INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1



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Transcrição:

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 Daiane Coimbra de Freitas * Helenice Maria Tavares ** RESUMO Estimular as Inteligências Múltiplas na Educação Infantil garante um aprendizado significativo e prazeroso? O objetivo deste artigo é oportunizar aos professores da educação infantil maior conhecimento referente ao tema. Despertar o interesse do docente em favorecer o desenvolvimento das inteligências múltiplas. Aguçar no mesmo o desejo de se apropriar da temática para sua prática pedagógica. Para o desenvolvimento deste, foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Verificou-se que é fundamental o desenvolvimento das inteligências múltiplas na educação infantil, pois, todas as pessoas possuem tais competências cognitivas que são importantes para o seu desenvolvimento e que podem ser constantemente aperfeiçoadas, além de serem um novo instrumento de ensino e aprendizagem imprescindível na formação pessoal de cada aluno, e para isso o currículo escolar deve apoiar o professor durante sua atuação, visto que o mesmo é a base para que a educação aconteça na instituição. Palavras-chave: Educação Infantil. Ensino-Aprendizagem. Inteligências Múltiplas. Prática Pedagógica. Jogos. Considerando que as inteligências múltiplas tem papel fundamental no desenvolvimento do ser humano, é possível por meio do estímulo das mesmas proporcionar um ensino e aprendizagem prazerosos e significativos, desde a educação infantil, por esta ser o primeiro contato da criança com o cotidiano e o meio escolar. Ao estimular tais inteligências, prioriza-se não somente a criança, mas o ser humano em si de forma integral, visto que o mesmo, possui todas essas capacidades cognitivas e que estas devem ser constantemente trabalhadas. O presente artigo tem como objetivos favorecer aos professores dessa modalidade de ensino um conhecimento mais amplo sobre esse tema; despertar o interesse do docente em desenvolver as inteligências múltiplas e aguçar nele a vontade de apropriação da temática para sua prática pedagógica, além de propor ações didáticas que podem ser adicionadas ao currículo escolar. Este, apresenta a inclusão de jogos no cotidiano escolar, como ferramentas facilitadoras no processo de ensino-aprendizagem. 1 Trabalho apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. * Graduanda em Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: daianecfl@yahoo.com.br. ** Professora orientadora do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: tavareshm@netsite.com.br.

Para a elaboração do artigo, utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo. (GIL, 1999, p. 65). A educação infantil destinada à crianças de 0 a 6 anos de idade tem como finalidade o desenvolvimento integral do aluno, além de prepará-lo para as séries seguintes de ensino. Desde muito cedo, elas frequentam creches e pré-escolas com o intuito de complementar a educação familiar; no entanto, nem sempre foi assim. Durante muitos anos, a educação da criança foi considerada uma responsabilidade da família ou de qualquer outro grupo ao qual pertencesse. [...] Era junto aos adultos e outras crianças com as quais convivia que a criança aprendia a se tornar membro deste grupo; a participar das tradições que eram importantes para ela e a dominar os conhecimentos que eram necessários para a sua sobrevivência material e para enfrentar as exigências da vida adulta. Por um bom período na história da humanidade, não houve nenhuma instituição responsável por compartilhar esta responsabilidade pela criança com seus pais e com a comunidade da qual estes faziam parte. Isso nos permite dizer que a educação infantil com nós a conhecemos hoje, realizada de forma complementar à família, é um fato muito recente. Nem sempre ocorreu do mesmo modo, tem, portanto, uma história. (BUJES, 2001, p. 13-22). Após um longo processo, a educação infantil começa a ser vista com outros olhares e passa de assistencialista à educacional, devido não apenas ao contexto histórico, mas também econômico, político e social que passaram por transformações. A educação infantil envolve então, dois processos fundamentais: cuidar e educar. A caracterização da instituição de educação infantil como lugar de cuidado e educação adquire sentido quando segue a perspectiva de tomar a criança como ponto de partida para a formulação das propostas pedagógicas. Adotar essa caracterização como se fosse um dos jargões do modismo pedagógico, esvazia seu sentido e repõe justamente o oposto do que se pretende. A expressão tem o objetivo de trazer à tona o núcleo do trabalho pedagógico consequente com a criança pequena. Educá-la é algo integrado ao cuidá-la. ( KUHLMANN JUNIOR, 2001, p. 60). Diante da mudança de concepção e da diferente visão sobre a criança, nascem as creches e pré-escolas com o cunho educativo. Visto então, que a educação deve começar nos primeiros anos de vida, a criança passa a dispor desse direito como cidadã. E para garantir esse direito, a Lei de Bases e Diretrizes da

Educação Nacional (LDB), que é um documento legalmente político, destaca em seu artigo 29 o asseguramento dessa educação para os pequenos.(brasil, 1996). De acordo com a LDB, a educação infantil será oferecida em: I- creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II- pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. (BRASIL, 1996, p. 99). O público dessas entidades educacionais, devem ser encarados, assim como todo ser humano, como sujeito social e construtor de história, que vive numa sociedade e possui cultura própria. Cada criança é singular e desenvolve de forma diferente uma da outra. No processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem idéias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. (BRASIL, 1998, p. 21-22). Outro aspecto importantíssimo que deve-se considerar é o papel do professor; afinal este é o mediador entre conhecimento e a criança na escola. Há algum tempo os profissionais que atuavam nessa área precisavam apenas concluir o magistério à nível do Ensino Médio para lecionar. Atualmente, exige-se que para atuar na área educacional, seja necessário concluir nível superior. Isso leva a crer que como o processo de ensino/aprendizagem é algo importante para o ser humano, então, justo se faz admitir profissionais capacitados, que além de transmitir o conhecimento, sejam pesquisadores, críticos e reflexivos. Para que as crianças se desenvolvam e vivenciem um processo de ensino e aprendizagem de qualidade, é essencial que o ambiente escolar seja adequado para contribuir nesse processo. O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para o desenvolvimento físico e cognitivo dos alunos considerando a faixa etária de cada um e também os vários momentos lúdicos que lá acontecem. Para tal, os recursos materiais utilizados no processo educativo, devem ser cuidadosamente planejados. Eles são fundamentais uma vez que auxiliam a ação e o desenvolvimento do aluno. Portanto, o espaço disposto para a sala de aula deve atender às necessidades das crianças, facilitando para as mesmas o manuseio e o uso dos materiais, para que dessa forma haja o incentivo à ludicidade e à autonomia de cada uma, garantindo suas habilidades e despertando outras. Tanto o ambiente quanto o profissional envolvido nesse processo, possuem papéis fundamentais na aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo das crianças.

Ao considerar que cada criança tem sua maneira ímpar de aprender, Gardner (1995), apresenta uma visão pluralista da mente, que reconhece que as pessoas possuem formas cognitivas diferenciadas; além de introduzir uma escola voltada para o indivíduo onde se considere essa visão múltipla de inteligência. O conceito de inteligência para Gardner (1995), é a capacidade do ser humano de resolver problemas e de elaborar produtos; insatisfeito com o conceito de QI e com as visões únicas de inteligência, ele cria a Teoria das Inteligências Múltiplas (IM) e aprofunda seus estudos nisso, por acreditar que é preciso observar as fontes de informações mais naturais a respeito da maneira de como as pessoas desenvolvem capacidades importantes para sua forma de viver. A Teoria das Inteligências Múltiplas, foi esboçada no séc. XVII, na preocupação de ensinar tudo a todos. Essa afirmação remete à teoria de Gardner (1995) que enfatiza as múltiplas inteligências que o ser humano dispõe. A priori ele, destaca sete inteligências. Eu agora gostaria de mencionar brevemente as sete inteligências que localizamos e citar um ou dois exemplos de cada uma delas. A inteligência linguística é o tipo de capacidade exibida em sua forma mais completa, talvez, pelos poetas. A inteligências lógico-matemática, como o nome implica, é a capacidade lógica e matemática, assim como a capacidade científica. Jean Piaget, o grande psicólogo do desenvolvimento, pensou que estava estudando toda a inteligência, mas eu acredito que ele estava estudando o desenvolvimento da inteligência lógico-matemática. Embora eu cite primeiro as inteligências linguística e lógico-matemática, não é porque as julgue as mais importantes de fato, estou convencido de que todas as sete inteligências têm igual direito à prioridade. Em nossa sociedade, entretanto, nós colocamos as inteligências linguística e lógico-matemática, figurativamente falando, num pedestal. Grande parte de nossa testagem está baseada nessa alta valorização das capacidades verbais e matemáticas. Se você se sai bem em linguagem e lógica, deverá sair-se bem em testes de QI e SATs, e é provável que entre numa universidade de prestígio, mas o fato de sair-se bem depois de concluir a faculdade provavelmente dependerá igualmente da extensão em que você possuir e utilizar as outras inteligências, e é a essas que desejo dar igual atenção. A inteligência espacial é a capacidade de formar um modelo mental de um mundo espacial e de ser capaz de manobrar e operar utilizando esse modelo. Os marinheiros, engenheiros, cirurgiões, escultores e pintores, citando apenas alguns exemplos, todos eles possuem uma inteligência espacial altamente desenvolvida. A inteligência musical é a quarta categoria de capacidade identificada por nós: Leonard Bernstein a possuía em alto grau; Mosart, presumivelmente, ainda mais. A inteligência corporal-cinestésica é a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou partes do corpo. Dançarinos, atletas, cirurgiões e artistas, todos apresentam uma inteligência corporal-cinestésica altamente desenvolvida. Finalmente, eu proponho duas formas de inteligência pessoal não muito bem compreendidas, difíceis de estudar, mas imensamente importantes. A inteligência interpessoal é a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. Os vendedores, políticos, professores, clínicos (terapeutas) e líderes religiosos bem- sucedidos, todos provavelmente são indivíduos com altos graus de inteligência interpessoal. A inteligência intrapessoal, um sétimo tipo de inteligência, é a capacidade correlativa, voltada para dentro. É a capacidade de formar um modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida. (GARDNER, 1995, p. 15).

Além dessas inteligências, Gáspari e Schwarts (2002, s.p.), identificam a inteligência Naturalista como a capacidade do homem de reconhecer objetos da natureza e simbolicamente, reconhecer-se como dotado de um corpo, com espaço ecológico integrante, integrado e integrador homem-natureza e natureza-humana. Apontam também a inteligência Existencialista como a reflexão sobre a finitude, transitoriedade, condição de transcendência, questões inerentes à sua própria existência. (GÁSPARI; SCHWARTS, 2002, s.p.). Todas essas competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo Howard Gardner, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Ele ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes umas das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências [...]. (GAMA, s.d, s.p). A partir dos conceitos da teoria das IM apresentados, intui-se que o conhecimento é auto-construído e que as inteligências são educáveis, desde que trabalhadas adequadamente. A escola pode ser, portanto, um espaço fomentador de novas maneiras de pensar. (RIBEIRO, 2009, s.p.). Sendo assim, estimular as inteligências múltiplas já na educação infantil é uma possibilidade de desenvolver integralmente a criança, ou seja, desenvolver tanto os aspectos motores como cognitivos, fazendo com que a mesma compreenda melhor as coisas e encontre uma saída para possíveis problemas, além de promover também a inteligência global, o que de certa forma favorecerá à essa criança em sua fase adulta ter um auto-controle sobre determinadas situações. Há várias maneiras de estimular tais inteligências, e nesse contexto o jogo ganha seu espaço como ferramenta metodológica ideal na aprendizagem, ou seja, o jogo é o melhor caminho para incentivar à criança a aprender. Ele auxilia na construção de novas descobertas, no desenvolvimento da sua personalidade e é um intrumento pedagógico para o professor. Na maioria das vezes, os jogos estimulam as várias habilidades do aluno, isso depende da forma de como o docente trabalha tais jogos; afinal, jamais uma inteligência é estimulada isoladamente. Por meio deles o professor pode desenvolver o corpo, a musicalidade, a

matemática, a fala, o espaço, as relações inter e intrapessoais, entre outras capacidades. Além disso, também as brincadeiras podem proporcinar esses estímulos de maneira lúdica. O brincar é algo inerente à infância e na escola frequentemente o docente desconhece a importância de se utilizar os jogos como ferramenta metodológica; deixando os alunos como meros receptores de conhecimento. Através desse processo, a criança explora o mundo a sua volta, testa novas possibilidades, reforça sua autonomia e é estimuada tanto em grupo quanto individualmente. Todas as inteligências podem ser trabalhadas interdisciplinarmente nesse processo, ou seja, todas as disciplinas podem ser desenvolvidas por meio dos jogos. Considerando que todas as IM possuem uma linha de estímulo e que os jogos são essenciais no desenvolvimento infantil, ao se utilizar tal metodologia, o docente aguça o interesse da criança em aprender e possibilita que a mesma o faça de forma lúdica, afinal o jogo ajuda a construir descobertas, desenvolve e enriquece a personalidade do aluno e simboliza um instrumento para o docente que leva o mesmo a conduzir, estimular e avaliar a aprendizagem. A avaliação é imprescindível nesse processo, pois por meio dela é possível acompanhar o desenvolvimento de cada criança. O professor como mediador no processo do ensino e aprendizagem, deve procurar diversificar sua prática pedagógica de maneira que considere a singularidade de cada aluno na aquisição do conhecimento, e no desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, propiciando a estes, possibilidades de progredir integralmente, mas com sentido e significado para os mesmos. Dessa forma, tanto a prática docente como o ambiente escolar (infra-estrutura, profissionais envolvidos na instituição, etc), devem favorecer o desenvolvimento infantil em sua totalidade, visto que é na educação infantil que as crianças vivenciam os primeiros passos da aprendizagem, e que esse período prepara o aluno para as séries seguintes. Para que essa preparação seja possível, é de extrema importância que o currículo escolar contemple um ensino dinâmico, que saia do tradicionalismo, diversificado, que envolva temas relevantes à aprendizagem e interdisciplinar, onde a alfabetização que é uma fase impotantíssima na educação infantil não seja pensada como apenas o domínio da leitura e da escrita, mas como uma leitura de mundo; afinal a criança não tem que trabalhar apenas letras e números, mas deve aprender a resolver conflitos, aprender regras, enfim conhecer o mundo e ver-se inserida no mesmo. Contudo, o educador não pode se estagnar num currículo apenas programático, mas deve se abrir ao novo, e acompanhar as descobertas de cada criança e em cima desse currículo imposto pela instituição, trabalhar as diversas maneiras que se tem de estimular o

conhecimento infantil, como inserir os jogos em seu currículo oculto por exemplo, e repensar as práticas já elaboradas e descontextualizadas. Portanto, se o professor conhecer as várias formas que existem de estimular as inteligências múltiplas, dentre elas os jogos, se o mesmo tiver uma postura crítica perante os acontecimentos da vida, ou seja, ser sujeito ativo no processo de ensino e aprendizagem e se este estiver disposto a oferecer uma didática construtivista, onde o aluno constrói o conhecimento juntamente com ele; certamente sua prática docente se encarregará de proporcionar a esse alunado um conhecimento amplo, e um desenvolvimento significativo e integral. Em suma, como a educação infantil é a base do processo educativo do ser humano; é nela que devem ser desenvolvidas as capacidades intelectuais e estimular as habilidades individuais da criança. Nesse processo, o papel do professor é fundamental, pois ele é o elo entre a criança e o conhecimento, além de ser o responsável por favorecer o desenvolvimento das inteligências múltiplas na escola. Todas as pessoas possuem essas inteligências que se interagem mutuamente. Elas se desenvolvem por estímulos que podem a priori, acontecer desde a educação infantil. Cabe ao professor possibilitar esses estímulos durante a sua prática pedagógica, fornecendo subsídios para que a criança se desenvolva de maneira integral. Os jogos são uma alternativa para que esse desenvolvimento aconteça de forma lúdica, pois desenvolvem a automia, a ludicidade, o desenvolvimento motor e cognitivo da mesma, e que podem ser incluídos tanto no currículo proposto, quanto no currículo oculto do docente. Diante disso, é possível proporcinar um ensino e aprendizegem prazerosos e que tenham significado para as crianças, uma vez que o jogo com suas peculiaridades defrontam o aluno a encontrar possíveis soluções aos obstáculos que este o impõe, fazendo com que os mesmos descubram estratégias para solucionar o problema. Nesse processo, ou seja, na aplicação dos jogos em sala de aula, pode-se desenvolver todas as inteligências múltiplas a partir do mesmo conteúdo. E qual a relevância disso? É importante esse estímulo já na educação infantil para romper a questão de que a inteligência do aluno pode ser medida através de testes de quociente de inteligência QI ; o que acontece é que essas crianças possuem ou não maior aptidão ou habilidade para determinadas tarefas, ou seja, as inteligências múltiplas foram ou não foram bem desenvolvidas no decorrer da vida escolar dos mesmos.

A postura do professor frente à essa temática é de grande importância, pois ele é o responsável por levar o conhecimento aos educandos, considerando o nível de desenvolvimento de cada criança e se apropriando dos jogos para estimular suas habilidades. Considerações Finais Portanto, estimular as inteligências múltiplas na educação infantil vai além de desenvolver pequenas atividades, é fundamental que tanto o docente, quanto o currículo escolar, o ambiente, a legislação e todas as pessoas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem, percebam as crianças em todos os seus períodos de desenvolvimento, que as vejam de maneira única, singular e como seres interativos capazes de modificar o contexto em que vivem. É preciso abandonar a idéia de se ter um modelo padrão de ensino e apostar mais nos modelos que favorecem o movimento constante de construir e reconstruir, e o professor como mediador deve saber explorar as capacidades cognitivas que cada aluno possui, proporcinando a estes um aprendizado com sentido para suas vidas. Contudo, a estimulação deve ser contínua nesse processo, a fim de propiciar resultados sempre significativos e interessantes para os alunos. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria do Ensino Fundamental. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC/SEF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, vol. 1, 1998. BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Escola Infantil: Pra que te quero? In: CRAIDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. (org). Educação Infatil: pra que te quero?. Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 13-22. GAMA, M. C. S. S. A teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para a Educação. s.d. Disponível em: <http://homemdemello.com.br/psicologia/intelmult.html>. Acesso em: 29 set. 2009. GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

GÁSPARI, J. C; SCHWARTS, G. Inteligências Múltiplas e representações. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, vol. 18, n. 3. sept./dec.2002. Disponível em: <http://www.sciello.br/scielo.php?pid=s0102-37722002000300004&script=sciarttext>. Acesso em: 08 mar. 2008. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999. KUHLMANN JUNIOR, Moysés. Educação Infantil e Currículo. In: FARIA, Ana Lúcia Goulart de; PALHARES, Marina Silveira. Educação Infantil Pós LDB: Rumos e Desafios. 3. ed. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 2001, p. 50-65. RIBEIRO, Teresinha. A Teoria das Inteligências Múltiplas na busca de uma aprendizagem de sucesso. 2009. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/22029/1/a-teoria-das-inteligencias-multiplas-na-buscade-uma-aprendizagem-de-sucesso/pagina1.html>. Acesso em: 14 ago. 2009.