Grasiela - Bom à gente pode começar a nossa conversa, você contando para a gente como funciona o sistema de saúde na Inglaterra?



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Transcrição:

Rádio Web Saúde dos estudantes de Saúde Coletiva da UnB em parceria com Rádio Web Saúde da UFRGS em entrevista com: Sarah Donetto pesquisadora Inglesa falando sobre o NHS - National Health Service, Sistema de Serviços de Saúde da Inglaterra. Grasiela - Olá, sou Grasiela, da Rádio Web Saúde Brasília. Fabiano - Sou Fabiano da Rádio Web Saúde de Porto Alegre, estudante do Curso de Saúde Coletiva, nós estamos aqui no 10º Congresso Internacional da Rede Unida e vamos conversar com a Sarah, eu vou passar para a Sarah para poder se apresentar para o pessoal. Sarah - Olá, eu sou a Sarah Donetto, eu sou pesquisadora e trabalho no Kings College em Londres na Inglaterra e trabalho como pesquisadora nesse momento num projeto que tenta dar uma ideia de como que a Saúde da Família tá funcionando e quais são as diretrizes principais para o desenvolvimento do serviço. Grasiela - Bom à gente pode começar a nossa conversa, você contando para a gente como funciona o sistema de saúde na Inglaterra? Sarah - O sistema de saúde na Inglaterra, o nome dele é NHS é "National" e ele é um sistema publico e o acesso é universal e é de graça. Fica organizado em níveis de atendimento, tem um atendimento no território de atenção básica e tem um atendimento secundário, também junto a esses serviços tem claros os serviços de emergências, clinicas ambulatoriais. E você pode o paciente, o usuário pode ser assistido sem passar pelos outros serviços, ser de uma forma de um pronto atendimento no território. Geralmente a parte chave desse sistema é a parte da atenção básica que funciona com "General Practices que são essas instituições de saúde onde trabalha os médicos da atenção básica que são os GPs "General Practitioners" e a equipe que inclui enfermeiros, que inclui operadores sociais, assistentes sociais que não são dependentes no NHS mas que colaboram e que incluam outros profissionais não só da área da saúde. Agora nesse momento histórico, o Sistema de Saúde da Inglaterra está numa fase de grande transformação, por que tem políticas de saúde bem recente, de 2010, que vão transformar a organização das instituições dos vários níveis de passagem dos recursos sabe. Então a forma de organização e a forma do orçamento, a organização dos provedores está numa fase de transformação e vai abrir um pouco mais para os provedores privados e vai os pontos mais importantes são que vai abrir um pouco mais são para os provedores privados e também a gestão dos recursos que vem do estado passam para aquelas que eram as unidades estratégicas de área. Esses recursos vão ficar com os GPs e a atenção primária, a organização da atenção primária via mudar bastante, por que a gestão dos recursos vai mudar de uma forma fundamental. Eu acho que a minha fala assim fica meio confusa, mas por que a gente está no meio dessa fase de transformação. Então a gente sabe que a gente vai perder, mas ainda não sabe bem como é que as novas organizações vão funcionar. Grasiela - Você acha que esses recursos podem ser mais direcionados para a Atenção Terciária e Secundária do que a Atenção Primária?

Sarah - Não, só estou falando que a gestão dos recursos, quem é que vai ser responsável pela gestão dos recursos vai mudar. Então claro que vai mudar a organização dos serviços também, por que a responsabilidade da gestão vai ficar com instituições diferentes e eu não te posso, a gente ainda não sabe como isso vai funcionar, verdade a gente ainda não sabe, tem uma confusão e tem uma mobilização dos profissionais, das pessoas, dos usuários e de outras pessoas envolvidas na área da saúde para negociar como é que a lei vai ser aprovada, acho que foi aprovado bem recentemente esse ano de 2012 e foi um item muito longo e por que tem um envolvimento dos profissionais da área da saúde, vários profissionais para negociar como as mudanças vão acontecer na pratica e a gente está no meio desse processo que não dá para explicar direito como é que vai acontecer. Fabiano E tu consegues ter uma ideia no caso dessa lei ser aprovada, qual seria o impacto para os trabalhadores e da população se souber desse tipo de mudança? Sarah Se for falar a verdade não, por que está em processo. Eu acho que nem é bom imaginar demais, pessoalmente eu acho que a opinião pessoal é que a entrada dos provedores privados é uma coisa que a gente vai ter que ter cuidado com a privatização, mesmo que seja menor, mas para quem gosta dos serviços de saúde publica universal fica meio preocupado, mas vamos ver como é que a transformação acontece. Fabiano Esses provedores privados que tu fala seriam um serviço de saúde que atuariam em conjunto como sistema publico, ao mesmo tempo em que o serviço público que seria o próprio governo contratando os serviços privados para prestar assistência para a população. Sarah Os detalhes da nova organização, que a minha área de pesquisa não é o sistema mesmo, os detalhes eu não conheço, mas com certeza os provedores farão parte do sistema publico durante a transformação, também vão se instituir órgãos de controle, claro dos provedores mesmo, eles vão ficar dentro do controle do serviço publico assim o serviço fica sendo publico e fica sendo de graça no ponto de acesso e fica sendo universal que é um grande orgulho para a Inglaterra, por isso que começou nos anos 40, após a guerra, é um grande orgulho e uma grande cobertura de vários tipos de serviços. Agora eu trabalho com pesquisa dentro desse sistema, meu interesse principal é a formação dos profissionais em saúde. Então a minha área de competência é mais na área da abordagem sociológica, antropológica de educação mesmo a formação dos profissionais em saúde e o meu interesse principal é problematizar formação, problematizar as relações entre os profissionais em saúde da área. Eu conheço do sistema, eu conheço como que funciona, mas os detalhes em inglês é Comissiones, de como você faz o comissiones dos serviços, como os serviços, como os provedores fazem isso os detalhes eu não conheço na verdade. Fabiano Tu podias falar mais da tua pesquisa que trabalha na formação do trabalho na universidade com os profissionais em saúde com curso de graduação ou pós Graduação, como é que funciona. Sarah Eu trabalho no centro de pesquisa, o centro é a National Center for Nursing Research, que é o centro nacional de pesquisa sobre a enfermagem, mais ou menos, traduzindo mais ou menos. Eu dou aula de vez em quando, geralmente mais para estudantes

que querem fazer pesquisa. Então são aulas de metodologia, é mais esse tipo de coisa. A minha formação de pesquisa foi na educação e o meu trabalho de pesquisa de doutorado, daquela coisa básica de começar a pesquisa foi com a formação dos alunos da graduação em medicina, utilizando a ideia da consciência critica do Paulo Freire mesmo, para ver como é que é a formação em medicina se ela ajuda ou atrapalha a formação e o desenvolvimento da consciência critica do profissional em saúde. Agora eu trabalhei com os alunos da medicina, eu acho que a ideia funciona com esses profissionais de saúde de uma forma geral. Eu trabalho que eu faço agora é um trabalho de pesquisa, o meu projeto é sobre Os Serviços de Saúde da Família, que lá funciona com uma figura profissional do Health Visitors. O Health Visitors é uma enfermeira ou enfermeiro, de comunidade com especialização em saúde publica da família, na área da saúde da família. Então esses profissionais visitam as famílias em casa, quando tiver um bebe eles visitam e começam a trabalhar com a família para, assim, na ideia da prevenção e de criar, gerar as condições melhores possíveis para uma vida saudável da família. Eu trabalho com os usuários, é um projeto de pesquisa pequeno, em dois centros da Inglaterra, para ter uma ideia do que os usuários acham do que é os pais acham do serviço de saúde da família, por que em 2011 o governo britânico investiu muito nesse programa de saúde da família que tava meio assim, não sabe como explicar em português, mas o numero de profissionais estava baixando, estava diminuindo. Então para reforçar e renovar a área da saúde da família, o governo em 2010 decidiu investir e investiu em Target em número de profissionais que eles iam treinar. Então criou vagas para formação e vai criar vagas no trabalho também. E por isso também a gente acha muito importante que um processo de investimento desse tipo seja acompanhado por uma pesquisa que escute a voz do usuário. É um projeto pequeno, vai ser um projeto qualitativo que não vai ter uma ideia de Generalization do que a gente conversa com os usuários, mas vai ter problematizar o que acontece no serviço, o que acontece na prática, o que os usuários acham dos health visitors, das experiências que eles tiveram com os health visitors, o que foi bom, o que não foi bom. Então o que a gente vai ter que fazer, quais são as coisas que a gente vai ter que destacar que prestar a atenção do desenvolvimento desse investimento. Fabiano Eu ia te perguntar em relação ao controle social, a participação da população mesmo dentro do sistema, como ela se dá? Sarah A participação dos usuários, a gente fala de Pacient Public Involving, o PPI, o envolvimento do paciente e do publico. Tá muito bem colocado, tá muito bem destacada nas políticas, nos documentos das políticas publicas, o envolvimento é uma prioridade nos discursos das políticas em saúde e ele deve acontecer no planejamento dos serviços e na avaliação dos serviços. Então tem sistemas de feedback para os usuários para poderem dizer como é que a experiência do serviço pode ser dentro do hospital, pode ser dentro da atenção básica, uma experiência aonde for. Agora o sistema nem sempre funciona de uma forma legal, às vezes é só aquele instrumento para medir e tem um numero lá indicando alguma coisa que não é necessariamente a forma melhor de envolver as pessoas e a gente todo tempo tenta abrir mais possibilidades para conversar com os pacientes.

Eu pessoalmente gostaria de expor formas de envolvimento muito mais fortes, é por isso que eu fico aqui no congresso da rede unida por que eu acho que o Brasil tem uma cultura de participação muito mais forte e uma ideia do que é participação que é muito mais ampla do que a gente tem lá. A gente às vezes na Inglaterra e na Europa, eu acho mais em geral pensa que é só convidar o usuário, deixar ele falando e falar bom a gente fez a participação, acontece, não quero falar que é assim mas acontece. Eu gostaria de ver muito mais uma participação mais ativa que não é convidar alguém, mas é fazer junto, não seja a instituição ou profissional responsável por coletar dados, analisar, que seja um processo mais participativo mesmo, agora é difícil de imaginar por que a experiência limitada e é por isso que pessoas que pensam dessa forma tentam aprender mais nos lugares, nas experiências, como a experiência de vocês tem uma ideia mais forte e ampla na verdade de participação e de construção na prática, não só na teoria, no textos. Fabiano E outra pergunta é nos cursos da área da saúde, dentro do currículo desses cursos vocês... o curso de saúde publica, saúde coletiva, tem um incentivo na graduação para se envolver na parte do sistema de saúde do país? Sarah Para ele se envolver ou também os usuários? Fabiano Eu to falando dos profissionais. Sarah Dos profissionais, para eles mesmos? Fabiano Sim, sim. Sarah Se envolver nos processos. Fabiano Para motivar esses futuros profissionais a entender como que funciona o sistema, por que é um problema que a gente vê aqui no Brasil que não temos disciplinas de saúde coletiva e de saúde publica nos cursos de graduação, principalmente na área da medicina, por exemplo, quando o profissional se forma ele acaba atuando na parte privada e o SUS acaba sendo visto mais como a medicina dos pobres e não há uma procura para atuar dentro do sistema publico de saúde, eu pergunto nesse sentido assim, não sei se eu consegui ser claro. Sarah Vamos ver, eu acho, eu posso falar, eu sei o que acontece com a medicina e sei um pouco do que acontece nos outros cursos, então eu vou falar o que eu vi, as vezes tem contribuições diferentes, experiências diferentes. Eu acho que os cursos não dão muito espaço nessa direção do que você está falando. Agora lá o privado é muito menor do que aqui, então você treina para ser um profissional dentro do NHS e é muito mais raro conversar com pessoas, minhas conversas com alunos da graduação não tem pessoas que querem ser profissionais privados geralmente, o NHS é um sistema forte com contribuição dos profissionais, é interessante, aposentamento é interessante. Então os alunos eles querem trabalhar no NHS, o problema não é isso, mas eles se interessar aos processos, como o NHS funciona, quais são os atores dentro dos processos e isso não acontece muito. Os alunos da graduação em Medicina eles tem um currículo muito compresso, eles trabalham muito e tem muito espaço para fazer outras coisas e dentro desse processo a atenção deles fica com as disciplinas tradicionais e a atenção e a preocupação com as provas.

Tem aulas de Sociologia, tem aulas de Ética e com certeza tem aulas que explicam como o NHS funciona, mas são coisas assim pontuais e não a ideia, o sentido político de ser médico, de ser o profissional de saúde de qualquer tipo, na verdade eles não têm espaço para discutir ou refletir sobre isso na Medicina. Eu acho que não tem muito, talvez em outras profissões, por exemplo, na Enfermagem na prática de refletir sobre a ação dentro do serviço é mais importante, mais a ideia da política fica bem separada e daqui a pouco tudo é política a ideia Paulo Freire mesmo todo profissional você vai ter que saber para que você tá praticando, quem é que tem vantagem da sua atuação como profissional, isso não tem muito espaço para fazer. Fabiano Então tu dirias que o principal fator que leva esses profissionais ao sistema seria o próprio reconhecimento do profissional dentro desse sistema. Sarah Eu acho que é e o médico e o Profissional de Saúde tem um status social bem reconhecido, o médico como sempre bem mais do que os outros mas ser profissional da saúde na maioria dos casos é uma proposta interessante para um aluno da graduação por exemplo. Fabiano Mas falando financeiramente em relação aos outros profissionais, existe uma diferença muito grande na remuneração de um médico ganha ou que um enfermeiro ganha ou outro tipo de profissional recebe dentro do sistema? Sarah Isso eu não sei responder na verdade, eu sei que os salários na área da Medicina e na área das Enfermagens são competitivos, mas não sei, comparando com outros não sei mas que é competitivo é com certeza e com o salário do médico com certeza. Fabiano Vamos falar um pouca da tua formação por que acho que quando tu se apresentou não falou né. Sarah Bom é complicado explicar por que eu estudei medicina, me formei na Itália, sou italiana, sou de Nápoles, e daí na Itália não tem muito trabalho e fui embora para a Inglaterra, a escolha foi por que tinha um sistema publico e também por que o inglês, na Europa você vai estudar uma língua você vai estudar inglês primeiro. Então eu fui para a Inglaterra trabalhei como médica em dois anos na Medicina Geral, no hospital e depois na Psiquiatria e eu tinha muitas perguntas, a pratica nem começava a propor respostas para elas. Então comecei a estudar Antropologia Médica no mestrado, fiz Mestrado em Antropologia Médica e aí comecei a terminar mais instrumentos não para ter respostas ainda não cheguei, ainda não tenho, pelo menos para refletir sobre as perguntas, como construir um mapa das perguntas, como colocar as perguntas, como colocar elas. Daí conheci pessoas dentro da universidade e minha ideia de entender por que um estudante de Medicina, graduado em Medicina eu tive da Antropologia para ter instrumentos, como os instrumentos dentro da Medicina, será que minha experiência no problema da formação. Por isso, como essa pergunta conheci dois professores super legais dentro do Kings College dentro da educação onde fiz um doutorado, a formação dos médicos. Então qual é o papel da consciência critica tem conscientização dentro da formação em Medicina ajuda no processo de formação atrapalha ou como é que funciona, Fiz uma pesquisa qualitativa desse tipo. Apaixonei pelas Ciências Sociais da formação e da saúde e então continuo um projeto aí na

Europa com a crise, só trabalhar de projeto em projeto é a continuidade e agora nessa época fica meio difícil mas fico com a ideia e tento trocar experiência assim nessas ocasiões maravilhosas como o Congresso da Rede Unida para assim brincar com as ideias e ter aquela troca de experiências e aquele espaço para pensar, refletir e observar formas diferentes e fazer as coisas, de fazer saúde, produzir saúde Grasiela Sarah eu acho interessante fala, falando sobre a formação dos Médicos, por que normalmente aqui no Brasil culpa mesmo o médico as vezes o serviço não está humanizado e a gente acaba esquecendo que é exatamente por causa da formação que ele tem como por exemplo os residentes ou todos os estudantes tem um currículo muito fechado eles aprendem a fazer daquela forma e se eles não fizerem, li um artigo falando como eles escreviam os prontuários e muitas vezes eles queriam intervir, como escrever no prontuário como que a pessoa se sentia e professor podava ele e dizendo que não, que ele tinha que falar sobre o estado dele, a gente está falando então é interessante a gente ver isso na área da antropologia da saúde como que surge essas representações sociais dentro da nossa sociedade culpar o profissional, mas também ver a própria formação. Então acho que a gente pode finalizar você quer fazer mais algum comentário? Sarah Quero agradecer por que é sempre interessante ficar nesses processos, não para mim é um prazer compartilhar e obrigado. Grasiela Obrigado Sarah a rádio web saúde agradece Fabiano Agradecemos então a entrevista com a Sarah e nos despedir ficamos por aqui.