SOLAR DA IMPERATRIZ - PROJETO DE RESTAURO PESQUISA HISTÓRICA



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Transcrição:

SOLAR DA IMPERATRIZ - PROJETO DE RESTAURO PESQUISA HISTÓRICA 1. INTRODUÇÃO A pesquisa histórica levada a cabo pela equipe da 6ª CR do IPHAN e que esteve agregada ao Edital de Licitação do Projeto de Restauro do Solar é bastante completa e contém um número significativo de fontes primárias consultadas, de forma a tornar esta monografia uma peça fundamental para os trabalhos a serem desenvolvidos no nosso Projeto; a seriedade do trabalho em questão estabelece um patamar para os trabalhos de pesquisa subseqüentes o qual não pode ser ignorado sob o risco de se transformar o fazer histórico num tapete de Penélope. Considerando o que foi dito acima, resolvemos centrar nossa pesquisa nas fontes iconográficas as quais seriam, pode-se dizer o ponto fraco da pesquisa do IPHAN. Mas o trabalho do historiador nem sempre é produtivo e a existência ou não de fontes independe do seu empenho ou de sua competência. No nosso caso, infelizmente não obtivemos êxito apesar da procura ter-se estendido a vários arquivos tais como os arquivos iconográficos do IHGB (onde o Barão do Bom Retiro, o fundador do Asilo Agrícola, foi presidente), os do MIS (em especial o arquivo Malta), o da Biblioteca Nacional, o do Arquivo Municipal, o do Arquivo Nacional e o da Biblioteca do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi pouco o material iconográfico achado, algumas fotografias publicadas nos livros de João Conrado Niemeyer de Lavôr 1, uma outra que pode ajudar significativamente no projeto de restauro da capela pela proximidade e minúcias de detalhes 2, nada, entretanto muito significativo; são todas as fotografias recentes e as informações que nos trazem já podiam ser vislumbradas, por exemplo, na fotografia que se encontra no Projeto de Recuperação 1 Jardim Botânico do Rio de Janeiro, do seu início aos nossos dias. Rio de Janeiro, Rodriguésia, 1980; Histórico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1983; O Solar da Imperatriz in: Boletim do Museu Histórico. nº3. jul/ago/set de 198?. 2 encontrável em: Plano Geral de Orientação para a área do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (Rio de Janeiro, MA/IBDF, 1980. p.94. 1

Paisagística e Arquitetônica do Solar da Imperatriz de autoria da Fundação Nacional Prómemória, 1986. Resta-nos evidentemente trabalharmos com o que temos; as fontes levantadas pelo IPHAN e as informações obtidas através das prospecções executadas pelo nosso escritório. Dessa forma examinamos os Relatórios do Ministério da Agricultura dos anos de 1874 a 1885, assim como também os nºs da Revista Agrícola do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, não no sentido de checarmos a seriedade do trabalho dos historiadores do IPHAN, que ficou amplamente confirmado, mas na esperança de alguma informação que nos pudesse ser útil tivesse escapado ao olhar primeiro. 2

2. As construções da Fazenda do Macaco 3 que sobreviveram aos tempos e que fazem parte integrante do complexo licitado pela Caixa Econômica para o Projeto de Restauro, incluem basicamente três prédios: um solar do tipo colonial de um pavimento com um grande alpendre à frente e um porão ocupando parte do subpiso da residência, uma capela de dois andares, e uma construção avarandada de um pavimento construída posteriormente (anexo I) e que faz a ligação entre a primeira e a segunda construção. Existe também um pequeno agregado (anexo II) nos fundos do solar. As prospecções arquitetônicas revelaram que o solar e a capela têm as suas paredes periféricas em alvenaria de cal e pedra, sistema construtivo usual do período colonial, em especial a partir do séc. XVIII quando o uso da cal se generalisa 4. Assim como os anexos I e II possuem paredes portantes em alvenaria de tijolos maciços, sistema construtivo mais recente. A documentação levantada pelo IPHAN (op.cit.) sugere que a pequena casa de pau-a-pique existente desde o final do XVIII transformou-se em pedra e cal quando das primeiras reformas efetuadas pelo padre português Domingos Alves da Silva Porto, arrendatário da chácara desde 1844 e das chácaras vizinhas, que quando integradas passaram a chamar-se Fazenda do Macaco. Sabe-se também que após 1855, quando da última das transformações efetuadas pelo eclesiástico, a casa contava na sua fachada principal com 12 janelas e uma porta de entrada, esta última situada a meio de um alpendre alcançável por uma escadaria centralizada. Em 1875, o Governo Imperial resolveu desapropriar dos herdeiros de Silva Porto a Fazenda do Macaco, que passou a ser parte integrante do Jardim Botânico, à época administrado 3 A Fazenda do Macaco é parte remanescente das terras que em 1575 foram instituídas como integrantes do Engenho d El Rey e que permaneceram nas mãos da coroa portuguesa até 1589, sendo então o referido Engenho vendido a particulares quando foi denominado Engenho N. Sra. da Conceição da Lagoa. Após sucessivos proprietários, já no final do sec. XVIII, tinha o referido Engenho cerca de 59 chácaras no seu interior arrendadas a terceiros. Uma delas era a Chácara do Macaco pois nos seus limites formava-se o Rio dos Macacos. (cf. 6ª CR/IPHAN, op.cit.) 4 cf. Sylvio de Vasconcellos. Arquitetura no Brasil: sistemas construtivos.belo Horizonte, UFMG, 1979. 3

pelo Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, o qual, na gestão do Barão do Bom Retiro resolveu ali instalar um Asilo Agrícola que até então funcionava na chácara ou casa do Salitre, desde 1869, e, tendo aumentado seu nº de alunos necessitava urgentemente de novas instalações assim como mais terras para plantio e criação. 5 Novas reformas foram então implementadas ao conjunto da Fazenda do Macaco objetivando adaptar a construção aos seus novos desígnios: Segundo a pesquisa do IPHAN (op.cit) o Solar teria então tido a sua fachada em uma das laterais aumentada em quatro janelas, uma das janelas já existentes teria sido rasgada até o piso e transformada em porta, e o alpendre existente teria sido ampliado com nova escada de acesso construída. O objetivo principal desta ampliação do alpendre com a duplicação da escada seria o retorno à simetria perdida quando do acréscimo das janelas na fachada principal. Embora o sistema construtivo seja o mesmo (alvenarias portantes de cal e pedra) revela-se uma perda do apuro construtivo nos trinta anos que separam a construção original do seu acréscimo; as ombreiras e a verga da ultima janela, por exemplo, já não são em pedra de cantaria aparente e sim em argamassa imitando o granito. Também a construção da capela seria da época do acréscimo segundo o IPHAN. O que nos parece improvável pelo fato de tendo pertencido aquelas terras a um padre desde 1844, não parece crível que a capela só tenha sido construída em 1875 quando as terras já não mais pertenciam ao religioso e sim ao governo imperial que ali instalava um Asilo Agrícola. É possível que os indícios de Capela existentes nos documentos encontrados relativos às obras de 1875 refiram-se isso sim, a reforma e ampliação de capela já existente. Também entre a capela e o edifício principal teria sido construído uma varanda ou alpendre de ligação, base do edifício espúrio que hoje se encontra no local e que dataria de 1951. Talvez as reformas ocorridas de 1775, quando da expropriação da Fazenda pelo Governo Federal, até o término das obras de instalação do Asilo em 1884 não tenham sido tão 5 Ata da 63ª Sessão do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura de 23.09.1874, publicada na Revista Agrícola. Rio de Janeiro, Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, março de 1874. vol.09 no.01. 4

radicais quanto sugere a pesquisa do IPHAN, e que a demora nas mesmas tenha ocorrido apenas pela falta de recursos financeiros, que era em termos gerais, como se caracterizava tudo relativo ao Jardim Botânico e suas dependências à época. Podemos inferir isso das informações obtidas abaixo: Já vimos que em 1874, o Imperial Instituto em sua 63ª Sessão reclamava como..urgentíssimo a acquisição da fazenda do Macaco, para onde deve ser removido quanto antes.. o Asilo Agrícola então sob sua administração. Em 1875 a desapropriação já havia sido efetuada, pois a área do Jardim Botânico e a da Fazenda Normal sob a direção do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura foram augmentadas com os terrenos readquiridos pelo Estado 6 como nos revela Relatório do Ministério da Agricultura de 1875. Pelo Relatório do ano de 1876 ficamos sabendo que..do novo edifício está p(ronta) a casa principal e quase terminadas suas dependências 7. Ora, Relatório do Diretor do Jardim Botânico dirigido ao presidente do Imperial Instituto Fluminense de 1884 revela que para a mudança dos alunos precisa-se alfaiar o edifício, e V. Exa. esforça-se neste momento para obter os fundos necessários, o Diretor lamenta também as irrisórias verbas destinadas a manutenção dos alunos 8. Assim, ficamos sabendo que em um espaço de oito anos não se fez praticamente nada em relação à casa principal e suas dependências, que já estavam prontas desde 1876, faltando apenas mobiliário, e para o qual ainda não havia dinheiro disponível. Praticamente dez anos foram consumidos para obtenção de mobiliário? Ainda segundo as mesmas fontes, em 1909 o edifício do antigo Asilo Agrícola - pois com a proclamação da República o Jardim Botânico tinha saído da alçada do antigo Imperial Instituto Fluminense de Agricultura e transferido para a alçada do Ministério da 6 Relatório 1875 p.18. 7 Relatório 1876. p. 8 Revista Agrícola. Rio de Janeiro, Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, março de 1884. vol.15 nº01, p. 133.. 5

Agricultura - recebeu novas reformas para adaptar-se à residência para duas famílias de administradores. O anexo I foi bastante alterado em 1927 e 1951 sucessivamente, quando foi total (ou parcialmente) demolido e em seguida reconstruído, assim como a fachada da Capela ao qual estava diretamente ligado. As prospecções indicam para a colunata em arco na frente deste anexo concreto armado e alvenaria de tijolos o que nos faz supor a data de 1951. Já o anexo em si foi construído em alvenaria portante de tijolos maciços. A mesma data poder-se-ia supor para os arcos do alpendre do solar que também possuem a sua colunata em concreto revestido de argamassa, assim como o fôrro do mesmo consiste em argamassa estruturada por uma tela metálica do tipo deployée, técnica bastante usada na primeira metade do nosso século. [OP1] Comentário: Quanto à fachada da capela teria a mesma sofrido pelo menos duas alterações em nosso século; a primeira teria lhe dado a aparência de um prédio clássico provavelmente com vergas retas nas janelas e portas, e com paredes rusticadas imitando cantaria (rusticado revelado pelas prospecções e executado diretamente sobre a alvenaria de cal e pedra com a utilização de cimento industrial). A segunda alteração teria escondido todo este rusticado com uma argamassa lisa, e as vergas e ombreiras teriam sido ornadas para dar ao prédio uma aparência (neo) barroca. Este último aspecto do prédio teria sido conservado até a data atual. Uma fotografia existente num Projeto de 1986 9 nos mostra como a época o telhado (hoje ruido) completava-se 9 Fundação Nacional Pró-Memória. Solar da Imperatriz. Projeto de recuperação paisagística e arquitetônica. 1986. Arquivo do IPHAN (texto datilografado + fotografias + plantas heliográficas). 6