O papel do(a) educomunicador(a) na comunicação comunitária 1



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Transcrição:

O papel do(a) educomunicador(a) na comunicação comunitária 1 Daniele Próspero 2 e Paola Prandini 3 Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) - Universidade de São Paulo Resumo O presente artigo tem como principal objetivo refletir sobre o papel do educomunicador(a) profissional que atua no campo da interface entre a comunicação e a educação enquanto mediador(a) dos processos educomunicativos. Tendo em vista que ele(a) está diretamente relacionado a alguém capaz de dialogar com as diferentes demandas trazidas no convívio interpessoal e com o entorno da ação educomunicativa empreendida, encontra terreno fértil de sua atuação também no campo da comunicação comunitária. Para analisarmos quais os desafios e as contribuições deste profissional em projetos educomunicativos na perspectiva da comunicação comunitária, o artigo apresenta uma experiência prática desenvolvida na organização não-governamental Instituto Verdescola. O trabalho foi realizado nos anos de 2011 e 2012 e envolveu duas frentes de ação: atividades com crianças e adolescentes da entidade, assim como formação da equipe técnica local para multiplicação das práticas educomunicativas. Palavras-chave: Educomunicação; educomunicador(a); comunicação comunitária. Introdução Frente às demandas trazidas pelas novas tecnologias da comunicação e a busca por uma educação que desperte de fato o interesse das crianças e dos adolescentes, permitindo que estes possam participar ativamente do seu processo de ensinoaprendizagem, cresce as possibilidades de atuação do(a) educomunicador(a) profissional que atua no campo da interface da comunicação e educação. Trata-se de um profissional que identifica, incentiva, planeja, empreende e avalia práticas 1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Comunicação, Educação e Consumo, do 4º Encontro de GTs - Comunicon, realizado nos dias 08, 09 e 10 de outubro de 2014. 2 Daniele Próspero é Mestra em Ciências da Comunicação (USP), especialista em Jornalismo Social e Educação Comunitária. É sócia-fundadora da Assoc. Bras. de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação e membro do Núcleo de Comunicação e Educação da USP. Email: danieleprospero@gmail.com. 3 Paola Prandini é Jornalista e Mestra em Ciências da Comunicação (USP). Membro do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, sócia-fundadora da Assoc. Bras. de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação e fundadora da empresa social AfroeducAÇÃO. Email: paola@usp.br.

educomunicativas em quaisquer espaços que promovam a construção de conhecimento, com o compromisso de promover a democracia e a liberdade de expressão, a partir de uma visão humanista de mundo. Diante dessas características, o(a) educadomunicador(a) encontra um campo propício de atuação em iniciativas que buscam fomentar a comunicação comunitária, ou seja, aquela na qual os membros da comunidade têm uma participação ativa na promoção da comunicação, fazendo com que seus anseios e vozes sejam ouvidos. É a partir destas perspectivas que se desenvolveram as diversas atividades educomunicativas apresentadas neste artigo. O ambiente para aplicação foi o Instituto Verdescola, uma organização não-governamental criada em 2005, com sede na cidade de São Sebastião litoral de São Paulo e também na capital paulista. Sua missão é a de promover a educação de crianças, adolescentes e jovens, estimulando sua conscientização socioambiental e atuação como cidadãos junto à comunidade. As duas educomunicadoras autoras deste artigo - atuaram na entidade nos anos de 2011 e 2012, como mediadoras das práticas educomunicativas, envolvendo um público-alvo com idade média entre 12 e 16 anos. As ações tiveram como foco também a multiplicação dos conhecimentos junto à equipe técnica de educadoras da organização, responsáveis pelo desenvolvimento das atividades educomunicativas após a formação inicial. O artigo apresenta o percurso percorrido por elas na construção de um processo educomunicativo que pudesse atender as expectativas e os anseios da organização, a fim de incentivar o envolvimento ativo das crianças e adolescentes em questões de cidadania de sua comunidade, tendo como ferramentas as práticas de comunicação comunitária. Os princípios da Educomunicação Comunicação e educação são indissociáveis. Juntas, podem proporcionar novas realidades, bem como cidadãos mais atuantes, conscientes e críticos. Nesse sentido, a educomunicação deve ser aqui entendida como o campo que possibilita a

construção de ecossistemas comunicativos abertos e democráticos em espaços que necessitam ser mais humanizados. Afinal, o foco das ações educomunicativas não se concentra no ensino ou na aprendizagem, tampouco nas tecnologias pedagógicas, mas nas relações estabelecidas no processo educativo. Inclusive, a educomunicação pode até prescindir de tecnologias. No entanto, jamais poderá prescindir de diálogo e de afeto. Educomunicação é o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais, tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e de rádio educativas, centros produtores de materiais educativos analógicos e digitais, centros de coordenação de educação à distância e outros (SOARES, 2002:20). Entendemos por ações educomunicativas as iniciativas que tenham por objetivo promover o direito à liberdade de expressão e as relações mais democráticas. Para atingir esse objetivo, essas ações precisam ser encaradas como exercícios pedagógicos, uma vez que a democracia - ainda em construção na nossa sociedade - requer novos e constantes aprendizados. Dessa maneira, defendemos a interrelação entre comunicação e educação a partir da comunicação interpessoal, em grupos, com o objetivo de desenvolver tais ecossistemas comunicativos, o que implica buscar o diálogo e a interação, com o objetivo de promover ambientes que valorizem, respeitem e ampliem o conhecimento de todos aqueles que participam da ação empreendida. Nesse sentido, Soares (2011:49) explica: (...) certa pedagogia de projetos que permite que mesmo ambientes fechados e rígidos possam ser beneficiados pela brisa educomunicativa, desde que docentes ou agentes culturais eficientes e bem treinados se disponham a mobilizar colegas e estudantes em torno de determinadas zonas de interesse. Podemos afirmar, então, que para estar em consonância com o campo da educomunicação, é preciso uma ação planejada a partir de certos princípios que, em conjunto, definem a sua natureza. De maneira geral, qualquer ação educomunicativa precisa estar condicionada a, ao menos, um desses princípios, sendo eles: 1. Educação para e pela comunicação, em que se deve estimular a reflexão crítica sobre as mídias e

sua presença no universo infanto-juvenil, por um lado; e a apropriação de suas ferramentas e linguagens por meio de exercícios de autoria, por outro, com incentivo à criatividade e autonomia dos sujeitos frente aos meios; 2. Estímulo ao protagonismo infanto-juvenil, a fim de desenvolver a iniciativa e a autonomia de crianças e jovens, tornando-os capazes de encontrar soluções próprias para enfrentar os problemas; 3. Gestão e circulação democrática da informação e do conhecimento, que tem por compromisso o estabelecimento de relações de poder horizontais em espaços que promovam a construção de conhecimentos, em oposição às estruturas rígidas e verticalizadas que marcam o sistema tradicional de educação. A comunicação comunitária: educação e participação Tendo como base os três princípios educomunicativos elencados anteriormente, as atividades no Instituto Verdescola tiveram como foco a comunicação comunitária, ou seja, a proposta foi atuar levando-se em consideração os anseios da comunidade local. Um dos aspectos centrais desta perspectiva é a possibilidade da própria comunidade ter o poder de comunicar. Na visão de Peruzzo, iniciativas como as acima mencionadas acontecem visando uma educação para a cidadania, conforme aponta a seguir: A educação para a cidadania está na inserção das pessoas num processo de comunicação, onde ela pode tornar-se sujeito do seu processo de conhecimento, onde ela pode educar-se através de seu engajamento em atividades concretas no seio de novas relações de sociabilidade que tal ambiente permite que sejam construídas (PERUZZO, 2002:1). Isso ocorre porque o processo de elaboração dessa comunicação é educativo, e, como aponta Peruzzo, não somente pelos conteúdos emitidos, mas pelo envolvimento direto das pessoas no fazer comunicacional. Os participantes apropriam-se das técnicas e de instrumentos tecnológicos de comunicação, adquirem uma visão mais crítica, tanto pelas informações que recebem quanto pelo que aprendem através da vivência, da própria prática. Com esse caráter educativo, a comunicação deve gerar referências para a ação e para a mudança de atitudes e mentalidades dos indivíduos. Sendo esta mudança

relacionada à experiência direta, sua aprendizagem tem grande parte de espontaneidade, de eventualidade. É, portanto diversificada, pessoalizada, necessariamente local e de inserção cultural e etno-orientada (BRAGA, 2001, p.4-6). Esses são alguns dos propósitos da comunicação comunitária. Segundo a jornalista Neusa Ribeiro (2000), a capacitação de jovens moradores de comunidades populares para o uso de recursos comunicacionais aparece como alternativa à atuação relacionada a problemas identificados localmente, de modo a levá-los a assumir sua realidade e sua capacidade para transformá-la. É ainda a forma encontrada para que se crie na comunidade o hábito de comunicar-se de fato, em seu sentido mais amplo: trocar experiências e crescer com elas. A questão da participação voltada para a mudança social é também uma das características essenciais da comunicação comunitária. Paiva (1998) afirma ainda que a proposta comunitária é de se tornar uma nova possibilidade de sociabilização e implica também numa revisão do modelo de comunicação vigente, tanto no aspecto formal, legal, quanto no técnico. Isso porque a característica fundamental da comunicação comunitária é colocar a comunidade e os cidadãos como atores centrais do processo. A partir dessa participação é que se fortalece a comunicação comunitária. Paiva (1998:159) reforça que a participação efetiva da comunidade na elaboração das produções é o que vai distinguir um veículo comunitário, com o envolvimento de todo o grupo social, mesmo que existam na comunidade pessoas exclusivamente responsáveis pela montagem do produto. As prioridades devem ser, na visão de Peruzzo, a informação, a liberdade de expressão e o desenvolvimento social da população, além da valorização da cultura local. Torna-se importante, portanto, que o meio de comunicação comunitário não apenas fale das coisas do lugar, mas esteja em conformidade com os princípios teóricos de comunidade. Nessa perspectiva, o que mais importa são as identidades, o vínculo e a inserção como parte de um processo comunitário mais amplo, baseados nos interesses conjuntos. O jornalismo comunitário é o meio de comunicação que

interliga, atualiza e organiza a comunidade, e realiza os fins a que ela se propõe (FILHO, 1992). No caso das atividades no Verdescola, a comunidade local se fez presente não apenas pelo fato de os adolescentes serem moradores do território, mas também servindo como fontes para as matérias do jornal bimestral, assim como de uma cartilha sobre questões ambientais locais, podendo assim expor suas opiniões a respeito dos assuntos em evidência. Mais de cem moradores foram ouvidos ainda numa pesquisa realizada pelos adolescentes em 2011, que procurou levantar quais assuntos eram de interesse local e identificar outros meios de comunicação que também poderiam vir a ser desenvolvidos na comunidade em momento oportuno, como uma rádio, por exemplo. A intenção das ações foi despertar o olhar dos adolescentes para o seu espaço, buscando compreender que informações poderiam ser relevantes para sua comunidade, gerando maior interesse pelas questões socais locais. Entre os temas das matérias produzidas pelos jornais, por exemplo, foram abordadas questões como problemas com as enchentes e o lixo espalhado pelas ruas; as raízes culturais dos moradores; as atividades de mobilização comunitária realizadas; entre outras. Assim, os adolescentes foram a campo para levantar as demandas locais, ouvir os cidadãos, fotografar os acontecimentos e disseminar as informações nos veículos de comunicação que haviam sido criados por eles próprios. Quem é o(a) educomunicador(a) Tendo o protagonismo infanto-juvenil valorizado a partir da dinâmica apresentada no item anterior, o papel do(a) educomunicador(a), em geral visto como um(a) mediador(a), está diretamente relacionado a alguém capaz de dialogar com as diferentes demandas trazidas no convívio interpessoal e com o entorno da ação educomunicativa empreendida. Nesse sentido, cabe a(o) educomunicador(a) o incentivo a ações que estimulam o protagonismo de crianças e adolescentes, apaziguam os possíveis

conflitos provocados pelas diferenças ao promover o diálogo na escola e desenvolver a capacidade de expressão a partir do uso das tecnologias da comunicação, por exemplo. As tecnologias da comunicação e da informação, por sua vez, estão presentes em todos os espaços que nos rodeiam e, por isso, há a necessidade desse profissional o(a) educomunicador(a) acompanhar o perfil das novas gerações, nascidas e imersas na sociedade da imagem e do som, e prontas, desde cedo, a interagir com suportes tecnológicos cada vez mais acessíveis e sofisticados. A apropriação das tecnologias deve levar o(a) educomunicador(a) a ampliar as possibilidades de comunicação com seus interlocutores, promovendo o protagonismo de jovens e de crianças com o objetivo de formar produtores criativos e originais de conteúdo. Dessa forma, eles não mais se configurarão como simples espectadores e terão estimuladas sua expressão comunicativa e suas relações pessoais com a comunidade que os rodeia. Nesse sentido, Freire (1996) discorre sobre como o educador deve atuar, a fim de fugir do tradicional modelo de educação bancária. Vale dizer que, se trocarmos o termo educador por educomunicador(a), manteremos os mesmos objetivos para esse profissional aqui elencado como essencial para a transformação social. A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir, depositar, oferecer, doar ao outro, tomado como paciente de seu pensar, a inteligibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há intelegibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar certo, por isso, é dialógico e não polêmico. (FREIRE, 1996:42). Esse processo exige, cada vez mais, a presença de educomunicadores(as) que possuam o manejo técnico, mas acima de tudo, humano, para que compreendam a importância da valorização da autoria, independentemente da faixa etária com que se está trabalhando. Os(as) educomunicadores(as) são profissionais que acreditam no potencial educativo das mídias e entendem a necessidade de se apropriar coletiva e

criticamente dessas ferramentas, de maneira a fazer prevalecer os interesses sociais sobre os interesses privados e mercadológicos. O(a) educomunicador(a), neste contexto, se apresenta como instância mediadora que, através de uma educação humanista, pode ajudar crianças e jovens a desenvolver uma visão mais crítica do mundo, buscando construir novos conhecimentos por meio de novos formatos de produção desse conhecimento. Ou seja, são profissionais que vão além do mero ensinar e aprender, mas que acreditam na construção de conhecimento contínua, coletiva e dialogicamente, quebrando as barreiras da chamada educação formal e privilegiando a bagagem trazida por aqueles que participam da ação educomunicativa, a fim de criar novas bagagens, que possam vir a dialogar com as anteriores e as futuras, num processo constante de ser e deixar de ser. O(A) educomunicador(a) na formação de jovens O papel do(a) educomunicador(a) seria o de identificar, incentivar, planejar, empreender e avaliar práticas educomunicativas em quaisquer espaços que promovam a construção de conhecimento, com o compromisso de promover a democracia e a liberdade de expressão, a partir de uma visão humanista de mundo. Mais especificamente, quando no trabalho com adolescentes e jovens público-alvo da maioria das ações educomunicativas o(a) educomunicador(a) precisa se apresentar como um sujeito capaz de reconhecer o potencial do público com o qual está em interação, a fim de identificar possíveis demandas problematizadoras que podem ter na comunicação estratégias de solução, para, finalmente, promover a apropriação das tecnologias da comunicação como suporte para a melhoria das relações dos(as) jovens entre si, consigo mesmos(as) e com o mundo. Dessa forma, construindo e não transmitindo conhecimento, a dialogicidade proposta pela educomunicação é favorável ao trabalho partilhado, seja de forma presencial ou à distância, enfatizando a interação não apenas com o

conteúdo, mas principalmente, entre os próprios sujeitos envolvidos no processo, garatindo a voz dos envolvidos com a ação educomunicativa, mediada pelo(a) educomunicador(a). Diante deste cenário, todas estas perspectivas permearam o trabalho realizado pelas educomunicadoras junto aos adolescentes e jovens, que participaram das diversas atividades educomunicativas no Instituto Verdescola promovidas durante o ano de 2011. A primeira foi o envolvimento dos adolescentes na elaboração de uma cartilha voltada aos moradores da comunidade a fim de incentivar novas atitudes e cuidados com o meio ambiente local, algo urgente na comunidade, já que esta está instalada numa área marcada pela depredação ambiental. Tendo em vista que o educomunicador(a) deve sempre promover o protagonismo infanto- juvenil e a competência comunicativa dos(as) jovens, horizontalizando a construção do conhecimento, com ênfase na valorização dos recursos humanos, apoiados nos recursos tecnológicos, os adolescentes do Verdescola participaram de todo o processo de produção da cartilha: desde a definição dos temas, assim como na realização das entrevistas com moradores e especialistas e dos textos, imagens e ilustrações, e também na definição do layout do material e distribuição na cartilha na comunidade. Os adolescentes participaram com grande entusiasmo da atividade, sendo que grande parte deles nunca havia tido contato prévio com práticas educomunicativas. Um aspecto positivo deste perfil é que, com isso, foi possível ampliar o repertório dos jovens sobre as habilidades de comunicação e expressão, trazendo novos conhecimentos sobre a área. A avaliação por parte dos adolescentes foi muito positiva, mostrando a importância do papel do(a) educomunicador(a) neste processo de mediação: Com cada um de vocês [educadores] eu aprendi uma coisa diferente que eu não sabia que gostava de fazer ; Obrigado por conseguir me admirar com vocês [educadores], pois fiz aquilo que gosto de fazer, que é fotografar, e trabalhar em grupo. Muito obrigado! ; Nunca vou esquecer do tempo que passamos juntos.

Durante o ano de 2011, além da cartilha, as educomunicadoras envolveram o grupo de adolescentes em outras atividades, como a oficina: O que é afinal uma agência de notícias? A proposta foi discutir com os adolescentes as possibilidades de abordagens e linguagens que eles podem utilizar para acompanhar, divulgar e disseminar atividades centrais de desenvolvidas em sua comunidade, como por exemplo, mobilizações locais, tanto previamente, quanto pós-evento. Para isso, o grupo preparou um fanzine sobre o Verdescola, que foi entregue numa visita realizada pelo grupo à Ilhabela também praia de São Sebastião para disseminar o trabalho promovido pelos adolescentes na área de comunicação. Outra atividade promovida com os adolescentes foi um mapeamento sobre o interesse dos moradores locais à criação de uma agência comunitária de notícias iniciativa já apresentada anteriormente neste artigo. A oficina buscou incentivar os jovens a pensar sobre questões locais e permitiu uma circulação intensa dos mesmos na comunidade. Além disso, tendo em vista que o(a) educomunicador(a) deve privilegiar a apropriação crítica das tecnologias da comunicação, amplamente utilizadas pelos(as) jovens, mas nem sempre de uma maneira adequada à produção de novos conhecimentos, ao longo de 2011, foi trabalhada junto aos adolescentes também a produção audiovisual, com a elaboração de vídeos apresentados, depois, no evento de finalização das atividades do ano do Verdescola, chamado Verdefestival. Ressalta-se que o(a) educomunicador(a) deve também se manter atento à equação tempo e espaço em qualquer ação educomunicativa que for desenvolver, para garantir o cumprimento de todas as etapas do processo: desde a identificação das demandas até a avaliação dos processos. No caso do Verdescola, o formato de imersão foi adotado, em todos os momentos em que estivemos com os(as) jovens, para dar conta das demandas para a produção coletiva dos veículos de comunicação que foram criados, ao longo do tempo.

O(A) educomunicador(a) na formação dos educadores O(A) educomunicador(a) pode ter uma atuação ativa na formação de outros educadores para que estes passem a conhecer a prática educomunicativa e possam, também, desenvolver iniciativas com este enfoque, assim como multiplicar os conhecimentos junto ao seu ambiente de trabalho. No Verdescola, a formação foi realizada junto a duas educadoras da organização, ambas com formação na área de Letras, durante o ano de 2012. A proposta metodológica da formação constituiu em com cinco encontros presenciais sendo bimestrais, com duração de quatro horas cada, assim como encontros a distância, por meio de ferramentas online, como o Skype, mensalmente, com duração de uma hora cada. Além disso, as reuniões visavam ser um espaço para debate e esclarecimento de dúvidas sobre o universo da educomunicação. Ademais, ao longo de todo o ano, foi realizado também um acompanhamento à distância a fim de colaborar com o aperfeiçoamento das atividades promovidas pelas educadoras junto aos adolescentes, principalmente a partir da análise do material produzido nos jornais bimestrais. A formação buscou oferecer às educadoras tanto conhecimentos técnicos sobre ferramentas de comunicação que poderiam ser utilizadas - como o manuseio da máquina fotográfica adquirida pela organização na realização das atividades ou como realizar coberturas jornalísticas e editar um jornal -, quanto propostas pedagógicas que pudessem despertar o maior interesse dos adolescentes nas atividades, ajudá-los a melhorar a escrita e a expressão oral, ampliar o seu conhecimento sobre o universo da comunicação e o funcionamento da mídia, assim como engajar cada vez mais a comunidade na proposta real de uma comunicação comunitária. Cada encontro presencial seguiu a seguinte dinâmica: a. Compartilhamento/discussão sobre temáticas relacionadas ao âmbito da educomunicação; b. Sugestões de atividades sobre este tema para serem desenvolvidas com os adolescentes; c. Discussão sobre questões vivenciadas em sala de aula e encaminhamentos de novos posicionamentos; d. Compartilhamento de

materiais, como manuais, artigos e livros sobre educomunicação. Nos encontros via Skype, foram realizadas orientações sobre a pauta e os encaminhamentos do Jornal Verde Vila; esclarecimento de dúvidas sobre as oficinas; orientação sobre como planejar e executar a avaliação do jornal junto aos jovens e a comunidade; orientação de como utilizar melhor a internet e as redes sociais durante as oficinas; envio de materiais de apoio (ex.: a importância de se avaliar; passo a passo de como fazer uma visita monitorada aos veículos de comunicação de modo eficaz; vídeos sobre participação juvenil e comunicação). A partir dos encontros presenciais e à distância, a educomunicadora (nesse caso, apenas uma de nós, autoras deste artigo, atuamos) identificava novas abordagens e temáticas a serem desenvolvidas, a partir do que era compartilhado pelas educadoras, assim como na observação dos materiais produzidos pelos adolescentes. Foi relatado num encontro, por exemplo, a dificuldade em conseguir adolescentes interessados em elaborar os textos para os jornais, pois a maioria preferia atuar com fotografia, assim como a falta de organização para o acompanhamento das produções dos materiais entre um jornal e outro. Diante disso, a educomunicadora preparou um material sobre funções interessantes que os adolescentes poderiam assumir não apenas na elaboração do jornal, mas dando responsabilidade para os mesmos em todo o processo de comunicação, garantindo maior engajamento (ex: ouvidor, coordenador de patrimônio, chefe de reportagem etc), assim como uma planilha com um check list para que cada grupo pudesse acompanhar e relatar a sua produção ao longo do mês às educadoras. Outro produto das formações foi a elaboração de um questionário, em que os adolescentes avaliaram, por exemplo, a importância de se ter mais tempo para as produções seja de texto, quanto de fotografias ou ilustrações, assim como para discutir o material a ser produzido e avaliar o que foi elaboradoro, questões estas essenciais num processo pedagógico reflexivo. Além disso, 90% respondeu que eles é que deveriam ser os responsáveis por

fazer a cobertura educomunicativa das ações locais, demonstrando interesse em participar mais ativamente da comunidade. Entre os aprendizados gerados pelas oficinas, os adolescentes destacaram os seguintes aspectos: melhoria/interesse em desenvolver textos; trabalho em equipe; como fotografar; como elaborar perguntas; mais conhecimento sobre o mundo; ter mais criativade; entre outros. Considerações finais A partir das ações educomunicativas realizadas no Instituto Verdescola, nos anos de 2011 e 2012, verificou-se as possibilidades de se trabalhar diversas temáticas e linguagens, garantindo novos conhecimentos aos adolescentes e jovens. Além disso, as atividades permitiram muita circulação pela comunidade, o que gerou uma maior apropriação do espaço em que vivem, por parte dos educomunicadores que se envolveram na ação. Destacamos, também, o fato de muitos jovens terem demonstrado grande interesse pela comunicação e desenvoltura para trabalhar com projetos nessa perspectiva, o que reafirma a mediatização contínua da geração da qual fazem parte. Em contrapartida, há de se ressalvar que, alguns dos participantes, pareciam não ter interesse no tema trabalhado e, com isso, ficou nítida a dificuldade de manejo quando há obrigatoriedade de participação nas atividades. Além disso, a não utilização/veiculação dos materiais produzidos pelos jovens, em alguns casos, prejudicou muito a responsabilidade deles na produção dos produtos midiáticos, num segundo momento, afinal esse tipo de conduta desvaloriza a dedicação dos participantes durante o processo. Ainda salientamos que o tempo das formações presenciais (previsto para quatro horas) ficou comprometido devido a outras atividades que necessitaram de participação das educadoras (ex.: reunião de equipe), no momento de formação dos profissionais da instituição. Ademais, a falta de comprometimento dessas educadoras com as reuniões à distância, tendo em vista que, por diversas vezes, não compareceram ao horário e data combinados, bem como com a abstenção da

aplicação de todas as atividades previstas, também chegaram a comprometer o bom andamento das atividades. Dessa forma, sugerimos, a seguir, alguns encaminhamentos pertinentes a nosso ver em qualquer ação educomunicativa. O primeiro deles diz respeito à garantia de disponibilidade de tempo para avaliar os produtos, permitindo que os jovens reflitam sobre todo o processo e percebam como podem aprender com isso. Somado a isso, é importante incorporar as atividades de comunicação à programação normal da instituição em que está sendo realizada a prática educomunicativa. Dessa forma, determinar um educador local responsável pelo desenvolvimento das atividades e que esteja disposto a conhecer as linguagens a ser trabalhadas também pode propiciar um alto ganho de produtividade e qualidade das ações empreendidas. Realizar atividades em conjunto com outros educadores, tendo em vista que a comunicação permeia todos os temas, também pode ser bastante positivo, assim como permitir aos jovens escolher o que querem fazer e se aprofundar em uma determinada linguagem, ofertando formações em fotografia, vídeo, jornal, etc. Dessa maneira, uma agência comunitária de notícias poderá ser criada, valorizando os conhecimentos de todos, levando em conta suas diferentes habilidades e competências. Por fim, é salutar ressaltar a relevância de processos como este aqui apresentado, tanto para os jovens e os educadores que se envolveram no processo, quanto para os educomunicadores que o mediaram. Nesse sentido, espera-se que novas atividades sejam, a cada vez mais, realizadas em prol da disseminação dos benefícios da mediação tecnológica e da vida em comunidade no país. Referências BRAGA, Jose Luiz. Aprendizagem versus Educação na Sociedade Mediatizada. In: Anais do 10o Encontro Anual da Associação nacional de Programas de Pós-Gradução em Comunicação. Brasília, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. MARCONDES FILHO, C. Quem manipula quem? Poder e massas na indústria da cultura e

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