Formação e capacitação profissional e a produção do conhecimento arquivístico



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Transcrição:

Formação e capacitação profissional e a produção do conhecimento arquivístico Profª. Maria Odila Kahl Fonseca Mestre em Ciência da Informação Coordenadora do Curso de Arquivologia da Universidade Federal Fluminense I. Introdução Esta comunicação poderia ter como título "O Ensino e a Pesquisa em Arquivologia", pois é disso que estamos falando ao falarmos de formação e capacitação profissional e de produção do conhecimento. Mais ainda, é na relação (ou na ausência dela) entre estes dois aspectos que deveríamos enfocar nosso interesse. Conforme a orientação metodológica recebida, esta comunicação tratará de uma síntese da situação do ensino e da pesquisa em Arquivologia no Brasil, reportando-se, sempre que necessário, ao documento-base produzido pela Fundação Tavera, no que diz respeito ao ensino, visto que o documento não se ocupa da questão da pesquisa/ produção do conhecimento. É relevante contextualizar, ainda que de forma obrigatoriamente breve considerando os objetivos desta comunicação alguns eventos de fundamental importância para a compreensão do quadro atual da questão que nos propomos a discutir aqui. A análise do quadro político-institucional que marca o estabelecimento, no Brasil, da Arquivologia como área explicitada de conhecimento, com estatuto profissional e universitário estabelecidos, pode iluminar os caminhos que teremos que percorrer nesta Mesa Redonda. A década de 1970 foi de fundamental importância para estabelecer alguns parâmetros que, ainda hoje, definem as questões arquivísticas no Brasil: assim temos, em 1971, a criação da Associação dos Arquivistas Brasileiros, que exerceu uma indiscutível liderança nas conquistas posteriores: A promoção dos Congressos Brasileiros de Arquivologia, realizados regularmente desde então. A publicação do primeiro periódico brasileiro especializado na área, a revista Arquivo & Administração, cuja publicação manteve periodicidade regular até 1986. A criação dos cursos de Arquivologia em nível superior, sendo de 24 de janeiro de 1972 o voto da Câmara de Ensino Superior que aprova a criação de um curso de Arquivologia em nível superior. A regulamentação das profissões, obtida em julho de 1978, quando é promulgada a Lei n.º 6.546, que dispõe sobre a regulamentação das profissões de Arquivista e de Técnico de Arquivo. A criação do Sistema Nacional de Arquivos, também em 1978. Assim, "... percebe-se, portanto, um panorama no qual o Estado brasileiro, tão negligente em relação à produção e uso dos seus estoques informacionais, e ao patrimônio documental, acolhe no seu interior, em pleno autoritarismo, as demandas de espaço cognitivo e institucionais de uma área socialmente pouco reconhecida..." (Jardim, 1995, p.62) Este interesse do Estado brasileiro marca decisivamente a formatação dos cursos de Arquivologia, cujo currículo mínimo privilegia a formação de um profissional voltado para o exercício dentro da administração pública. O estabelecimento do Sistema Nacional de Arquivos acena para a abertura de um grande mercado de trabalho na administração pública nos seus diferentes níveis, num momento em que os cursos estão se estabelecendo e formando suas primeiras turmas. Ainda que este interesse tenha-se revelado eminentemente retórico, na medida em que as instituições arquivísticas (e demais instituições da área de informação e proteção do patrimônio) mantiveram-se, ao longo da década de 80, na periferia da administração pública, o currículo mínimo do curso superior em Arquivologia e a própria

legislação que regulamente a profissão permanecem os mesmos desde sua criação. Hoje, o projeto explicitado de Estado mínimo no Brasil não insere a questão informacional no seu núcleo estratégico. As reformas administrativas levadas a efeito na década de 90 tem sido agressivas na extinção e esvaziamento das instituições voltadas para o tratamento de acervos documentais. Por outro lado, as empresas privadas não identificam o arquivista como um profissional necessário às suas perspectivas de busca da chamada "qualidade total"... Muitas vezes, um estudante de Arquivologia é considerado suficiente para resolver a questão do arquivo... De fato, o arquivista ainda é visto como um organizador de papéis e não como um gestor de informações e documentos. II. Formação e capacitação Apesar do documento - base da Fundação Tavera não abordar, explicitamente, a questão da formação, referindo-se sempre à capacitação, parece-nos desejável estabelecer algumas reflexões sobre estes dois aspectos do processo de ensino, em qualquer nível. Até porque a situação brasileira parece exigir ações voltadas tanto para formação quanto para a capacitação. Para estabelecer a diferença entre ambos, que balizará as reflexões contidas nesta comunicação recorremos à JARDIM: "Em primeiro lugar cabe distinguir educação de capacitação, ainda que, conforme PEDERSON (1994, p.5), a preparação para uma profissão compreenda uma mescla de ambas. Educação é, neste sentido, tomada como "um processo de instrução sistemática para desenvolver a capacidade intelectual do indivíduo e adquirir um corpo de conhecimento." Sua ênfase encontra-se no teórico/analítico e no processo e capacidade do sujeito em compreender, comparar, transferir e aplicar conceitos e princípios gerais a uma variedade de situações e problemas específicos. A capacitação objetiva dotar os seus beneficiários de um tipo mais concentrado de instrução para cumprir tarefas definidas, num contexto específico. Visa servir como "meio para se atingir um fim, ou seja, adquirir experiência em um tipo de trabalho e não constituir-se num fim em si mesmo"(ibid., p.6)." (idem, p.65) Formação Graduação É de 24 de janeiro de 1972 o voto da Câmara de Ensino Superior que aprova a criação de um curso de Arquivologia em nível superior e de 1974 a Resolução n.º 28 do Conselho Federal de Educação que fixa as matérias do currículo mínimo do Curso de Graduação em Arquivologia, ainda em vigor, a saber: Introdução ao Estudo do Direito Introdução ao Estudo da História Noções de Contabilidade Noções de Estatística Arquivo I - IV Documentação Introdução à Administração História Administrativa, Econômica e Social do Brasil Paleografia e Diplomática Introdução à Comunicação Notariado Uma língua estrangeira moderna A Resolução fixa, ainda, que o curso será ministrado com um mínimo de 2.160 horas-aula, distribuídas entre 3 e 5 anos, incluindo-se o estágio supervisionado em instituição especializada, com 10% do total das horas previstas. Estabelece que cada Universidade

poderá criar habilitações específicas, mediante a concentração de estudos em áreas determinadas. Nestes 27 anos foram criados 6 (seis) cursos regulares de formação de arquivistas em nível de graduação, sendo que 50% destes foram criados ainda na década de 70 os da Universidade do Rio de Janeiro UNI-RIO (1977), da Universidade Federal de Santa Maria (1977) e o da Universidade Federal Fluminense (1978). No início da década de 1990 foi criado o da Universidade de Brasília (1991) e, recentemente, na segunda metade da década de 90, os da Universidade Federal da Bahia e o da Universidade Estadual de Londrina (PR). Nenhuma universidade privada oferece cursos na área. A falta de dados estatísticos disponíveis sobre o número de alunos que entram e que se formam a cada ano impedem que se faça, aqui, uma estimativa do contingente de arquivistas no mercado de trabalho. Também não há dados gerais sobre a inserção dos egressos no mercado de trabalho. Em relação ao corpo docente dos cursos, os dados disponíveis revelam o seguinte quadro: CURSO N.º DE DOCENTES TITULAÇÃO GRAD. EM ARQUIVOLOGIA BAC ESP MÊS DOU UFSM 9 0 3 3 0 5 UFF 13 1 3 5 4 4 UNB 23 0 0 12 10 1 0 0 4 0 UEL 25 - - - - - UFBa 14 - - - - - UNI-RIO - - - - - - No caso da UnB, apesar de não haver dados oficiais sobre os docentes que ministram disciplinas no Curso de Arquivologia, pelos interesses e linhas de pesquisa explicitados nas páginas de cada professor, podemos verificar que apenas 4 docentes explicitam interesse na área arquivística. São todos mestres, sendo os 2 mestres em Ciência da Informação titulados pelo programa da própria UnB. Apenas um destes docentes é graduado em Arquivologia. A análise dos dados obtidos (para esta análise considerou-se apenas os dados da UFSM, da UFF e da UnB, a partir dos critérios explicitados) revelam que, num total de 26 docentes, 23% são especialistas (6 docentes), 46% são mestres (12 docentes) e 15% são doutores (4 docentes). Apenas 1 docente (3,8%) não possui qualquer espécie de titulação de pósgraduação. 10 docentes, ou seja, 38,46 %, são graduados em Arquivologia. Estes dados estão longe de representar o ideal para o padrão que se espera de capacitação docente no ensino superior, mas representam, sem dúvida, um salto qualitativo relevante, uma vez que 91% das dissertações e 100% das teses a que estes títulos dizem respeito foram aprovadas na década de 90. Em relação ao corpo discente, os dados disponíveis ainda são em menor número. Em relação às vagas no concurso de vestibular, e à relação candidato/vaga apenas a UFSM e a UFF disponibilizam dados, que são os seguintes:

VAGAS NO VESTIBULAR (SEMESTRAL) UFSM UFF UEL 25 30 20 Quanto à relação candidato/vaga, temos os seguintes dados: ANOS UFSM UFF UEL 1993 5,96 Não há dados 1994 3,48 4.40 1995 4,92 3.13 1996 2,88 4.28 1997 5,32 2.48 JAN JUL 1998 6.25 4.08 1.95 1.55 1999 Não há dados 3.22 5.10 3.75 Nos sites da UFF e da UEL são disponibilizados dados interessantes sobre os pontos aferidos, vestibular, pelos candidatos ao curso de Arquivologia. Apesar de não poderem ser obtidos dados semelhantes nas demais universidades que oferecem o curso de Arquivologia, considerou-se interessante partilhar esta informação nesta Mesa - Redonda : UFF UEL Ano Máximo Mínimo Máximo Mínimo 1999 604.999 367.4999 315.800 226.000 Apesar de ainda ser um resultado muito baixo, se comparado com outros cursos, este resultado, na UFF significa um considerável melhoria em relação a 1998, quando nenhum aluno ingressante no curso de Arquivologia obteve mais de 50% dos pontos na prova de vestibular. O baixo desempenho dos alunos no vestibular e a baixa relação candidato/vaga observada são indicadores relacionados à pequena visibilidade das funções do arquivista na sociedade brasileira como um todo e à negligência em relação aos arquivos, tanto por parte da administração pública quanto por parte das instituições privadas, o que estabelece um pequeno mercado de trabalho profissional. Como parte deste fenômeno, temos a grande defasagem entre a grande oferta de postos para estágio e a baixa oferta de postos para arquivistas formados. Todos estes fatores marcam profundamente o perfil do aluno que ingressa no curso de Arquivologia. Será que os cursos tem logrado "revolucionar" este perfil? Pós-Graduação A oferta de cursos de pós-graduação lato sensu é muito pobre na área arquivística, onde podemos considerar apenas dois cursos regulares de especialização: o Curso de Especialização em Arquivos, oferecido pelo Instituto de Estudos Brasileiros, vinculado à Universidade de São Paulo, desde 1986 e o Curso de Especialização em Planejamento, Organização e Direção de Arquivos, da Universidade Federal Fluminense, criado no início da

década de 1980 e retomado em 1998, depois de longa solução de continuidade. Algumas experiências, apesar de sua qualidade, não foram levadas adiante, como foi o caso do Curso de Especialização "Conservação e Operação de Acervos Documentais Permanentes", promovido pelo Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores, em 1984 e o Curso de Especialização em Organização de Arquivos, da Universidade Federal de Juiz de Fora, em. 1993. O Curso de Documentação Científica do DEP/IBICT também tem sido procurado por arquivistas, embora, em seus mais de vinte anos de existência, tenha havido apenas uma versão, em 1994, contemplando formalmente a questão dos arquivos. Em termos de pós-graduação strictu sensu não há oferta disponível, ou seja, não há cursos especificamente voltados para a área arquivística em nível de mestrado ou doutorado. No entanto, observa-se uma cada vez maior abertura dos cursos de pós-graduação strictu sensu em Ciência da Informação para abrigar a discussão de questões relativas aos arquivos e à informação arquivística. Nesse aspecto, destaca-se o Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília, que mantém uma linha de pesquisa intitulada Informação Orgânica, que tem como principal interesse as questões relativas à informação arquivística.destaca-se, também, o do DEP/IBICT, conveniado à Escola de Comunicação da UFRJ, por cujos cursos de mestrado e doutorado passaram um grande número de docentes com titulação de mestre e doutor dos cursos de Arquivologia no Brasil. Levando em consideração dos dados disponíveis, dos 8 docentes com titulação de mestre na UFF e na UFSM, 6 obtiveram seus títulos no programa do IBICT e dos 4 docentes com titulação de doutor apenas 1 obteve seu título em outro programa de pós-graduação. No caso da UnB, a maioria dos docentes com pós-graduação em Ciência da Informação obteve seus títulos em universidades estrangeiras ou na própria UnB. Algumas iniciativas recentes merecem referência: o Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFMG indica, como sub-tema da linha de pesquisa Informação e Sociedade, o tema Informação Arquivística. O Curso de Mestrado Memória Social e Documento, da UNI-RIO também tem sido uma opção para aqueles que se dedicam à reflexão dos fenômenos e questões próprias da Arquivologia. Observa-se que, nos últimos 10 anos, um grande número de docentes procurou melhorar sua qualificação através da obtenção de títulos de mestre e doutor. Mas a oferta de cursos ainda é muito pequena e, considerando a concentração geográfica da oferta de cursos, fora do alcance de grande parte dos interessados. Neste sentido faz diferença a política de capacitação docente das Universidades - não só no que se refere às suas exigência, mas também pelas facilidades que disponibiliza (licenças remuneradas e bolsas de estudos), o que tem - pelo menos até agora - favorecido que na área arquivística a maior parte dos titulados esteja vinculado às universidades. Somam-se às dificuldades mencionadas antes aquelas impostas pelas restrições das agências de fomento ao financiamento de cursos de especialização e à oferta de bolsas de estudos, o que tem diminuído as possibilidades reais de novos cursos, além de dificultar a continuação dos já existentes. Outro fator de influência, que não pode ser minimizado, é o fato de a legislação de regulamentação da profissão de arquivista não considerar a pós-graduação, em nenhum nível, como fator de habilitação ao exercício legal da profissão. Este fator interfere na demanda pelos cursos de pós-graduação na área. Na oportunidade em que se discute - com vistas à propostas objetivas de intervenção - a realidade dos cursos de Arquivologia não se poderia deixar de mencionar, ainda que de forma breve, as reformas porque passam, hoje, as universidades brasileiras, especialmente as públicas. No momento estão sendo discutidas, entre uma série de outros pontos da maior importância, as diretrizes curriculares para os cursos de graduação, que, em tese, promoverão a flexibilização dos currículos e facultarão a cada instituição de ensino superior o estabelecimento de perfis curriculares mais autônomos, sem as "amarras" dos currículos mínimos. O estado atual da discussão justifica o fato de não terem sido trabalhados, nesta comunicação, dados relacionados às grades curriculares dos cursos de Arquivologia. As diretrizes curriculares para a área de Ciência da Informação, que engloba os cursos de Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia, consolidadas pela Comissão de Especialistas

nomeada pelo MEC estão em fase de debate. E é fundamental que este debate se dê o mais amplamente possível. Apesar de não haver tempo hábil para incluir nesta comunicação os resultados das discussões, sequer no âmbito da UFF, não se pode deixar de fazer uma observação: apesar do quadro exposto até aqui apontar para a necessidade de uma transformação profunda nos cursos, para que possam contribuir para o aumento da visibilidade social do arquivista, atingindo um mercado de trabalho potencialmente formado por empresas privadas e de consultoria (a administração pública, nas suas propostas de enxugamento tende a terceirizar os serviços arquivísticos), as diretrizes propostas para a área de Arquivologia refletem, ainda, uma visão predominante de formação voltada para os arquivos públicos e instituições arquivísticas, com pouca ênfase nas questões contemporâneas relacionadas, por exemplo, ao gerenciamento e uso de redes internas (intranet) e externas (internet) de comunicação, à geração, gerência e uso de bases de dados, aos novos (?) suportes da informação e seu conseqüente impacto na gestão de documentos. Enfim, as diretrizes propostas acrescentam muito pouco ao perfil do currículo mínimo em vigor desde os anos 70. O momento atual é vital para que se possa estabelecer uma reformulação efetiva nos parâmetros que tem orientado a formação de arquivistas no Brasil. Parece-me que a proposta não é ousada o suficiente para nortear as mudanças necessárias. Capacitação Retomando a definição estabelecida no início desta comunicação, será considerada, aqui, a capacitação no sentido de treinamento de funcionários de instituições arquivísticas, habilitandoos ao exercício correto de suas funções. Tendo em vista a desproporção entre a oferta de cursos de Arquivologia e as necessidades da administração - nesse caso está-se falando basicamente da administração pública em seus diferentes níveis - e, mais ainda, considerando que a abertura formal de novos postos de trabalho na área arquivística da esfera pública está praticamente fora de cogitação, quando só se fala em " enxugamento" da folha de pessoal, a capacitação do pessoal efetivamente lotado nos arquivos é fundamental. Na década de 1980, o Arquivo Nacional promoveu uma série de cursos de Arquivologia, organizados em parceria com Arquivos Estaduais e Municipais. Estes cursos tinham um caráter regional e atingiram todos os estados das regiões sudeste, norte, nordeste e centro oeste. Em 1988 e 1989 o Arquivo Nacional sediou os I e II Cursos de Aperfeiçoamento em Arquivos Públicos, cuja proposta era capacitar os funcionários dos arquivos públicos, especialmente os estaduais (que depois poderiam atuar como reprodutores da informação recebida entre os municípios de cada estado). Os cursos de curta duração oferecidos pela AAB e por outros organismos, como por exemplo, o SENAC, não suprem a lacuna deixada pelos projetos do Arquivo Nacional. E a situação do quadro de funcionários dos arquivos brasileiros é dramática. Em sua dissertação de mestrado - Arquivo Público e Informação: Acesso à informação nos Arquivos Públicos Estaduais do Brasil, defendida em 1996 junto ao Programa de Pós- Graduação em Ciência da Informação da UFMG, Regina Armond Cortes comenta: "Todas as instituições trabalham com um número reduzido de funcionários e é queixa constante de seus diretores a falta de pessoal qualificado e especializado. Nenhuma instituição analisada indicou a existência em seu quadro de funcionários de pessoal com curso superior em Arquivologia, sendo em grande número os funcionários formados em Biblioteconomia e em História. O Arquivo do Ceará tem, em seu quadro, agrônomos, assistente social, geógrafos, todos vindos de secretarias extintas pelas reformas administrativas, sendo esses funcionários remanejados para servir ao Arquivo tanto no atendimento ao público em geral como no processamento técnico. O Arquivo do Mato Grosso do Sul dispõe de nove funcionários e o atendimento ao consulente é feito por funcionários do processamento técnico. O Estado de Goiás designou oito funcionários de nível secundário para o Arquivo, sendo que quatro deles realizam funções administrativas e os outros quatro, as atividades de atendimento ao público, conservação e processamento técnico." (1996, p. 95)

Em relação aos arquivos municipais, a situação não é diferente, conforme observa-se no quadro abaixo: RECURSOS HUMANOS - QUALIFICAÇÃO Total geral de funcionários 129 100% Pós-graduação em Arquivologia 8 6,8% Graduação em Arquivologia 5 3,8% Nível superior em outras áreas 45 34,8% Nível médio com treinamento arquivístico 8 6,8% Nível médio sem treinamento arquivístico 34 26,3% Nível elementar com treinamento arquivístico 10 7,7% Nível elementar sem treinamento arquivístico 19 14,7% Fonte: Fonseca, Maria Odila. Direito à Informação: acesso aos arquivos públicos municipais no Brasil. 1996. p. 124. Os dados sobre os arquivos da esfera federal não são menos graves. No Cadastro Nacional de Arquivos Federais, de 1990, se chegou à conclusão que "... A formação profissional daqueles que possuem terceiro grau é bastante variada. No Rio, 11% dos funcionários tem o curso de Arquivologia e, em Brasília, o índice é de apenas 2%. Dos 78% servidores dos órgãos sediados no Rio de Janeiro e 59% em Brasília não possuem qualquer formação arquivística" (Arquivo Nacional, 1990, p 444). Dados levantados posteriormente, por Eliane Braga de Oliveira, para sua dissertação de mestrado " A contratação de terceiros nos serviços arquivísticos da administração pública federal em Brasília", defendida no Mestrado em Ciência da Informação e Documentação. Universidade de Brasília em 1997 e citados por Jardim (Jardim, 1999) revelam uma mudança considerável na situação observada em Brasília, apesar de ainda se configurar um quadro grave de falta de recursos humanos habilitados nos serviços de arquivos da administração federal, direta e indireta. Na pesquisa de Oliveira foram investigados 41 órgãos federais, nos quais foram identificados 259 servidores atuando em serviços arquivísticos. A situação se resume no quadro abaixo. Nível de escolaridade dos servidores em arquivos federais/1997 Escolaridade Quantidade % 1o. grau 67 25.8% 2o. grau 124 47.8% 3o. grau 64 24.7% Pós-graduados 4 1,5% Total 259 100% Fonte: JARDIM, J. M. Os Arquivos (In)Visíveis: A Opacidade Informacional do Estado Brasileiro, 1998. P.p. 202 Na sua análise dos dados levantados por Oliveira (Oliveira, 1997), Jardim (Jardim, 1999) continua: "Nesta pesquisa foram identificados, entre os servidores de nível superior, 10 graduados em Arquivologia, (14,7%), o que revela uma alteração significativa em relação a levantamentos

anteriores. O mesmo ocorre em termos de capacitação técnica, com 107 servidores (41%) já tendo realizado algum curso na área arquivística. Uma das razões que talvez explique os melhores índices de qualificação de recursos humanos na pesquisa de Oliveira (ibid.), seja a alta incidência de órgãos da administração indireta no universo investigado. A situação arquivística nos órgãos da administração indireta - em geral mais dotados de recursos - tende a ser menos grave que na administração direta. As pesquisas anteriores só contemplaram órgãos da administração direta." (1998, p 162). Enfim, não restam dúvidas sobre a necessidade de que se estabeleça um amplo plano de capacitação dos servidores lotados nos setores arquivísticos das três esferas da administração pública. No caso das empresas privadas, cujas possibilidades de renovação de recursos humanos se encontra em outro patamar, não cabe a discussão relativa à capacitação, no sentido que temos dado ao termo nesta comunicação. Neste caso trata-se de estabelecer uma política mais agressiva das universidades que oferecem os cursos de formação, no sentido de tornar mais visível o papel do arquivista na racionalização administrativa, fazendo com que estas empresas se constituam em mercado de trabalho para os egressos dos cursos de Arquivologia. IV. A produção do conhecimento arquivístico Para a sistematização das informações deste item foram usados os dados levantados por Jardim, tanto aqueles relativos ao período 1990-1995, divulgados em artigo publicado na Revista Ciência da Informação (1998) quanto aqueles relativos ao período de 1996 a junho de 1999, constantes do relatório preliminar da pesquisa "A produção e difusão do conhecimento arquivístico no Brasil 1996 1999, realizada no âmbito do Departamento de Documentação e do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Informação - NEINFO, da UFF, ainda em andamento. Ambos os levantamentos referem-se a periódicos publicados convencionalmente. Não foram incluídos periódicos eletrônicos, publicações em CD-ROM ou artigos publicados em sites da Internet. Também não foram incluídos, nesta fase da pesquisa, teses, dissertações e livros. PROCEDÊNCIA DOS ARTIGOS E AUTORES Procedência dos Artigos Quantidade (90-95) Quantidade (96-99) Brasil 47 70% 37 88% Outros Países 20 30% 5 12% Total 67 100% 42 100% Procedência dos Autores Títulos/Quantidade Brasileiros 29 64% 30 91% Estrangeiros 16 36% 3 9% Total 45 100% 33 100% Embora não tenha havido aumento no número de autores brasileiros, há um aumento significativo na proporção da produção nacional. Autores brasileiros são responsáveis por 91% dos artigos publicados, e estrangeiros por 9%, o que significa um aumento da produção nacional em relação à primeira metade da década. Ainda assim, a produção é muito baixa: 109 artigos publicados entre 1990 e 1999, numa média de 10.9 artigos por ano. Naturalmente que as comunicações apresentadas em encontros científicos da área aumentariam bastante este número. As dificuldades relacionadas à publicação dos anais destes encontros justificariam um investimento na publicação dos mesmos em formatos não convencionais, tais como disquetes, cd-roms ou publicação via Internet. RELAÇÃO TÍTULOS E AUTOR

QUANTIDADE DE TÍTULOS POR AUTOR AUTORES BRASILEIROS AUTORES ESTRANGEIROS 6 1-3 2-2 7 4 1 19 12 Total 29 61% 16 39% Segundo os dados obtidos por Jardim para o período entre 1996 e junho de 1999, temos 33 autores, sendo que um núcleo de 6 autores é responsável por 15 itens publicados, ou seja, 36% do total de itens publicados no período foram publicados por 18,75% dos autores. Os demais 27 autores foram responsáveis por 27 itens. PROCEDÊNCIA DOS TÍTULOS POR PAÍS TÍTULOS ESTRANGEIROS/PAÍSES N.º DE TÍTULOS (90-95) N.º DE TÍTULOS (96-99) Estados Unidos 6 30% 0 Espanha 6 30% 0 Canadá 3 15% 1 20% Holanda 2 10% 0 Peru 1 5% 0 Argentina 1 5% 0 Inglaterra 1 5% 0 França 0 1 20% Portugal 0 2 40% Aqui observa-se uma ampliação, na segunda metade da década, do espectro de relações acadêmicas com outros países, destacando-se a presença de Portugal. Por outro lado, parecem arrefecer certas influências tradicionais, como é o caso da Espanha e dos Estados Unidos. PROCEDÊNCIA INSTITUCIONAL DOS ARTIGOS 1990- -1995 procedência institucional do artigos BRASIL OUTROS PAÍSES TOTAL Universidades 22 47% 2 10% 24 37% Arquivos Públicos 14 30% 15 75% 29 44% Serv. Arq. Públicos 4 9% - 4 6% Serv. Arq. Privados 6 12% 2 10% 8 10% Outros 1 2% 1 5% 2 3%

Total 47 100% 20 100% 67 100% PROCEDÊNCIA INSTITUCIONAL DOS ARTIGOS 1996-1999 procedência institucional do artigos BRASIL OUTROS PAÍSES TOTAL Universidades 15 40,5% 2 40% 17 40,4% Arquivos Públicos 11 29% 3 60% 14 33,3% Serv. Arq. Públicos 5 13,5% 0 5 11,9% Serv. Arq. Privados 4 10,8% 0 4 9,5% Outros 2 5,4% 0 2 4,7% Total 37 100% 5 100% 42 100% PROCEDÊNCIA INSTITUCIONAL DOS AUTORES 1996-1999 procedência institucional dos artigos BRASIL OUTROS PAÍSES TOTAL Universidades 8 1 9 28% Arquivos Públicos 10 3 13 41% Serv. Arq. Públicos 2 0 2 6% Serv. Arq. Privados 7 0 7 22% Outros 2 0 2 6% Total 29 4 33 Nos percentuais totais desde o início da década, observa-se que a universidade superou os arquivos públicos na publicação itens em periódicos. Ainda segundo os dados da pesquisa de Jardim (1999), do núcleo de 6 autores de maior produtividade, 4 são vinculados à universidades, o que representa 67% do núcleo mais produtivo. TEMAS DOS ARTIGOS TEMAS AUT.BRASILEIROS AUT.ESTRANGEIROS TOTAL 90-95 96-99 90-95 96-99 90-95 96-99 Classificação, arranjo e descrição 6 8 2 0 8 12% 8 19% Políticas públicas de 6 1 3 0 9 15% 1 2,3%

arquivos Avaliação e seleção 1 3 0 0 1 1% 3 7,1% Teoria Arquivística 4 2 5 0 9 15% 2 4,7% Tecnologias aplicadas aos arquivos 8 0 6 0 14 21% 0 Legislação 8 5 2 0 10 15% 5 12% Planejamento e Administração de Arquivos 7 4 2 0 9 13% 4 9,5% Formação profissional 6 0 0 0 6 13% 0 Arquivos Pessoais 0 5 0 2 0 7 16% Gestão de Documentos 0 4 0 0 0 4 9,5% Arquivos Universitários 0 1 0 0 0 1 2,3% Arquivos fotográficos 0 1 0 0 0 1 2,3% Total 47 37 20 5 67 42 Neste item observa-se uma grande diminuição de publicações voltadas para as políticas públicas de arquivos e legislação arquivística durante a década. Outro tema que arrefece é o das tecnologias aplicadas aos arquivos, tema que não foi contemplado com nenhum artigo na segunda metade da década. Diminui o volume de títulos sobre administração e planejamento de arquivos, mas surgem alguns voltados para questões gerais da gestão de documentos. A formação profissional também desaparece como tema de artigos na Segunda metade da década. Seria interessante comparar estes temas com os temas dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelos alunos ao final dos cursos. LOCAL DE ORIGEM DOS AUTORES LOCAL DE ORIGEM DOS AUTORES QUANTIDADE 90-95 QUANTIDADE 96-99 Rio de Janeiro 18 67% 18 62% São Paulo 4 12% 4 14% Brasília 2 8% 3 10% Espírito Santo 1 4% 0 Minas Gerais 1 4% 0 Paraná 1 4% 1 3,5% Santa Catarina 1 4% 0 Rio Grande do Sul 1 4% 1 3,5% Bahia 0 1 3,5% Pernambuco 0 1 3,5% Maranhão 0 1 3,5% TOTAL 24 100% 33 100%

Observa-se, ao longo da década, uma concentração de autores na região sudeste, especialmente no eixo Rio - São Paulo, de onde se originam 76% dos autores. Em relação à origem institucional dos periódicos, podemos considerar as análises feitas por Jardim, para a primeira metade da década: "A maioria dos títulos publicados (51%) se deu em periódicos de organizações arquivísticas, sendo que 30% especificamente dos arquivos públicos. Isto sugere a importância das instituições arquivísticas na comunicação científica, apesar desse esforço não plasmar-se num periódico específico do campo regularmente publicado" (1998, p.9). Mesmo consideradas as modificações observadas entre as duas metades da década de 90, creio que ainda são pertinentes as conclusões de Jardim no artigo em que foram baseados estes dados: "A vocação do arquivista como produtor de conhecimento encontra-se diretamente relacionada com as dimensões emergentes na área. No caso brasileiro, isto implica: na vinculação entre ensino e pesquisa; na interação entre serviços arquivísticos públicos e privados e a universidade; na melhoria dos padrões ensino de Arquivologia; na formação contínua dos profissionais em atuação; na maior participação de autores brasileiros nos periódicos que publicam temas sobre Arquivologia; no estímulo à existência de periódicos voltados especificamente para o campo arquivístico; numa participação mais ativa das editoras universitárias na publicação de anais de eventos da área e outras formas de publicação; na implementação de uma bibliografia brasileira de Arquivologia." (idem, p. 10). V. Diretrizes e ações DIRETRIZES E AÇÕES PRAZOS DA AÇÕES AGENTES ENVOLVIDOS Promover discussões em torno de uma maior articulação entre os cursos de Arquivologia, e criação um espaço institucional, formal e representativo dos interesses e questões próprias da formação de arquivistas. Tal fórum se tornaria um elemento importante de interferência nas reformas que atingem a Universidade Retomar os projetos de capacitação do Arquivo Nacional, ampliando o espectro das ações e os agentes envolvidos Dotar os cursos de Arquivologia de recursos informáticos para laboratórios de ensino compatíveis com as necessidades contemporâneas 1999-2000 (planej.) 2001-2004 (implant.) 1999-2000 (planej.) 2001-2004 (implant.) 2004.(continuidade) 1999-2000 (planej.) 2001-2004 (implant.) 2004 (continuidade) Universidades, AAB, Conarq, Associações discentes. Arquivo Nacional, Conarq, Universidades, Arquivos Estaduais, Arquivos Municipais, AAB, órgãos como SENAI, SENAC, escolas de governo. Arquivo Nacional, Conarq, Universidades, Arquivos Estaduais, Arquivos Municipais, AAB, órgãos de fomento. Ampliar a presença de dados sobre arquivos e arquivistas na Internet 1999-2000 (planej.) Arquivo Nacional, Conarq, Universidades, Arquivos Estaduais, Arquivos Municipais, AAB, serviços

Estruturar e compilar Bibliografia Brasileira de Arquivologia Publicação dos trabalhos de conclusão de curso dos alunos dos cursos de Arquivologia, em qualquer suporte. 2001-2004 (implant.) 2004 (continuidade) 1999-2000 (planej.) 2001-2004 (implant.) 2004 (continuidade) 1999-2000 (planej.) 2001-2004 (implant.) 2004.(continuidade) arquivísticos públicos e privados Arquivo Nacional, Conarq, Universidades, Arquivos Estaduais, Arquivos Municipais, AAB, órgãos de fomento. Arquivo Nacional, Conarq, Universidades, Arquivos Estaduais, Arquivos Municipais, AAB, órgãos de fomento. Promover seminário para discussão das questões de formação relativas ao MERCOSUL 1999-2000 Arquivo Nacional, Conarq, Universidades, Arquivos Estaduais, Arquivos Municipais, AAB, órgãos de fomento e agências do governo relacionadas com a questão Criar um banco de dados de currículos de arquivistas 1999-2000 (planej.) 2001-2004 (implant.) 2004.(continuidade) Arquivo Nacional, Conarq, Universidades, Arquivos Estaduais, Arquivos Municipais, AAB, serviços arquivísticos públicos e privados Bibliografia CÔRTES, Maria Regina P ª. Arquivo Público e Informação: Acesso a Informação nos Arquivos Públicos Estaduais do Brasil. Dissertação de Mestrado aprovada pelo Programa de Pós- Graduação em Ciência da Informação da UFMG, 1996. FONSECA, Maria Odila. Direito à informação: acesso aos arquivos municipais no Brasil. Dissertação de Mestrado. UFRJ/IBICT. Rio de Janeiro. 1996. HARMONIZATION OF TRAINING IN LIBRARIANSHIP, INFORMATION SCIENCE AND ARCHIVES. Paris : UNESCO, 1987. JARDIM, José Maria Sistemas e Políticas Públicas de Arquivos no Brasil.. Niterói: EDUFF, 1995.. A produção de conhecimento arquivístico : perspectivas internacionais e o caso brasileiro (1990-1995). Ciência da Informação. IBICT. v. 27, n.3, 1998.. A Universidade e o ensino da Arquivologia no País. In: Estudos & Pesquisas 2. Niterói: EDUFF, 1998.. Os Arquivos (In)Visíveis: A Opacidade Informacional do Estado Brasileiro. Niterói : EDUFF, 1999 (no prelo). A produção e difusão do conhecimento arquivístico no Brasil 1996 1999, Departamento de Documentação / Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Informação - NEINFO, UFF. Relatório parcial de pesquisa. 1999.

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