A Identidade do Anjo 1. Raquel MÜTZENBERG 2 Isadora SPADONI 3 Mariana MARIMON 4 Marluce SCALOPPE 5 Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT



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Transcrição:

A Identidade do Anjo 1 Raquel MÜTZENBERG 2 Isadora SPADONI 3 Mariana MARIMON 4 Marluce SCALOPPE 5 Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT RESUMO Documentário expositivo de 10 minutos que aborda a transexualidade, definindo os transtornos psicológicos que um transexual sofre até o momento da cirurgia de adequação sexual. Os problemas sociais e de convivência são explicados por uma transexual que está prestes a passar pela intervenção cirúrgica. Propõe-se o esclarecimento em relação à identidade de um transexual, a sua opção sexual e o seu problema fisiológico. O papel do Sistema Único de Saúde na vida das pessoas que precisam da cirurgia de adequação sexual. PALAVRAS-CHAVE: sexualidade; transexualidade; identidade; documentário; comunicação. INTRODUÇÃO O documentário A Indentidade do Anjo traz a questão do transexualismo sob o ponto de vista de pessoas que trabalham pela melhoria da qualidade de vida de transexuais em Mato Grosso e sob o ponto de vista de uma transexual. Considerando o transexualismo uma patologia, já que um ser humano nessa condição tem dificuldade em aceitar o seu corpo e sua condição física, o assunto foi abordado por uma professora Vera Bertollini, do departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Mato Grosso, e pelo representante da Organização Não 1 Trabalho submetido ao XVIII Prêmio Expocom 2011, na Categoria Vídeo, modalidade Documentário. 2 Aluno líder do grupo e estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social hab. Jornalismo email: raquelmutzenberg@hotmail.com 3 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social hab. Jornalismo, email: isadoraspadoni@gmail.com 4 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social hab. Jornalismo, email: marianamarimon@hotmail.com 5 Orientador do trabalho. Professor do Curso Comunicação Social hab. Jornalismo, email: marluce@ufmt.br 1

Governamental Livre Mente, Clóvis Arantes, que trabalha com pessoas que apresentam diversidade em opção sexual. O documentário tem o formato expositivo, com os comentários dos dois personagens guiando a narrativa, que por vezes é interferida pelo depoimento de uma transexual que está prestes a realizar a cirurgia de adequação sexual. 2 OBJETIVO Expor através do vídeo a realidade em relação ao transexualismo. Esclarecer o ponto de vista de um transexual em relação à situação em que vive. Mostrar os motivos pelos quais o SUS abraçou a transexualidade entendendo-a como um problema de saúde pública. 3 JUSTIFICATIVA A UFMT tem duas alunas transexuais. Encontrá-las no Restaurante Universitário, cruzar com elas pelos corredores e pela biblioteca gera curiosidade. Ao mesmo tempo, a realidade da sociedade preconceituosa acaba generalizando travestis e transexuais. Nos comentários colhidos esta identificação e definição de transexual e travesti ajuda a compreender melhor as duas situações, poupando um pouco o sofrimento de transexuais que, em sua grande parte, é incompreensão. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Para a gravação do documentário foi utilizada uma câmera SLR Canon 7D, utilizando uma lente 17mm-50mm. Não foi utilizado microfone externo por motivos logísticos. Também foi utilizado um tripé. A resolução final do vídeo é 640x420, mas o material bruto foi captado em 1080x720. Foram realizadas pré-entrevistas uma semana antes das filmagens e, antes da gravação, também foi realizada uma pequena conversa sobre o assunto que seria tratado. As imagens foram capturadas durante três dias. Optou-se pelo documentário expositivo, porém sem a voz de Deus, como Bill Nichols caracteriza a narração durante a exposição de vídeo. 2

O comentário é geralmente apresentado como distinto das imagens do mundo histórico que o acompanham. Ele serve para organizar nossa atenção e enfatiza alguns dos muitos significados e interpretações de um fotograma. Portanto, presume-se que o comentário seja de ordem superior às imagens que o acompanham. Ele provém de um lugar ignorado, mas associado à objetividade ou onisciência. Na verdade, o comentário representa a perspectiva ou argumento do filme. Seguimos o conselho do comentário e vemos as imagens como comprovação ou demonstração do que é dito (NICHOLS, 2001, p. 144). A voz da verdade, no caso, é a voz dos comentários. Utilizou-se da explicação de pessoas que têm algum tipo de trabalho diretamente relacionado com o assunto para comentar os fatos expostos. O documentário expositivo traça uma lógica de pensamento transmitida verbalmente (Nichols, 2001). Este recurso foi conveniente para preservar a identidade da transexual que aparece no vídeo, evitando expor muitas imagens dela. Esta personagem pediu que não fosse identificada, pois já passou por situações de muita falta de ética por parte de jornalistas e radialistas. A edição das imagens foi sem seguir um roteiro prévio. Apenas buscando criar uma coerência entre os discursos dos três personagens principais, estruturou-se as imagens que seriam utilizadas e a ordem das mesmas. A montagem apenas estabelece um ritmo, mantendo a continuidade do argumento ou perspectiva verbal (NICHOLS, 2001). O programa utilizado foi o Sony Vegas. 5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO O documentário era inicialmente um trabalho de conclusão de uma disciplina. Portanto, a bibliografia utilizada foram os livros mais trabalhos durante as aulas. Bill Nichols, autor de Introduction to Documentary, foi o mais presente durante a produção de A identidade do Anjo. O tema foi decidido poucos dias antes do início do trabalho. O grupo anseiava realizar algo relativo à sobrevivência na vida noturna. Espionar casas noturnas e pontos de droga eram as opções mais excitantes, porém mais perigosas. O contato distante com uma transexual que sempre almoçava no Restaurante Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) despertou a curiosidade do groupo. Estava decidido o tema. 3

Foi feita uma pré-entrevista em profundidade com a transexual, que preferiu não ser identificada por motivos de segurança pessoal. A intenção inicial era acompanhar a vida da garota, desde o momento em que ela acordasse até seu próximo encontro com o travesseiro. A discrição da moça é que não permitiu a realizes desta idéia. Uma semana depois da entrevista em profundidade, foi realizada a filmagem com a transexual, no seu local de trabalho. Ela cursa enfermagem e estagia em um projeto que visa cuidar de crianças internadas no Hospital Universitário. As crianças não demonstravam qualquer tipo de estranhamento com a transexual. Na sequência foram gravadas as conversas com o integrante da ONG Livre Mente e com a professora de Serviço Social da UFMT. Nessas conversas aprofundou-se o assunto, tratando os parâmetros psicológicos, sociais e políticos que envolvem o processo de adequação sexual. As imagens de pessoas na rua foram capturadas dentro do campus da UFMT em Cuiabá, sem conversa prévia. A edição foi feita pensando em uma continuidade para o assunto em questão, desrespeitando a continuidade temporal para valorizar o ponto de vista tratado. De acordo com Nichols, o documentário expositivo é o ideal para transmitir informações ou mobilizar apoio dentro de uma estrutura preexistente ao filme (NICHOLS, 2001). 6 CONSIDERAÇÕES A Identidade do Anjo é um trabalho que proporcionou a experiência em lidar com assuntos delicados. Preservar a identidade de uma pessoa com uma característica tão marcante não é fácil, e não há a certeza de termos conseguido. A intenção é encarar o assunto da maneira mais clara possível. Tentamos evitar ao máximo esteriotipar ou banalizar o tema, pois é o que tem acontecido na grande mídia, e que traz consequências sérias às pessoas envolvidas. Até por isso, não titubeamos ao concordar com o pedido da transexual em não ser identificada. A escolha do SUS em oferecer este tipo de tratamento foi muito questionada pelas pessoas que foram ouvidas. É tema que precisa mais estudos, já que deixar de oferecer os serviços básicos e oferecer um tratamento que, de acordo com todos os entrevistados nas ruas, exceto a professora e o líder da ONG, não tem urgência. 4

Esta importância e esta urgência são temas claros para um futuro trabalho, observando sempre que as pessoas que chegam a realizar a cirurgia de adequação sexual representam um número realmente pequeno. De acordo com a ONG Livre Mente, existe um transexual para cada cem mil habitantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário; Tradução Mônica Saddy Martins. Campinas, SP: Papirus, 2005. 5