Liderança e Gestão- Intervenção do diretor A escola é, por definição, um espaço de ensino e de aprendizagem. Um palco onde os atores principais, alunos e professores, protagonizam a aventura do saber. Nesse palco que é a escola encena-se e representa-se um diálogo que gira todo ele em torno da cultura, na sua aceção mais lata: artística, científica e literária. É em razão disso que assumimos como principais objetivos e missão o termos de contribuir para posicionar a escola como instituição de referência, como espaço de trabalho mas simultaneamente de convivência, de partilha de vivências democráticas, de espaço de concretização de escolhas múltiplas, tendo sempre como horizonte o sucesso desejado e possível. A nossa finalidade é educar os nossos jovens, quer para a sua realização futura como cidadãos autónomos, críticos e responsáveis, quer como profissionais preparados para enfrentar os desafios que o amanhã necessariamente lhes trará.
Essa é a nossa responsabilidade, a de levar por diante um projeto que começou por ser do Diretor e da Direção, mas que se tornou comum a toda a comunidade educativa. É por ela que respondemos todos os dias, das 8 às 24 horas. Nos últimos anos, temos sentido crescentes dificuldades em assumir o nosso papel neste palco em que se encena e representa esta peça em forma de diálogo a que chamamos escola. E as dificuldades não decorrem do facto de termos de gerir a peça que montámos para este palco. Sabíamos para o que vínhamos. As dificuldades prendem-se sobretudo com a nossa discordância com um modelo de gestão que é unipessoal em vez de ser colegial, com o nosso desacordo em relação a um modelo de avaliação de desempenho docente que transforma os professores em agentes de uma máquina burocrática que tanto tem desestabilizado as escolas.
Os nossos obstáculos têm que ver com a redução precoce e rápida de um número significativo de professores mais experientes que acabaram por não fazer a passagem de testemunho aos mais recentes na escola. Os nossos obstáculos estão associados à não renovação de contratos de funcionários e de professores mais jovens, como se o imperativo de educar fosse conjugável com a ideia de que estes são descartáveis e prescindíveis, quando a renovação do quadro docente é a condição de possibilidade da escola poder estar à altura de acompanhar o ritmo acelerado da mudança que ocorre no mundo de hoje. As nossas dificuldades articulam-se também com o congelamento e com a regressão das carreiras dos professores, com o aumento da carga letiva e com a ampliação do número de alunos por turma, com a degradação do espaço físico do nosso edifício histórico e classificado de interesse público, com a falta de equipamentos e sobretudo com o silêncio ensurdecedor do Ministério da Educação em relação a estas matérias.
A tão apregoada autonomia revela-se no dia-a-dia numa cada vez maior dependência em termos administrativos e pedagógicos da centralizadora máquina que é o Ministério da Educação não podemos comprar uma simples caneta de quadro sem autorização do Ministério da Finanças nem discutir a ementa semanal servida no refeitório e continuamos dependentes da aprovação para abrir uma opção disciplinar ou, por exemplo, dar reposta aos alunos que necessitam completar os seus estudos no ensino noturno. Apesar destes constrangimentos, a Escola não baixou nem baixa os braços. O facto de sabermos que a razão está do nosso lado constitui o tónico suficiente para nos fazer levantar a moral quando julgávamos que já não era possível. Por isso e Escola tem vindo a conceber, planear e desenvolver a sua atividade em conformidade com a perspetiva de melhoria explicitada nos seus documentos estruturantes.
O balanço que fazemos é necessariamente positivo. Porquê? As razões são simples de explicar: face à visão estratégica definida, os protagonistas desta peça que versa sobre ensino e aprendizagem têm atuado ao abrigo de uma lógica de compromisso, e estabelecidos laços fortes entre todos os elementos da comunidade educativa, estimulando o sentido de pertença e reforçando o grau de responsabilidade partilhada. É de sublinhar o investimento na relação harmoniosa, por parte dos principais intervenientes: Conselho Geral, Conselho Pedagógico, Departamentos Curriculares, Associações de Pais e de Estudantes, entre outros. Constata-se que existe uma identificação com a cultura da Escola que é reconhecida interna e externamente pelas relações de proximidade, onde impera o respeito pelos outros, o espírito de solidariedade, a responsabilidade pelo bem-estar e a convivência democrática.