Leda Regis Profissional 13/03/2009



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Transcrição:

2009 Leda Regis Profissional 13/03/2009

PRÊMIO SER HUMANO OSWALDO CHECCHIA 2009 Gestão Sustentável através do Desenvolvimento das Pessoas Leda Regis Modalidade: Gestão de Pessoas Categoria: Profissional Nome do projeto: Gestão Sustentável através do Desenvolvimento das Pessoas Nome do autor: Leda Maria Oliveira Regis 2

Sumário Apresentação da Profissional... 4 Resumo inicial... 5 Introdução... 9 Corpo do trabalho... 12 Conclusão... 36 Anexos... 40 Registro da Metodologia... 40 Capa do Livro Grupo Multirreferencial Teoria e prática na facilitação de grupos... 41 Certificado do Congresso Internacional de Grupos... 42 Carta Convite do Congresso Gestão de Pessoas ABRH BA... 43 Certificado do Prêmio SER Humano ABRH-BA... 44 Ata de Constituição do CreSER... 45 Folder CreSER... 46 Boletim Multi Informativo 1 e 2 (Fotografias)... 46 Bibliografia... 47 3

Apresentação da Profissional Sou Leda Maria Regis, mulher, mãe e avó de Luana. Sou um ser em desenvolvimento, que vem aprendendo, ao longo dessa jornada, que acreditar e confiar na vida, na abundância de possibilidades e no ser humano são chaves para nosso crescimento como pessoas. Acredito que viver é um grande presente e que a vida é uma excelente escola. Nela, nosso maior aprendizado é reconhecer e transformar nossas crenças distorcidas na busca constante de uma vida mais feliz. Aprendi que o autoconhecimento é o caminho para essa transformação e que o conhecimento é luz que amplia nossa consciência. Além de luz, é um bem público que precisa ser compartilhado. Essas crenças foram determinantes para a concretização da LM Consultoria, do curso Grupo Multirreferencial e consequentemente da ONG CreSER. Apresento o Projeto Gestão Sustentável através do Desenvolvimento das Pessoas, um caminho, acredito, para a construção de um mundo melhor. 4

Resumo inicial Tudo começou em 2002, com um desejo de ajudar, de iniciar um trabalho voluntário. Com ele surgiu a pergunta: o que fazer? Essa pergunta me visitava sempre, até que um dia me veio a resposta: vou ensinar tudo o que já aprendi sobre como facilitar grupos às pessoas que fazem trabalhos voluntários em projetos sociais. Essa resposta me trouxe um alívio, não só por ter encontrado um caminho para realizar o desejo, mas também por ter optado fazer algo de que gosto, que é ensinar. Dei o sim, montei um curso de como facilitar grupos e passei a informar sobre ele às pessoas a minha volta. Reconhecia que ensinar como facilitar grupos era uma necessidade, pois existiam poucas oportunidades de ensino nessa área. Na minha prática como Psicoterapeuta Organizacional escutava muitos relatos de trabalhos comportamentais de grupo, avaliados como invasivos e descontextualizados, gerando o término dos mesmos, cessando assim a possibilidade de ajuda. Por isso, aprender como montar a estrutura de um trabalho de grupo vai muito além da escolha de quais dinâmicas devem ser aplicadas. É preciso conhecer as expectativas, necessidades, demandas, contextos, sistemas de crenças e a dinâmica psicoemocional do grupo. Então, ajudar os facilitadores de grupo em trabalhos voluntários nos projetos sociais é uma forma de contribuir para a sustentabilidade de suas intervenções de ajuda e, consequentemente, para a melhoria e desenvolvimento dos grupos que eles apoiam. O resultado da divulgação me surpreendeu com o interesse de vários profissionais que atuavam com recursos humanos. Esse interesse só ressaltou o movimento de transferência de tecnologia que a LM Consultoria, empresa que fundei e dirijo há 15 anos, já vinha realizando. Esse movimento estava sendo evidenciado, não só por ter trazido e implantado a metodologia da Terapia Organizacional na Bahia, mas também pela minha prática de grupos no meu trabalho de consultoria. Nesse momento, ficou claro o quanto já tinha agregado de metodologias inovadoras à minha prática de grupos e o quanto seria enriquecedor transferir essa síntese. Mais uma vez, constatei como o outro ajuda a nos reconhecer. 5

Decidi incluir os profissionais de recursos humanos, mantendo todos numa mesma turma, partindo do princípio de que todos tinham em comum o trabalho de facilitação de grupos. E assim, mantive uma cota de bolsas em cada turma, destinada aos voluntários em projetos sociais. Nesse momento, foi importante a forma como negociei com os bolsistas. Ressaltei que eles também pagavam o curso com seus trabalhos voluntários, e que essa moeda era muito mais valiosa que o dinheiro pago pelos demais. Essa abordagem de diversificar as moedas de trocas tem mobilizado muitas reflexões e transformações em muitos de nós. Ter clareza das moedas de troca é uma forma de gestão sustentável, pois cuida do equilíbrio do dar e receber. Em 2003, começamos nosso 1º grupo. Que alegria! Um desejo se concretizando! Demos-lhe o nome de Curso de Grupo Multirreferencial porque integra quatro abordagens: Grupo Operativo, Terapia Organizacional, Dinâmica Energética do Psiquismo e Constelação Organizacional. O Grupo Operativo, metodologia criada por Pichon-Rivière na Argentina, fundamentada na Psicanálise e na Psicologia Social, permite-nos compreender o que facilita ou dificulta a operatividade dos grupos em direção a seus resultados. A Terapia Organizacional é uma abordagem terapêutica para atuar nas organizações, concebida no Brasil por Maria Vilma Chiorlin. Ela integra quatro saberes: Psicodrama, Bioenergética, Biossíntese e Biodança. A Dinâmica Energética do Psiquismo, também concebida no Brasil por Theda Basso e Aidda Pustilnik, é uma metodologia transpessoal, que traz uma nova compreensão da consciência. A Constelação Organizacional, originada da Constelação Familiar de Bert Hellinger, na Alemanha, nos traz um olhar sistêmico e fenomenológico para as questões profissionais e sociais. A integração dessas abordagens e a construção dessa síntese foram sendo feitas durante a minha atuação na LM Consultoria, onde esse trabalho era visto como diferente, e era chamado o trabalho de Leda Regis. Ensinar essa síntese e acompanhar suas práticas supervisionadas durante o curso viabilizou o seu reconhecimento como metodologia de trabalho, pois ao ser reaplicada, além de orientar as práticas dos facilitadores de grupos, eles obtinham os resultados previstos. Essa metodologia de trabalho foi escrita, publicada e registrada no livro Grupo Multirreferencial - teoria e prática na facilitação de grupos. 6

É essa metodologia que hoje nos acompanha e nos orienta nos trabalhos desenvolvidos na LM Consultoria, no curso de Grupo Multirreferencial e na ONG CreSER. Essa ONG foi idealizada por mim e fundada conjuntamente com os integrantes desse curso. Podemos afirmar que toda a metodologia do nosso trabalho e de nossa atuação é própria, construída de forma a integrar a teoria à prática, e fruto deste projeto. O cenário do trabalho dos facilitadores de grupo estava restrito à escolha de dinâmicas e sua aplicação, sem uma maior compreensão dos porquês e dos resultados que elas podem desencadear. A metodologia de Grupo Multirreferencial vem ajudando a transformar esse cenário, para uma atuação sustentável. A abordagem psicológica do Grupo Multirreferencial estimula não apenas o autoconhecimento do facilitador, mas também o conhecimento de como o ser humano e os grupos funcionam, além de permitir a análise das demandas e cenários. Com essa consciência, o facilitador planeja o que vai fazer com os grupos com mais segurança e eficácia. Esse conhecimento também disponibiliza ao facilitador ferramentas para lidar com as adversidades e complexidades dos grupos, viabilizando a sustentabilidade dos trabalhos e dos resultados. Nesses seis anos de caminhada no projeto de ensinar tudo que já aprendi sobre como facilitar grupos, muitos resultados foram obtidos, justificando a qualidade e aplicabilidade do mesmo: Montagem do curso de Grupo Multirreferencial; Criação da Metodologia Grupo Multirreferencial e o seu registro; Edição do livro Grupo Multirreferencial teoria e prática na facilitação de grupos; Formação da ONG CreSER, que abraçou a área prática do curso; Em parceria com o CreSER, o lançamento da Campanha: Adote um Projeto Social. O que considero relevante e inovador nesse trabalho é o foco no desenvolvimento e transformação do comportamento humano, das pessoas e dos grupos, como um diferencial para a sustentabilidade dos seus próprios projetos. Por isso, acreditamos que é uma nova forma de Gestão Sustentável através do Desenvolvimento das Pessoas. Partimos do pressuposto que o resultado está nas mãos de cada indivíduo e que somente cada um de nós pode romper com o sistema de crenças que nos aprisiona. 7

O ponto chave desse diferencial é a transformação das crenças limitantes de exclusão e escassez para as alavancadoras de inclusão e a confiança na abundância de possibilidades. Essa transformação não se faz por decreto de quem ajuda, e sim por meio do autoconhecimento. Como diz Platão: A conquista de si próprio é a maior das vitórias. O Desenvolvimento Sustentável é possibilitado pelas pessoas e pelas suas ações. Para isso, é preciso ajudá-las a transformar as crenças que dificultam a sustentabilidade, através do autoconhecimento e desenvolvimento das pessoas e dos grupos. Como diz Luiz Tarquínio: Instrua-se e, principalmente, eduquese o povo; a fim de que ele possa sentir o desejo de engrandecer-se materialmente e moralmente; a fim de que possa compreender a necessidade de ser previdente e de garantir o futuro;... Outro ponto relevante é termos construído uma metodologia resultante da prática, integrando-a à teoria. Além disso, como essa metodologia tem sido transferida desde 2003 para muitos profissionais, esse fato potencializa nossa capacidade de ajudar e dá sustentabilidade a esse caminho. Ter conhecido a nobreza dos objetivos do Prêmio Ser Humano e reconhecer as sincronicidades entre ele e a experiência do Grupo Multirreferencial e do CreSER, levaram-me a participar da seleção desse prêmio, com a clareza de nossa responsabilidade em socializar práticas que promovem o desenvolvimento sustentável e a construção de um viver mais digno e feliz. Além disso, conhecer e sintonizar com as Metas do Milênio, a Carta da Terra e os propósitos do Instituto Ethos me faz ampliar essa clareza e me conforta em saber que minha contribuição está alinhada com essas propostas locais e mundiais. 8

Introdução O desejo de ajudar se faz presente há muito tempo em minha vida e ficou mais evidente quando escolhi me tornar psicóloga, uma profissão de ajuda terapêutica. Por isso, o desejo de fazer um trabalho voluntário já fazia parte de um universo conhecido. Reconheço também toda a influência familiar, que de várias formas me ensinaram que não estamos sós e que ajudar o próximo faz parte de nossas vidas. Uma das influências mais marcantes foi Irmã Regina, uma grande educadora, a quem tive o privilégio de ter como tia e de ser educada por ela. Irmã Regina, além de fundar e dirigir o Colégio Nossa Senhora da Conceição em Salvador, teve nos últimos 20 anos da sua vida a experiência de implantar um grande projeto social numa comunidade rural em Valparaíso, Brasília. Nessa comunidade, implantou um Centro Comunitário, que além da educação, onde tudo começou, tinha também vários serviços de saúde, atividades religiosas e sociais, e uma cooperativa de doces, na qual ensinava a comunidade como prover a sustentabilidade. À medida que faço esse resgate, reconheço o quanto venho trilhando, de outra forma, esse caminho da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável. A Carta da Terra menciona que todos podemos contribuir, mediante nossas ações diárias... A decisão de escolher a educação como uma forma de ajudar, era o caminho natural, pois além de gostar de ensinar, eu havia agregado alguns conhecimentos sobre grupo, e, mais que isso, tinha experimentado e validado na minha prática de consultoria a aplicabilidade dos mesmos. Socializar esses conhecimentos era uma decisão acertada, pois associava o desejo de ajudar com o de gostar de ensinar. Acredito ser essa uma das chaves para o meu próprio desenvolvimento, porque assim garanto a sustentabilidade desse propósito. Ensinar é uma ótima forma de organizar e sedimentar os conhecimentos. Assim foi acontecendo à medida que ia ensinando a síntese do Grupo Multirreferencial. Essa síntese, originada da integração das referências do Grupo Operativo, Terapia Organizacional, Dinâmica Energética do Psiquismo e Constelação Organizacional, possuía como denominador comum informações sobre o funcionamento do ser humano e dos grupos nos ângulos psíquico, emocional, espiritual, social e sistêmico. 9

Com essas informações, é possível contribuir com os facilitadores de grupo, ensinando-lhes como se programa o trabalho com grupos, ampliando sua compreensão do que, como, quando e onde esse trabalho pode ser feito. Como dizem os facilitadores, aprendemos o pulo do gato, compreendemos os porquês, usamos as dinâmicas, tomando mais consciência das suas funções, desdobramentos e consequências. Quando um facilitador de grupo tem um diagnóstico restrito do contexto em que vai atuar e pouca compreensão sobre a dinâmica de funcionamento do ser humano e dos grupos, ele tende a escolher a técnica pela técnica. Durante minhas escutas nos trabalhos de consultoria, essa tem sido apontada como uma das principais causas dos desconfortos dos trabalhos comportamentais, gerando desdobramentos inesperados, os quais muitas vezes deixam os facilitadores confusos e sem saberem o que fazer. Como consequência, as resistências se alojam, dificultando assim o trabalho de transformação, e o que é pior, restringindo formas de ajuda por meio de outros trabalhos comportamentais. Diante desse cenário, eu tinha consciência de que é por meio dos trabalhos comportamentais de autoconhecimento que criamos espaço para identificar e transformar os paradigmas e as crenças distorcidas que criam nossos problemas e dificuldades. Segundo Thomas Kuhn todas as descobertas importantes foram rompimentos com os antigos modos de pensar. Essa abordagem não só viabiliza o trabalho do facilitador, como também o autoconhecimento das pessoas e a transformação das suas crenças e paradigmas. Acreditamos que trabalhar com grupos potencializa transformações pessoais com mais rapidez, pois cada integrante é um espelho para os demais. O trabalho de um participante normalmente ressoa no grupo, estimulando reflexões em todos. E assim, as pessoas são estimuladas a olhar as questões por diversos ângulos simultaneamente, potencializando uma aceleração das mudanças. Essa diversidade viabiliza a formação de um campo de transformação. Nele, as soluções surgem sabiamente e solidariamente vão se concretizando. Logo, como campo de transformação, o grupo é um espaço de cura e desenvolvimento. 10

Os porquês... O grupo é um grande espelho, um campo de ressonâncias e dissonâncias: à medida que me vejo no outro, vou tomando mais consciência de quem sou, e assim, confirmamos aquele sábio pensamento não nos encontramos por acaso. As histórias, as falas e os comportamentos de uma pessoa estimulam partes adormecidas das outras pessoas do grupo. E, na medida em que essas questões acordam, elas são convidadas a despertarem e quem sabe a se transformarem. Cria um contexto para as pessoas se expressarem e poderem ressignificar, transformando crenças, atitudes e comportamentos. E especialmente, a presença do grupo acolhe nossa humanidade, pois temos questões a resolver, dificuldades a enfrentar, transformações, objetivos e esperanças a alcançar. De acordo com essas premissas, proporcionar trabalhos de autoconhecimento em grupo tem o objetivo de estimular e acelerar as transformações das crenças que dificultam a sustentabilidade e o desenvolvimento. Além disso, oportuniza a busca e o reconhecimento das qualidades, forças e competências de cada participante e do grupo. No ano de 2009, o Instituto Ethos elege o tema: transformação das pessoas, das empresas e da sociedade para guiar sua conferência internacional. Pressupomos que a discussão dessa temática perpassa pela inclusão do desenvolvimento humano como base para essas transformações. A assertiva da Carta da Terra: assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial vem confirmar a sinergia do nosso propósito. Essas descobertas viabilizam e ampliam a autoestima e a autoconfiança de cada integrante e do grupo, ajudando na sustentabilidade de cada participante e consequentemente na dos projetos em que estão inseridos. 11

Corpo do trabalho O desejo de trabalhar com grupos numa ação preventiva vem me acompanhando desde a época da faculdade de Psicologia. A música Imagine, de John Lennon, expressa em tão poucas palavras uma síntese desse desejo, que não é só meu, possivelmente também é seu e de todos nós. Vamos imaginar juntos. IMAGINE Imagine que não exista o paraíso é fácil se você tentar nenhum inferno sob nossos pés Acima de nós, apenas o céu. Imagine todas as pessoas Vivendo para o dia de hoje. Imagine que não existem países não é difícil de fazer Nada pelo que matar ou morrer E nenhuma religião também. Imagine todas as pessoas Vivendo a vida em paz. Você pode me dizer que eu sou um sonhador Mas eu não sou o único Eu espero que algum dia você se junte a nós E o mundo seja um só. Imagine que não existem posses Eu imagino se nós conseguiremos Nenhuma necessidade de ganância ou fome Uma fraternidade de homens Imagine todas as pessoas compartilhando o mundo. Você pode dizer que eu sou um sonhador Mas eu não sou o único Eu espero que algum dia você se junte a nós E o mundo viva Unido. 12

São muitos os desafios do mundo. A música é um convite para que possamos nos juntar e proporcionar a mudança do cenário atual de guerras, fome, miséria, violência, pobreza, carências... Olhando os cenários que deram origem a esses desafios, observamos o grande índice de miséria e exclusão que nos deixam perplexos e muitas vezes paralisados, sem saber o que fazer diante da dimensão da problemática. A impotência nos visita dizendo que é difícil, pouco ou nada podemos fazer, ou então negamos essa realidade dizendo: isso não faz parte de mim, até que um dia ela bata mais forte à nossa porta. Mas é possível fazer algo, se olharmos com os olhos do coração a realidade a nossa volta, usando os recursos de que já dispomos. Reconheço o quanto esses desafios me mobilizaram no desejo de ajudar. Foi dessa forma que esse projeto foi iniciado. Embalada pelo convite da música Imagine, de Jonh Lennon, ofereci o curso de Grupo Multirreferencial, atraindo pessoas que também tinham intenção de ajudar e transformar. Tudo isso foi facilitado pela aplicabilidade dessa abordagem na prática da LM Consultoria. O desejo de fazer um trabalho voluntário foi surgindo e assim comecei a compartilhar essa nova possibilidade às pessoas que tinham o anseio de trabalhar com grupos, não só em projetos sociais, mas também com facilitação de grupos de um modo geral. A prática na LM Consultoria já evidenciava que trabalhar com grupos na direção do desenvolvimento humano e grupal, com foco no autoconhecimento, era um caminho de transformação e resultados. Essa constatação facilitou a transferência e adaptação dessa tecnologia para os diversos cenários empresariais e sociais. O olhar da Psicologia confirma que o autoconhecimento é o caminho para estimular e acelerar as transformações das crenças que moldam os comportamentos. É através desse caminho que os resultados são alcançados e sustentados, pois não se muda por decreto e nem pela vontade do nosso racional. Por tudo isso, ensinar aos facilitadores uma síntese de como trabalhar com grupos é uma forma de ensiná-los a trabalhar com foco na transformação das crenças que impulsionam as mudanças necessárias para sustentar o desenvolvimento 13

Para se construir o que é alvo de um desejo, muitos passos precisam ser dados. Por isso, há muito tempo busquei conhecimentos sobre como trabalhar com grupos nessa intenção. Compartilho com vocês como foi essa caminhada que resultou na construção da metodologia que embasa o Curso de Grupo Multirreferencial. Essa construção foi sendo realizada durante minha atuação como Psicoterapeuta Organizacional na LM Consultoria. À medida que ia conhecendo as quatro abordagens já mencionadas, ia integrando-as na realização dos trabalhos. Embora atravessando muitas inquietações, provocadas pela inclinação de permanecermos leais ao que aprendemos, fui aos poucos integrando essas preciosas abordagens, criando um belo colar de pérolas. É importante deixar claro que esse colar é fruto do meu olhar, da forma como percebo, incluo e integro cada uma delas. Como ele foi construído com pérolas de várias referências, expressa a diversidade de olhares. Com base na experimentação integrada desses quatro olhares de conhecimento, que, na maioria das vezes, ocorria sem minha programação prévia e sim pelas necessidades dos grupos no decorrer dos trabalhos, fui tomando consciência de uma nova síntese, e aos poucos fui diminuindo a necessidade de classificar: isso é Grupo Operativo, isso é Terapia Organizacional, agora é Dinâmica Energética do Psiquismo, e agora é Constelação Organizacional. Presenciava, pois, uma articulação fluida entre elas e, muitas vezes, uma verdadeira interpenetração e o nascimento de uma nova possibilidade. Só por meio e no decorrer dessa partilha é que fui tomando consciência do nascimento de um novo campo de saber. Na busca do nome, que precisava expressar essa diversidade de olhares, conheci, através de Flora Regis, a abordagem multirreferencial plural, de Jaques Ardoino, da Universidade de Paris VIII. Essa abordagem propõe a heterogeneidade de olhares e linguagens e está voltada para a compreensão dos fenômenos humanos e sociais. Dessa forma surgiu o nome do curso Grupo Multirreferencial. A concretização do desejo de ajudar veio da transferência de tecnologia de trabalho com grupos para facilitadores multiplicarem nos projetos sociais. A partir desse objetivo, fizemos: 14

a construção do curso Grupo Multirreferencial; o registro da metodologia de mesmo nome e, a sistematização e fundação do CreSER. O curso tem como objetivo transferir essa metodologia, proporcionando recursos para compreender como se planeja, facilita e acompanha um grupo em direção ao alcance dos objetivos. A razão de ser dessa metodologia é o desenvolvimento e a transformação do Ser Humano. É ajudar as pessoas a tomarem consciência da sua força e sabedoria, estimulando-as a melhorar sua autoestima e autoconfiança, e com elas poderem transformar as crenças limitantes que as aprisionam. Por isso, transferir uma tecnologia que facilita a transformação das pessoas e dos grupos é uma forma diferenciada de impulsionar a sustentabilidade, pois o foco é na mudança do padrão de comportamento, como base de sustentação das mudanças necessárias. O Grupo Multirreferencial traz as seguintes contribuições das abordagens que integra: Grupo Operativo: contribui para compreendermos como um grupo se organiza, se vincula, operacionaliza suas tarefas e se desenvolve. Terapia Organizacional: propicia um olhar clínico sobre as organizações, como também sobre o lugar do terapeuta organizacional. O foco dessa metodologia é atuar no papel profissional, nas relações e nos contextos de trabalho. Dinâmica Energética do Psiquismo: oferece uma nova compreensão da consciência. Nessa teoria, a consciência é identificada como um campo de energia corporificado. Além disso, traz a perspectiva de desenvolvimento e transformação a partir do desbloqueio das tensões no corpo. Constelação Organizacional: favorece um olhar sistêmico e fenomenológico e, especialmente, a contribuição do campo morfogenético e do campo mórfico - as mais recentes explicações sobre as influências dos campos de informação invisíveis nas nossas vidas. Encontramos nessas abordagens muitas similaridades. Elas são construtivistas, sistêmicas, voltadas para o desenvolvimento humano e têm uma visão integrativa do sentir, pensar, intuir e agir. Na experiência de atuação da LM Consultoria, não só dos trabalhos desenvolvidos por mim como nos trabalhos que supervisionava, ficou evidenciado que os resultados obtidos foram facilitados pelas diversas integrações. 15

Assim, constatei que essa concepção foi feita em grupo, pelo grupo, e para os grupos, e eu apenas fui sendo preparada e escalada para dar os primeiros passos. Embora com os receios de quem começa um novo projeto, conectei-me com o desejo de ajudar, convoquei a coragem, a obediência e a disciplina para me acompanharem e com essa consciência pude formatar o curso de Grupo Multirreferencial. Nossa proposta de curso era e ainda é, até hoje, trabalharmos em doze módulos mensais durante um ano, sendo oito módulos teóricos vivenciais e quatro de prática supervisionada. Em 2003, começamos o primeiro grupo, que confirmou ser esse um caminho a ser trilhado. A esse grupo agradeço por ter sido como os bandeirantes, desbravando um caminho novo para que essa estrada fosse construída. É claro que essa experiência foi bastante facilitada pelas minhas práticas anteriores na área de educação: quando implantei uma Consultoria Escola na Faculdade de Psicologia FMU em São Paulo e quando coordenei o curso de Especialização de Terapia Organizacional em Salvador durante oito anos. E assim continuamos, iniciando a 2ª turma em 2004. Nesse período, três acontecimentos foram marcantes para nossa história. O primeiro, numa madrugada, pensamentos sobre formas de ampliar essa prática de grupos nas comunidades carentes não me deixavam dormir, então decidi escrevê-los na tentativa de aquietá-los. Esses pensamentos estavam focados na criação de um Projeto Social. Fiquei inicialmente impactada pela sua clareza e pelo volume de trabalho que ele demandaria. Mesmo assim, registrei e dormi. Entretanto, não apenas eu dormi. O projeto também dormiu. Não comentei com ninguém e continuei trilhando com o segundo grupo. Em seguida a esse acontecimento, veio a decisão de que a prática supervisionada do curso de Grupo Multirreferencial seria feita em instituições filantrópicas. Essas experiências foram muito ricas e, enquanto acompanhava as práticas desse segundo grupo, o Projeto Social acordava e dizia no meu ouvido, eu não lhe disse, é isso que precisamos fazer mais e mais. Num desses encontros, a voz do Projeto Social tomou impulso e se apresentou através de mim, dizendo quem ele era e quais as suas intenções. Foi um silêncio absoluto, todos surpresos, inclusive eu, pois não estava na minha programação dar essa informação. Quando me dei conta, já estava acontecendo. O grupo respondeu com afirmação e entusiasmo e assim as primeiras sementes do CreSER foram plantadas. 16

Reconheço e agradeço a esse grupo a implantação das práticas supervisionadas nas instituições filantrópicas. Hoje tenho clareza que essa experiência ajudou a expansão dessa ideia e não é por acaso que o CreSER, o espaço para a prática desse curso, foi iniciado em seguida. O segundo acontecimento foi o pedido desse grupo, feito pela porta-voz Ana Claudia Athayde, que já estava na hora de escrever um livro com toda a síntese do curso. Surpreendi-me, escutei, silenciei e, aos poucos, compreendi que era um passo natural. Com essa compreensão, comprometi-me a elaborar, enquanto ensinava a turma seguinte, um resumo de cada módulo. Ao final do curso, teria o livro pronto. Assim, aquietei-me e dei o primeiro passo, deixando clara a intenção e a forma de colocá-la em prática. E o terceiro acontecimento foi o convite às pessoas que tinham concluído o curso e que desejavam aprofundar o aprendizado, para continuarem conosco como Monitores. Muitos aceitaram e assim nasceu a Monitoria. Decisão acertada, que vem evoluindo a cada ano. Em 2005, começamos a 3ª turma. Essa turma presenciou a chegada de três criações semeadas na geração anterior: a fundação do CreSER, em 2005, a publicação do livro e a concepção de ser uma metodologia em 2006. Em agosto de 2005, juntamente com algumas pessoas que fizeram o curso de Grupo Multirreferencial e se sentiram atraídas pelo Projeto Social, nos reunimos e montamos um Planejamento Estratégico de como colocar em prática o referido projeto. Essa atividade foi conduzida por Fátima Belchior, integrando sua experiência com a abordagem do Grupo Multirreferencial. Nesse momento, definimos a missão, visão, valores, o nome do projeto CreSER e os seus primeiros passos. Esse foi um grande dia. Ver uma ideia se formatando a partir daquele esboço inicial de uma madrugada falante e sendo facilitado pela abordagem de Grupo Multirreferencial foi um sinal de que eu não estava numa ilusão. Estávamos sim, sonhando juntos. Como diz nosso poeta Raul Seixas, sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Sonho que se sonha junto é realidade. Enquanto esse sonho ia se materializando, o livro também ia sendo escrito, a cada módulo um capítulo, como havia me comprometido. Em outubro de 2005, recebi de uma colega a informação do 16º International Congress of Group Psychotherapy, que aconteceria em São Paulo em junho de 2006. Junto com ela, recebi a orientação de que deveria inscrever o trabalho de grupo que desenvolvia. Eu escutei, mas pensei: não tenho tempo. Um dia depois, no Encontro da Dinâmica Energética do Psiquismo em São Paulo, o universo me colocou diante de outra colega que ao saber da 17

existência do Grupo Multirreferencial, simplesmente disse: inscreva essa experiência no 16º International Congress of Group Psychotherapy. São essas experiências que precisamos divulgar. Parei e me surpreendi por estar sendo orientada em menos de quarenta e oito horas para fazer a mesma coisa. Senti que tinha que escrever, obedeci e assim o fiz. E o livro continuava sendo escrito, agora eram os capítulos finais. Foi quando recebi a informação de que o trabalho foi aprovado para ser apresentado naquele Congresso, cujo tema era Grupos: conectando indivíduos, comunidades e culturas. Essa aprovação foi recebida como mais um sinal de que a experiência do Grupo Multirreferencial tinha valor e estava sendo reconhecida no meio social e cientifico. Diante desse novo contexto, uma voz bem clara soprou no meu ouvido interno: conclua o livro para lançar no congresso. Embora já tivesse mais acostumada com essas intuições, pensei e me perguntei: como? Afinal, faltam apenas três meses para o congresso! Como fazer algo que nunca tinha feito em tão pouco tempo? Precisei parar, respirar e rever todas as sincronicidades que estavam acontecendo. Lembrei que o tema do livro é grupo e que não estava só. Assim, partilhei com a equipe da Monitoria e do CreSER a clareza de que esse livro não era meu, era nosso, por isso eu não poderia fazê-lo só. E assim aconteceu. Eu apenas escrevi o livro Grupo Multirreferencial teoria e prática de facilitação de grupos. Eu o concluí durante sete dias, aproveitando dois finais de semana prolongados entre abril e maio de 2006. Foi uma experiência surpreendente. Inicialmente meditava e, enquanto o fazia, sentia o livro pronto. Era uma sensação diferente. Em seguida, lia os resumos já feitos durante o percurso da 3ª turma e, relembrada por eles, ia escrevendo como se estivesse conversando com o grupo no curso. Assim, elaborava a cada dia um capítulo. Ao final dos sete dias, os sete capítulos estavam prontos e o livro finalizado. Todas as outras importantes tarefas de organização técnica, revisão e editoração foram feitas por pessoas que fizeram ou faziam o curso. E assim, na cooperação e no trabalho em grupo, o livro aconteceu! Tarefa cumprida! Dessa forma, ele foi lançado em 2006 em dois grandes congressos: o já mencionado Congresso em São Paulo e o Congresso Gestão de Pessoas da ABRH-BA em Salvador. Enquanto tudo isso acontecia, respondendo a uma demanda de inexigibilidade, Denide Santos nos ajudou a compreender que o Grupo Multirreferencial era 18

uma metodologia. Ela não só fez parte da 1ª turma, como já acompanhava a prática dessa abordagem na organização em que trabalha. Com essa nova compreensão, a metodologia foi registrada (Registro 792/06), registro esse também realizado pela equipe que nos acompanha no CreSER. A presença desses detalhes da história nos ajuda a compreender como as construções vão sendo concretizadas. E que se fizermos o que tem que ser feito, a vida vai colocando no nosso caminho as pessoas e as condições necessárias. Continuando a caminhada, em 2006 começamos a 4ª turma. O acontecimento desse período foi a oficialização do CreSER como uma ONG em prol da transformação das crenças de escassez e exclusão, estimulando pessoas carentes a acreditarem nas possibilidades da vida, mediante programas de autoconhecimento. Desde 2005 até agora, temos estruturado as ações do CreSER experimentando a própria metodologia de Grupo Multirreferencial e assim nos fortalecendo para cumprir nosso propósito. Em 2007, iniciamos a 5ª turma, que já recebeu todo o amadurecimento desse trabalho. Nessa turma, quatro ações foram agregadas. A oficialização das Monitoras Madrinhas que acompanham o grupo durante toda sua caminhada, fruto da experiência iniciada na 4ª turma. O acompanhamento técnico da Monitoria nas práticas supervisionadas. A presença da equipe da CreSER cuidando do cadastramento de todas as instituições filantrópicas para as práticas supervisionadas. E a clareza da inclusão da monitoria como facilitadora durante os módulos. Assim, começo a formar os multiplicadores para que essa formação possa ser expandida, e mais e mais pessoas possam ser beneficiadas. A construção da metodologia Grupo Multirreferencial A possibilidade de integrar as abordagens de Grupo Operativo, Terapia Organizacional, Dinâmica Energética do Psiquismo e Constelação Organizacional tem sido um grande facilitador para trabalhar com a multidimensionalidade e as singularidades dos seres humanos e, especialmente, com a diversidade dos grupos. Essa possibilidade foi acontecendo lentamente, à medida que ia vencendo os conflitos gerados pelas lealdades invisíveis, de querer ficar fiel a uma abordagem e com esse apego não facilitar a inclusão das novas. 19

Agradeço a uma constelação que me ajudou a reconhecer e agradecer a contribuição de todas as abordagens. Pude assim encontrar um espaço onde todas elas puderam ocupar um bom lugar e habitar em paz no meu coração e na minha mente. Que alivio! Desse modo, pude ir identificando claramente o quê e como ia trazendo e integrando cada contribuição. Aos poucos, pude observar e apreciar a dança harmônica de todas elas, especialmente como se complementavam e se ajudavam. Compartilho com vocês o que até agora foi integrado, tendo gerado essa nova síntese, que chamamos de Grupo Multirreferencial. O que integramos do Grupo Operativo? A contribuição de Pichon-Rivière sobre os princípios organizadores de um grupo traz a principal equação para compreender a dinâmica dos grupos. O trio necessidade x objetivo x tarefa é uma excelente chave para abrirmos a porta dessa compreensão. As pessoas se agrupam para atender suas necessidades e delas nascem os objetivos e destes as tarefas, como caminhos a serem trilhados para a satisfação das necessidades. Foi a partir dessa compreensão, que incluí em cada projeto uma tarefa, para ser a coluna do trabalho, a qual denomino tarefa estruturante, aquela que à medida que vai sendo desenvolvida, vai ajudando o grupo a atender suas necessidades. Junto a essa tarefa estruturante, são agregadas várias outras tarefas, todas relacionadas com a estruturante, as quais denomino de tarefas complementares. A imagem que me ajudou nessa construção foi: cada grupo tem um caminho a percorrer, esse caminho vem com um mapa. Nele há uma estrada principal, que leva ao destino, mas nessa estrada também se encontram vários atalhos e paradas para abastecimento e descanso, para poder seguir viagem. A construção do mapa é feita a partir da compreensão da demanda do grupo, das suas necessidades e objetivos. Esse mapa, inicialmente, é feito na fase do diagnóstico. Contudo, é atualizado constantemente, para incluir todas as mudanças ocorridas durante o percurso. A estrada principal do mapa é a tarefa estruturante, enquanto os atalhos e paradas são as tarefas complementares. Um trabalho que exemplifica essa construção foi o Desenvolvimento de Lideranças, realizado pela Polibrasil, empresa petroquímica, localizada no polo de Camaçari, na região metropolitana de Salvador-Ba e apresentado no IV Encontro de Terapia Organizacional. 20

A demanda desse projeto era assessorar os líderes a desenvolverem suas equipes, pois apesar de conhecerem muitas ferramentas de gestão, eles precisavam colocá-las em prática com mais frequência. O nome dado a esse projeto foi Desenvolvendo o Papel do Líder Educador, pois uma necessidade explícita era ajudar os líderes a preparem novos colaboradores, em função da grande quantidade de funcionários que iriam se aposentar no decorrer dos próximos anos. No mapa construído, definimos fazer a construção do perfil do líder, realizada pelo próprio grupo, a partir das suas reais necessidades. Essa construção foi feita gradativamente com a participação de todos. Para viabilizar a implementação do perfil construído, eles criaram um instrumento de diagnóstico para se auto-avaliarem frente ao perfil traçado e só a partir desse resultado, grupal e pessoal, traçaram os planos de ação do que precisava ser feito, tanto no grupo como individualmente, já que o trabalho incluía momentos de grupo e momentos de coaching individual. Os planos de ação definiram quais os itens do perfil que precisariam ser desenvolvidos e, para cada um deles, foi construído um trabalho específico. O processo desse trabalho durou três anos e teve como tarefa estruturante a construção do perfil do líder e como tarefas complementares o instrumento de diagnóstico para autoavaliação, os planos de ação e todas as tarefas construídas para desenvolver cada item do perfil, que foram inúmeras, tanto em grupo como individuais. A proposta de traçar um perfil de líder construído pelo grupo permitiu respeitar seu movimento dialético, tendo sido possível incluir todos os saberes já existentes, olhar todos os ângulos dessa prática, inclusive as dinâmicas explícitas e implícitas que permeavam o papel e o fazer do líder nessa organização e assim, poder ressignificar os padrões de comportamentos habituais e construir novas possibilidades, um novo fazer. Saber que o movimento do grupo é constante e dinâmico ajudou a acompanhar e a compreender as inúmeras mudanças ocorridas. Nesse processo, o grupo passou constantemente por momentos de estruturação, definindo uma forma de atuar. Quando essa forma perdia a funcionalidade ou esbarrava em resistências, ela se desestruturava. Somente quando as razões dessa desestruturação eram assimiladas, o grupo conseguia se reestruturar e, assim, seguir o fluxo. Fez-se necessário compreender que nesse fluxo, o grupo passou por momentos de pré-tarefa, quando foram trabalhadas as dinâmicas implícitas e explícitas de resistência, especialmente a expectativa de que não iam receber mais um pacote pronto para ensiná-los a liderar. Só assim ele pôde entrar na tarefa, que era construir o perfil do líder e em seguida começar a visualizar o 21

que ia fazer com esse perfil, ou seja, a visualizar o projeto que iria atender a satisfação das suas demandas. A dinâmica operativa de integrar o saber, sentir e fazer foram fundamentais para que o grupo de líderes pudesse ir alinhando e integrando a teoria com a prática. Essa integração foi facilitada pela postura sugerida por Pichon, de problematizar ao invés de focar nos dilemas. Ou seja, ao invés de ficar na dualidade, é isso ou aquilo, ou então isso não pode, mas isso pode, o grupo foi estimulado durante todo o tempo a se perguntar o quê?, por quê?, como?, quando?, onde?, para quê?, e assim foi fazendo novas perguntas, encontrando novas respostas e com elas, novas soluções. A compreensão dos papéis de porta-voz, líder da tarefa, bode expiatório, sabotador e os representantes do silêncio permitiu compreender também as singularidades e mapear a rede vincular desse grupo. Com essa compreensão, trabalhamos as interferências para a realização da tarefa e assim foi possível olhar as peculiaridades e a policausalidade do caminhar desse grupo, em direção às suas metas. O que integramos da Terapia Organizacional? Da Terapia Organizacional, integramos a estrutura básica de trabalho, isto é, todo projeto tem normalmente duas etapas, uma diagnóstica e outra de acompanhamento. A etapa diagnóstica tem a função de começar a conhecer e se vincular com o grupo e prepará-lo para a segunda etapa, a de acompanhamento. Nessa etapa, serão tratadas todas as questões diagnosticadas e relacionadas com as demandas do trabalho. Uma das maiores sabedorias dessa metodologia, que jamais poderia deixar de ser incluída é a diversidade de dinâmicas", ou seja, a flexibilidade de fazer encontros de grupo de várias formas, de acordo com as necessidades identificadas no decorrer do processo, e simultaneamente fazer os encontros individuais. Essa é a grande chave desse trabalho. Essa diversidade e flexibilidade de dinâmicas permitem trabalhar os temas que vão emergindo de forma mais adequada, sem ficar fixado num modelo rígido. No trabalho da Polibrasil, Desenvolvendo o Papel do Líder Educador, tivemos várias formatações nos grupos. Inicialmente, o grupo gerencial, formado pelo superintendente e gerentes, e mais dois grupos, formados por todas as outras lideranças, os quais contemplavam três níveis. Se ficássemos nessa formatação, com certeza não teríamos conseguido quase nada com esse grupo. 22

No decorrer da segunda etapa, a diversidade de dinâmicas foi grande. Tivemos encontros por áreas de trabalho, encontros entre áreas, encontros entre pares, entre hierarquias e, especialmente, encontros individuais. E a sequência desses encontros era definida pelo percurso da tarefa estruturante, a construção do papel do líder. A sabedoria de ter incluído no contrato a diversidade e a flexibilidade das dinâmicas, juntamente com a simultaneidade dos encontros de coaching individual, foi a chave para ir delineando formas que pudessem incluir as dinâmicas implícitas e explicitas que iam surgindo no decorrer do percurso. Além da estrutura básica e da diversidade das dinâmicas, as três ferramentas - estruturas de defesa, trabalhos corporais e objetos intermediários -, são os outros valiosos recursos incluídos. As estruturas de defesa, como mapa de referência, ajudam a compreender as estruturas de personalidade presentes no grupo, suas competências, dificuldades e resistências, fornecendo várias pistas para facilitar o caminho de transformação. A inclusão dos trabalhos corporais ajuda a dissolver as tensões provenientes não só das estruturas de defesa, como também dos processos de resistência natural do caminho de transformação. Esse recurso ajuda, e muito, a encurtar o tempo de pré-tarefa. Convidar o grupo para trazer suas percepções utilizando objetos intermediários, como desenhos, esculturas, imagens, músicas, poesias, dramatizações, danças, dentre outros, ajudam a criar um campo relaxado e com isso, tendem a diminuir as resistências, o controle e o julgamento do campo mental. Por tudo isso, concluímos que são excelentes recursos facilitadores de expressão, que ajudam a emergir as dinâmicas inconscientes mais facilmente. A utilização de múltiplas linguagens estimula a criatividade e, por sua vez, ajudam a encontrar novas possibilidades. A postura construtivista dessa abordagem também é trazida e vem mais uma vez reforçar a crença de que a sabedoria está no grupo e, por isso, é ele quem constrói o caminho e que encontra e implementa as soluções. O que integramos da Dinâmica Energética do Psiquismo? A possibilidade de despertar a consciência através do corpo tornou-se um grande aliado de ajuda. Incluir a respiração consciente nas tensões corporais, 23

como um recurso para trazer as tensões arquivadas no nosso corpo, para poder escutá-las, compreendê-las e transformá-las. Distensionar as impregnações no corpo é uma forma de despertar a consciência e viabilizar a conexão com nosso Ser Essencial, nossa sabedoria interna, unindo as dimensões corpo, mente, emoção e espírito. Essa compreensão constituiu-se num grande recurso de trabalho. As informações sobre campo mórfico do grupo, essa rede invisível de informações, ampliam a escuta perceptiva e, por sua vez, a compreensão das demandas do cliente. Os campos mórficos registram e transportam informações, de forma não observável pelos nossos sentidos, mas que exercem influências invisíveis no tempo e no espaço, as quais se tornam visíveis pelos seus efeitos concretos. Nesses campos, estão impressos crenças, padrões de comportamento e características oriundas da herança cultural de cada grupo. Os níveis de consciência de um grupo trazem um mapa de referência, que ajuda a compreender ainda mais a sua realidade e a decodificar melhor as informações percebidas. Lembro-me, neste momento, de uma das dinâmicas do Desenvolvendo o Papel do Líder Educador, quando o grupo tocou num tema difícil, por isso, trazido apenas pelas bordas. Nesse momento, visualizei claramente que o melhor recurso era ajudá-lo a ampliar a consciência do tema através do corpo. As pessoas puderam então identificar as tensões corporais e com a respiração focada nessas tensões foram ajudando a desbloqueá-las. Após a partilha das experiências, elas puderam voltar ao tema com mais clareza e suavidade e juntas foram encontrando novas possibilidades para lidar com ele. O que integramos da Constelação Organizacional? Essa é uma técnica que ajuda a explicitar as percepções sobre uma questão, para em seguida, pesquisar as informações do campo mórfico onde a questão está inserida. Essas percepções são explicitadas mediante imagens, realizadas através de pessoas ou objetos. Essas imagens, também chamadas de Colocações Sistêmicas, trazem as percepções internas, muitas vezes inconscientes, das questões, facilitando identificar as desordens que ocasionaram o desequilíbrio. A partir dessas identificações, torna-se possível testar hipóteses e buscar novas soluções. 24

Trazemos juntamente com as constelações os princípios fundamentais do sistema organizacional, os quais funcionam como mapa de referência, para não só ajudar na compreensão das informações provenientes do campo mórfico do sistema onde a questão se encontra, como também orientar na identificação das hipóteses e na busca de soluções. Numa das constelações, realizada numa turma de formação do Grupo Multirreferencial, foi trabalhada a desintegração decorrente de uma reestruturação organizacional, que estava gerando muito desconforto. Ao colocar a imagem dessa questão constatou-se muitos pontos de integração entre os grupos, apesar do aparente afastamento. O que gerava desconforto era o desequilíbrio provocado pelas constantes mudanças. A constelação pôde ajudar o grupo a reconhecer os pontos de integração e isso o fortaleceu nas suas relações com o propósito do projeto. Como todas essas contribuições são agregadas? Os pontos destacados acima representam os passos das danças, os quais podem ser combinados com muitas possibilidades e fazer muitas coreografias, dependendo da música, do contexto e do objetivo. Na tentativa da síntese, agregamos: do Grupo Operativo: a tarefa e como um grupo se organiza e opera em direção à satisfação das suas necessidades; da Terapia Organizacional: a diversidade e flexibilidade das dinâmicas grupais e individuais, as estruturas de defesa, os trabalhos corporais e os objetos intermediários; da Dinâmica Energética do Psiquismo: o despertar da consciência através do corpo, a escuta perceptiva do campo mórfico, como recursos para despertar nosso Ser Essencial; da Constelação Organizacional: as colocações organizacionais e os princípios do sistema organizacional. Compartilho com vocês uma das coreografias mais frequentes. Acompanhemme, pois vou tentar descrevê-la da melhor forma que consigo. Desde o momento inicial, quando sou chamada para atender a uma demanda e durante todo o trabalho, quatro assessores me acompanham. O Grupo Operativo chega logo, lembrando a tarefa e como um grupo se organiza, e fica do meu lado direito, afinal ele é o primogênito. Depois chega a Terapia Organizacional com a Estrutura Básica de Trabalho e o Mapa das Defesas. Em seguida, é a vez da Escuta Perceptiva da Dinâmica Energética do Psiquismo. Mesmo ficando ao lado da Terapia Organizacional, a Escuta Perceptiva se espalha e vai colhendo informações do campo mórfico. E por 25

último chegam os Princípios do Sistema Organizacional da Constelação Organizacional, e se achega junto da Dinâmica Energética do Psiquismo. Como cada um já tem um bom lugar no meu coração, eles estão em paz e conversam bastante entre si, trocando muitas figurinhas e mandando informações pela Escuta Perceptiva, a porta-voz desse grupo de Assistentes. Quando o trabalho é contratado, então mãos à obra. É nessa hora que a coreografia começa a se movimentar. São muitos os movimentos, mas dentro dessa diversidade há um que é o mais usual. Vamos conhecê-lo passo a passo: Na 1ª etapa: 1. Acolher o grupo; 2. Conhecer suas expectativas e necessidades; 3. Conhecer os integrantes do grupo; 4. Fazer o acordo de convivência; 5. Mapear as percepções do sistema onde estão inseridos; 6. Conhecer como o Ser Humano funciona na sua multidimensionalidade: física, mental, emocional e espiritual. Na 2ª etapa: 1. Diversos temas de acordo com as demandas identificadas, como: desenvolvimento de equipe, desenvolvimento do papel profissional, relações interpessoais, comunicação, motivação, autoestima, mudança, processo de aprendizagem, entre outros; 2. Definição e construção da tarefa estruturante; 3. Avaliação dos resultados obtidos; 4. Construção das formas de sustentabilidade dos resultados obtidos. Dentro dessa programação inicial, é fundamental a definição dos grupos que, mesmo podendo ser alterada, já permite dar o tom do trabalho e definir caminhos para a obtenção das metas. Agora chegou a hora dos diversos atos dessa grande coreografia. Cada ato é uma dinâmica, seja ela em grupo ou individual. Para cada uma delas, temos diversas atividades interativas e criativas utilizando múltiplas linguagens, dinâmicas de grupo, jogos, dramatizações, constelações organizacionais, trabalhos de distensão corporal como respiração, alongamentos e relaxamentos. Todos esses passos são cuidadosamente escolhidos, de acordo com as demandas solicitadas, com o sistema de crenças e as estruturas de 26