5 o Seminário Internacional de Suinocultura. 27 e 28 de setembro de 2000 Expo Center Norte, SP. Anais



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Transcrição:

5 o Seminário Internacional de Suinocultura 27 e 28 de setembro de 2000 Expo Center Norte, SP Anais

Exemplares desta publicação podem ser solicitados a: Gessulli Eventos Caixa Postal 133 18.540-000 Porto Feliz, SP e mail: gessullieventos@uol.com.br Tiragem: 700 exemplares Coordenação Editorial: 1 Comissão de Suporte Técnico da Embrapa Suínos e Aves: e mail: sac@cnpsa.embrapa.br Tânia Maria Biavatti Celant Paulo R. S. da Silveira Simone Colombo Flávio Bello Fialho Irene Z. P. Camera SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE SUINOCULTURA, 5., 2000, São Paulo, SP. Anais do 5 o Seminário Internacional de Suinocultura. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2000. 162 p. 1. Suinocultura congresso. I. Título. CDD 636.406 c EMBRAPA 2000 1 As palestras foram formatadas diretamente dos originais enviadas em disquete pelos autores.

CO-PROMOÇÃO Embrapa Suínos e Aves ORGANIZAÇÃO Gessulli Eventos iii

PATROCÍNIO Agribrands do Brasil Ltda Pharmácia Upjohn APOIO ABCS APCS iv

COORDENADOR TÉCNICO Luciano Roppa ORGANIZADOR Osvaldo Penha Gessulli COORDENADORA DO EVENTO Célia Regina Gazzi AGRADECIMENTOS ABCS APCS Embrapa Suínos e Aves v

APRESENTAÇÃO Entrando em sua quinta edição, o Seminário Internacional de Suinocultura passa a ocupar um espaço definitivo no calendário de eventos de nosso país. Trata-se de um evento para Empresários (Criadores e Técnicos), que nele buscam a ampliação dos seus conhecimentos para enfrentar os problemas diários de seus empreendimentos. Nesta 5 a edição, o programa estará voltado à três dos principais fatores que direcionarão os sistemas de produção do futuro: Proteção ao Meio Ambiente, Bem-Estar dos Animais e Genética e Marketing da Carne Suína. No Painel de Genética e Marketing da Carne Suína, o seminário abordará aos avanços mais recentes em melhoramento genético e o arrojado trabalho de marketing para aumentar o consumo da carne suína em nosso país. No Painel de Produção, abordaremos os rumos da suinocultura brasileira em relação aos mega projetos, sistemas integrados e independentes, a nutrição como ferramenta essencial para maximizar o potencial produtivo dos suínos e como coadjuvante no controle da poluição ambiental. O Painel sobre Bem-Estar dos Suínos, inicia-se com uma definição das boas condições de criação e continua com uma completa abordagem sobre o sistema Deep Bedding, que começa a ser amplamente usado nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália, Chile e Argentina. Com a vantagem de diminuir custos de instalação na fase de engorda e por acabar praticamente com a poluição do meio ambiente através dos dejetos, este sistema tem atendido plenamente às exigências tanto do consumidor como do criador. E para finalizar, no Painel sobre Reprodução e Ambiência, abordaremos a importância do meio ambiente sobre a reprodução, criação de suínos ao ar livre e o transplante de embriões, através de uma excelente palestra de um grande especialista neste setor, que abre uma nova perspectiva para a disseminação de material genético de alta qualidade. Dr. Luciano Roppa Coordenador técnico vii

AGRADECIMENTOS Agradecemos a Agroceres Pic Suínos Biotecnologia e Nutrição Animal S.A, pela participação dos palestrantes Dr. Fernando Pereira e Dr. Pablo Santa Maria, no 5 o Seminário Internacional de Suinocultura. PIC ix

AGRADECIMENTOS Agradecemos a Dalland do Brasil Agropecuária Ltda, pela participação do palestrante Dr. Tette van der Lende, no 5 o Seminário Internacional de Suinocultura. xi

AGRADECIMENTOS Agradecemos a IMV Instrumentos Veterinários Palhetas do Brasil Ltda, pela participação do palestrante Dr. Gustavo Decuadro, no 5 o Seminário Internacional de Suinocultura. xiii

AGRADECIMENTOS Agradecemos a Nutron Alimentos Ltda, pela participação dos palestrantes Dr. Mark Cole e Dr. Antonio Mario Penz, no 5 o Seminário Internacional de Suinocultura. xv

AGRADECIMENTOS Agradecemos a Seghers Hibridy do Brasil Agropecuária Ltda, pela participação da palestrante Dra. Nadine Buys, no 5 o Seminário Internacional de Suinocultura. xvii

AGRADECIMENTOS Agradecemos a Zinpro Animal Nutrition, pela participação do palestrante Dr. Tim Fakler, no 5 o Seminário Internacional de Suinocultura. xix

PROGRAMA 27/09/2000 Quarta-feira 08h25 08h45 Abertura: Luciano Roppa (Coordenador do Evento) 08h45 12h30 Painel: Genética e Marketing; Coordenador: Dr. José Adão Braun (Presidente ABCS) 08h45 09h15 Situação e atuação da suinocultura brasileira; José Adão Braun (Presidente da ABCS) 09h15 10h00 Consumo da carne suína a experiência brasileira; Paulo Tramontini (ACCS, Santa Catarina) 10h00 10h30 Coffee Break 10h30 11h15 Potencial dos marcadores genéticos na suinocultura; Fernando Pereira (Agroceres PIC) 11h15 12h00 Avanços técnicos recentes em melhoramento genético de suínos; Nadine Buys (Seghers Gentec, Bélgica) 12h00 12h30 Debate 12h30 14h00 Almoço 14h00 19h00 Painel: Nutrição e produção; Coordenador: Luciano Roppa 14h00 14h45 Sistemas de produção; Mário Faccin (Master, Brasil) 14h45 15h30 Nutrition and sow prolificacy; Tim Fakler (Zinpro, EUA) 15h30 16h00 Coffee Break 16h00 17h00 Recent advances in the feeding and nutrition of the piglet; Mark Cole (SCA, Inglaterra) 17h00 17h45 A influência da nutrição na preservação do meio ambiente; A. Mário Penz (Nutron Alimentos, Brasil) 17h45 18h30 Debate xxi

28/09/2000 Quinta-feira 08h00 12h30 Painel: Bem-estar dos suínos; Coordenador: Flauri Ademir Migliavacca (Mig-Plus Nutrição Animal RS) 08h00 08h50 Bem-estar dos suínos; Luís Carlos Pinheiro Machado F o (Universidade Federal Sta. Catarina) 08h50 10h00 Deep bed swine finishing; Jeff Hill (Michigan State University, EUA) 10h00 10h30 Coffee-Break 10h30 11h10 Produção de suínos em sistemas Deep Bedding: experiência brasileira; Paulo Armando Oliveira (Embrapa/CNPSA) 11h10 11h40 Produção de suínos em cama sobreposta (Deep Bedding): Aspectos sanitários; Nelson Mores (Embrapa CNPSA) 11h40 12h30 Debate 12h30 14h00 Almoço 14h00 18h45 Painel: Reprodução e ambiência; Coordenador: Paulo R. S. da Silveira/Embrapa Suínos e Aves 14h00 14h45 Producción porcina al aire libre; Pablo Santa Maria (Argentina) 14h45 15h30 Biological and genetic aspects of pre- and perinatal mortality in swine; Tette van der Lende (Wageningen Inst., Holanda) 15h30 16h00 Coffee-Break 16h00 16h45 Embryo transfer in pigs: current status and prospects for commercial applications; Tette van der Lende (Wageningen Inst., Holanda) 16h45 17h30 A influência do meio ambiente na reprodução das porcas; Irenilza de Alencar Nääs (Unicamp/Brasil) 17h30 18h15 Control sanitario de los verracos en un centro de produccion de semen; Gustavo Dequadro (IMV, França) 18h15 18h45 Entrega do prêmio Claudio Lowenthal para a melhor palestra realizada no 4 o Seminário, em 1999. 18h45 19h15 Debate e encerramento xxii

SUMÁRIO Situação e atuação da suinocultura brasileira José Adão Braun.................................. 1 Consumo da carne suína a experiência brasileira Paulo Tramontini.................................. 6 Potencial dos marcadores genéticos na suinocultura Fernando Antonio Pereira............................. 12 Sistema de produção Mário Faccin.................................... 17 Nutrition and sow prolificacy Timothy M. Fakler, James E. Pettigrew, Christof J. Rapp............ 25 Recent advances in the feeding and nutrition of the piglet Mark Cole, Mike Varley.............................. 37 A influência da nutrição na preservação do meio ambiente Antônio Mário Penz Junior............................. 53 Bem-estar dos suínos Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, Maria José Hötzel............ 70 Deep bed swine finishing Jeff D. Hill...................................... 83 Produção de suínos em sistemas Deep Bedding: experiência brasileira Paulo Armando V. de Oliveira........................... 89 Produção de suínos em cama sobreposta (Deep Bedding): Aspectos sanitários Nelson Morés.................................... 101 Producción porcina al aire libre Pablo Santa María................................. 108 Embryo transfer in pigs: current status and prospects for commercial applications T.van der Lende, W. Hazeleger.......................... 115 Biological and genetic aspects of pre- and perinatal mortality in swine T.van der Lende, B.T.T.M. van Rens, J.I. Leenhouwers............. 125 A influência do meio ambiente na reprodução das porcas Irenilza de Alencar Nääs.............................. 142 Control sanitario de los verracos en un centro de produccion de semen Gustavo Decuadro-Hansen............................ 152 Recent Technological Advances in Pig Genetic Improvement Nadine Buys.................................... 163 xxiii

SITUAÇÃO E ATUAÇÃO DA SUINOCULTURA BRASILEIRA José Adão Braun 1 Presidente da ABCS Associação brasileira de criadores de suínos ABCS Fundada em Estrela RS em 13 de novembro de 1995. É integrada pelo conjunto das associações de cada unidade da federação a ela filiadas. Tem por finalidade precípua: A defesa dos criadores de suínos. O desenvolvimento da suinocultura. O estímulo à criação de suínos. Outras atividades Promover a fundação de associações filiadas em todas as unidades da federação. Promover o melhoramento zootécnico do rebanho suíno do Brasil. Realizar o registro genealógico de suínos no Brasil. Promover e fixar calendário de eventos de âmbito nacional e internacional. Promover e fixar calendário das exposições nacionais e internacionais. Manter intercâmbio com entidades do Brasil e do exterior. Colaborar para o desenvolvimento da pesquisa suinícola. Realizar convênios com entidades do Brasil e do exterior. Assessorar as instituições oficiais e particulares no estudo de problemas relacionados a suinocultura. 1 Texto extraido diretamente da apresentação da palestra em Power Point, não tendo sido produzido para a editoração científica dos anais a íntegra da palestra 1

Figura 1 Quadro das associações filiadas A ABCS é administrada e fiscalizada pelos seguintes órgãos: 1. Conselho deliberativo superior. 2. Conselho fiscal. 3. Diretoria. 4. Conselho técnico. 5. Colégio de jurados. 2

2.371.073 140,000 120,000 100,000 80,000 60,000 40,000 20,000 0 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 Figura 2 Total registrado no PBB Período 1958/1999 MG 15,21% MT 2,70% MS 2,44% GO 10,11% RS 16,23% SP 3,00% PR 28,99% SC 21,32% Figura 3 Suínos registrados por estado 1999 3

Pietrain 4.116 3,33 Landrace 18.422 14,90 Hampshire 40 0,03 Cruzados 71.643 57,94 Duroc 2.428 1,97 Large White 26.995 21,83 Figura 4 Suínos registrados no PBB 1999 por Raça Machos 14.405 11,65% Fêmeas 109.239 88,35% Figura 5 Por Sexo 4

Prioridades da atual diretoria Defesa política da classe. Relacionamento e entrosamento entre ABCS e associações estaduais. Intercâmbio com outras entidades nacionais e internacionais. Registro genealógico. Aumento do consumo da carne suína. Aumento das exportações. Suprimento de insumos para rações. Meio Ambiente. 5

CONSUMO DA CARNE SUÍNA A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA Paulo Tramontini 1 Coordenador Fundo de Promoção da Carne Suína e seus derivados Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos ACCS. A importância da suinocultura brasileira Atividades em pequenas e médias propriedades Gera 2,5 milhões de empregos na Região Sul, mais São Paulo e Minas Gerais Fixa o homem no campo Viabiliza o produtor de cereais Movimenta uma grande cadeia agropecuária Transforma sub produtos, resíduos e alimentos não convencionais em proteína animal de alta qualidade. Tem como função Produzir alimentos de alta qualidade para o consumidor brasileiro e estrangeiro. Tabela 1 Produção de proteínas de origem animal Tipo/Anos 1996 1997 1998 1999* %Participação Carne Suína 70.321 72.765 76.754 77.949 47.60 Carne de Aves 33.787 35.399 36.085 37.398 22.84 Carne Bovina 47.480 48.782 48.799 48.388 29.56 TOTAL 151.588 156.945 161.638 163.735 100.00 *Previsão Fonte: USDA Março/99 Consumo brasileiro Carne bovina 49,6% 33,5 kg ao ano Carne aves 34,6% 23,4 kg ao ano Carne suína 15,8% 10,7 kg ao ano 1 Texto extraido diretamente da apresentação da palestra em Power Point, não tendo sido produzido para a editoração científica dos anais a íntegra da palestra 6

Tabela 2 Consumo carne suína Países 1996 1997 1998 *1999 Dinamarca 69,2 69,2 71,1 70,2 Espanha 56,3 57,8 58,5 58,5 Alemanha 54,7 53,2 56,4 58,1 França 34,8 35,3 36,0 37,0 Itália 35,3 34,8 35,4 35,6 Reino Unido 23,5 24,1 24,4 24,1 Hong Kong 49,9 52,7 56,5 56,7 China 25,8 28,1 29,4 30,0 Japão 16,9 16,5 16,5 16,4 Taiwan 41,7 39,6 42,5 42,1 Canadá 29,9 29,4 31,0 31,8 USA 28,7 28,5 30,7 30,6 México 9,6 10,1 10,1 10,0 Rússia 14,5 14,0 12,8 11,8 Brasil 9,4 8,9 9,3 10,7 Fatores que influenciam no baixo consumo da carne suína Grande extensão territorial que permite produzir bovinos a baixo custo Grande desenvolvimento da avicultura e diferenciação de cortes Custos do produto ao consumidor Preconceitos relacionados a Carne Suína Tabela 3 Consumo percapita de carne suína fresca e industrializada por região do Brasil Região/Carne Fresca Industrializada Total kg % kg % kg Sul e Sudeste 4.7 29.3 11.3 70.6 16.0 Centro Oeste 4.0 33.3 8.0 66.6 12.0 Nordeste 3.5 63.6 2.0 36.6 5.5 Norte 1.2 75.0 0.3 18.7 1.6 Fonte: Instituto CEPA/SC, Revista Avicultura e Suinocultura Industrial, Dez 1990. 7

Consumo da média per capita 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Anos 70 Anos 80 Anos 90 Anos 70 Anos 80 Anos 90 Figura 1 Pesquisa de mercado da Carne Suína no Brasil PARTICIPAÇÃO NO CONSUMO POR TIPO DE CARNE PARTICIPAÇÃO NO CONSUMO POR TIPO DE CARNE 100% 80% 60% 40% 20% 0% 26.2 24 19.9 37.2 43.8 56.5 32.2 42.9 17.3 Anos 70 Anos 80 Anos 90 100 80 60 40 20 0 40.3 43.4 47.5 33.2 16.3 19.2 1981 a 1983 1991 a 1993 Aves Bovinos Suínos Aves Bovinos Suínos Brasil Mundo Figura 2 Participação das carnes Opinião do consumidor sobre a carne suína Efetua a compra por impulso ou é planejada? Carne inatura: 56% por impulso 44% planejada Embutidos: 32% por impulso 68% planejada Importante=Boa apresentação 8

PRINCIPAIS PONTOS FORTES DA CARNE SUÍNA 8% Sabor Outros 92% Figura 3 O que o leva comprar a carne suína? Sabor: 92% 60% Principais Pontos Fracos da Carne Suína 55% 50% 40% 35% 30% 20% 10% 10% 0% Outros Faz Mal/Perigosa Gordura/Colesterol Figura 4 Por que a carne suína não é consumida com mais freqüência? 9

Como reverter o quadro do baixo consumo da carne suína Criação do fundo de promoção da carne suína e seus derivados. Maio de 1997 Porto Alegre Novembro de 1997 São Paulo Normalização do Fundo Participantes Janeiro de 1998 Início Arrecadação Mitos e verdades MITO = A carne suína tem muito colesterol X VERDADE = A carne suína tem nível de colesterol igual ou menor que as outras carnes MITO = A carne suína tem pouca proteína X VERDADE = Essa carne é uma importânte fonte de proteínas e vitaminas do complexo b MITO= O suíno é criado em ambiente sujo e alimentado com restos de comida X VERDADE= A grande maioria das granjas é tecnificada e tem rígido controle sanitário e nutricional Objetivos gerais Aumentar o consumo per capita no Brasil Colocar a Carne Suína no mercado de consumo Romper mitos e tabus existentes Melhorar a imagem da suinocultura nacional Aumentar a divulgação do setor Criar uma padronização de cortes da Carne Suína Instalar, no consumidor a necessidade de adquirir carnes inspecionadas 10

Objetivos específicos 5 o Seminário Internacional de Suinocultura Difundir através dos meios de comunicação os controles de higiêne e sanidade Obter informações técnicas sobre a Carne Suína e difundí-las à médicos e nutricionistas Difundir que a Carne Suína é uma proteína importante Esclarecimento quanto aos níveis de colesterol Fomentar um maior consumo desta saborosa carne Envolvimento de toda cadeia produtiva para aderirem à campanha Difundir quanto ao ganho da cadeia produtiva, após o aumento do consumo da Carne Suína Divulgar que a Carne Suína é a carne mais consumida no mundo. Cuide da sua saúde: Consuma carne suína. 11

POTENCIAL DOS MARCADORES GENÉTICOS NA SUINOCULTURA Fernando Antonio Pereira Agroceres PIC, Caixa Postal 400, 13500 970 Rio Claro, SP fernando@agroceres.com.br 1 Antecedentes As mudanças de exigência do mercado e a tecnologia disponível têm sido os fatores preponderantes para o direcionamento histórico do melhoramento genético de suínos. Há cerca de cinco décadas, iniciou-se a aplicação de alguns métodos científicos, principalmente da genética quantitativa e da estatística na seleção dos suínos; mas, por um bom período, ainda houve predomínio dos métodos empíricos de seleção, baseados na aparência exterior dos animais. Embora tais métodos possam ser considerados arcaicos às vistas da tecnologia hoje disponível, há que se considerar que eles não apenas atendiam à demanda da época como também serviram de importante referência para a evolução que se seguiu. A partir do início dos anos sessenta, os programas de seleção baseados nos conhecimentos da genética quantitativa e da estatística foram sendo ampliados. As novas tecnologias desenvolvidas nestas áreas possibilitaram a obtenção de progresso genético crescente e ocorreram importantes mudanças nos objetivos e critérios de seleção. Trata-se, portanto, de uma clara substituição do processo empírico pelo científico. A década passada ficou marcada pela enorme expansão dos conhecimentos associados à genética molecular, cujo principal benefício para o melhoramento genético de suínos se deu na grande agregação de informações sobre o seu genoma. E, como consequência, ainda neste período, deu-se início à chamada seleção assistida por marcadores genéticos. Surgiram especulações sobre o potencial desta nova geração de tecnologias substituir aquela da genética quantitativa; entretanto, com o melhor entendimento dos fatos, ficou claro que estas tecnologias são complementares e é dentro deste princípio que os programas mais avançados de melhoramento genético de suínos estão estruturados. Tais progressos recentes permitem antever um cenário futuro diferenciado em relação ao que tem sido o melhoramento genético para a cadeia da suinocultura, tanto no que se refere ao impacto econômico global quanto no seu aspecto qualitativo, em relação a possibilidade de trabalhar características anteriormente impossíveis de serem trabalhadas. 12

2 O uso de marcadores genéticos Dentre as espécies de animais domésticos, a suína é certamente uma das que mais tem se beneficiado do grande progresso no conhecimento do genoma de várias espécies de animais e vegetais, ocorrido principalmente nos anos noventa. E isto tem se verificado tanto pelos investimentos diretos em pesquisas do seu próprio genoma como pela rápida conversão dos conhecimentos adquiridos em ferramentas aplicadas à seleção. Vários loci que têm influência sobre características de importância econômica para a indústria suinícola, ou QTL (do inglês, Quantitative Trait Loci) têm sido identificados. Alguns desses já estão sendo utilizados nos programas de seleção e outros estão em fase de validação, conforme relata PLASTOW (2000). Atualmente, o mapa do genoma do suíno conta com mais de 2000 loci, que incluem algumas centenas de genes. Um marcador genético pode ser definido como um segmento específico e conhecido de DNA, que associa a presença de um ou mais genes a um efeito importante sobre determinada característica. Assim, o uso de marcadores genéticos constitui um mecanismo direto para identificação do genótipo (constituição genética) dos suínos para características de interesse. O primeiro marcador genético que governa uma característica importante para o melhoramento genético de suínos, somente se tornou disponível em 1991, quando pesquisadores canadenses desenvolveram a técnica para identificação do chamado Gene Halotano (ver FUJII et al., 1991), cujo efeito tem várias denominações, dentre elas a sigla PSS (Porcine Stress Syndrome) que significa Síndrome do Estresse Suíno. O licenciamento desta técnica foi obtido pela The Innovations Foundation, de Toronto, Canadá, sob a denominação HAL 1843. Outro marco desta última década foi a associação dos objetivos do melhoramento genético de suínos às exigências da indústria suinícola além do que ocorre no segmento de produção de suínos para abate. Assim, os objetivos de seleção passaram a contemplar características qualitativas relacionadas ao produto final aquele que vai à mesa do consumidor. Isto só se tornou possível porque o uso de técnicas como o BLUP e os marcadores genéticos permitem avaliar características que não se expressam ou não podem ser medidas no indivíduo que está sendo avaliado. Desta forma, ao objetivo de seleção anterior, conversão de alimento em carne magra, foi agregado o objetivo qualitativo desta carne magra. Além da seleção para características qualitativas da carne, os marcadores genéticos são particularmente úteis como auxílio à seleção de diversas características que são difíceis de serem selecionadas pelos métodos convencionais. É o caso da seleção para resistência a doenças e da seleção para eficiência reprodutiva. Outra importante aplicação dos marcadores é para aumento da precisão da seleção e, consequentemente, da resposta à seleção. Plastow (2000) cita, como exemplo, os estudos de Meuwissen e Goddard (1996), que estimaram um aumento da resposta à seleção para eficiência reprodutiva e qualidade de carne de 38 a 64%, com o uso de marcadores genéticos. A extensão da contribuição dos marcadores para o melhoramento genético de algumas características de alta importância econômica é melhor ilustrada nos exemplos a seguir. Podemos trabalhar com linhas genéticas de alta prolificidade, mas os marcadores genéticos permitem identificar, com alta precisão, os indivíduos mais 13

prolíficos desta mesma linha, além de possibilitar a seleção, em ambos os sexos, para características que só se expressam em um deles (ex. tamanho da leitegada). Podemos identificar uma raça com boa qualidade de carne, mas como identificar os indivíduos com melhor qualidade de carne desta raça? O teste de progênie ou a avaliação de indivíduos parentes, para uso do BLUP, é caro e demorado. Por outro lado, com o teste de DNA para marcadores que afetam a qualidade da carne pode-se identificar com precisão o genótipo de cada indivíduo e, assim, produzir descendentes com o genótipo desejado e sem falhas nesta identificação. O uso de vacinas e medicamentos para controle de enfermidades enfrenta barreiras de custo, segurança alimentar e ambiental. Já a seleção genética, pelos procedimentos convencionais, torna-se praticamente inviável em razão da necessidade de desafiar os animais na presença da doênça. Neste contexto, a identificação de marcadores genéticos para resistência a determinada doença ou mesmo resistência geral a enfermidades, possibilita, com precisão, produzir indivíduos resistentes. Uma outra importante aplicação dos marcadores genéticos é para criar produtos diferenciados para exigências específicas do mercado, identificando individualmente animais portadores de um determinado marcador em uma população. Além desta, o uso dos marcadores possibilita reduzir o atraso genético das granjas comerciais. Fora dos programas regulares de melhoramento genético de suínos, os marcadores genéticos também encontram importantes campos de aplicação. É o caso do seu uso para rastreabilidade de produtos específicos, como acontece quando se quer comprovar se produtos comerciais oriundos de uma determinada raça ou linha, de fato o são. O mesmo se aplica quando se quer comprovar se determinados animais utilizados para reprodução são, de fato, oriundos de determinadas linhas genéticas ou de determinados ancestrais. Existe, no momento, pouco mais de uma dezena de marcadores genéticos em uso nos programas de seleção, conforme mostra a Tabela 1. Por outro lado, o número de marcadores conhecidos e em fase de validação já se aproxima de uma centena. Isto mostra que estamos ainda em uma fase inicial do conhecimento e uso dos marcadores genéticos e, portanto, espera-se uma grande evolução dos conhecimentos e aplicação desta técnica nos próximos anos. 14

Tabela 1 Marcadores genéticos em uso Marcador/Teste Observação Identificação paternidade Uso não exclusivo HAL Qualidade da carne uso não exclusivo ESR Tamanho de leitegada uso exclusivo (PIC) PRLR Tamanho de leitegada uso exclusivo (PIC) KIT Cor branca uso exclusivo (PIC) MC1R Cor vermelha/preta uso exclusivo (PIC) MC4R Crescimento e deposição de gordura uso exclusivo (PIC) FUT1 Resistência à E.coli F18 uso exclusivo (PIC/ITH suiça) RN Qualidade da carne teste exclusivo e não exclusivo (breve) AFABP, HFABP Gordura intramuscular uso não exclusivo IGF2 Composição da carcaça uso exclusivo (seghers) Trade secret tests Várias características Fonte: PLASTOW (2000) 3 Resumo e considerações finais O desenvolvimento acelerado de conhecimentos da genética molecular está dando origem a uma nova geração de tecnologia aplicada ao melhoramento genético de suínos. São também promissores os novos desenvolvimentos em tecnologias de reprodução, tais como a transferência não cirúrgica de embriões, a conservação de sêmen e a sexagem de sêmen, que poderão modificar a forma como o melhoramento genético é disseminado na estrutura comercial de produção de suínos. Este novo cenário exige uma reflexão sobre aspectos importantes que influenciam a taxa de progresso genético, a diferenciação de produtos e a disseminação de genes em uma estrutura de melhoramento genético, alguns dos quais relacionamos a seguir. Espera-se um crescimento exponencial dos conhecimentos do genoma dos suínos, em um período de tempo relativamente curto, abrindo grandes possibilidades de utilização dos mesmos nos programas de seleção, mas, ao mesmo tempo, trazendo grandes desafios quanto ao entendimento dos possíveis impactos futuros na variabilidade genética das populações e possiveis efeitos antagônicos em outras características; A técnica de marcadores genéticos possibilita não apenas fixar alelos desejáveis em uma população, em curto espaço de tempo, como também diferenciar produtos dentro de uma mesma linha genética, para um nicho específico de mercado, deixando flutuante a frequência de cada alelo; Espera-se uma crescente importância de características qualitativas da carne suína, cujo melhoramento genético pode ser contemplado com a utilização de novos marcadores genéticos; 15

Características anteriormente não incluídas nos programas de seleção, como é o caso da resistência a doenças, passarão a ser contempladas por meio de uso de marcadores genéticos; A melhoria das técnicas de reprodução proporcionará maior eficiência e menor custo da disseminação de genes; Os grandes investimentos necessários aos novos desenvolvimentos exigirão dos investidores uma ampla base de distribuição dos seus produtos, própria ou por meio de terceiros, para possibilitar retorno econômico compatível; A demanda por uma eficiente integração entre entidades públicas e privadas de pesquisa e desenvolvimento deverá ser ainda maior do que nos dias atuais, em decorrência da velocidade hoje exigida em capitalizar conhecimentos básicos, transformando-os em tecnologia aplicada. 4 Referências bibliográficas Bulfield, G. (1998) Will animal breeding become a biotechnology. Proc. 6 th World Congr. Genet. Appl. Liv. Prod. 23:19 23. De Vries, A.G.; Sosnicki, A.; Garnier, J.P.; Plastow, G.S. (1998) The role of major genes and DNA tecnology in selection for meat quality and pigs. Meat Science 49: Suppl 1, S245 S255. Fujii, J.; Otsu,K.; Zorzato, F.; De Leon, S.; Khanna, V.K.; Weiler, J.L.; O Brien, P.J.; Maclennan, D.H. (1991) Science, 253, 448. Meuwissen, T.H.E.; Goddard, M.E. (1996) The use of maker haplotypes in animal breeding schemes. Genet. Sel. Evol., 28, 161 176. Pereira, F. A.; Sesti, L.A.C.; Van Der Steen, H. A.M. (1998) Use of world wide genetics for local needs. Proc. 6 th World Congr. Genet. Appl. Liv. Prod. 26:155 160. Pereira, F. A. (2000) Melhoramento Genético de Suínos. In: XXXVII Reunião anual da sociedade brasileira de zootecnia, 2000, Viçosa. Anais...SBZ: Viçosa,2000.p.8. Plastow, G.S.; Kuiper, M.; Wales, R.; Archibald, A.L.; Haley, C.S.; Siggens, K.W. (1998). AFLP for mapping and QTL detection in commercial pigs. Proc 6 th World Congress on Genetics Applied to Livestock Production 26, 209 212. Plastow, G. S. (2000). Molecular Genetics in the Swine Industry. In: Anais do II Simpósio Nacional sa SBMA, 2000, Belo Horizonte. P.21. Rothschild, M.F.; Plastow, G.S. (1999) Advances in pig genomics and industry applications. AgBiotechNet, 10:1 8. Visscher, P.M.; Haley, C.S. (1998) Strategies for marker-assisted selection in pig breeding programmes. Proc. 6 th World Congr. Genet. Appl. Liv. Prod.23:503 510. 16

SISTEMA DE PRODUÇÃO Mário Faccin Médico Veterinário Consultor Produtor de Suínos Master Agropecuária Ltda Videira SC Passado Presente Futuro Definição Sistema de Produção é um conjunto de fatores ou elementos, interrelacionados e organizados com o objetivo de produzir, no caso, o suíno. Para organizar um bom Sistema de Produção, precisamos entender a Cadeia Suína, sua organização e funcionamento, sua história e suas tendências(fig.1) Genética Nutrição Fornecedor Instalação Sanidade Manejo Leis Ambientais Indústria Distribuidor Consumidor Gestão de Negócios Figura 1 Cadeia suína 17

1 Histórico da suinocultura brasileira Anos 70 Produtores independentes Característica pequeno porte Início sistemas de integração Introdução novas técnicas Material genético ABCS Uso de concentrados Início cruzamentos Sistemas de produção semi-confinados em ciclo completos Baixo relacionamento de parceria e sem vínculo legal Facilidade de custeio via integradora (prazo de lote) Indústria querendo organizar constância e uniformidade de fornecimento. Pensamento de volume com desconhecimento da importância da qualidade. Sanidade sem fundamentação e período de importação de inúmeros problemas (respiratórios, virais, etc). Anos 80 No Sul, reforço nos sistemas de integração (SC, RS e PR) e no restante do país o início da implantação de unidades maiores, incentivadas pelas empresas de genética que iniciavam sua operação no país. Material genético entrada de material genético oriundo de empresas de melhoramento e início do declínio do sistema de melhoramento organizado via ABCS. Reforço na área nutricional para atender avanços da genética e qualidade dos animais (mais carne). Início dos núcleos em substituição aos concentrados. Consolidação dos cruzamentos de raças como fator de produtividade. Sistemas de produção em transformação Confinamento total Produção em 2 segmentos: Unidades produtoras de leitões UPL Unidades terminadoras de leitões UTL 18