Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904



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Transcrição:

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: ESTUDO EXPLORATÓRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA CONTAGEM DE MESÓFILOS, BOLORES E LEVEDURAS UTILIZANDO O TRATAMENTO DE IMAGEM. CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL AUTOR(ES): CRISTIANE MARTINS DE SOUZA SOBRINHO ORIENTADOR(ES): JULIO CESAR BASTOS FERNANDES, SANDRA EMI KITAHARA

ESTUDO EXPLORATÓRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA PARA CONTAGEM DE MESÓFILOS, BOLORES E LEVEDURAS UTILIZANDO O TRATAMENTO DE IMAGEM. 1. RESUMO Neste trabalho foi feito um estudo exploratório para otimizar as condições necessárias para o desenvolvimento de uma metodologia para contagem de mesófilos e bolores e leveduras utilizando o softwares de imagem comerciais. Foi construído um sistema para a aquisição das imagens dos micro-organismos usando uma câmera digital de 7,2 megapixel (MP) e um sistema de iluminação por diodo emissor de luz (LED). Uma nova metodologia de inoculação foi desenvolvida para que houvesse reprodutibilidade no crescimento microbiano em placas. O método para a contagem das unidades formadoras de colônia (UFC) foi baseado na contagem dos pixels brancos e pretos obtidos da fotografia da placa Rodac do crescimento microbiano. 2. INTRODUÇÃO Análises microbiológicas são importantes ferramentas para avaliar a qualidade de ambientes, alimentos, fármacos e em patologia clínica. A presença de micro-organismos pode indicar condições higiênico-sanitárias inadequadas no preparo, manipulação, armazenamento e comercialização de alimentos, além de indicar um perigo potencial para seu consumo. O controle deste parâmetro é de grande importância para garantir as características físico-químicas e sensoriais dos alimentos, além das condições sanitárias em restaurantes e hospitais (1). Métodos de análise de imagem vêm sendo muito utilizados nos últimos anos para sobrepujar as desvantagens na quantificação de colônias de micro-organismos pela contagem visual. Os erros são devidos principalmente a problemas de acuidade visual até estimativas mal calculadas devido a falhas no quarteamento (2,3). Essas limitações têm levado ao desenvolvimento de métodos alternativos mais rápidos, eficientes e que requerem uma menor quantidade de material. 1

3. OBJETIVOS O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia para a quantificação de micro-organismos baseado no tratamento de imagem. Através da refletância das imagens obtidas das placas do crescimento microbiano procurar-se-á relacionar a quantidade de micro-organismos presentes com a quantidade de pixels correspondentes as UFC. 4. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico ou farmacêutico. A água utilizada na preparação dos meios de cultura foi destilada previamente. O meio de cultura Ágar Padrão de Contagem (PCA) foi adquirido da Merck e a água peptonada foi obtida da Acumedia. As amostras de caldo-de-cana foram adquiridas no comércio local de feira livre. Na preparação do meio de cultura Ágar de Contagem Padrão (PCA) pesouse 5,63 g do mesmo e dissolveu-o em 250 mililitros de água destilada. As soluções foram agitadas por 15 minutos em agitador magnético. Para o preparo da Água Peptona Tamponada pesou-se 2,00 g dela e dissolveu-o em 100 mililitros de água destilada. As soluções foram esterilizadas por um período de 15 minutos, na temperatura de 121,0 ºC e numa pressão de 1,05 atmosfera (atm), em autoclave. Na preparação da amostra para a inoculação no meio de cultura foram feitas uma serie de diluições sucessivas em solução de água peptonada na faixa 10-1 até 10-6 gl -1. Para a preparação da solução-mãe, tomou-se 2,5 ml de caldo de cana com uma pipeta graduada para balão volumétrico de 25,00 ml e este foi então avolumado com água peptonada previamente esterilizada. A partir dessa solução-mãe, tomouse 1 ml desta para um tubo de ensaio e adicionou-se 9 ml de água peptonada. Para as demais diluições adotou-se o mesmo procedimento, tomando o volume de 1 ml da solução anterior até a diluição de 10-6 gl -1 (Fig.1). Para a inoculação, tomaram-se doze tubos de ensaio com tampa rosqueável de 16 1 cm, onde são introduzidos um volume conveniente da solução do meio de cultura com auxílio de uma pipeta graduada. O conjunto é então esterilizado e ao sair da autoclave, colocado em um banho-maria. Com o auxílio de um termômetro 2

digital, a temperatura do meio de cultura ainda líquido é monitorada até atingir um valor entre 40-50 ºC. Neste momento, um volume do inócuo é adicionado para o interior do meio de cultura no tubo com o auxílio de uma micropipeta. O tubo é homogeneizado cuidadosamente com movimentos suaves e a solução vertida sobre uma placa estéril. As placas Rodac (65 15 mm) com a amostra de caldo-de-cana inoculadas no meio de cultura de interesse foram incubadas na temperatura de 35-37 ºC durante 24-48 horas em Estufa de Cultura Bacteriologica. Para a digitalização das imagens obtidas dos crescimentos microbianos foi montado um sistema de aquisição. Num suporte usado em dessoldagem de componentes eletrônicos SMD-BGA foi acoplado uma máquina fotográfica digital da 7,1 MegaPixels (MP). Um tubo de 16,5 cm de comprimento e 10 cm de diâmetro foi totalmente pintado com tinta preto fosco Acrilex à base d água. A parte inferior do tubo foi perfurada em posições estratégicas para o acoplamento de uma mangueira contendo LEDs espaçados um do outro em 3,5 cm. Um guia de posicionamento para a placa Rodac foi desenhado na base do suporte, sob medida, para coincidir exatamente com o centro da lente da câmera fotográfica A Fig. 1 mostra o sistema para aquisição de imagem montado e o guia de posicionamento. Fig. 1 Fotografia do sistema de obtenção das imagens das placas utilizadas no crescimento microbiano à esquerda, com o guia de posicionamento para a placa Rodac 65 15 mm desenhado no suporte, à direita. Após a digitalização das imagens, as mesmas foram processadas e analisadas nos softwares Image Tool versão 3.0 da Universidade do Texas Centro de Ciência da Saúde e no Corel Paint Shop Pro X2. Explorou-se a funcionalidade destes softwares na análise e tratamento de imagem. Funções como transformação da imagem em tons de cinza, remoção de background, conversão da imagem em 2 3

bit de cores, histograma, contagem de pixels, dentre outras foram exploradas no desenvolvimento da metodologia de contagem semi-automatizada. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Um fator crítico para a obtenção de uma metodologia robusta para a contagem das unidades formadoras de colônias através do tratamento de imagem está diretamente relacionado com a qualidade da fotografia obtida do crescimento microbiano em placas estéreis. Optamos por obter fotografias da área total da placa Rodac, assim, a distância entre a câmera fotográfica e a placa foi ajustada para 10,5 cm. Outro fator de relevância é o tipo de placa utilizada no crescimento microbiano. Placas de vidro não são padronizadas, tendo diferentes espessuras e consequentemente podem gerar reflectâncias diferentes para um mesmo crescimento de micro-organismo. Sendo assim, utilizaremos neste trabalho de pesquisa apenas Placas Rodac de 65 15 mm de um mesmo fabricante. Os primeiros testes realizados, adotamos a metodologia de plaqueamento de superfície e profundidade. Foi constatada no método de superfície, uma enorme dependência da quantidade de inoculo depositado sobre o meio. Observou-se que não houve um crescimento uniforme dos micro-organismos para cada diluição, então nestes ensaios iniciais, procurou-se desenvolver somente a metodologia por profundidade. No método de profundidade vários fatores influenciaram na preparação do meio. Um deles é a quantidade de Agar depositada no inoculo. Verificou-se, que se esta quantidade é inferior a 30% da necessária de acordo com a metodologia de plaqueamento em profundidade, não ocorre a gelificação. Então, utilizou-se uma quantidade de meio de cultura sempre proporcional ao volume de inoculo e medida com precisão. Verificou-se também que é critica a parte de homogeneização, por que se não houver uma mistura adequada do meio com o inoculo os micro-organismos se proliferam de modo desuniforme na placa, se concentrando em grandes colônias mesmo no plaqueamento das soluções mais diluídas de inoculo. Percebeu-se que a homogeneização do meio com o inoculo na placa gerava um crescimento localizado das colônias (Fig. 2, esquerda). Este procedimento de inoculação em profundidade 4

exige do manipulador um alto domínio e experiência com a técnica, sendo complexa para os iniciantes. Além disso, ele é dificultado com placas de diâmetro reduzido como as Rodac de 65 15 mm. Para melhorar o processo de homogeneização e atenuar os problemas descritos anteriormente, se desenvolveu uma nova metodologia de inoculação, a qual se denominou de Técnica de Inoculação em Tubo (TIT). Neste procedimento os tubos com um volume exato da solução de PCA são esterilizados em autoclave e após a esterilização o inoculo é inserido diretamente no meio, cuja temperatura é monitorada e mantida constante. No tubo, a homogeneização é facilitada e após a mesma o meio de cultura inoculado é vertido na placa estéril sem mais necessidade de movimentos rotacionais, onde se corre o risco de perda da amostra inoculada. As vantagens do método proposto comparativamente ao procedimento convencional são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1: Comparação entre os métodos de inoculação em profundidade, Pour Plate, e o método proposto neste trabalho denominado TIT. Características Pour Plate TIT Volume de Esterilização indefinido * definido Preparação do plaqueamento em preparação ** semi preparado Inoculação direto na placa direto no meio de cultura Homegeização dificultada facilitada Experiência do Manipulador alta baixa Velocidade de Preparação intensa reduzida * Volume total para a produção da inoculação nas placas. ** Para a inoculação é necessário tomar um volume conveniente do meio de cultura no momento do plaqueamento. De acordo com nossa visão o método TIT é mais vantajoso que o Pour Plate. Uma das principais vantagens é a velocidade de preparação. Em geral, no Pour Plate é necessário mais de um manipulador para a preparação do plaqueamento. Isto se deve a necessidade da tomada das alíquotas do inoculo e do meio de cultura no momento do plaqueamento. Ao mesmo tempo, enquanto o manipulador homogeneíza o inoculo no meio de cultura da placa, este está em processo de gelificação no erlenmeyer. Para evitar isso, um operador toma as alíquotas do meio enquanto o outro inocula a amostra na placa e homogeneíza a mesma. Caso contrário, se somente um operador faz o processo completo, exige-se do mesmo 5

uma rápida manipulação para evitar todos esses problemas. No método proposto (TIT) a operação é facilitada e por isso um só operador pode desenvolver o processo global sem necessidade de fazê-lo rapidamente. Os resultados obtidos com o plaqueamento pelo processo TIT foram bastante promissores. Obteve-se um crescimento uniforme de micro-organismos em toda a placa (Fig. 2, direita). Fig. 2 Fotografias mostrando as placas Rodac com crescimento dos fungos: à esquerda, desuniforme pelo método de inoculação em profundidade (Pour plate) e à direita, uniforme usando o método TIT. A temperatura do meio de cultura também influenciou o desenvolvimento da metodologia proposta. Se a temperatura não é controlada com precisão, observouse que há um risco elevado dos micro-organismos não se desenvolverem. Nos estudos iniciais de plaqueamento obtivemos resultados incoerentes, havia um crescimento dos fungos nas placas com diluição, mas não nas concentradas. Supomos que nas inoculações da amostra concentrada a temperatura do meio estava elevada e isso impediu o crescimento dos micro-organismos. A Tabela 2 mostra os resultados obtidos na contagem manual do crescimento microbiano, quando da inoculação em três temperaturas diferentes. 6

N o de Microorganismos CATEGORIA CONCLUÍDO Tabela 2: Resultados obtidos para a contagem manual dos micro-organismos na área total da placa Rodac..Tempo (hs) 10-1 10-2 10-3 10-4 10-5 10-6 40º 45º 50º 40º 45º 50º 40º 45º 50º 40º 45º 50º 40º 45º 50º 40º 45º 50º 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 I I I I I I I I I 13 51 48 5 14 22 0 6 11 8 I I I I I I I I I 20 I I 9 148 55 6 22 35 10 I I I I I I I I I I I I 109 213 197 15 58 46 12 I I I I I I I I I I I I 136 256 237 19 71 52 14 I I I I I I I I I I I I 147 284 277 23 92 54 16 I I I I I I I I I I I I * 287 281 * 96 58 18 I I I I I I I I I I I I 149 289 283 24 96 61 20 I I I I I I I I I I I I 149 293 286 25 98 69 I = incontável *=problemas na focalização. A 40 C houve um crescimento menor de colônias do que nas outras duas temperaturas. Isso não era o esperado uma vez que em temperaturas maiores que 40 ºC poderia haver a morte de parte das colônias. Esse comportamento anômalo é difícil de explicar, mas talvez possamos atribuí-lo a uma má homogeneização devido a maior viscosidade do meio. Então, optamos por utilizar a temperatura de inoculação de 45 ºC para os estudos de contagem semi-automatizada. Cabe mencionar, que a melhor qualidade de homogeneização da técnica proposta (TIT) permitiu além de uma distribuição mais uniforme das unidades formadoras de colônias, um crescimento mais rápido, como mostra o gráfico na Fig. 3. O tempo de incubação necessário para a estabilização do crescimento dos micro-organismos fica entre 24 e 48 horas usando os métodos convencionais de inoculação. Com a técnica TIT, em apenas 14 horas o crescimento foi estabilizado. 300 250 40 o C 45 o C 50 o C 200 150 100 50 0 0 5 10 15 20 Tempo (min) Fig. 3 Gráfico de crescimento microbiano a diferentes temperaturas em função do tempo. 7

Inicialmente, verificou-se a possibilidade de utilizar o histograma da imagem da fotografia do crescimento microbiano para a contagem das UFC. Um dos problemas encontrados na contagem das colônias através do histograma era que quando a imagem original era transformada em tons de cinza, as colônias não eram observadas apenas como branco puro. Assim, não foi possível obter uma relação entre o número de unidades formadoras de colônias e a quantidade de pixels brancos. Para contornar este problema imaginou-se em explorar a função do software image tool de contagem de pixels brancos e pretos. Para isto a fotografia obtida das colônias foi transformada em imagem binária, ou seja, só contendo apenas pixels brancos e pretos usando o software Corel Paint Shop Pro X2. A melhor opção para a transformação da imagem em 2 bits foi a redução de cores pelo método nearest color do software Corel Paint Shop Pro. Nesta opção os tons de cinza claro são transformados em pixel branco e vice-versa. A imagem de 2 bits produzida desta forma transforma as UFC em pixels brancos (Fig. 4). Fig. 4 Imagem de uma área de 1 cm 2 da placa Rodac obtida da diluição do inoculo a 10-4 na temperatura de 45 ºC. A imagem foi transformada em binária através do processo de redução de cores pelo método de nearest color. Da esquerda para a direita, quadrante 1D e 2B da placa Rodac. Os principais problemas encontrados são: uma UFC não é um pixel branco na imagem e algumas colônias podem sofrer sobreposição. Assim, calculou-se uma média entre a quantidade de pixels branco na imagem determinado pela opção no menu analysis opção count Black/ White pixels e o número de colônias através da contagem manual no software Image Tool na opção count and tag. Um cálculo médio indica que o número de pixels que forma 1 colônia está em torno de (11±2). Este resultado foi então utilizado para calcular o número de colônias nas placas de diluição de 10-1 a 10-6 na temperatura de 45 ºC usando a metodologia semi-automatizada, comparando com a contagem manual determinada para a diluição 10-5. Para minimizar o erro na contagem, optamos por contar os pixels brancos dos quadrantes de colônias com crescimento 8

uniforme, evitando unidades formadoras de colônias sobrepostas, o que poderia gerar contagens falsas. Os resultados estão listados na Tabela 3. Tabela 3: Comparação entre o método de contagem manual através do software Image Tool e o método semi-automatizado proposto para uma área de 1 cm 2 na temperatura de 45 ºC. CONTAGEM DE UFC DILUIÇÃO MANUAL SEMI-AUTOMATIZADA 10-6 8 15 10-5 25 64 10-4 70 169 10-3 I 267 10-2 I 252 10-1 I 488 Com base na Tabela 3, podemos então estimar a quantidade de unidades formadoras de colônias no caldo de cana (Tabela 4). Os resultados apresentaram uma grande variabilidade, ou seja, mesmo com uma melhor homogeneização obtida com o método TIT, a contagem para as diferentes diluições não se manteve proporcional. Se levarmos em consideração a contagem apenas de uma área de 1 cm 2 e extrapolarmos para a área total da placa Rodac, o número de colônias é o dobro (diluição 10-6 ou 10-5 vide Tabela 4) do que realmente existe na placa inteira, se contarmos manualmente a sua área total. Isto se deve a dois fatores principais: o primeiro que a quantidade de colônias para uma diluição elevada não cresce uniformemente por toda a placa; segundo que as colônias não apresentam o mesmo diâmetro, e colônias sobrepostas são contadas como uma unidade. Tabela 4: Quantidade de UFCs presentes no caldo de cana. CONTAGEM DE UFC NO CALDO DE CANA DILUIÇÃO MANUAL SEMI-AUTOMATIZADA 1 cm 2 Placa Rodac * Placa Petri Média 10-6 4,0 10 9 1,9 10 9 5,9 10 8 7,5 10 9 10-5 1,3 10 9 5,7 10 8 1,9 10 8 3,2 10 9 10-4 3,5 10 8 I I 8,4 10 8 10-3 I I I 1,3 10 8 10-2 I I I 1,3 10 7 10-1 I I I 2,4 10 6 Um fato interessante é quando levamos em consideração o dimensionamento da placa utilizada para o crescimento microbiano. Se compararmos os valores UFC no caldo de cana determinados para a placa de petri média em relação à placa Rodac, estes foram um terço menor. Assim, a contagem semi-automatizada fica 9

difícil de ser confiável, pois nem mesmo a contagem manual apresenta proporcionalidade em relação às diluições nem em relação ao dimensionamento da placa. Considerando que o método de inoculação no tubo apresentou uma melhor uniformidade devemos esperar um erro ainda maior quando se utiliza os métodos de inoculação convencionais. Desta forma, não foi possível estabelecer uma calibração entre o processo manual e o semi-automatizado, nem mesmo um fator de correção. Faz-se necessário estabelecer uma condição padrão para o tamanho das UFC. Assim, este estudo exploratório demonstrou que é possível utilizar softwares de imagens convencionais para a contagem de colônias viáveis, porém, faz-se necessário estabelecer um tamanho padronizado para as UFC. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos para o desenvolvimento da metodologia de contagem de mesófilos, bolores e leveduras utilizando softwares de imagem comerciais, até o momento, mostraram que o método é dependente de diversos fatores. Problemas como crescimento não uniforme das colônias e dificuldade na inoculação foram atenuados com a nova Técnica de Inoculação em Tubo (TIT). Contudo, unidades formadoras de colônia sobrepostas conduz a falsos resultados, tanto no método convencional (manual) como no sistema semi-automatizado (software de imagem). Isto nos leva a concluir que muitas das medidas microbianas divulgadas pelos laboratórios não são tão confiáveis como se imagina. Assim, o método de contagem de micro-organismos viáveis precisa ser padronizado em função de um tamanho de colônia, o que permitiria uma contagem mais confiável com o método semi-automatizado proposto. 6. FONTES CONSULTADAS (1) NERO, L. A.; BELOTI, V.; BARROS, M. A. F.; Métodos rápidos e automatizados para enumeração de micro-organismos indicadores em leite - Utilização no Brasil - Semina: Ci. Agrárias. Londrina 21 (1), 115-126, 2000. (2) (11) VASAVADA. P. C.; CHANDLER. R. E.; HULL. R.R.; Evolving methodologies for microbiological examination of milk and dairy foods., Dairy Food Environ. Sanit.13 (9), 510-515, 1993. (3) CHAIN. V. S.; FUNG. D. Y. C. Comparirison of Redigel, Petrifilm. Spiral Plate System, Isogrid, and Aerobic Plate Count for determining the numbers of aerobic bactéria in selected foods, J. Food Prot. 64 (3), 208-211, 1991. 10