, entre outras. A princípio, neste artigo, serão apresentadas algumas considerações sobre o conceito de trabalho e trabalho terceirizado objetivando referenciar o estudo e promover a compreensão da temática. Para, posteriormente, apresentar sua descrição segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e discutir os dados coletados na pesquisa de campo, à luz do levantamento teórico efetivado das sínteses conceituais de trabalho e trabalho terceirizado. CONSIDERAÇÕES SOBRE TRABALHO E TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO O trabalho é o tema central que embasa essa pesquisa. Dessa forma é preciso reconhecer que a palavra trabalho abrange diversas interpretações, e que é representada em seu uso. Como por exemplo: para relatar suas condições (agradável, desagradável), seus resultados (bom ou mal realizado), ou mesmo a atividade em si (delicado, rude). O termo trabalho é oriundo do latim tripaliu, e designava um instrumento romano de tortura, composto por três paus, daí o nome: três (tri); paus (paliu). Mas que, também, era utilizado como ferramenta de trabalho por camponeses e agricultores nos campos de trigo, milho e outros produtos agrícolas. Para Weber (2004) o mais importante é que o trabalho constitui, antes de qualquer coisa, a própria finalidade da vida. De acordo com Codo (1999) o homem, através do trabalho na relação com o objeto, entra em contato com o mundo real e se descobre igual aos outros homens, identificando-o enquanto ser humano. Do ponto de vista da História, o advento da Revolução Industrial transformou o modo de produção e substituiu o trabalho artesanal pelas máquinas. Isso acarretou na substituição dos trabalhadores, que exerciam todas as funções da produção por operários de funções específicas. Dessa forma transformou o trabalho em função padronizada e repetitiva, exigindo mais funções, falando ergonomicamente do corpo humano. Com esse novo quadro laboral, nas últimas décadas, um conjunto de ações e formações universitárias tem se constituído com o intuito de melhorar as condições de trabalho humano. Entre alguns campos de intervenção, é possível mencionar: as questões da ergonomia, a ginástica laboral, a orientação fisioterapêutica, a formação de equipes multidisciplinares. E o estabelecimento de Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho, as NR s. Na sociedade moderna o

trabalho tem declarada importância no cotidiano das pessoas, sendo que muitos passam a maior parte de suas vidas, mediados por relações de trabalho. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde significa vivenciar um bem-estar psicológico e social, entendendo o social como uma qualidade nas relações que as pessoas mantem com as outras e com seu meio ambiente. Pensando essa instrução, a OMS, Marchi; Silva (1997) consideram a importância do ambiente e a qualidade de trabalho a que estão submetidas às pessoas. Assim sendo além de proporcionar subsistência o trabalho, ainda, precisa colaborar para melhorias na qualidade de vida das pessoas. Novas alterações nas características e condições de trabalho foram empreendidas como do movimento pós-revolução Industrial, mais precisamente, entre as décadas de 1980 a 1990. Com o crescimento geral das atividades, entre elas, o de conservação e limpeza emergiram as categorias de terceirização do trabalho, tendo como consequência a necessidade da regulamentação desta mão-de-obra. Segundo Ferraz e Rocha (1998) a taxa de crescimento da ocupação de limpeza e conservação, entre o período de 1985 e 1995, foi de 44,32%, e implicou na presença de 160 mil novos postos de trabalho. Teixeira (2015, p.2) lembra que: [...] é permitido apenas locar mão-de-obra na forma de empresa de Trabalho Temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/74, previamente autorizadas pelo Ministério do Trabalho e nos casos de Trabalho Avulso Sindicalizado amparado pelo artigo 513, único do CLT. Dessa forma fica explicito que a mão-de-obra terceirizada tem como função ocupar tal posto de trabalho de forma temporária, até a efetivação do profissional adequado. Essa situação faz com que possamos cair na falácia de que o objetivo da terceirização seja a baixa efetiva dos custos indiretos. Ferraz e Rocha (1998) destacam que a diferença entre o salário pago aos profissionais de limpeza terceirizados e aqueles que são contratados para desempenhar funções de outros setores evidenciam que a terceirização não foi à baixa dos custos, mas a necessidade de mão-de-obra. METODOLOGIA Para classificação inicial o presente estudo tratou-se de elencar os indicadores que caracterizam as principais dificuldades enfrentadas pela equipe de limpeza. O setor de limpeza e conservação está vinculado à Pró-reitora administrativa e integra a Diretoria de Administração do Campus. A missão do setor segundo a secretaria do Estado da administração e da previdência: departamento de administração e material (2012, p.2) é:

Atender a demanda diária e periódica de limpeza, conservação e higienização das áreas da Universidade Estadual [...]. O setor de limpeza e conservação é composto por trinta e cinco funcionários, todos do sexo feminino. Os funcionários da equipe de limpeza são contratados por uma empresa terceirizada no regime da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), ocupando o cargo de serventes de limpeza. Dos trinta e cinco funcionários que compõem a equipe de limpeza apenas nove concordaram em participar da pesquisa, destes cinco são do bloco de salas de aula, e quatro do prédio de laboratórios, caracterizando a divisão do trabalho em setores. Para efetivação desta pesquisa optou-se pela estrutura de questionário semiaberto. O questionário é um instrumento de coleta de dados. De acordo com Chizzotti (2008): O questionário consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas, sistemática e sequencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os informantes saibam opinar ou informar. É uma interlocução planejada. (p.55) Entre as vantagens de se utilizar um questionário semiaberto segundo Lakatos, Marconi (2003, p.191) este: Possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla variedade de fenômenos. E entre as limitações estão Vários aspectos da vida cotidiana, particular, podem não ser acessíveis ao pesquisador. No caso se buscou identificar o modelo mais apropriado para coleta de informações sobre a temática. Neste sentido o questionário apresentado às trabalhadoras teve como objetivo identificar as principais dificuldades para se possível planejar e discutir propostas para sanar estas dificuldades. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS Nesse capítulo foram analisados os dados da presente pesquisa, objetivando a apresentação e discussão por meio de gráficos o questionário aplicado. Nesse contexto, é possível desenhar um perfil do funcionário que compõe a equipe de limpeza, de acordo com fatores de relações de trabalho, relações que embasam esta pesquisa. A princípio se pegarmos a concepção de trabalho contida em Codo (1999) o trabalho constitui, em relação ao homem objeto, a identificação do ser como humano. Dessa forma o trabalho torna-se humanizador. Mas será que o trabalho desempenhado pela equipe de limpeza é humanizador? Por meio destas perguntas tentaremos responder com a apresentação dos resultados da pesquisa. Por questionamento inicial para identificar o perfil laboral temos a indagação de tempo que o profissional exerce a ocupação. Desse modo quatro compõem o grupo que exerce entre

um e três anos. Três desempenham a mais de três anos. E dois ainda não possuem um ano de experiência na área. Tabela 1 Tempo que exerce a ocupação 5 4 3 2 1 0 menos de 1 ano entre 1 e 3 anos mais de 3 anos Fonte: Autores. A tabela dois indica os dados referentes ao convívio com os usuários da instituição 3 evidenciando que em sua maior parte é bom, caracterizado por sete dos questionados. Nota-se que os problemas com os usuários são praticamente inexistentes e que a equipe de limpeza mantem boas relações com outros usuários do estabelecimento de ensino. Tabela 2 Convívio com os usuários 8 6 4 2 0 Bom Ruim Indiferente Fonte: Autores. No que diz respeito ao convívio com os colegas de trabalho, os funcionários tem, em sua maioria um bom relacionamento. Isso se caracteriza pelos indicadores da terceira tabela onde foi apresentado o valor de oito para o item bom. Tabela 3 Convívio com os colegas de trabalho 3 Alunos, professores, outros servidores e público em geral.

10 8 6 4 2 0 Bom Ruim Indiferente Fonte: Autores. A quarta tabela apresentada os dados referentes à valorização do trabalho que possuem como pressuposto o seguinte questionamento: Considera-se valorizado no exercício de sua ocupação? Este questionamento nos norteará para compreender se o trabalho desempenhado pela equipe de limpeza corresponde à visão apresentada por Codo, quando indaga a respeito de o trabalho como humanizador ou seu inverso como proposto pelo questionamento. Tabela 4 Valorização do trabalho 10 8 6 4 2 0 Valorizada Não valorizada Fonte: Autores. No que diz respeito à valorização do trabalho, nota-se que é consenso, entre os questionados, que não se sentem valorizados no ambiente de trabalho sendo que 100% responderam que não se sentem valorizados. Como justificativa apresentada pelos funcionários para a desvalorização foi elencada os seguintes fatores: Carteira assinada como: servente de limpeza 4 ; 4 Segundo consta no Portal do Emprego e Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) no livro: 1 Códigos, títulos e Descrições. Trabalhadores nos serviços de manutenção de edificações 5143-20: Faxineiro: Auxiliar de Limpeza, Servente de Limpeza. Tendo por sua vez remuneração inferior ao salário mínimo.

Baixo efetivo. Nesse item os funcionários elencaram que a área de cada setor é superior ao que podem dar conta na carga horaria de trabalho. Sendo ideal contratação de mais funcionários para melhor divisão dos setores; Desconto salarial: por motivo de ausência ao trabalho, mesmo quando justificado com atestado médico. Esse item explica-se de forma que a cada falta, mesmo sendo com justificativa médica, perde-se o abono salarial em caso de assiduidade. Caso a falta seja remanescente o desconto passa a ser maior que o proporcional e do valor integral do salario. Quinze minutos para intervalo, descanso e lanche. Esse item é referente ao tempo que seria destinado para o descanso da equipe de limpeza. Entre os aspectos mais frisados pelos funcionários é o baixo efetivo no período de férias acadêmicas. Nesse período do ano a instituição deixa de receber grande parte de seu público e passa a reduzir quadro de funcionários. Porem ocorre à necessidade de uma limpeza geral aprofundada da instituição. Isso acarreta em sobrecarga dos funcionários que se encontram trabalhando na instituição. Dessa forma podemos compreender que o trabalho humaniza essa equipe de limpeza? Podemos ver o grande descontentamento da equipe de limpeza e do ponto de vista da história, através do advento da Revolução Industrial ocorreu uma transformação no modo de trabalho. Isso acarretou na desumanização das relações de trabalho exigindo padronização e repetitividade. Com o esforço de compreender a remuneração inferior ao salario mínimo à terceirização segundo Ferraz e Rocha (1998) não é a real culpada, pois, a justificativa para tal está na necessidade de mão-de-obra. Porém, por meio da terceirização desta mão-de-obra a remuneração passa a ser responsabilidade da empresa contratante, abrindo brechas constitucionais para essa remuneração. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do questionário semiaberto evidenciou a desvalorização do trabalho de limpeza terceirizado. Por meio deste identificaram-se alguns dos principais problemas, entre esses: reduzido quadro de funcionários na equipe de limpeza; reduzido intervalo interjornada de trabalho; desconto do vale alimentação por motivo de falta ao trabalho (ainda que justificada) e a remuneração inferior ao salário mínimo. Como já explicado por Rocha (2003) o trabalho de limpeza é uma atividade de esforços repetitivos, que somados aos dados

identificados nos questionários, culminando na desmotivação em relação à atuação nesse campo de trabalho. Com base no perfil laboral definido a partir da pesquisa junto à equipe de limpeza, ainda, é possível inferir, que a desvalorização do trabalho está, também, relacionada com as questões de organização do trabalho. Diante disso, são necessárias mudanças significativas no que diz respeito à organização do trabalho, para que possam realizar as tarefas de forma mais humana. Assim, mesmo que não seja possível alcançar soluções ideais, que agradem todas as partes envolvidas, poder-se-á atuar de forma mais eficaz em relação ao que vem ocorrendo na instituição. Diante disso, algumas recomendações são sugeridas, visando o bem estar dos funcionários, entre elas: Adequar/ampliar o intervalo entre jornadas e o de lanches; Manter o efetivo de trabalho da equipe de limpeza, quanto à área destinada a cada trabalhador no período destinado a faxina geral da instituição; Por fim, diante desse estudo acreditamos que é possível a continuação de outros estudos, que permitam compreender melhor as condições de trabalho e, em específico, a situação de desvalorização da mão-de-obra terceirizada. Para que políticas públicas de valorização do trabalho possam ser propostas. REFERÊNCIAS CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 2008. CODO, W. Educação: Carinho e trabalho. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. FERRAZ, G.; ROCHA F.. Os serviços de limpeza e conservação no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, nov. 1998. LAKATOS, E. M. MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. 5. Ed. São Paulo: Atlas 2003. MARCHI, R; SILVA, M. Saúde e qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Best Seller, 1997. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Trabalhando juntos pela saúde. Organização Mundial da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 210 p. ROCHA, C. S. Análise ergonômica do trabalho da equipe de limpeza de uma universidade particular. 2003. 101 f. Tese (Mestrado em engenharia) Escola de engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2003.

SECRETARIA DO ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO E DA PREVIDENCIA: DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E MATERIAL. PREGÃO ELETRÔNICO Nº. 187/2012 SRP. Estado do Paraná. 2012. 40p. TEIXEIRA, P. H. Cuidados na terceirização de atividades. Disponível em: <http:// www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/perigosdeterceirizar.htm> Acesso em: mar. 2015. WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia de Letras, 2004.