OS IMPACTOS DO TURISMO DE COMPRAS NA FRONTEIRA SUL DO BRASIL



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Transcrição:

OS IMPACTOS DO TURISMO DE COMPRAS NA FRONTEIRA SUL DO BRASIL Taís Natalia Cruz Pereira 1 Cláudia Brandão Schwab 2 Gabriel Silveira Martins 3 RESUMO Este trabalho visa demonstrar os problemas resultantes da falta de integração entre o desenvolvimento do turismo de compras na fronteira do extremo sul do Brasil, nas cidades de Chuí, no Brasil, e Chuy, no Uruguai, com o turismo de natureza e de sol e praia desenvolvido no município de Santa Vitória do Palmar, mais especificamente no balneário da Barra do Chuí. Além disso, pretende denunciar os prejuízos causados pela falta de cuidados adequados com o descarte de lixo, tendo como principio o impacto visual o lixo é descartado principalmente à beira da estrada de acesso a Barra do Chuí; relatar os problemas sociais causados com a existência de pessoas que tem como única fonte de renda a coleta de material reciclável; relatar de que forma o comércio das cidades citadas cuidam do lixo que produzem; apontar alternativas de conscientização para os turistas que ingressem a esta região para o cuidado com o lixo e a preservação dos ambientes naturais visitados; sugerir ao poder público dos municípios de Santa Vitória e Chuí a inserção de disciplinas de Educação Ambiental nas escolas e treinamento de professores na referida área; criar junto à Associação Comercial de Chuí e a Associação de Free Shops de Chuy campanhas de conscientização do comércio e para seus clientes, quanto ao descarte do excesso de embalagens de produtos nos locais onde são efetuadas as compras. Para tanto foi realizado um trabalho de pesquisa que demonstra a urgência de implantação de medidas paliativas e do começo da integração entre o desenvolvimento do turismo de natureza, de sol e praia com o do turismo de compras, bem como da necessidade de planejamento turístico, a fim de que este se dê de forma sustentável. Palavras-chave: turismo; desenvolvimento; lixo. 1 Graduanda de Turismo Binacional na Universidade Federal do Rio Grande FURG. E-mail: taisnatalia.cruzpereira@hotmail.com. 2 Licenciada em Letras Português/Espanhol na Fundação Universidade do Tocantins UNITINS. Graduanda de Turismo Binacional na Universidade Federal de Rio Grande FURG. E-mail: claudiaschwab@furg.br. 3 Graduando de Turismo Binacional na Universidade Federal do Rio Grande FURG. E-mail: gabriel.silveira@yahoo.com.br.

INTRODUÇÃO A grande extensão da faixa litorânea no Brasil facilitou a inserção da prática da atividade turística. O Instituto Brasileiro de Turismo - Embratur, em meados dos anos 1990, lançou o Programa Nacional de Municipalização do Turismo, com a finalidade da descentralização da gestão turística, incentivando a exploração do turismo em vários municípios com expectativa de minimizar seus problemas financeiros, sendo ainda uma fonte de preocupação a forma como será encarado o turismo, principalmente em pequenas comunidades que enfrentem problemas referentes à sazonalidade. A sustentabilidade, para Lemos (2005, p.76), se trata de um processo de transformação que não deve ser mensurado a curto prazo, satisfazendo as oportunidades de mercado, movidos pela oportunidade de explorar pequenas comunidades detentoras de belezas naturais. Caffagni, Matheus e Moraes (2005, p.9-10) destacam ser necessárias mudanças profundas de comportamento e atitudes, com relação a nova realidade, que deverão passar impreterivelmente pela prática da Educação Ambiental, possibilitando a alfabetização dos indivíduos em relação ao meio ambiente e a tudo o que o compõe; o que inclui a socialização dos indivíduos e a construção de cidadãos conscientes do ambiente total, capazes de resolver os problemas atuais e prevenir os futuros. A partir destas análises que dizem respeito a uma nova forma de ver o desenvolvimento turístico, com práticas que permitam uma verdadeira integração das comunidades receptoras, tornando-o assim verdadeiramente sustentável, destaca-se neste trabalho a falta de integração entre o desenvolvimento do turismo de compras na fronteira sul do país, nas cidades de Chuí, no Brasil, e Chuy, no Uruguai com o turismo de natureza e de sol e praia desenvolvido no município de Santa Vitória do Palmar, mais especificamente no Balneário Barra do Chuí, no extremo sul do Brasil. Como ponto de partida, analisa-se a produção de lixo proveniente da atividade comercial, que ocasiona um impacto visual negativo, problemas ambientais e socioeconômicos. O Balneário Barra do Chuí, de beleza particular e natural ainda bastante preservada, é uma das portas de entrada no Brasil dos turistas vindos

principalmente do Uruguai e da Argentina nos meses de verão; tem importante valor histórico, abrigando o Marco de Fronteira 1-P, localizado em uma das curvas do Arroio Chuí, datado de 1852, e o farol da Barra do Chuí, fundado em 1910. O balneário sofre com os efeitos da sazonalidade do turismo e com o acúmulo de lixo na estrada de acesso e na beira-mar, oriundo do aumento do turismo de compras nas cidades de Chuí e Chuy. Ambas as cidades têm seu desenvolvimento econômico ligado diretamente ao comércio, que recebe um acréscimo considerável nos meses de verão. Esses turistas têm como principal objetivo durante suas férias o lazer e o descanso, dirigindo-se às cidades de Chuí e Chuy para compras, que em sua grande maioria, ocorrem de forma irregular. Os turistas tendem a descartar, de forma inadequada, todo tipo de embalagem que possa comprometer a entrada em seu país de origem, ocasionando um grande e negativo impacto ambiental. Em virtude da facilidade de lucro proveniente do desenvolvimento do comércio nas cidades de Chuí e Chuy, a história e o desenvolvimento de atrativos turísticos relacionados à ocupação da região foram deixados de lado. Um bom exemplo é o marco histórico de fronteira 2-P, que data de 1852 e está situado às margens do Arroio Chuí, a três quadras do centro comercial. Este espaço até 1960 servia como balneário e local de recreação e lazer, encontrando-se atualmente em total abandono e cercado de lixo, em grande parte proveniente do comércio. METODOLOGIA Através de pesquisa direta realizada no comércio das duas cidades, ficou constatado que, em sua quase totalidade, não há nenhuma campanha de conscientização, por parte dos lojistas, para que os clientes deixem nas lojas ou descartem em locais adequados as embalagens provenientes de suas compras. A análise qualiquantitativa dos dados levantados durante a pesquisa torna clara a necessidade de planejamento de ações que desenvolvam a região de forma sustentável, nos aspectos ambientais, econômicos e sociais. Para tanto se segue uma linha de pensamentos alinhados aos materiais bibliográficos consultados, os quais dão embasamento teórico às ações propostas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES A comercialização do lixo gerado no comércio, como material reutilizável, é efetuada apenas na cidade de Chuí - Brasil, uma vez que na cidade de Chuy- Uruguay não há a comercialização de tais materiais. Existem apenas três pessoas que compram este material para vendê-lo nas cidades de Pelotas e Porto Alegre, ocasionando assim uma concentração de renda e agravando o quadro de desigualdade social que já existe em ambas as cidades. Torna-se necessário repensar o Turismo na região das cidades de Chuí, Chuy e no Balneário Barra do Chuí com ações integradas entre os respectivos poderes públicos e um plano de desenvolvimento turístico e econômico que englobe a preservação ambiental do balneário da Barra do Chuí e do Arroio Chuí. São propostas as seguintes medidas: revitalizar a área de balneário nas margens do Arroio, nas cidades de Chuí e Chuy, fazendo também o resgate do Marco Histórico de Fronteira, proporcionando a residentes e visitantes um espaço de lazer e descanso no perímetro urbano, aliado a um espaço cultural de relevante valor histórico. Qualificar a mão de obra local e capacitar o indivíduo social fazendo com que ele esteja apto para o trabalho em sua área de atuação, diminuindo os impactos relativos à concentração de renda. Criação de cooperativas junto aos catadores de material reutilizável, consideradas formas de resgate de cidadania e de reestruturação de organização social, o que fará com que haja uma valorização dessas pessoas. Desenvolver o turismo de compras com uma nova visão de sustentabilidade e de respeito com o ambiente, tendo em vista que este tipo de turismo se faz embasado na lógica capitalista de expansão de mercado, como escora o discurso de resgate econômico. Identificar o modelo turístico que poderá ser desenvolvido nas localidades, tendo a premissa da sustentabilidade, avaliando os recursos, analisando as condições de oferta, aliando o crescimento e seu equilíbrio com a exploração responsável de atrativos, fundamentando a articulação dos negócios privados com o bem-estar da comunidade local e a sustentabilidade dos recursos naturais. Capacitação de professores das redes escolares, visando a criação e implantação de disciplinas de Educação Ambiental, vindo então a suprir a necessidade de compreensão de preservação pelas crianças, naturais

multiplicadores de conhecimento, e repercutindo positivamente na sociedade, a fim de modificá-la. Criação em conjunto entre a Associação Comercial de Chuí, Associação de Free Shops de Chuy e poder público dos municípios de Santa Vitória do Palmar, Chuí e da cidade de Chuy, de campanhas de conscientização e de coleta de materiais reutilizáveis no setor lojista; com colocação de placas orientando para não descarte de resíduos, nas ruas e ao longo das rodovias de acesso e de preservação das áreas de ambiente natural. Colocação de coletores de lixo, com separação por tipos de materiais, ao longo da Avenida Internacional, que divide Brasil e Uruguai nas cidades de Chuí e Chuy, local de maior circulação de pessoas, facilitando por sua vez, o trabalho de quem recolhe materiais reutilizáveis para comercialização. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através de pesquisa realizada in loco e em material bibliográfico, conclui-se ser de extrema urgência a implantação de medidas paliativas que tentem frear os danos causados ao ambiente natural nas cidades pesquisadas, originários do descarte inadequado de resíduos provenientes, em grande maioria, do comércio. Resíduos que muito em breve ainda deverão receber um acréscimo considerável, com a liberação da implantação de Free Shops em cidades gêmeas de fronteira, conforme o projeto de lei de autoria do Deputado Federal Marco Maia e sancionado pela Presidenta Dilma Rousseff no dia 09/10/12, como Lei 12.723. É de extrema urgência a união dos municípios brasileiros e da cidade de Chuy, para criação de um plano gestor de desenvolvimento turístico integrado na região, capaz de atender as demandas já existentes, com visão de desenvolvimento sócio-econômico viável, com dever de estar atrelado impreterivelmente à questão da educação. Esta é a única forma de desenvolvimento da região capaz de dirimir as disparidades sociais encontradas e qualificar cidadãos com esclarecimento sobre as questões ambientais.

REFERÊNCIAS CAFFAGNI, Carla W. do Amaral; MATHEUS, Carlos Eduardo; MORAES, America J. de, Educação Ambiental para o turismo sustentável. Vivências integradas e outras estratégias metodológicas. São Carlos, SP: RiMa, 2005. DIAS, Reinaldo, Planejamento do turismo: política e o desenvolvimento do turismo no Brasil.1ª ed., 3ª reimpr. São Paulo, SP: Atlas, 2008. LEMOS, Leandro de, O valor turístico na economia da sustentabilidade. São Paulo, SP: Aleph, 2005. MAGALHÃES, Cláudia F., Diretrizes para o turismo sustentável em municípios. São Paulo, SP: Roca, 2002. QUEVEDO, Josemari. Sanção dos Free Shops - Força Sindical-RS quer que desenvolvimento da Fronteira efetive a integração no Mercosul. Disponível em: http://fsindical-rs.org.br/noticias/sancao-dos-free-shops-forca-sindical-rs-quer-quedesenvolvimento-da-fronteira-efetive-a-integracao-no-mercosul.html. RUSCHMANN, Doris van de Meene, Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. 15ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1997. TACHUIZAWA, Takeshy, Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade Brasileira. 5ª ed. revista e ampliada. São Paulo, SP: Atlas, 2008.