PROMOVER A RACIONALIDADE CRÍTICA NA INTERVENÇÃO CURRICULAR DOS PROFESSORES
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- Ísis Borja Cerveira
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1 VI COLÓQUIO LUSO-BRASILEIRO SOBRE QUESTÕES CURRICULARES BH, 4-6 SET PROMOVER A RACIONALIDADE CRÍTICA NA INTERVENÇÃO CURRICULAR DOS PROFESSORES MANUELA ESTEVES (mesteves@ie.ul.pt) INSTITUTO DE EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE DE LISBOA
2 PROMOVER A RACIONALIDADE CRÍTICA NA INTERVENÇÃO CURRICULAR DOS PROFESSORES FINALIDADES: Articular currículo, acção profissional dos professores e formação docente para fundamentar essa acção, a partir de um olhar sobre o caso português Defender a tese de que é necessário promover a racionalidade crítica como uma condição imprescindível, embora não única, de responder aos desafios contemporâneos no campo do currículo
3 PROMOVER A RACIONALIDADE CRÍTICA NA INTERVENÇÃO CURRICULAR DOS PROFESSORES QUESTÕES: O que caracteriza o trabalho docente, hoje, em Portugal? Que políticas curriculares prevalecem e como se situam os professores em relação a elas? Que profissionalidade docente pode / deve a formação estimular?
4 O QUE ESTÁ EM CAUSA? Trabalho docente: Permanências versus mudanças Relação do prof c/ o currículo: Submissão versus autonomia Formação docente: Tecnicidade versus criticidade
5 O TRABALHO DOCENTE COMO OBJECTO DE ESTUDO PERMANENTE, INTERROGANDO: Aspectos comuns a outras formas de trabalho Aspectos específicos do trabalho docente Uma organização Tecnologias Controlos Objectivos Divisão de trabalho Burocracia crescente Ser uma acção sobre o outro Ser uma acção no contexto de um grupo, uma interacção Envolver uma relação pedagógica que escapa à padronização e à racionalização contínua Ocorrer num quadro de finalidades contraditórias dos sistemas educativos
6 O TRABALHO DOCENTE COMO OBJECTO DE ESTUDO PERMANENTE Se aceitarmos a definição do trabalho docente como uma experiência social, entendida como capacidade prática de combinar lógicas diferentes, e o sentido da acção docente como heterogéneo, instável, produzido pelos próprios actores (Dubet, 1999), então importa regularmente revisitar o trabalho docente e examiná-lo, porque não há uma definição universal nem intemporal do mesmo, mas definições que em diferentes tempos e lugares vão sendo construídas.
7 MUDANÇAS EM CURSO NO TRABALHO DOCENTE EM PORTUGAL: ENSINO NÃO SUPERIOR Alargamento dos deveres profissionais Restrição de direitos adquiridos Intensificação da carga de trabalho atribuída Aumento do tempo de permanência diária na escola Atribuição de novas responsabilidades de gestão Novo sistema de avaliação do desempenho Restrição administrativa do acesso aos escalões superiores da carreira Precarização dos vínculos laborais Gestão das escolas mais autoritária e mais distante dos professores
8 MUDANÇAS EM CURSO NO TRABALHO DOCENTE EM PORTUGAL: ENSINO SUPERIOR Adequação dos cursos e das unidades curriculares ao Processo de Bolonha Restrições à contratação de novos docentes Sobrecarga de trabalho dos docentes que restam Maior valorização da função pedagógica, ainda que esta continue secundária em relação à investigação Maior dependência das IES face às forças económicas e às lógicas do mercado Menor democraticidade na administração e direcção das instituições Corte dos salários e quebra do poder de compra dos docentes (menos 25% em 2012 em relação a 2010)
9 MUDANÇAS EM CURSO NO TRABALHO DOCENTE EM PORTUGAL Consequências Aumento do mal estar, do stress e do burnout Clima de desconfiança, medo e subserviência Aposentação antecipada de dezenas de milhares de professores Degradação da vida nas escolas Desincentivo à participação nas decisões curriculares e em iniciativas de formação Mas também: reforço da ética profissional, da solidariedade, da oposição crítica e da luta sindical
10 POLÍTICAS CURRICULARES DO COMBATE (REAL OU IMAGINADO) AO INSUCESSO ESCOLAR ( ) À SUBMISSÃO AO IMPERATIVO FINANCEIRO DE CORTAR NO INVESTIMENTO PÚBLICO EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO (2005 e seguintes)
11 POLÍTICAS CURRICULARES DO COMBATE (REAL OU IMAGINADO) AO INSUCESSO ESCOLAR Reforma curricular de 1989 predomínio, no discurso e na prática, da racionalidade técnica; reforma do tipo top-down; tentativa tímida de contextualização do currículo Reorganização curricular de 2001 predomínio, no discurso, das racionalidades prática e crítica: flexibilidade; autonomia; competências dos alunos; diferenciação pedagógica; predomínio, na prática, de uma perspectiva normativa e recentralizadora
12 POLÍTICAS CURRICULARES SUBMISSÃO AO IMPERATIVO FINANCEIRO DE CORTAR NO INVESTIMENTO PÚBLICO EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO Revisão curricular a partir 2011 (e que continua ) mutilação do currículo nacional; abandono da noção de competências a desenvolver pelos alunos; currículo centrado nas matérias; multiplicação dos exames nacionais; aumento do nº de alunos por turma; imposição das soluções às escolas e aos professores
13 A FORMAÇÃO DOCENTE NUMA ENCRUZILHADA Necessidade de formar, mais do que bons técnicos, bons profissionais Exige-se ao profissional que saiba navegar na complexidade. Estando fixados um «cabo» a atingir (missão, resultado esperado, objectivos ) e as regras de navegação (eficiência, qualidade total, performance global ), compete-lhe saber «tirar as distâncias» (elaborar e conduzir um projecto), tendo em conta o campo de forças e os constrangimentos diversos e, por vezes, opostos, que constituem a complexidade (Le Boterf, 1997)
14 A FORMAÇÃO DOCENTE NUMA ENCRUZILHADA Necessidade de formar professores co-construtores do currículo Capazes de discriminar entre concepções alternativas Livres para optarem entre essas concepções e responsáveis pelas suas opções Capazes de criar ou recriar o currículo, desenvolvendo práticas curriculares e didácticas coerentes com as opções feitas Competentes na avaliação dos seus alunos e na sua própria autoavaliação Participantes activos nas decisões políticas nacionais e institucionais acerca do currículo
15 A FORMAÇÃO DOCENTE NUMA ENCRUZILHADA Necessidade de formar professores com uma posição ética e deontológica sobre o seu papel numa sociedade e numa escola democráticas Necessidade de enfrentar e contrariar as consequências negativas das políticas relativas ao trabalho dos professores e à sua formação Necessidade de rever o lugar e o papel da prática profissional dentro dos currículos de formação dos professores Em suma: necessidade de formar professores como profissionais críticos e reflexivos
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