AVALIAÇÃO DO ENTORNO DAS NASCENTES DO MUNICIPIO DE BARBACENA COM VISTAS A IDENTIFICAR OS IMPACTOS DE USO E OCUPAÇÃO

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO ENTORNO DAS NASCENTES DO MUNICIPIO DE BARBACENA COM VISTAS A IDENTIFICAR OS IMPACTOS DE USO E OCUPAÇÃO SALES, Harley Tavares de (*), PEREIRA, Marlene de Paula 2 * Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena. tavares.harley@hotmail.com. RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar o estado das nascentes que abastecem o município de Barbacena MG, de modo a identificar os efeitos do uso e ocupação do solo na região do entorno. Buscou-se investigar, de modo específico, se as nascentes contam com a presença de cercas de proteção; se existe atividade agropecuária no entorno; analisar a situação da mata ciliar e ainda buscar compreender a percepção da população que reside próximo a respeito da importância das nascentes. A pesquisa justifica-se em razão da importância das nascentes para o abastecimento do município e região, principalmente se considerado o contexto de crise hídrica que o Estado de Minas Gerais tem enfrentado nos últimos anos. A abordagem da pesquisa foi quali/quantitativa, visto que se fez uso de dados numéricos, mas também baseou-se em entrevistas e observações de campo. Foram realizadas visitas aos locais pesquisados para fins de constatação visual do estado das nascentes. Para a verificação macroscópica do estado das nascentes foi utilizado como instrumento de pesquisa o Índice de Impactos de Nascente (IIAN), proposto por Gomes et al (2005). Com relação às entrevistas, optou-se por utilizar a entrevista não-padronizada, que consiste na mistura de questões abertas e fechadas. Este tipo de entrevista mostra-se útil quando busca-seuma abordagem ampla, porém focada em um determinado contexto de investigação. Os resultados obtidos dão conta de que, dentre as 17 nascentes estudadas, nenhuma possui floresta dentro do raio de 50 m, conforme determina a legislação atualmente em vigor. Foram observadas atividades agrícolas e de pecuária próximas às nascentes. No entorno de algumas nascentes visitadas foi observado o pisoteio de gado, o que demonstra que nem sempre existe preocupação com o cercamento. A impermeabilização de solo feita pelo gado é facilmente identificada ao arredor das nascentes analisadas, provando assim que há falta de cercamento num raio de 50 metros em volta da nascente. A população apresentou preocupação em relação ao problema da escassez de chuvas e em relação à possibilidade de falta d água, mas apresentou também desconhecimento a respeito de como melhorar suas práticas de modo a ampliar a proteção das nascentes. De forma geral, conclui-se que quanto aos aspectos observados pelo índice de Gomes et al. - IIAN, existe boa conservação na maioria das nascentes, entretanto, de acordo com as entrevistas e visitas in locu constatou-se que o estado das nascentes é bastante preocupante por não haver proteção da vegetação no raio de 50m, conforme determina o Código Florestal. PALAVRAS-CHAVE:Nascentes, Avaliação, Impactos e Barbacena. INTRODUÇÃO Diante da situação de crise hídrica que grande parte dos municípios brasileiros vem enfrentando, a presente pesquisa tem por objetivo mapear as nascentes que dão origem aos principais rios que abastecem o município de Barbacena e, a partir disso, averiguar o estado de conservação destas nascentes. De acordo com Calheiros (2004), consideram-se nascentes o local da superfície topográfica onde emerge, naturalmente, uma quantidade apreciável de água subterrânea. Estes locais representam descargas naturais dos aquíferos que alimentam normalmente os cursos de água, podendo eventualmente ser utilizadas para consumo humano, agricultura, e outros fins, através de obras de captação. Desse modo, as nascentes são afloramentos do lençol freático, que, em seu acúmulo formam trechos de águas (CALHEIROSet al.,2004). As nascentes abastecem os riachos, córregos e cursos d água que por sua vez abastecem os rios. Se não houver a proteção das nascentes, menor será a vazão de água disponível, os cursos d água podem secar e a qualidade das águas será prejudicada, afetando todos os seres vivos que dependem dela para sobreviver. (BELINATI, 2015). IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

Em razão de sua importância, as nascentes são protegidas pela lei. O Código Florestal LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012, define o limite para a Área de Preservação Permanente (APP) da nascente num raio mínimo de (50) cinquenta metros em seu entorno, o que significa que este espaço deve ficar resguardado dos usos e atividades humanas, justamente para que possam cumprir o papel ecológico. Apesar de o Brasil ser um país bastante dotado de recursos naturais hídricos, a escassez e racionamento em diversos Estados brasileiros tornou-se nitidamente um problema no último ano de 2015, culminando no que foi chamado de Crise hídrica brasileira. Esse fato provocou diversas reflexões e questionamentosno sentidode buscar soluções imediatas e de longo prazo para o problema. Desse modo, esta pesquisa se justifica porque sabe-se que, tanto em nível rural, quanto urbano, ainda é bastante deficiente o conjunto de medidas utilizado para proteção das nascentes, embora nos dois contextos a população reconheça a necessidade da preservação. Na área rural, existe o perigo dos agrotóxicos, além do acesso direto de animais. Na área urbana, o uso e ocupação do solo estão diretamente relacionados com a construção civil e com a geração de lixo, muitas vezes descartado de forma descuidada próximo às nascentes. Desse modo, compreende-se que a avaliação da situação das nascentes em nível local, com o objetivo de identificar as principais ações causadoras da contaminação, é importante para direcionar o desenvolvimento de políticas e a implantação de medidas que visem ampliar os níveis de esclarecimento da população sobre o assunto e melhorar a relação da população com o meio ambiente. OBJETIVO Foram objetivos específicos do trabalho: Identificar impactos de uso e ocupação das nascentes; Descobrir os tipos de atividades desenvolvidas no entorno das nascentes e da mata ciliar. Descobrir o real estado da mata ciliar em volta das nascentes. METODOLOGIA A metodologia empregada no trabalho faz uso de várias técnicas de pesquisa, com o fim de cruzar as informações e utilizá-las de modo complementar. Foi realizado aprofundamento bibliográfico, pesquisa nos órgãos responsáveis pelo abastecimento de água do município, entrevistas e observações de campo. As entrevistas foram gravadas e as observações anotadas em caderno de campo. Natureza e tipo de estudo O presente estudo teve como proposta metodológica a pesquisa de natureza exploratória, com abordagem quali/quantitativa. Segundo Cervo & Bervian (2007), a pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e procura descobrir as relações existentes entre os elementos pesquisados, afirma também que o estudo exploratório é recomendado onde há poucos conhecimentos sobre o problema a ser estudado. Acredita-se que a pesquisa exploratória proporciona o aumento da experiência do entrevistador com o problema. A abordagem da pesquisa foi quali/quantitativa, visto que se fez uso de dados numéricos, como os quantitativos das infrações ambientais registradas, mas tambémse baseou em entrevistas e observações de campo. Pesquisas qualitativas são tradicionalmente associadas a interesses de pesquisa tipicamente subjetivistas. Em contraste, pesquisas quantitativas geralmente respondem às exigências do paradigma positivista, cujo interesse de pesquisa é centrado no estabelecimento de leis causais. Manicas (2006)identifica os mecanismos causais como uma abordagem central para a proposição e o estabelecimento de relações causais. Sob essa perspectiva, a escolha de metodologias qualitativa pode ser subordinada às necessidades de estipulação de relações causais, nem sempre possíveis a partir de abordagens quantitativa. 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Desta forma, o tipo de abordagem escolhida foi a de melhor adaptação ao estudo, portanto, o delineamento ora discutido vem contemplar os objetivos propostos a referida pesquisa. Local e período do estudo O município de Barbacena possui uma população estimada de 135.829 habitantes e fica localizado na região do Campo das Vertentes. Com área territorial de 759,186Km² o município de Barbacena possui mais de 12 distritos, são eles: Colônia Rodrigo Silva, Correia de Almeida, Costas da Mantiqueira, Faria, Padre Brito, Galego, Mantiqueira do Palmital, Senhora das Dores, Pinheiro Grosso, Ponte do Cosme, Ponte Chique do Martelo, São Sebastião dos Torres. (BARBACENA, 1958). O município é permeado por grande quantidade de nascentes, tornando-se impossível a avaliação de todas, dentro de período de tempo para realização desta pesquisa (um ano). Desse modo, optou-se por avaliar aquelas que mais contribuem para abastecimento da cidade (área urbana), de acordo com informações do Serviço de Água e Saneamento - SAS e da Copasa. Assim, o estudo foi realizado nomunicípio de Barbacena MG, nas nascentes que formam os córregos do Caeté, e as nascentes localizadas no inicio da formação do Rio das Mortes. O serviço de captação de águas e abastecimento da cidade de Barbacena é realizado por duas companhias, a saber: - COPASA MG Companhia de Saneamento de Minas Gerais (companhia estadual); - SAS Serviço de Água e Abastecimento (autarquia municipal); A companhia COPASA capta dentro do município de Barbacena águas oriundas do afluente Córrego do Caeté. Assim, serão consideradas nascentes que formam tal afluente. Já a companhia SAS capta águas do Rio das Mortes. Segundo a companhia SAS, o Rio das Mortes tem suas principais contribuições para formação do rio, nas Nascentes encontradas na zona rural, região conhecida com Estiva. Essa região é conhecida entre seus moradores, como região das nascestes do Rio das Mortes. A coleta de dados foi realizada durante os meses de junho e julho de 2016. Foram levadas em consideração diretrizes estipuladas pelo Comitê de Ética estabelecido pelo Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerias, por se tratar de estudo com pessoas. Por esta razão, os entrevistados aparecerão, neste texto, identificados por meio de nomes fictícios ou por apelidos. Participantes da Pesquisa Os participantes da pesquisaforam os moradores do entorno das nascentes da região da Estiva, e do córrego Caeté. A amostra foi composta por quatro moradores do entorno das nascentes supracitadas. Os critérios de inclusão foram: ser morador do entorno das nascentes que formam os córregos do Caeté, e da comunidade da Estiva. Aceitar participar da pesquisa. Ser maior de idade. Conhecer a nascente. Os critérios de exclusão foram: Não morar no entorno das nascentes já citadas. Não aceitar participar da pesquisa. Recusa da assinatura do termo de autorização da entrevista. Ter idade inferior a 18 anos. Não conhecer as nascentes em questão. Também foram entrevistados gestores ambientais de Barbacena e com representantes do SAS- Serviço de Água e Saneamento, e da empresa COPASA- Cia de Saneamento de Minas Gerais. Todos os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e assinaram a autorização para publicação de entrevista. Para garantir o anonimato, os sujeitos não foram identificados e as nascentes foram identificadas com a letra N, seguida de numerais ordinais (N1, N2...) Instrumento e procedimentos de coletas de dados O instrumento de coleta de dados adotado foi a entrevista não-padronizada. Entrevista, para Marconi e Lakatos (2003, p. 195) é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. A entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Considerando que há atividades antrópicas próximas às nascentes, foram aplicadas entrevistas com populações vizinhas as nascentes, com vistas a identificar a percepção desta em relação ao problema, analisar os hábitos e atividades desenvolvidas e inferir em que medida os modos de vida das populações comprometem o estado de conservação das nascentes. Optou-se por utilizar a entrevista não-padronizada, que consiste na mistura de questões abertas e fechadas. Este tipo de entrevista mostra-se útil quando busca-seuma abordagem ampla, porém focada em um determinado contexto de investigação. Para que se pudesse obter coordenadas geográficas das nascentes avaliadas, fora utilizado um GPS (formato de posição UTM UPS), para que se pudesse ser esboçado em um mapa de identificação. Das observações de campo Antes de se realizar as entrevistas com os moradores dos locais citados, foram preenchidos alguns formulários para se ter o diagnostico situacional da preservação das nascentes e o impacto visual. A Lista de Verificação contém um conjunto de fatores que possam influenciar diretamente na qualidade e quantidade das águas das nascentes. Depois foi realizada uma verificação visual, onde outro instrumental foi preenchido, neste foram detectados possíveis impactos ambientais. Trata-se do Índice de Impactos de Nascente (IIAN), proposto por Gomes et al (2005). Segundo Gomes et al, o Índice de Impactos de Nascente (IIAN) foi baseado em aspectos macroscópicos sugeridos pelo Guia de Avaliação da Qualidade da Água (2004 e a Classificação do Grau de Impacto de Nascentes (2004) que levam em consideração a coloração aparente da água, odor da água, lixo no entorno, matérias flutuantes, espumas e óleos, esgoto, vegetação, uso por animais, uso antrópico, proteção, identificação e residências. Todos estes aspectos contribuem diretamente para um somatório de pontos, que posteriormente indica o grau de preservação da nascente e a categoria que se enquadra. 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Tabela 1. Pontuação dos Parâmetros Macroscópicos segundo o Índice Impactos de Nascente (IIAN) Fonte: Gomes et al, 2005. Cor da água: (1) Escura (2) Clara (3) Transparente Odor: (1) Cheiro Forte (2) Cheiro fraco (3) Sem cheiro Lixo ao redor: (1) Muito (2) Pouco (3) Sem lixo Materiais Flutuantes: (1) Muito (2) Pouco (3) Sem materiais flutuantes Espumas: (1) Muita (2) Pouca (3) Sem espumas Óleos: (1) Muito (2) Pouco (3) Sem óleos Esgoto: (1) Esgoto doméstico (2) Fluxo superficial (3) Sem esgoto Vegetação (preservação): (1) Alterada (2) Baixa degradação (3) Preservada Uso por animais: (1) Presença (2) Apenas marcas (3) Não detectado Uso por Humanos: (1) Presença (2) Apenas marcas (3) Não detectado Proteção do local: (1) Sem proteção (2) Com proteção com acesso Proximidade com residência ou estabelecimento: (1) menos de 50 metros (2) Entre 50 e 100 metros (3) Mais de 100 metros (3) Com proteção sem acesso Tabela 2. Classificação de nascentes segundo Índice Impactos de Nascente (IIAN) - Fonte: Gomes et al, 2005. CLASSE Grau de Preservação Pontuação Final A Ótima Entre 37 a 39 pontos B Boa Entre 34 a 36 pontos C Razoável Entre 31 a 33 pontos D Ruim Entre 28 e 30 pontos E Péssimo Abaixo de 28 pontos Análise e interpretação de dados Os dados referentes ao conhecimento da população do entorno das nascentes a respeito de práticas (in) sustentáveis referentes aos impactos do uso e ocupação foram dispostos em quadros com o fim de evidencia as convergências e disparidades e promover melhor interpretação do problema (MARCONI & LAKATOS, 2007). Foi utilizado o programa MICROSOFT EXCEL 2010 para a construção das tabelas e gráficos. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os dados obtidos através do trabalho de campo no entorno das nascentes foram submetidas ao processo analítico, apresentando-se através de variáveis quanti- qualitativa, sob forma degráficos e tabela, de acordo com a metodologia descrita, sendo as mesmas discutidas e correlacionadas com a literatura pertinente.deste modo, inicia-se a análise com a apresentação do impacto do uso e ocupação do entorno das nascentes do município de Barbacena. Nascentes do Córrego Caeté O Córrego Caeté se encontra no distrito de Ponho Grosso, e nesta localidade que se forma o afluente do Córrego Caeté foram encontradas 7 nascentes. O grau de preservação destas nascentes proporciona um destaque negativo, primariamente ao citar que em 100% dos casos não apresentam tem pelo menos 50m de mata ciliar, conforme o Código Florestal determina. Ainda se tratando de vegetação, observou-se que 93% dos casos encontram-se como vegetação alterada, e 7% degrada ou ausente. No que se refere a acessou, ou seja, a presença próxima as nascentes é constante, observando principalmente a presença de animais de grande porte (gado, cavalo). Construções rurais, e/ou equipamentos, também, foramdetectadas. No que se retratam aspectos positivos estão relacionados quanto a não observância de característica da água, como:cor, odor, lixo ao redor, materiais flutuantes, espumas, óleos e esgoto na nascentes. Porem não se estabelece uma relação extremamente positiva as estes aspectos, pois esporadicamente, pode-se observar em alguma das 7 nascentes dessa região. Em relação à parte humana foi possível apenas uma entrevista, pois o número de moradores da região é bem pequeno, porém foi de grande proveito e que confirmação ao visto. Foi relatado pelo entrevistado que não há coleta de lixo na redondeza, e que o costume a incineração do resíduo sólido. A presença de animais de grande porte é frequente, segundo o entrevistado, o que comprova em determinados trechos a impermeabilização do solo. Para o entrevistado, a relação existe entre os moradores e as nascentes estãovoltadas quanto a de uso, para fins domestico e dessedentação animal. Foi de grande surpresa a informações relatadas que a falta de água é de grande preocupação local, mesmo que se faça uso de poços artesianos (costume local) e também quando se tem disponível a água é receoso utilizá-la, por apresentar cor amarelada. Foi identificado um relação negativa entre produtores e moradores dessa região, no que se refere a preservação e importância das nascentes ali presentes. Isso se tornou nítido ao que foi relatado sobre a importância ou medidas que do ponto de vista local, em suas concepções, para proteção e conservação das mesmas. Mesmo que o uso seja apenas domestico ou de dessedentação, não foi possível enxergar pareceres ativos de proteção, e muito menos relatado medidas que poderiam ser feitas para proteção. Figura 1 e 2: aspecto das nascentes na região do Córrego Caeté. Fonte: Sales, H.T. 6 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Tabela 3. Classificação das nascentes do Córrego Caeté. IIAN Índice de Impacto de Nascentes Fonte: Sales, H.T. COR DA ÁGUA ODOR NA ÁGUA LIXO AO REDOR DA NASCENTE MATERIAIS FLUTUANTES ESPUMAS ÓLEOS ESGOTO NA NASCENTE VEGETAÇÃO USO DA NASCENTES ACESSO EQUIPAMENTOS URBANOS TOTAL CATEGORIA Descrição NRM 1 3 2 3 3 3 3 3 2 1 2 3 28 B Bom NRM 2 1 2 3 3 2 2 3 2 3 1 2 24 D Ruim NRM 3 3 3 3 3 3 3 3 2 1 1 3 28 B Bom NRM 4 3 3 3 3 3 3 3 1 1 1 1 25 C Razoável NRM 5 1 2 3 3 3 3 3 2 1 1 1 25 C Razoável NRM 6 3 3 3 3 3 3 3 2 3 1 1 26 C Razoável NRM 7 3 3 3 3 3 3 3 2 1 3 3 30 B Bom Gráfico 1. Fonte: Sales, H.T. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 7

Nascentes do inicio do Rio das Mortes As nascentes do inicio Rio das Mortes se encontram no distrito do Estiva, nome local, e nesta localidades e encontra um numero relevante de moradores e produtores agrícolas, e de pecuária. Foram avaliadas 9 nascentes que também apresentaram um destaque negativo, primariamente ao citar que em 100% dos casos não apresentam tem pelo menos 50m de mata ciliar, conforme o Código Florestal determina. A vegetação mostrou-se alterada, acesso fácil e o uso das nascentes constante. Quando diagnostica as estas nascentes com o IIAN Índice de Impactos ambientais de Nascentes, observa-se que 56% delas apresentam classe de conservação B, ou seja, boa, 26% C, razoável, 11% D, ruim e 11% A, ótimo. Foi observado em visitas de campo que atividades de agropecuária são comuns, o que foi confirmado por moradores em entrevistas concedidas. Pode-se observar partes próximas as nascentes que o solo estava impermeabilizado, ou seja, compacto. Identificou-se também que o uso de poços artesianos é comum, além do uso das nascentes. Uma das características comumente observada foi o cercamento, porem em uma metragem marginal curta, o que garantia no máximo 10m de mata ciliar. Todos os entrevistados afirmaram que o uso da nascente é diretamente ligado ao abastecimento domestico, e para desendentação animal, e em um caso especifico utiliza-se águas oriundas da nascente para formação de um lago. Mesmo de frente a problemas de margem ciliar curta, impermeabilização de solo próximo as nascentes, retirada de cobertura vegetal ou alteração da mesma, os entrevistados estipularam em 100% das entrevistas apenas uma medida de proteção as nascentes, que foi o cercamento. Assim, o conceito de preservação mostrou-se limitado, por destacarem apenas uma medida de proteção. 8 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Tabela 4. Classificação das nascentes do início do Rio das Mortes. IIAN Índice de Impacto de Nascentes - Fonte: Sales, H.T. COR DA ÁGUA ODOR NA ÁGUA LIXO AO REDOR DA NASCENTE MATERIAIS FLUTUANTES ESPUMAS ÓLEOS ESGOTO NA NASCENTE VEGETAÇÃO USODA NASCENTES ACESSO EQUIPAMENTOS URBANOS TOTAL CATEGORIA Descrição N 1 2 3 3 3 3 3 3 2 1 1 1 25 C Razoável N 2 3 3 3 3 3 3 3 2 1 1 3 28 B Bom N 3 3 3 3 3 3 3 3 2 1 1 3 28 B Bom N4 3 3 3 3 3 3 3 2 1 1 3 28 B Bom N 5 2 3 3 3 3 3 3 2 1 1 1 25 C Razoável N6 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3 32 A Ótimo N7 2 3 3 2 2 3 3 2 1 1 1 23 D Ruim N 8 3 3 3 3 3 3 3 2 1 2 3 29 B Bom N 9 3 3 3 3 3 3 3 2 1 1 3 28 B Bom Gráfico 2. Fonte: Sales, H.T. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 9

Classificação Geral das Nascentes: Córrego Caeté e início do Rio das Mortes. IIAN Índice de Impacto de Nascentes. Gráfico 3. Fonte: Sales, H.T. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nas regiões estudadas, o trabalho de pecuária e agricultura é constante, ou seja, o uso do solo é necessário para a manutenção financeira de diversas famílias. Embora a o código florestal brasileiro determine proteção as nascentes com matas ciliares em seu entorno de 50 metros, pode-se constatar que nenhuma das nascentes foi respeitado essa determinação, o que gera grande preocupação, visto que estas estão ligadas diretamente ao abastecimento de águas no município de Barbacena MG. Embora o Índice de Impactos ambiental em Nascentes (IIAN), método adotado neste trabalho aponte uma porcentagem relevante de nascentes na categoria B (boa) deve-se lembrar que este índice não leva em consideração o parâmetro proteção as nascentes com 50 metros de matas ciliares, e sim outros parâmetros que também contribuem para boa conservação. No IIAN os parâmetros tratados levam em considerações características macroscópicas que alteram ou não a qualidade da água (óleos, odor, espumas, alteração de vegetação, acesso, e outros). Assim, conclui-se que, apesar de os dados obtidos pelo índice de Gomes et al (IIAN) serem positivos, a situação das nascentes é preocupante, visto que a população do entorno realiza práticas indesejáveis, seja por desinformação, seja por comodidade. Verificou-se ainda que o Poder Público mostra-se despreparado para enfrentar o problema, adotando uma postura negligente tanto no que se refere à suas obrigações de fiscalização, quanto em relação à educação ambiental dos habitantes. 10 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

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13. Brasil. Portaria Nº 2.914, DE 12 de dezembro de 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acesso em: 07 de fevereiro de 2016. 14. Bomfim, E.O., Gadelha, C.L.M., Figueira, H.J.A., Amorim, J.F., Amorim, D.S., Sustentabilidade Hidroambiental de Nascentes na Bacia Hidrográfica do Rio Gramame no Estado da Paraíba, Brasil. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1982-45132015000300453&lng=pt&nrm=isso. Acesso em: 07 de fevereiro de 2016. 15. Barbacena. In: Enciclopédia dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1958. v. 24, p. 136-144. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv27295_24.pdf. acesso em 10 de junho de 2016. 12 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais