INCENTIVOS ÀS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS (PCHs) PROINFA E MDL



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Transcrição:

INCENTIVOS ÀS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS (PCHs) PROINFA E MDL Admilson Clayton Barbosa * Marina Moura de Souza ** *Biólogo, Mestre em Ciências Ambientais, admilson.cb@ig.com.br **Eng. Florestal, mestranda em Energia da Biomassa Florestal UFPR, mourafloresta@yahoo.com.br Resumo As Pequenas Centrais Hidrelétricas PCHs são consideradas fontes alternativas de energia e causam impactos ambientais menos agressivos do que as hidrelétricas de grande porte, tanto nos locais onde elas são instaladas quanto no seu entorno. No Brasil elas possuem um mercado de base tecnológica já conhecido e estabelecido, e também possuem instrumentos de incentivos para sua implantação, dentre estes pode-se destacar dois: o PROINFA, Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia, e o MDL, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo que surgiram com o Protocolo de Quioto. Ambos possuem premissas para a concessão de incentivos, como a promoção do desenvolvimento local e do desenvolvimento sustentável. Desta forma, este trabalho tem como objetivo demonstrar esses incentivos dados as PCHs bem como fazer uma revisão sobre o histórico dos planos adotados pelo governo. Palavras chave: PCH; PROINFA; MDL INCENTIVES TO SMALL HYDRO POWER PLANTS (SHP) PROINFA AND CDM Abstract The Small Hydro Power Plants (SHP) are considered an alternative source of energy and they are less aggressive for the environmental than the bigger hydroelectric ones, either in the places where they are installed or in around areas. In Brazil they have a technological market already known for the (SHP), and also have incentive for its establishment, among these it is possible to show up two of them: the PROINFA, Incentive of Energy Alternatives Sources Program, and the MDL, Clean Development Mechanism that were done with the Kyoto Protocol. Both of it have premises for the concession of incentives, like the promotion of local and sustainable development. So, this work has the objective to demonstrate these incentives given for the SHP, and to do a revision about the government adopted plans in the history. Key words: Small Hydro Power Plants; PROINFA; CDM

INTRODUÇÃO A demanda energética no Brasil e no mundo é crescente, o plano decenal 2008-2017 prevê necessidade de 54 mil megawatts (MW) até 2017. Significa elevar em média 50% a atual capacidade de 107 mil MW. Num primeiro aspecto, em 10 anos a previsão é de aumento extremamente significativo do consumo de energia elétrica. Para fazer isso, o plano estabelece uma relação entre crescimento econômico - medido através do PIB - e o consumo de energia elétrica. Estimou que o crescimento médio do PIB no período será de 4,9% ao ano, enquanto o de energia elétrica chegaria a 5,5% ao ano (MME, 2009). O país apresenta 43,9% da Oferta Interna de Energia (OIE) de origem renovável, enquanto a média mundial é de 14% e nos países desenvolvidos, de apenas 6%. A OIE, também denominada de matriz energética, representa toda a energia disponibilizada para ser transformada, distribuída e consumida nos processos produtivos do País (MME, 2009). As Pequenas Centrais Elétricas, PCHs, podem ser consideradas como um bom exemplo da evolução do setor elétrico nacional. Desde a década de 80 estas centrais vem evoluindo, até chegar aos dias atuais, com sua definição regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL, que juntamente com a Associação de Normas Técnicas ABNT, indicam uma série de normas técnicas aplicadas a confecção e execução dos equipamentos que compõem as PCHs no Brasil (ANEEL, 2009b). Entre os anos de 1880 e 1900, houve a implantação da eletricidade no Brasil e algumas empresas instalaram hidrelétricas e termelétricas, para o uso industrial em fábricas de tecidos, mineração e outros empreendimentos, como a iluminação pública urbana (GOMES, 1986; FERRAZ, 2002; ANDRADE, 2006; TIAGO FILHO et al., 2008; LEÃO, 2008). Com o surgimento do Sistema Nacional Interligado, na década de 80 as grandes geradoras de energia elétrica foram capazes de se integrar, formando um parque gerador capaz de alimentar as áreas mais distantes que utilizavam as PCHs para suprir suas demandas (ANDRADE, 2006; LEÃO, 2008). Desta maneira, as PCHs foram gradativamente deixando de ser empreendimentos atrativos para geração de energia e também para investidores de modo geral. Devido à falta de atratividade destas, o governo brasileiro desenvolveu uma série de incentivos, iniciados na década de 80, como forma de buscar novos empreendedores que investissem no setor, de modo a colocar fontes alternativas de geração de eletricidade que não dependessem do petróleo. Na ocasião as PCHs também foram consideradas como um importante agente de desenvolvimento social pelas oportunidades que elas poderiam trazer (REIS, 2002; ANDRADE, 2006; TIAGO FILHO et al., 2008; LEÃO, 2008). Segundo Leão (2008) na década de 90, também houve novos incentivos as PCHs, porém o resultado não alcançou os objetivos esperados. Em 2001, diante da crise energética enfrentada pelo país, o governo brasileiro se viu na necessidade de ampliar o parque gerador e diversificar as fontes de geração de eletricidade da matriz energética nacional. A partir da crise os planejamentos, as decisões e ações assumiram caráter de sustentabilidade e inovação tecnológica, visando o desenvolvimento do país, com metas preestabelecidas (SOUZA, 2006; LEÃO, 2008). Assim, foi criado o PROINFA, Programa de Incentivo as Fontes Alternativas, instituído por Lei visa diversificar a matriz elétrica brasileira, priorizando fontes alternativas de geração de energia, dentre estas estão: PCHs, biomassa, e eólica (ANNEL, 2002; ANDRADE, 2006; LEÃO, 2008). No âmbito dos incentivos internacionais, ofertado através do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) do Protocolo de Quioto, as PCHs foram beneficiadas por serem consideradas menos impactantes e poluentes, considerando seus efeitos sobre mudanças climáticas globais, e por proporcionar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Portanto, o critério para a escolha das PCHs neste trabalho, em detrimento de outras fontes alternativas de energia elétrica que também são contempladas pelos incentivos do PROINFA e do MDL, se deu em razão de que o sistema hidroenergético brasileiro é responsável por aproximadamente 85% da geração de energia elétrica do país, e também pelo fato do mercado das PCHs no Brasil estar consolidado com tecnologias eficientes e bem definidas, resultado na redução das despesas operacionais (WALTER, 2000; TIAGO FILHO e ALENCAR; 2006). Segundo a ANEEL (2009b) essas tecnologias estão disponíveis para uso em curto prazo sem necessidade da espera do estabelecimento de um novo mercado 1, como é o caso das outras fontes de energia. 1 Não foi considerado o fato de que o uso de novas tecnologias a partir de energia eólica e solar poderia estabelecer novos mercados, e assim vir a criar novas oportunidades movimentando a economia.

REVISÃO DA LITERATURA Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) As PCHs representam para o setor elétrico brasileiro cerca de 1,81% da produção de energia hidráulica (SOUZA, 2006; TIAGO FILHO, et al., 2006; LEÃO, 2008; ANEEL, 2009), elas se diferem das hidrelétricas de grande porte devido a uma série características peculiares, tais como a sua potência, tamanho do reservatório, forma de aproveitamento dos recursos hídricos e outras características inerentes a sua regulação. Segundo a Resolução da ANEEL nº 652, de 9 de dezembro de 2003, define-se PCH, a unidade de geração de energia hidráulica, cujo o aproveitamento hidrelétrico tenha potência superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW, destinado a produção independente, autoprodução ou produção independente autônoma, através da Resolução ANEEL nº 394, de 4 de dezembro de 1998, foi possível a ampliação do limite da potência para classificação das PCHs de 10 MW para 30 MW, desde que o reservatório tivesse área igual ou inferior a 3,0 km² (ANEEL, 2009). Em 2003, como medida de flexibilização, o limite da área de reservatório foi alterada, passando as usinas com reservatório entre 3,0 km² e 13,0 km² a serem consideradas como PCHs, desde que, sejam atendidas as condições do art. 4º da Resolução nº 652 desse mesmo ano (SOUZA, 2006; TIAGO FILHO, et al. 2006; REIS, 2002). Ainda no contexto técnico estão incluídas, a vazão média regularizada e a queda disponível, desde que sejam aproveitamentos pequenos que utilize rotor da turbina de aproximadamente 3,0 m de diâmetro, caracol de 9,0 m, casa de força com 8.000 m 3 de concreto e diâmetro conduto forçado de quase 5,0 m (CENERGIA/MMA, 2006). As PCHs são agrupadas quanto à potência instalada e a altura da queda d água, de acordo com as categorias apresentadas na TABELA 1. Tabela 1- Classificação de PCHs no Brasil Table 1- Brazil Classification of SHPs Classificação Potência instalada Queda de projeto (m) Baixa Média Alta Microcentrais Até 100 kw Menos de 15 15 a 50 Mais de 50 Minicentrais 100 a 1.000 kw Menos de 20 20 a 100 Mais de 100 Pequenas centrais 1.000 a 30.000 kw Menos de 25 25 a 130 Mais de 130 Fonte: Eletrobrás, 2000 A apresentação da Tabela 1 é relevante porque há uma relação direta entre o impacto ambiental decorrente do tamanho do lago a ser formado, com os aspectos técnicos, potência instalada, modelo da turbina e a vazão do corpo d água. Esses aspectos são relevantes mesmo para as PCHs que possuem áreas de impacto ambiental direto, substancialmente menor do que a área observada em grandes centrais hidrelétricas. De modo geral, os impactos ambientais que as PCHs podem causar ao meio ambiente, devem ser estudados, a ANEEL, por meio de regulamentações indica critérios específicos para análise de impacto ambiental, e dispensa o empreendedor de elaboração dos EIA/RIMA 2, porém não excluí a necessidade de estudo de impacto ambiental, embora os estudos não precisem ser tão detalhados como demanda o EIA/RIMA. Com vista ao atendimento dos princípios de precaução dos impactos ambientais, faz se necessário, a elaboração e apresentação de um relatório ambiental simplificado, entregue aos órgãos ambientais que emitirão um parecer. As tramitações burocráticas para concessões, permissões e autorizações de instalações de PCHs, são facilitadas pela legislação atual, dispensando as usinas de até 1MW qualquer tramitação junto à agência 2 EIA/RIMA, sigla para Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental, os EIA/RIMAs, são obrigatórios, por força de Lei, para empreendimentos de porte, como são as hidrelétricas. Para mais detalhes sobre a elaboração dos EIA/RIMAS, verificar Resoluções CONAMA 001/86 de 23 de Janeiro de 1986. Estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, e a Resolução CONAMA 237 de 19 de Dezembro de 1997. Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecido na Política Nacional do Meio

reguladora. Para os empreendimentos entre 1 e 30MW exige-se apenas a autorização, quando destinada à produção independente ou autoprodução. Ainda na linha de incentivos destinados às PCHs, está a possibilidade da venda direta de excedentes para consumidores cuja demanda seja superior a 500kW. Caso a PCH entre para substituir uma geração térmica que utilize algum combustível fóssil, nos sistemas isolados terá direito de usufruir da sistemática de rateio da conta de consumo de combustíveis, por 72 meses a partir da sua implantação (REIS, 2002, ANDRADE, 2006; LEÃO, 2008). Histórico sobre PCHs Juntamente com as termoelétricas, as PCHs foram às primeiras fontes de geração de energia elétrica no Brasil. As primeiras PCHs, foram instaladasem Diamantina e no município de Juiz de Fora no estado de Minas Gerais). A segunda foi para atendimento da Companhia Fiação e Tecido São Silvestre, no ano de 1885, no município de Viçosa, MG. (GOMES, 1986; FERRAZ, 2002; REIS, 2002; ANDRADE, 2006; LEÃO; 2008). As PCHs tiveram seu auge até aproximadamente a década de 40, quando iniciaram as primeiras grandes obras do setor elétrico brasileiro, até chegar ao sistema nacional interligado na nos anos 80, deixando as PCHs de terem a atratividade que tinham até então. Na década de 80, o governo brasileiro lançou uma série de programas para reestruturar o setor elétrico nacional (CACHAPUZ Orgs., 2001; FERRAZ, 2002; ANDRADE, 2006; TIAGO FILHO, 2006; LEÃO 2008; MACHADO et al. 2008); o Programa Nacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas, cujo os objetivos principais eram: buscar novos investidores do setor privado; incentivar a geração de energia elétrica de maneira a desestimular o uso de derivados de petróleo e manter os investimentos no setor, na época aconteceu de maneira tímida, frente a uma crise econômica que inibiu a execução das propostas do programa (GOMES,1986; REIS, 2002; ANDRADE, 2006; TIAGO FILHO, 2006; LEÃO, 2008). Na década de 90, um novo período de incentivo às pequenas centrais hidrelétricas se inicia com a criação do Centro Nacional de Referência de Pequenas Centrais Hidrelétricas CERPCH, sediado na Universidade Federal de Itajubá, formado por um comitê composto por representantes dos Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia, ANEEL, Eletrobrás, Cemig, Furnas, e Universidade de São Paulo USP (ANDRADE, 2006). Neste período, foi dado maior foco aos impactos ambientais, considerando que as PCHs causam impactos de dimensões mais brandas ao meio ambiente do que os grandes empreendimentos hidrelétricos que, mesmo com o impactos irreversíveis e de grande magnitude eram vistos como alternativa mais viável economicamente e estrategicamente, dada a potência de geração ofertada para o sistema nacional interligado (LEÃO, 2008; TIAGO FILHO et al., 2008). Quantos aos incentivos fiscais para inserção das PCHs no setor elétrico estavam vantagens como a facilidade para liberação de outorga dos empreendimentos, isenção do pagamento de taxas de compensação financeira, como por exemplo, para o uso do recurso hídrico (REIS, 2002; MACHADO et al., 2008; TIAGO FILHO et al. 2008; LEÃO 2008), isenção do pagamento por uso da rede de transmissão e distribuição, até o ano de 2003 e posterior a esse ano, o mínimo de 50% de redução, quanto a comercialização, garantias de que a energia produzida para consumidores cuja carga fosse maior ou igual a 500 KW o seu consumo seria imediato (ELETROBRÁS, 2001). O governo através do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, PROINFA (ANEEL, 2002; REIS, 2002; BRASIL, 2004; SCANDIFFIO e FURTADO, 2004; AGUILAR, 2007; ANDRADE, 2006; MACHADO et al., 2008; TIAGO FILHO et al. 2008; LEÃO 2008;), teve como objetivo fomentar a participação de produtores independentes autônomos, concebidos com base em PCH, energia eólica e biomassa. As PCHs também podem ser incluídas nos incentivos dados as fontes alternativas de energia através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, a partir do Protocolo de Quioto de 1997, desde que sejam considerados elegíveis. O PROINFA: um incentivo nacional às PCHs O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, PROINFA, criado pela Lei de número 10.438, abril de 2002, Art. 3º, tem como principal objetivo fomentar a participação da energia elétrica proveniente de fontes alternativas de energia, como a geração a partir das fontes eólicas, biomassa e das PCHs (ANEEL, 2002; SCANDIFFIO e FURTADO, 2004; AGUILAR,2007; ANDRADE, 2006; BRASIL, 2006;

MACHADO et al., 2008; TIAGO FILHO et al. 2008; LEÃO 2008; BERMANN, 2009; MENEZES e PINTO; 2009). A iniciativa de criação do Programa é de caráter estrutural, segundo o Ministério de Minas e Energia, tem o objetivo alavancar os ganhos de escala, a aprendizagem tecnológica, a competitividade industrial nos mercados interno e externo e, sobretudo, a identificação e a apropriação dos benefícios técnicos, ambientais e socioeconômicos na definição da competitividade econômico-energética de projetos de geração que utilizem fontes limpas e sustentáveis (BRASIL, 2009). O PROINFA ainda dá aos produtores independentes autônomos, a garantia de compra dessa energia em longo prazo, por meio de contratos que serão firmados com Centrais Elétricas Brasileiras S.A. ELETROBRAS em até 24 meses. Com previsão de implantação de 3.300MW de capacidade, para primeira fase do Programa. Na segunda fase, após atingir a meta de 3.300MW, o programa deverá ser conduzido de modo que as fontes alternativas, atendam 10% do consumo anual de energia elétrica do país, objetivo a ser alcançado em 20 anos, incorporando os resultados da primeira fase. A aquisição será feita anualmente, com compras programadas de cada produtor, de forma que as referidas fontes atendam no mínimo 15% de incremento anual da energia a ser fornecida ao mercado consumidor nacional, compensando os desvios entre o previsto e o realizado da cada exercício, no ano subsequente. Uma das atrações do PROINFA é o suporte financeiro dado pelo BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que financia por meio de uma linha de crédito até 70% do investimento, restando aos investidores privados garantir 30% do projeto com capital próprio (BRASIL, 2004; BERMANN, 2009). O fluxograma a seguir, resume o processo de contratação de empreendimentos pelo PROINFA, isso de forma global, compreendendo a primeira e a segunda chamadas públicas. Figura 1 Fluxograma demonstrando o processo de contratação de empreendimentos pelo PROINFA. Figure 1 Flow chart showing the PROINFA process of enterprise employment. Fonte: BRASIL, 2004. Outra garantia importante e que traz mais segurança ao empreendedor é o fato de que, a Eletrobrás, garante na compra a proteção integral quanto aos riscos de exposição do mercado de curto prazo e, uma receita mínima de 70% da energia contratada durante o período de financiamento. O Decreto nº 5.025, de 30 de Março de 2004 que trata da regulamentação do PROINFA, destaca a contribuição do Programa para redução dos gases de efeito estufa e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável é explicitada no Art. 5º, que trás em seu conteúdo: Parágrafo único. O PROINFA também visa reduzir a emissão de gases de efeito estufa, nos termos do Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, aprovado pelo Decreto Legislativo nº. 144, de 20 de junho de 2002, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Vale ressaltar que a questão social, ambiental e o interesse mundial por soluções sustentáveis por meio da geração de energia oriunda de fontes limpas e renováveis são latentes dentro das justificativas para criação do PROINFA, mas durante a concepção do trabalho, foi observado que os documentos não conceituam o que o Ministério de Minas e Energia MME entende e considera sobre o que é desenvolvimento, sustentabilidade e

desenvolvimento sustentável, porém no site do Ministério foram divulgadas informações diretamente relacionadas com esses temas, como está destacado nas frases a seguir, retiradas de matérias do site do MME, no período de dezembro de 2008 a maio de 2009:... mais energia limpa para o desenvolvimento do País ;... questões ambientais e o consenso mundial sobre a promoção do desenvolvimento em... Proinfa: Caminho limpo para o desenvolvimento Diversificação da matriz energética brasileira, aumentando a segurança no abastecimento, de forma sustentável... às Fontes Alternativas Renováveis, ganham força e se constituem em respostas efetivas para garantir que se instaure um círculo virtuoso entre geração de energia, desenvolvimento e sustentabilidade ambiental. Com relação ao licenciamento ambiental dos projetos, este é um requisito imprescindível para habilitar os projetos de energia renovável, inclusive para as PCHs, no âmbito do PROINFA, o que é obrigatório para qualquer empreendimento que possa causar impactos no meio ambiente. Protocolo de Quioto uma oportunidade de fomento às PCHs A ação decorrente das atividades econômicas e industriais provocou e tem provocado alterações no clima da Terra, resultando na quase duplicação da concentração de Gases de Efeito Estufa (GEEs) na atmosfera. A alteração da concentração dos GEEs poderá desencadear um aumento da temperatura média no planeta entre 1,4 e 5,8 C, nos próximos cem anos, alterando drasticamente o clima da Terra (REIS, 2002; ROCHA, 2003, LEÃO, 2008; UNFCCC, 2009). Para tratar do problema do efeito estufa e de suas possíveis conseqüências sobre a humanidade, foi estabelecida em 1992, durante a conferência conhecida como Rio 92, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, sendo que, desde 1995, os países signatários têm se reunido regularmente para discutir sua implementação em sessões internacionais, denominadas Conferências das Partes (COP), elas são reuniões que acontecem sistematicamente, via de regra anualmente, com a participação de delegados dos países signatários a Convenção, que representam seus países de origem (ROCHA, 2003; GOLDENBERG, 2003). A COP 3 celebrada em Quioto, em 1997, é considerada a mais importante entre as COPs pois foi um marco importante na discussão sobre as ações a serem tomadas para tratar a mudança do clima. O resultado foi o estabelecimento de um acordo multilateral onde foram definidas as metas de redução da emissão de GEE para os países desenvolvidos. Os custos ambientais que os trouxeram ao patamar econômico e de desenvolvimento dos dias de hoje, como a emissão de GEEs e perda de cobertura vegetal, entre outros danos ambientai, foram feitos sem critérios e diretrizes que tivessem como premissa o cuidado com o planeta e com os riscos ambientais que poderiam causar (ROCHA, 2003; GOLDENBERG, 2003). Este acordo internacional ficou conhecido como Protocolo de Quioto e estabelece que os países industrializados devam reduzir suas emissões em 5,2% abaixo dos níveis observados em 1990, entre 2008-2012 sendo este o primeiro período de compromisso. (REIS, 2002; ROCHA, 2003; GOLDENBERG, 2003; UNFCCC, 2009). O Protocolo de Quioto, além de estabelecer as metas de redução, também criou três instrumentos de flexibilização e incentivos para facilitar o cumprimento dessas metas. Estes instrumentos são assim chamados, porque funcionam como facilitadores para o cumprimento das metas quantificadas de emissões por parte dos países relacionados no Anexo I do Protocolo. No entanto, em dois deles, Implementação Conjunta IC, artigo 6º e Comércio de Emissões CE, artigo 17º, apenas os países listados no Anexo I podem participar. O terceiro instrumento, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDL artigo 12 é o único que prevê a participação dos países que não fazem parte do Anexo I e tem como objetivo, contribuir com os países em desenvolvimento para que se desenvolvam de forma sustentável, e para que os países desenvolvidos consigam cumprir suas metas e compromissos assumidos ao ratificarem o Protocolo, reduzindo assim suas emissões de GEEs, de acordo com o artigo 3º do Protocolo de Quioto. Isto é, os países desenvolvidos devem assegurar que suas emissões antrópicas agregadas, expressas em dióxido de carbono equivalente, dos gases de efeito estufa não excedam as suas quantidades atribuídas, nos termos do Anexo B do Protocolos (BRASIL, 2002, REIS, 2002; ROCHA, 2003; GOLDENBERG, 2003; UNFCCC, 2009). Basicamente duas grandes categorias de projetos podem ser desenvolvidas no âmbito do MDL: a) Projetos que reduzam as emissões, através do aumento da eficiência energética, projetos que utilizam fontes e combustíveis renováveis de energia, que adotam tecnologias mais eficientes de queima de combustíveis

fósseis no setor energético, indústrias de transformação e construção, que desenvolvem sistemas mais avançados para o setor de transportes e para o setor produtivo em geral (agricultura, processos industriais); b) projetos que resgatem emissões na forma de sumidouros e de estocagem dos gases de efeito estufa retirados da atmosfera, projetos relacionadas ao uso da terra, mudança do uso da terra e florestas, como o fomento florestal e reflorestamento (REIS, 2002). A idéia do MDL consiste em que cada tonelada de CO 2 equivalente, não emitida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento, poderá ser negociada no mercado mundial, na forma de reduções e remoções certificadas de emissões, ou comumente conhecido como créditos de carbono. Na COP 7, realizada em 2001, em Marraqueche, no Marrocos, foram definidas as modalidades e procedimentos para projetos de redução de emissões no MDL, com tradução em moldes jurídicos do Acordo de natureza política, anteriormente negociado no âmbito internacional (ROCHA, 2003). O Protocolo de Quioto entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, uma vez que a Câmara Baixa do parlamento russo (Duma) aprovou sua ratificação em 22 de outubro de 2004. A ratificação do protocolo, por parte da República da Rússia, permite satisfazer os requisitos mínimos para a entrada em vigor do acordo. As PCHs se inserem neste contexto como fonte alternativa de energia, com baixo fator de emissão de GEEs, e com a capacidade de, através da sua entrada em funcionamento deslocar fontes mais poluidoras de energia como as termelétricas. Para ser considerado um projeto elegível ao MDL, é necessário que ele promova o desenvolvimento sustentável do seu país sede. Segundo o Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2002) o setor energético apresenta elevada importância para o Brasil no âmbito do MDL. O potencial é promissor nas áreas de eficiência energética e de utilização de recursos renováveis para a geração de energia. Desta forma, surge a oportunidade de realização de um comércio de Certificados de Redução Emissão de Carbono, os chamados CREs, prevista no COP3 em Quioto no Japão, artigo 17 do Protocolo. As negociações dos CREs, só podem ser realizadas a partir do cumprimento de uma série de rituais, que envolve o governo brasileiro e um comitê executivo internacional capitaneado pela Organização das Nações Unidas, ONU, previamente estabelecidos por Quito, de modo a comprovar a elegibilidade do projeto para obtenção dos CREs. Segundo a UNFCCC (2009), um projeto de MDL só é considerado elegível quando cumpre requisitos e passam por etapas que compõe um projeto de MDL, essas etapas representam o ciclo dos projetos de MDL, conforme é descrito a baixo: O projeto precisa ser concebido tendo como princípio a redução de GEE s, seja por seqüestro de carbono, ou deslocamento de fontes mais agressivas de poluição, deve-se afirmar que o projeto também possibilitará a promoção do desenvolvimento sustentável do país sede do mesmo. A elaboração do documento de concepção do projeto (DCP) é feito por meio de um documento que apresente os aspectos técnicos da atividade de projeto, com descrição da metodologia e o cálculo da linha de base adotada, a justificativa da adicionalidade, o potencial de reduções de emissões do projeto e a metodologia de monitoramento. O DCP será enviado para validação, para autoridade nacional designada e para o conselho executivo para registro. Etapas que serão explanadas em seguida. A validação é feita por um agente independente, isto é, uma certificadora de 3ª parte, acreditada pelas Nações Unidas, denominado de Entidades Operacionais Designadas (EOD). As EOD têm a função de vistoriar se o projeto foi elaborado e será executado como planejado, cumprindo as exigências que os tornam elegíveis a requer os Créditos de Redução de Emissão. Como resultado do processo de validação, a EOD fará um relatório que habilita o projeto a solicitar o registro da atividade proposta. A aprovação pela Autoridade Nacional Designada (AND), no caso do Brasil o Ministério de Ciência e Tecnologia que preside a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC), que cumpre a função de designada junto à UNFCCC, como uma autoridade nacional para o MDL, que irá atestar que a participação do país é voluntária e que as atividades a serem implantadas contribuem para o desenvolvimento sustentável do país. O Conselho executivo é o órgão máximo de supervisão do MDL nível mundial, todos os projetos de MDL, são submetidos ao Conselho Executivo para registro. Sua atribuição é o registro das atividades de projetos de MDL, emissão das Reduções Certificadas de Emissão (RCE), desenvolvimento e operação do registro do MDL, estabelecimento e aperfeiçoamento de metodologias de linha de base e monitoramento. O Projeto aprovado passa pela fase de monitoramento e verificação, onde uma EOD diferente da qual o projeto foi validado, faz a comprovação das reduções previamente estimadas. Ao final desta etapa, se o projeto for aprovado a DOE emitirá um certificado. A emissão dos créditos é a fase final, onde os créditos serão comercializados, empresa-comprador, através de agentes financeiros, podendo ser negociado os certificados de redução de emissão de GEEs os CREs, diretamente pelo mercado financeiro internacional.

Atualmente há 271 PCHs em operação no país, que totalizam 1.514 MW, deste total, 22 usinas que correspondem a 474 MW, já foram aprovadas pela Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC), coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para buscarem o registro de MDL. Essas usinas representam 22% do total de projetos aprovados pela CIMGC (BRASIL, 2009a). No ranking dos países da matriz energética mais poluída estão: a China, que têm uma matriz energética mais poluente, com 675 milhões de tco 2, seguida pela Índia, com 456 milhões de tco 2 e o Brasil em terceiro lugar, com 190 milhões de tco 2, o que representa 10% do total mundial de redução de GEEs (BRASIL, 2009a). Embora exista uma tendência deste número aumentar, o mercado de carbono está muito confuso, tanto pela atual crise financeira, quanto pelo término da data para o cumprimento do primeiro período de vigor do Protocolo que será em 2012. Há especulações que dizem que mais próximo de 2012 haverá uma corrida para aquisição de CREs por parte dos países do ANEXO I, por outro lado, também há especialistas que afirmam que o primeiro período Protocolo de Quioto foi ruim, e que dada aproximidade com 2012, muitos países do ANEXO I, acreditam que o Brasil, China e Índia terão também metas para serem cumpridas, portanto é mais prudente aguardar o próximo período, chamado de Pós-quioto. CONCLUSÕES - As PCHs são fontes importantes de energia alternativa e podem contribuir para o suprimento no sistema elétrico nacional. - A implantação de uma PCH deveria seguir métodos mais criteriosos, dentro de uma análise feita a partir de sua inserção em uma bacia hidrográfica, evitando o aumento dos impactos sociais e ambientais decorrentes das concentrações de usinas na mesma bacia. - Os programas de MDL são uma fonte economicamente importante e ecologicamente sustentável para a instalação de projetos de PCH. REFERÊNCIAS AGUILAR, G. de T. Avaliação de Impacto Social e proposição de medidas mitigadoras Compromisso com a Responsabilidade Social. Itajubá, MG. 2007. Disponível em: <www.cerpch.unifei.edu.br/adm/artigos/0e207546a8517bd16bac7646a53b5fe7.pdf> Acesso em 15 de mar.2009. 18p. ANDRADE, J. S. O. Pequenas centrais hidrelétricas: análise das causas que impedem a rápida implantação de PCHs no Brasil. 88 f. 2006. Dissertação (Mestrado em regulamentação da Indústria) Universidade Salvador UNIFACS Curso de Mestrado em Regulação da Indústria de Energia. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, ANEEL. Atlas de energia elétrica do Brasil. Brasília, Disponível em: http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par1_cap2.pdf. Acesso em: 27 abr. 2009. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, ANEEL. ANEXO II: Normas técnicas da PCH. Normas Técnicas Brasileiras. Brasília, 2003, Disponível em: <www3.aneel.gov.br/empreendedor/documentos/024-001_anexo_ii_normas_tecnicas.pdf> Acesso: em 23de abr. 2009. 5p. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, ANEEL. LEI Nº 10.438, DE 26 DE ABRIL DE 2002, Dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial, recomposição tarifária extraordinária, cria o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) Publicado no D.O de 29.04.2002, seção 1, p. 1, v. 139, n. 89-A. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/cedoc/blei200210438.pdf.acesso em: 14 de mar. 2009 BERMANN, C. Crise ambiental e as energias renováveis, Energia, Ambiente e Sociedade, Artigos. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v60n3/a10v60n3.pdf > Acesso em 12 de abr. 2009. p. 20-29. BRASIL, MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA MCT Status atual das atividades de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo: Última compilação do

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