AVALIAÇÃO DE PROJETOS E/OU PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE PROJETOS E/OU PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Sandra M. Bastianello Scremin Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - UFSC sscremin@eps.ufsc.br Silvana Pezzi Laboratório de Ensino a Distância UFSC spezzi@eps.ufsc.br Ricardo Miranda Barcia Laboratório de Ensino a Distância UFSC barcia@led.ufsc.br Abstract The growing relevance of the part played of the evaluation in governmental politics is something evident, mostly in the ambit of education. In this context, considering that the evaluation of educational projects, specially in distance education, is still incipient and characterised by the diversity of approaches, a contribution is proposed through this work for the development of an institutional culture of evaluation. For that purpose subsidies were searched within the concept of project evaluation and within the different approaches of it, to perform the evaluation of a professional education course on a basic level in the distance modality. In this evaluation process, it is possible to verify that the formative evaluation is presented as a potential element for the generation of knowledge and to give the subsidies to support the taking of decisions. Key words: Distance education, evaluation of projects and formative evaluation Introdução A instantaneidade das informações e as contradições da globalização, características da sociedade contemporânea - sociedade do conhecimento, exigem uma maior rapidez na tomada de decisões frente a problemas cada vez mais complexos. Neste contexto, é evidente a crescente relevância da avaliação nas políticas governamentais, de modo especial no âmbito da educação, onde a avaliação assume papel de destaque como ENEGEP 2002 ABEPRO 1

processo auxiliar e fundamental na tomada de decisões, na medida em que fornece informações úteis a quem decide. No entanto, a falta de critérios de avaliação e a inexistência de uma memória sistematizada de programas desenvolvidos e das avaliações realizadas, quando estas existiram, são segundo Nunes (1998) alguns dos fatores que impediram o progresso e a massificação da educação a distância. Isto aponta para a necessidade de desenvolver uma cultura institucional de avaliação, sendo que a avaliação de projetos educacionais, de modo particular na educação a distância, é ainda incipiente e caracterizada pela diversidade de abordagens. Neste trabalho, busca-se contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de avaliação, que não vise apenas os resultados mas sim que esteja voltada para a geração de conhecimento e fornecimento de subsídios em apoio a tomada de decisões. Para tanto, primeiro apresenta-se alguns conceitos e conotações da avaliação, salientando a importância da avaliação de projetos e/ou programas que envolvem educação a distância. Na segunda parte faz-se um breve relato da avaliação de um curso de educação profissional de nível básico na modalidade a distância. Na busca do conceito À medida que a avaliação, como disciplina científica, foi se desenvolvendo na segunda metade do século XX, foram se definindo princípios e terminologias próprias e importantes de se considerar, pois segundo Faria (2001) a avaliação, em sentido específico, assume diferentes conotações e conceitos levando em consideração seu papel, seus fins/metas e o usuário privilegiado de seus resultados. Faria (2001) ainda destaca a grande contribuição de Scriven (1967) ao distinguir os fins/metas dos papéis da avaliação. Segundo a autora, para Scriven, o papel da avaliação é pedagógico e formativo, pois examina questões que podem ser modificadas durante a elaboração e implementação do programa, de modo a aprimorá-lo. E, a meta da avaliação é julgar, comparativamente, produtos acabados de modo a justificar e validar instrumentos, procedimentos e conteúdos, atribuindo-lhes valor para alcançar os propósitos prioritários do programa ou projeto avaliado. A avaliação de um projeto supõe um processo de tomada de decisão dentro da instituição, por isso é importante ser analisado para quem se avalia, ou qual é o escalão dentro da estrutura de poder para o qual se realiza a avaliação. Cohen e Franco (1999) Em Aguilar e Ander-Egg (1995) encontra-se uma definição detalhada sobre avaliação de programas: A avaliação é uma forma de pesquisa social aplicada, sistemática, planejada e dirigida; destinada a identificar, obter e proporcionar de maneira válida e confiável dados e informação suficiente e relevante para apoiar um juízo sobre o mérito e o valor dos diferentes componentes de um programa (tanto na fase de diagnóstico, programação ou execução), ou de um conjunto de atividades específicas, que se realizam, foram realizadas ou se realizarão, com o propósito de produzir efeitos e resultados concretos; comprovando a extensão e o grau em que se deram essas conquistas, de forma tal que sirva de base ou guia para a tomada de decisões racional e inteligente entre cursos de ação, ou para solucionar problemas e promover ENEGEP 2002 ABEPRO 2

o conhecimento e a compreensão dos fatores associados ao êxito ou fracasso de seus resultados. Diante do exposto, entende-se a avaliação como um meio de informação, como o refinamento do conhecimento gerado durante o processo e na formulação de juízos de valor em apoio a tomada de decisão. Pode-se estabelecer diferenças na avaliação segundo quem a realiza e o momento em que é realizada. Numa primeira abordagem, segundo a procedência do(s) avaliador(es), para Cohen e Franco (1999) a avaliação pode ser: interna, externa, mista e participativa. a) Avaliação Interna: é aquela que tem como avaliadores pessoas da própria instituição, mas não diretamente responsáveis pela execução do projeto (Reis, 1999). b) Avaliação Externa: é aquela realizada por avaliadores especializados, não vinculados a instituição executora do projeto (Reis, 1999). c) Avaliação Mista: é aquela que recorre a uma combinação das avaliações externas e internas (Reis, 1999), é realizada por uma equipe onde os avaliadores externos trabalham em estreito contato e com a participação dos membros do projeto a ser avaliado (Cohen e Franco, 1999). d) Avaliação Participativa: é aquela em que participam a população-objeto do projeto juntamente com os executores do mesmo. Sua utilização é recomendada particularmente para projetos de pequeno porte (Cohen e Franco, 1999). Ainda, em relação a quem avalia, Reis (1999) acrescenta a auto-avaliação como sendo aquela realizada pelos próprias pessoas encarregadas pela execução do projeto. Em Faria (2001), a avaliação é apresentada, segundo o momento em que se realiza, como: a) Avaliação ex-ante ou Diagnóstico: como o próprio nome diz, é a avaliação que deve ser realizada na etapa de concepção do programa. Seus resultados ajudam a direcionar o foco, definir o conteúdo, os fluxos de implementação, o montante de recursos e outros fatores importantes antes de iniciar o programa. b) Monitoramento (acompanhamento gerencial): é a avaliação que trata dos aspectos operacionais de implementação do programa, com o propósito de corrigir eventuais defasagens entre o planejamento e sua execução, entre o previsto e o realizado, significa julgar e aprimorar a eficiência gerencial. c) Avaliação Formativa: corresponde ao papel da avaliação e tem por objetivo averiguar os aspectos de programas que podem ser ou que precisem ser aprimorados e confirmar os aspectos do programa que funcionam satisfatoriamente em direção aos objetivos propostos. Ou seja, a avaliação formativa por ser realizada durante o desenvolvimento do programa permite avaliar a sua eficácia. d) Avaliação ex-post ou Somativa: responde a questões sobre um produto acabado, sobre um programa implementado e o compara com outro(s) programa(s). As recomendações decorrentes desta avaliação indicam a manutenção ou substituição de partes ou do todo. Traduz julgamento e escolha, avalia a efetividade. Cohen e Franco (1999) distinguem a avaliação, em função do momento em que se realiza, em ex-ante e ex-post, sendo que a primeira é realizada ao começar o projeto, antecipando fatores considerados no processo decisório. A segunda ocorre quando o processo já está em execução ou já está concluído e as decisões são adotadas tendo como base resultados efetivamente alcançados. E, para os autores, na avaliação ex-post, a dimensão temporal permite diferenciar as fases do durante a realização do projeto (avaliação de processos) e do depois (avaliação de impacto). ENEGEP 2002 ABEPRO 3

Sendo que a avaliação de processos olha para as correções ou adequações e a avaliação de impacto olha se o projeto funcionou ou não. No quadro 1 apresenta-se uma síntese dos diferentes tipos de avaliação relacionados com os critérios da procedência dos avaliadores e do momento de sua realização. No entanto, é importante ressaltar que muitos fatores influenciam na escolha do tipo de avaliação a ser adotada, entre outros pode-se citar os recursos financeiros, a finalidade da avaliação e a fase em que se encontra o projeto. Critério Procedência dos avaliadores Momento em que se realiza a avaliação Tipo de avaliação Avaliação Externa Avaliação Interna Avaliação mista Avaliação participativa Auto- avaliação Avaliação Ex-ante ou diagnóstico Avaliação Ex-post Formativa (de processos) Somativa (de impacto) Quadro 1 : Tipos de Avaliação Lobo Neto (2001) apresenta as contribuições da avaliação de programas educacionais: A importância da verificação da aprendizagem do aluno, vem esmaecendo a necessidade de avaliar os programas educacionais como um todo. Esta, que tem naquela um importante indicador, é que nos permite trabalhar concretamente a melhoria do serviço educacional, contribuindo para: Definição da natureza que vem sendo determinada em um processo cumulativo iniciando-se pelo estágio de mensuração e que, passando pela descrição, julgamento, chega ao estágio em que todos os antecedentes desembocam em um juízo de valor participativo, obtido em um processo de negociação; Definição de operação que não deve evitar, mas absorver e processar dados objetivos e percepções subjetivas, análise por critério e por comparação, dúvidas e juízo crítico, chegando sempre a resultados que devem ser comunicados para que sirvam à retomada do processo, seja pela retificação da ação em curso, seja pela construção de nova ação. E, o Ministério da Educação ao estabelecer os indicadores de qualidade para cursos de graduação a distância enfatiza a necessidade destes serem acompanhados e avaliados em todos os seus aspectos, de forma sistemática, contínua e abrangente devido a seu caráter diferenciado e aos desafios que enfrentam. ( Brasil, 2001) Ainda, ao reconhecer na avaliação um dos aspectos fundamentais para a qualidade de um curso de graduação a distância, além de considerar as vantagens de uma avaliação externa, propõe que a instituição promotora deva desenhar um processo contínuo de avaliação quanto: à aprendizagem dos alunos ENEGEP 2002 ABEPRO 4

às práticas educacionais dos professores orientadores ou tutores; ao material didático (seu aspecto científico, cultural, ético e estético, didático-pedagógico, motivacional, de adequação aos alunos e às tecnologias de informação e comunicação utilizadas, a capacidade de comunicação, dentre outros) e às ações dos centros de documentação e informação (midiatecas); ao currículo (sua estrutura, organização, encadeamento lógico, relevância, contextualização, período de integralização, dentre outros); ao sistema de orientação docente ou tutoria (capacidade de comunicação através de meios eficientes; de atendimento aos alunos em momentos a distância e presenciais; orientação aos estudantes; avaliação do desempenho dos alunos; avaliação de desempenho como professor; papel dos núcleos de atendimento; desenvolvimento de pesquisas e acompanhamento do estágio, quando houver); à infra-estrutura material que dá suporte tecnológico, científico e instrumental ao curso; ao modelo de educação superior e de curso de graduação a distância adotado (uma soma dos itens anteriores combinada com análise do fluxo dos alunos, tempo de integralização do curso, interatividade, evasão, atitudes e outros); à realização de convênios e parcerias com outras instituições; à meta-avaliação (um exame crítico do processo de avaliação utilizado: seja do desempenho dos alunos, seja do desenvolvimento do curso como um todo). Considera-se que, todos os aspectos propostos pelo Ministério da Educação para a avaliação de cursos de graduação na modalidade a distância, podem e devem ser utilizados, com as devidas adaptações para cada situação, na avaliação de cursos de qualquer nível na modalidade a distância. Sendo que concorda-se com Litwin (2001) quando diz que: As múltiplas possibilidades oferecidas pela educação a distância estão diretamente relacionadas à flexibilidade que caracteriza todos os programas. Isto quer dizer que as propostas de implementação não respondem a um modelo rígido, mas exigem uma organização que permita ajustar de forma permanente as estratégias desenvolvidas, a partir da retroalimentação provida pelas avaliações parciais do projeto. Considerar a avaliação uma função de rotina, mais desejada do que temida, é o caminho certo para o desenvolvimento de uma atividade que deve deixar de ser esporádica para se tornar regular. Uma das pretensões deste trabalho foi chamar a atenção para o fato da avaliação não ser tarefa fácil nem acessível sem algum estudo e investimento preliminar, no entanto ela é imprescindível para o sucesso de qualquer projeto e/ou programa. Nesse sentido, é preciso compreender a avaliação e o planejamento como práticas indissociáveis e a avaliação como um processo permanente que vai revelando o que corrigir ou o que enriquecer e que se realiza por meio de ações relacionadas entre si. E, considerar que a excelência do processo avaliativo está em ser útil na informação que oferece, viável na realização de sua trajetória, ética em seus propósitos e conseqüências e precisa na elaboração de seus instrumentos e tratamento de seus dados. Penna Firme (2000) Assim, neste trabalho utiliza-se a avaliação segundo a concepção de Penna Firme (2000) ao considerar que a avaliação deve servir para consolidar entendimentos, apoiar necessárias atuações e ampliar o comprometimento e o aperfeiçoamento de indivíduos, grupos, programas e instituições, enquanto permite a formulação de juízos e recomendações, que geram ações, políticas e conhecimento. ENEGEP 2002 ABEPRO 5

Dentro deste contexto, apresenta-se a seguir um breve relato da avaliação de um curso de educação profissional básica na modalidade a distância, onde utilizou-se a avaliação como geração de conhecimento no apoio a tomada de decisões, visando o aprimoramento e a continuidade do mesmo. Relato de uma avaliação Nesta Segunda parte apresenta-se as informações resultantes da avaliação realizada em um curso de qualificação básica em Refrigeração e Condicionamento de Ar na modalidade a distância, promovido pela área de Refrigeração e Condicionamento de Ar da Unidade de Ensino Descentralizada de São José do sistema Escola Técnica Federal de Santa Catarina. Curso, com base no material impresso que utiliza o correio eletrônico como principal meio de comunicação, destinado às pessoas que trabalham ou desejam trabalhar na área mas que não tem formação técnica e nem condições de obtê-la na modalidade presencial. Considerando que, segundo Scriven (apud Faria, 2001),... a avaliação usada para aprimorar um curso ou currículo quando ele ainda está em uma etapa fluida [em desenvolvimento] contribui mais para o aprimoramento da educação do que a avaliação usada para examinar um produto já colocado no mercado, e o curso estar em fase de desenvolvimento optou-se pela avaliação formativa no desenvolvimento da pesquisa. Na coleta dos dados, utilizou-se como instrumento de pesquisa: Análise Documental: do projeto do curso, das fichas de inscrição dos alunos e das apostilas do curso com o objetivo de tomar conhecimento do processo de implantação e funcionamento do mesmo. Entrevista estruturada: realizada com o coordenador do curso com o objetivo de obter informações sobre o processo de implantação do curso bem como sobre seu atual estágio de desenvolvimento. Questionário: dirigido aos alunos participantes do curso no momento da pesquisa, com objetivo de coletar informações do aluno sobre o curso, enviados via correio, em número de 28 e com um retorno de 15 questionários. Da coleta, organização, análise e interpretação dos dados da pesquisa pode-se destacar alguns aspectos considerados relevantes: Perfil do aluno: em relação a distribuição dos alunos por idade, a maior concentração está na faixa dos 27 e 35 anos (64%). Quanto a distribuição dos alunos segundo suas atividades verificou-se que há uma concentração expressiva de profissionais (68%) ligados a área de desenvolvimento do curso. Assim é possível inferir que a maioria dos alunos está realizando o curso em função da necessidade de atualização imposta pelo mercado. Ainda, na distribuição dos alunos por estado de domicílio foi verificada a presença de onze unidades federativas brasileiras, sendo a maior concentração nos estados de Santa Catarina e São Paulo, com 25% e 21% dos alunos, respectivamente; Nível de informação dos alunos sobre o curso: os dados demonstraram a necessidade de maior esclarecimento aos alunos sobre os objetivo, normas de funcionamento, programa, duração e carga horária do curso bem como sobre a certificação conferida ao final do mesmo, principalmente no momento da inscrição; Material Didático: apesar de ter sido considerado bom ou ótimo por 80% dos alunos no que se refere a apresentação gráfica e a linguagem utilizada, nos comentários dos alunos pode-se constatar a necessidade de ajustes no que se refere a presença de elementos para mantê-los motivados; ENEGEP 2002 ABEPRO 6

Atendimento ao aluno: tanto os alunos como a coordenação do curso concordam que não foi satisfatório o retorno às dúvidas dos alunos. Ambos atribuem este fato a existência de problemas relacionados aos meios de comunicação utilizados e também por não ter sido estipulado, no cronograma do curso, um prazo para retorno ao aluno. Ainda, os alunos afirmam que muitas vezes isto afetou desenvolvimento de suas atividades; Aceitação da modalidade a distância: considerando que 93% dos alunos declararam ter interesse em participar de outros cursos na modalidade a distância, pode-se inferir que cursos nesta modalidade tem grande aceitação nesta área; Equipe multidisciplinar: na entrevista e também durante o processo de avaliação do curso tornou-se evidente, em vários momentos, a necessidade de uma equipe multidisciplinar envolvida diretamente com todo o processo do curso. Numa síntese geral pode-se dizer que o curso tem boa aceitação por parte dos alunos, no entanto sugere-se que deva ser dada atenção especial no atendimento ao aluno e ao estabelecimento de prazos para resposta às dúvidas dos mesmos como forma de mantê-los motivados. Importante salientar que a coleta e análise dos dados proporcionou um conjunto de informações, envolvendo os mais diversos aspectos do curso e, a avaliação formativa, realizada durante o seu desenvolvimento, gerou conhecimento e recomendações que foram sendo naturalmente incorporadas na busca da melhoria e continuidade do mesmo. Considerações Finais Pode-se perceber, durante o desenvolvimento da pesquisa, a necessidade de desenvolver uma cultura institucional de avaliação, onde no planejamento de qualquer projeto e/ou programa, principalmente na educação a distância, já esteja contemplada a avaliação do mesmo. Ou ainda, conforme Reis (1999) a criação de uma cultura institucional onde a avaliação não paire como ameaça, mas seja encarada como um aspecto que auxilia na tomada de decisões que beneficiem tanto a organização quanto outros atores envolvidos nos projetos. E, pode-se constatar que, para a avaliação de projetos e/ou programas de educação a distância, a avaliação formativa é mais rica em informações para auxiliar na tomada de decisões, pois permite identificar, durante o desenvolvimento, aspectos que devam ser reforçados ou requeiram reformulação para garantir a continuidade e credibilidade dos mesmos. Assim, faz-se necessário estabelecer um processo sistêmico de avaliação tanto no fornecimento de subsídios para a implementação como para a garantia de continuidade e credibilidade de programas na modalidade a distância. BIBLIOGRAFIA AGUILAR, Maria José; ANDERR-EGG, Ezequiel. Avaliação de Serviços e Programas Sociais. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1995. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Indicadores de Qualidade para Cursos de Graduação a Distância. Brasília. Disponível em <http://www.mec.gov.br/seed/indicadores.shtm>. Acesso em: 24 de junho de 2001. ENEGEP 2002 ABEPRO 7

COHEN, Ernesto; FRANCO, Rolando. Avaliação de Projetos Sociais. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1999. FARIA, Regina Marta Barbosa. Avaliação de Programas Sociais. In YANNOULAS, Silvia C. (Org). Atuais Tendências na Educação Profissional. p.152-227. Brasília: Paralelo 15, 2001. LOBO NETO, Francisco José da Silveira. Educação a Distância: Regulamentação, Condições de Êxito e Peraspectivas. Disponível em <http:www.intelecto.net/esd/lobo1.htm>. Acesso em 11janeiro2001. LITWIN, Edith. Das Tradições à Virtualidade. In (Org). Educação a distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001. NUNES, Ivônio Barros. Noções de Educação a Distância. Disponível em<http:www.intelecto.net/esd/ivonio1.html>. Acesso em 16 maio 2000. PENNA FIRME, Thereza. Avaliação por competência. In Educação Profissional- MEC, Brasília, n.2, p.18, out/2000. REIS, Liliane G. da Costa. Avaliação de Projetos como Instrumento de Gestão. Apoio à Gestão. Seção Tema do Mês. Disponível em <http://www.rits.org.br/gestao/ge_tmesant_nov99.cfm>.acesso em 15 de out.2001. ENEGEP 2002 ABEPRO 8