Avaliação da atuação fisioterapêutica em obstetrícia sob a ótica de médicos e fisioterapeutas nos hospitais do município de Vila Velha- ES

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Transcrição:

Avaliação da atuação fisioterapêutica em obstetrícia sob a ótica de médicos e fisioterapeutas nos hospitais do município de Vila Velha- ES SOARES, ANNA PAULA, G 1 ; SPINASSÉ, PRISCILA, P 1 ; RIZZO, ELOISA, P 2 RESUMO Introdução: A atuação da fisioterapia em obstetrícia tem como objetivo proporcionar um bem estar físico e psicológico durante a gestação, parto e puerpério, além de minimizar dores musculares, promover alongamento e fortalecer a musculatura do assoalho pélvico evitando maiores complicações no momento do parto. O fisioterapeuta é um profissional qualificado para assistir as parturientes durante o trabalho de parto tornando-o mais humanizado, menos traumático, e menos doloroso. Objetivo: Avaliar a atuação fisioterapêutica em obstetrícia nos hospitais do Município de Vila Velha-ES sob a ótica de médicos obstetras e fisioterapeutas. Método: Através de aplicação de questionário aos fisioterapeutas e obstetras dos hospitais que realizam partos no Município de Vila Velha ES. Os resultados foram expressos através de freqüência relativa e absoluta, utilizando-se o programa Microsoft Office Excel-2007. Resultados: Dos 8 hospitais que realizam partos em Vila Velha- ES, apenas 4 obstetras ao questionário, sendo 25% do sexo feminino e 75% do sexo masculino com média etária 46,75 anos. Todos relataram não haver fisioterapeutas atuantes em suas equipes, apesar de 75% apresentarem conhecimento sobre a atuação deste profissional. Dos 8 hospitais 15 fisioterapeutas ao questionário, sendo 73% do sexo feminino e 2 do sexo masculino com média etária 28,46 anos. Nenhum dos fisioterapeutas atua em obstetrícia. Relataram que a disciplina Saúde da Mulher fez parte de sua grade curricular. Conclusão: Apesar de 100% dos fisioterapeutas entrevistados terem estudado a disciplina Saúde da Mulher, 4 se especializaram em outras áreas e não há registro em nenhum dos hospitais visitados sobre a atuação da fisioterapia nas equipes de obstetrícia. Palavras chaves: fisioterapia, obstetrícia, hospital. INTRODUÇÃO A gravidez impõe algumas alterações fisiológicas que ocorrem em todos os sistemas do corpo da mulher. Estas alterações decorrem, principalmente, de fatores hormonais e mecânicos podendo gerar vários sintomas e desconfortos durante a gestação, porém não pode ser considerada uma condição patológica. [1] A atuação fisioterapêutica é de grande importância no período pré-natal, onde se busca fortalecer e alongar a musculatura do assoalho pélvico evitando assim maiores complicações no momento do parto. [2] Durante o primeiro trimestre gestacional a fisioterapia tem como objetivos acolher a gestante, promover relaxamento e sensibilidade da respiração, massagem nas mamas e aréola, além de exercícios para a formação e protusão do mamilo. No segundo trimestre trabalha-se de forma dinâmica a flexibilidade corporal, adequação da postura e estimulação mãe-filho. Durante o terceiro trimestre gestacional começa o preparo para o parto com técnicas de analgesia e treino da respiração. [2] O fisioterapeuta contribui para proporcionar uma gestação saudável, conscientizando as gestantes da importância da prática da atividade física, além de ensinálas técnicas que auxiliam o autocontrole durante o trabalho de parto, onde ocorrem mudanças na posição anatômica da pelve, na forma da musculatura, nas vísceras e no assoalho pélvico. A abertura do assoalho pélvico para a passagem da cabeça fetal é pequena, e conseqüentemente a cabeça empurra o assoalho pélvico para baixo até que tenha dilatação para passar por ela. Todas essas alterações podem ser minimizadas através da assistência fisioterapêutica. [3,4,5] O puerpério é um período de grandes modificações corporais, portanto é necessário que a puérpera seja assistida por uma equipe multidisciplinar. A atuação da fisioterapia no pós-parto imediato visa promover a estimulação da tonicidade muscular abdominal e pélvica, estimulando o metabolismo, prevenindo o prolapso uterino evitando o surgimento de tromboses, além de conscientizá-las sobre a importância da continuidade dos exercícios iniciados neste período. [6,7] O exercício pode ser iniciado logo após o parto, principalmente os de fortalecimento do assoalho pélvico, que além de fortalecer, aumenta a circulação e ajuda na cicatrização. [6] A fisioterapia utiliza técnicas de cinesioterapia como o alongamento leve e fortalecimento adequado para a idade gestacional dos músculos perineais e abdutores da coxa reduzindo os sintomas de desconforto muscular, dor e melhorar a qualidade de vida. Utiliza ainda técnicas de treino respiratório que consiste em treinar a parturiente a controlar a sua respiração com o objetivo de manter o equilíbrio. [2,8] Outra opção é o exercício com bola suíça, que pode ser usado para exercitar simultaneamente várias estruturas musculares melhorando assim a percepção sensorial destas em cada movimento. [2] Dentre os vários recursos existentes para controle da dor do trabalho de parto, a eletroestimulação transcutânea (TENS) diminui a sensação dolorosa nas fases iniciais, retardando com isso a necessidade da utilização de métodos farmacológicos. [5] A TENS pode ser utilizada como coadjuvante durante e após o parto como um recurso analgésico, bastante viável no controle da dor. [9] A massoterapia é uma técnica que poderá ser utilizada, a fim de trazer alívio nos locais como: região lombar e membros inferiores. [2] O fisioterapeuta é um profissional qualificado para assistir as parturientes durante o trabalho de parto tornando-o mais humanizado, menos traumático, doloroso e demorado. Assim sendo o presente estudo visa contribuir tanto para a sociedade, quanto para os profissionais da área da saúde, através de informações em relação à atuação da fisioterapia em obstetrícia. O presente estudo tem como objetivo avaliar a atuação fisioterapêutica em obstetrícia nos hospitais do Município de Vila Velha-ES sob a ótica de médicos obstetras e fisioterapeutas. 1 Acadêmicas do 8º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Novo Milênio 2 Fisioterapeuta, Mestre em Saúde Materno-Infantil e Professora das disciplinas Saúde da Mulher, Saúde e Sociedade Trabalho de conclusão de curso e-mail: eloisarizzo@yahoo.com.br

MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada nos 8 hospitais públicos e privados que realizam partos no Município de Vila Velha- ES, onde 15 fisioterapeutas e 4 obstetras participaram do estudo durante o mês de abril de 2008. Foram utilizados os seguintes instrumentos: dois questionários, um para fisioterapeutas e outro para obstetras, elaborados pelas pesquisadoras com questões abertas e fechadas além da entrega de folder informativo sobre a atuação fisioterapêutica. Todos os profissionais submetidos à pesquisa assinaram um termo de consentimento, que relata sua concordância com as questões, sendo seu nome mantido em sigilo. Foram excluídos os fisioterapeutas e obstetras que não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, os que estavam de licença, afastados ou de férias no período da coleta de dados e os hospitais que não autorizaram a pesquisa. A principal variável avaliada foi o número de fisioterapeutas e sua atuação no centro obstétrico. Na análise estatística os resultados foram expressos através de freqüência relativa e absoluta, utilizando-se o programa Microsoft Office Excel-2007 para análise dos dados. RESULTADOS Dos 8 hospitais que realizam parto no Município de Vila Velha (HIMABA Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves; Hospital Municipal da Mulher; Hospital dos Ferroviários; Hospital São Luís; Hospital Praia da Costa; Hospital Vila Velha; Grameg Grupo de Assistência Médica da Glória e Hospital Santa Mônica), apenas 4 obstetras aos questionários. foi possível aplicar o questionário para os obstetras em 3 hospitais (Hospital São Luís, Hospital Praia da Costa e HIMABA), devido problemas burocráticos que impossibilitaram a entrada no hospital para realizar a entrevista e devido ao fato de um deles ter diminuído drasticamente o número de partos e portanto não ter médicos obstetras disponíveis. Dos 4 médicos entrevistados 25% (1) era do sexo feminino e 75% (3) do sexo masculino. Com idade variando entre 37 e 52 anos (média 46,75 anos). Todos relataram não haver fisioterapeutas atuantes em suas equipes, apesar de 75% apresentar conhecimento sobre a atuação desse profissional. Ao avaliar a opinião dos médicos obstetras em relação à inserção do fisioterapeuta na equipe de obstetrícia, foram observados os seguintes relatos: Acho importante, porém entraves existem e impedem a inserção deste profissional nas equipes, tais como: boa formação e competência desses profissionais, habilidade no manejo da gestante, parturiente e puérpera. Integração com a equipe e com o corpo administrativo do hospital.... Interessante, tudo que venha a aliviar e diminuir a tensão da gestante só vem a somar o nosso trabalho. Boa idéia. Interessante testar novos métodos que venham auxiliar o parto normal. Em relação à opinião dos obstetras quanto à atuação da fisioterapia no período gestacional, parto e puerpério, foram encontrados os seguintes relatos: Melhor adaptação da gestante às mudanças fisiológicas do ciclo gravídico-puerperal. Melhor aceitação e condução dos sintomas desagradáveis da gravidez. Melhorar preparo, segurança para o parto normal e puerpério. Mais segurança no pós-parto imediato. Alívio da dor e ansiedade causadas neste serviço. Aumentaria o número de partos normais. Retorno da musculatura perineal após o parto. Relaxamento perineal, contribuindo para diminuir a dor gerada pela contração e passagem do bebê. Em relação ao encaminhamento das gestantes para a prática segura de exercícios durante o período gestacional, os obstetras : Tenho várias opções, cartões com vários endereços de vários profissionais, mas são poucas as pacientes que se disponibilizam a procurar um(a) profissional. Arranjam várias desculpas tais como: falta de tempo, não tem quem as levem, não tem dinheiro, etc.... Só personal trainer. Fisioterapeuta. indica. Dos 8 hospitais que realizam parto no município de Vila Velha, foram aplicados questionários para os fisioterapeutas de todos hospitais. foi possível aplicar o questionário apenas para 2 fisioterapeutas do Hospital Praia da Costa, pois os mesmos negaram-se a participar da pesquisa, porém os demais fisioterapeutas deste hospital participaram do estudo. Foram entrevistados 15 fisioterapeutas que trabalham em diversos hospitais de Vila Velha sendo 1 no Hospital Praia da Costa, 1 no Hospital Municipal da Mulher, 1 no Hospital Vila Velha, 2 no Hospital Santa Mônica, 2 no Hospital dos Ferroviários, 2 na Grameg, 3 no Hospital São Luís e 3 no HIMABA. Dos 15 fisioterapeutas entrevistados 73% (11) eram do sexo feminino e 2 (4) do sexo masculino, com idade variando entre 22 e 45 anos (média 28,46 anos). O tempo de conclusão da graduação pode ser visto na figura 1. Tempo de conclusão da graduação 73% < 2 anos 2-10 anos > 10 anos Figura 1 Distribuição percentual dos fisioterapeutas por tempo de conclusão da graduação no mês de abril de 2008 (n=15). Nenhum dos fisioterapeutas entrevistados atua no período gestacional, no parto e no puerpério.em relação à área de atuação pode ser visto na figura 2.

3% 3% Áreas de atuação 14% Pediatria Ortopedia Neurologia Cardiorespirat ória UTI geral, CTI UTIN Enfermaria Ambulatorial Motora Figura 2 Distribuição percentual das áreas de atuação dos fisioterapeutas entrevistados no mês de abril de 2008 (n=15). Todos os entrevistados relataram que a disciplina Saúde da Mulher fazia parte de sua grade curricular. O percentual de profissionais graduados foi de 4 (7), especialistas 4 (7) e 6% (1) especializando. Em relação ao horário de trabalho por dia, os resultados podem ser observados na figura 3. Horas de trabalho 34% 12 horas 11-10 horas 8 horas 6 horas 4 horas Figura 3 Distribuição percentual da carga horária de trabalho diário dos fisioterapeutas no mês de abril de 2008 (n=15). Ao avaliar a opinião da área de fisioterapia em obstetrícia no município de Vila Velha sobre perspectivas, pontos positivos e negativos, foram encontrados os seguintes relatos dos fisioterapeutas: Perspectivas boas, mas é um campo que precisa de fisioterapeutas corajosos para conquistar seu espaço. Acredito que é uma área que ainda precisa ser divulgada, mas para isso, que os fisioterapeutas sejam perseverantes e trabalhem com amor à profissão. É pouco reconhecida e aceita até mesmo por muitos profissionais da área da saúde. Muitos até desconhecem. Acredito no crescimento da especialidade. O pouco que vivenciei na prática acadêmica me mostrou o quanto é válido tanto na área obstétrica quanto na urologia. Vejo que influenciou mesmo na saúde da mãe e do bebê, havendo uma evolução bem melhor de ambos. Momentaneamente temos visto uma ampliação nesta área tendo boa aceitação pela maioria dos profissionais da área de obstetrícia. As perspectivas são boas, porém ainda devem ser expandidas as informações tanto para os profissionais quanto para as pacientes. Como ponto positivo, grande melhoria de qualidade de vida das pacientes. E como ponto negativo, falta de informação a respeito do assunto. Essa área tem crescido bastante, mas tem muito que desenvolver ainda, apresentando uma boa aceitação das pacientes e dos profissionais. As perspectivas são boas porém precisa-se de passar mais informações a respeito do assunto, melhorando a qualidade de vida das pacientes. Destes profissionais, 10 (dez) não essa questão. Sobre o regime de trabalho, 23% (6) são do regime de terceirização, 19% (5) contratados, 4% (1) efetivo e 50% (13) sócios, sendo que 4% (1) não respondeu este item (figura 4). 4% 4% 50% Regime de trabalho 23% 19% Terceirizado Contratados Sócios Efetiva Figura 4 Distribuição percentual do regime de trabalho dos fisioterapeutas no mês de abril de 2008 (n=15). DISCUSSÃO Ao considerarmos os dados obtidos nos questionários aplicados aos obstetras, constatamos que a maioria era do sexo masculino. Nem todos ao questionário, alegando falta de tempo, encontrando-se ocupados naquele momento e outros por estarem presentes nos hospitais apenas no momento da realização do parto. Percebeu-se que nas equipes de obstetrícia não existem fisioterapeutas atuantes nos hospitais de Vila Velha-ES, apesar de 75% dos médicos entrevistados

relatarem conhecer a atuação destes profissionais. Vale ressaltar que os médicos durante as entrevistas diziam conhecer a atuação do fisioterapeuta durante a gestação, parto e puerpério, porém demonstraram um conhecimento superficial, visto que os mesmos perguntavam ao entrevistador algumas técnicas que são utilizadas. Neste estudo foi verificado que os obstetras reconhecem a importância da inserção do fisioterapeuta na sua equipe para somar o trabalho e auxiliar a parturiente, mas que os mesmos precisam de boa formação e habilidade no manejo. Foi constatado o seguinte: um obstetra encaminha suas gestantes à fisioterapia, um relatou que as mesmas não se interessam pela prática de atividade física, outro encaminha para personal trainer e outro não indica a prática de exercícios, conduta que precisa ser repensada entre os profissionais da área, já que ocorre grande prevalência de dores osteomusculares no período gestacional que pode durar até seis anos após o parto. [7] Essa informação revela a necessidade urgente de divulgar e inserir o fisioterapeuta nessa importante fase da vida da mulher que é o período gestacional, o parto e o puerpério, a fim de minimizar seus desconfortos e prepará-la não somente para a gestação e o parto, mas também auxiliá-la no retorno ao seu estado prégestacional, preocupação essa apontada atualmente por grande parte das mulheres. Ao aplicar o questionário para os fisioterapeutas, observou-se resistência para responder, fato esse justificado pela falta de tempo ou por negarem-se a participar do estudo. A maioria dos entrevistados foi do sexo feminino, com o tempo de conclusão do curso variando entre 2 e 10 anos. Além disso, nenhum deles atua no período gestacional, no parto e no puerpério, apesar de 100% deles relatarem cursar a disciplina Saúde da Mulher em sua graduação. Esse fato revela que a atuação do fisioterapeuta na saúde da mulher e especificamente em obstetrícia ainda é uma atuação muito tímida, pouco explorada e pouco divulgada no município de Vila Velha. Ao avaliar a opinião dos fisioterapeutas sobre sua atuação em obstetrícia em Vila Velha, foram verificados diferentes relatos, porém convergindo sempre para uma opinião comum: é uma área de atuação que é pouco conhecida, necessita ser mais divulgada. E um fato que chamou a atenção foi que 10 fisioterapeutas não essa questão, por desconhecimento, distração, pressa e por falta de vontade, ficando evidente em alguns momentos o descaso dos profissionais em relação à pesquisa, fato esse verificado também na falta de compreensão da grafia o que inviabilizou em alguns momentos a análise das respostas. Os dados relacionados ao regime de trabalho revelaram que 50% dos fisioterapeutas entrevistados são sócios e uma minoria é efetivada (4%). Isso mostra que os fisioterapeutas necessitam ampliar seu espaço de atuação, buscando a valorização profissional e sua inserção junto à equipe multiprofissional a fim de oferecer a essas mulheres uma gestação saudável, um parto tranqüilo e uma rápida recuperação no pós-parto. Alguns trabalhos têm demonstrado que mulheres com favorável condição física apresentam menor chance de desenvolver lombalgia durante a gestação. A importância da aquisição de novos hábitos posturais, a realização de exercícios terapêuticos e técnicas de relaxamento proporcionam uma melhor preservação da musculatura. [7] Segundo Waldenstrom et al participação em cursos de preparação para o parto tem sido relatada como potencialmente atenuadora da ansiedade, associando-se a uma experiência positiva em relação ao parto. Entretanto, segundo esses autores o efeito da preparação para o parto sobre a dor ainda necessita ser esclarecido, uma vez que os resultados dos estudos ainda são bastante conflitantes. [10] Mesmo não sendo verificada a atuação da fisioterapia no pós-parto, autores descrevem resultados significativos, relacionados ao efeito analgésico na utilização da corrente elétrica terapêutica (TENS) no alívio da dor após parto cesárea. [11] CONCLUSÃO Em nenhum dos hospitais visitados no município de Vila Velha, há registro da atuação fisioterapêutica nas equipes de obstetrícia, fato que aponta para a necessidade de maior divulgação e atuação destes profissionais na equipe multidisciplinar, visando os benefícios maternos, além de ampliar a atuação fisioterapêutica na saúde da mulher neste município de forma inclusiva junto à equipe auxiliando desta forma o crescimento da fisioterapia no estado do Espírito Santo. [12] REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ORANGE,FA; AMORIM,MMR; LIMA,L; Uso da Eletroestimulação Transcutânea para Alívio da Dor durante o trabalho de Parto em uma Maternidade-escola: Ensaio Clínico Controlado. RBGO 25(1): 45-52, 2003. 2. 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