Análise de Conteúdo Nelson H. Leidens Lealis Vaz M. Lopes
Agenda 1 2 3 Definição do Método Histórico Fases e Análise 4 5 6 Forças x Fraquezas Aplicação Prática Referências
1 Definição do método 3
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não). (Bardin, 1977, p. 38) 4
Outras Definições A análise de conteúdo, atualmente, pode ser definida como um conjunto de instrumentos metodológicos, em constante aperfeiçoamento, que se presta a analisar diferentes fontes de conteúdos (verbais ou não-verbais) Silvia e Fossá, 2015 Content analysis is a method of analysing written, verbal or visual communication messages (Cole 1988 apud Satu Elo & Helvi Kyngas, 2008). 5
Content analysis is a research technique for making replicable and valid inferences from texts (or other meaningful matter) to the contexts of their use. (Klaus Krippendorff, 2004, p. 18) 6
2 Histórico 7
Histórico - A primeira tentativa de responder à pergunta o que essa mensagem significa? que se tem registro é a exegese da bíblia (Campos, 2004) Decodificar símbolos e metáforas contidas neste documento. - Suécia, 1640: análises de conteúdos prematuras são citadas em referência à pesquisa de autenticidade de hinos religiosos (temas, valores e modalidades estilísticas). (Campos, 2004) Essas análises foram realizadas como resultado da publicação dos Cânticos de Sião, uma coleção de 90 hinos de autoria desconhecida. (Krippendorff, 2004) 8
Histórico - 1888-1892: Bourbon tentou captar a expressão das emoções e das tendências da linguagem, utilizando para isso escritos do Êxodo, numa perspectiva temática e quantitativa. (Campos, 2004; Bardin, 2016) - Início do Séc. XX: a interpretação dos artigos da imprensa nos Estados Unidos (Campos, 2004; Krippendorff, 2004; Bardin, 2016) 9
Histórico 1. A primeira análise quantitativa de jornal, publicada em 1893 por Speed, mostrou como, entre 1881 e 1893, os jornais de Nova York haviam abandonado sua cobertura de assuntos religiosos, científicos e literários em favor de fofocas, esportes e escândalos. Alguns estudos passaram a defender que a busca pelo lucro levava ao "jornalismo amarelo barato" (Krippendorf, 2004) 2. A análise de conteúdo foi usada para medir o impacto sensacionalista dos artigos, sempre seguindo um rigor quantitativista em relação ao tamanho dos títulos, artigos e número de páginas. (Campos, 2004; Bardin, 2016) 10
Histórico 3. A análise de conteúdo passou a ser utilizada em outros meios de comunicação além de jornais, inicialmente para análises do conteúdo de rádio, depois para analisar o cinema e a televisão (Campos, 2004) - Segunda Guerra Mundial:, Propaganda Technique in the World War (Laswel, 1924). Análises (comportamentais e objetivas - influenciados pelo behaviorismo) de imprensa e propaganda deste período - análise da propaganda que incentivava o apoio à guerra. (Campos, 2004; Mozzato & Grzybovski, 2011; Bardin, 2016); 11
Histórico - Década de 40: descoberta de jornais ou revistas que ofereciam propagandas subversivas, principalmente com ideologia nazistas (Campos, 2004; Bardin, 2016); - 1948: The analysis of communication contents (Berenson, 1948) Objetividade e o rigor se confundem com os pressupostos positivistas Definição: : análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa que visa uma descrição do conteúdo manifesto de comunicação de maneira objetiva, sistemática e quantitativa Década de 50:. O próprio Berelson afirma: A análise de conteúdo não possui qualidades mágicas e raramente se retira mais do que nela se investe e algumas vezes menos 12
Histórico Contemporaneidade 1. Críticas se fazem em relação ao uso restrito que Berelson empregava. atualmente, a técnica de análise de conteúdo refere-se ao estudo tanto dos conteúdos nas figuras de linguagem, reticências, entrelinhas, quanto dos manifestos (Campos, 2004) 2. O desenvolvimento da informática favoreceria uma abordagem por frequenciamento do material. (Campos, 2004) 13
Histórico 3. Um número maior de pesquisadores precisa colaborar na busca de análises de conteúdo em larga escala devido ao aumento de amostra de textos relevantes, cuja análise excede facilmente o que analistas individuais podem manipular. O trabalho em equipe para análise de conteúdo exigiria: - Alinhamento quanto aos procedimentos analíticos (principalmente com relação categorias analíticas); - Avaliar o desempenho dos membros da equipe; - Concordância com relação à categorias de análise. 14 (Krippendorff, 2004)
3 Fases e Análise 15
Fases e Análise Orientação fundamentalmente empírica, exploratória, vinculada a fenômenos reais, e finalidade de predizer. Baseia-se em conceitos de comunicação: A idéia de mensagem (nos intercâmbios humanos) A idéia de canal (limitação pelo meio) A idéia de comunicação (intercâmbio de informação) A idéia de sistema (interdependências globais e dinâmicas) Supõe que as trocas produzidas na trama social exigem uma definição estrutural do conteúdo que considere os canais, os fluxos de informação, os processos de comunicação, suas funções, seus efeitos na sociedade, os sistemas tecnológicos, as instituições sociais 16 Krippendorff (1980)
Fases e Análise 17 Krippendorff (1980)
Fases e Análise Objetivos perseguidos pela Análise de Conteúdo: a ultrapassagem da incerteza : o que eu julgo ver na mensagem estará lá efetivamente contido, podendo esta visão muito pessoal ser partilhada por outros? o enriquecimento da leitura: se um olhar imediato, espontâneo, já é fecundo, não poderá uma leitura atenta aumentar a produtividade e a pertinência? Pela descoberta de conteúdos e de estruturas que confirmam (ou inferem) o que se procura demonstrar a propósito das mensagens, ou pelo esclarecimento de elementos de significações susceptíveis de conduzir a uma descrição de mecanismos de que a priori não detínhamos a compreensão 18 Bardin (1977)
Fases, procedimentos 19 Bardin (1977)
Fases e Análise 20 Hsieh, H. F., & Shannon, S. E. (2005)
21 Fases e Análise
Técnicas de Análise Análise Categorial Definição Operações de desmembramento do texto em unidades (categorias), segundo agrupamentos analógicos Objetivo Descobrir os núcleos de sentido que compõe um comunicação Analisa A frequência dos núcleos de sentido, sob a forma de dados segmentáveis e comparáveis. Utiliza a significação da regularidade 22 Bardin (1977)
Técnicas de Análise Análise de Avaliação Definição Fundamenta-se no fato de que a linguagem representa e reflete diretamente aquele que a utiliza Objetivo Entender as atitudes do locutor quanto aos objetos de que ele fala (pessoas, acontecimentos, experiências, etc) Analisa A atitude ou predisposição do emisor da mensagem para reagir sob a forma de opiniões (verbal), ou de atos (não verbal) 23 Bardin (1977)
Técnicas de Análise Análise da Enunciação Definição Apoia-se na concepção da comunicação como processo, desviando das estruturas e dos elementos formais presentes no texto Objetivo Trabalhar as condições de produção da palavra e as modalidades do discurso Analisa Lógica, elementos formais atípicos (silêncio, omissões, etc) 24 Bardin (1977)
Técnicas de Análise Análise da Expressão Definição Conjunto de técnicas que trabalham indicadores (estrutura da narrativa) para atingir a inferência formal. Objetivo Investigar a autenticidade de documentos (literatura e histórica) na psicologia clínica, em discursos políticos ou outros suscetíveis à influência de ideologia. Analisa A correspondência entre o tipo de discurso e as caracterìsticas do locutor e de seu meio (necessita conhecer o autor da fala, sua situação social e dados culturais ao seu redor) 25 Bardin (1977)
Técnicas de Análise Análise das Relações Definição Extrai do texto a relação entre elementos da mensagem, complementando a análise frequencial simples. Objetivo Procurar a aparição de dois ou mais elementos do texto, atendendo-se às relações que eles mantêm entre si Analisa As co-ocorrências: com a escolha das unidades de registro e sua categorização; A análise estrutural: partindo da desestruturação do texto, a fim de explicá-los para depois recontrui-los. 26 Bardin (1977)
4 Forças x Fraquezas 27
Forças x Fraquezas Forças - Permite inferências sobre os dados coletados - potencial de desvelar as relações que se estabelecem além das falas propriamente ditas (Cavalcante et al, 2014); - Várias possibilidades de objeto de análise: material textual, fotos, filmes, áudios e outros (Mozzato & Grzybovski, 2011); - Tem função heurística (enriquece a tentativa exploratória) e/ ou para a administração da prova (Bardin, 1978) 28
Forças x Fraquezas Forças - Capacidade de usar dados retrospectivos e acompanhar as mudanças ao longo do tempo e detectar tendências (Kondracki et al, 2002); - Qualquer material de comunicação arquivado pode ser usado, ampliando assim a aplicação potencial do método (Kondracki et al, 2002); - Custos mais baixos em comparação com outros tipos de pesquisa (Kondraki et al, 2002). 29
Forças x Fraquezas Fraquezas - Viés do pesquisador (Cavalcante et al, 2014); - Necessidade da habilidade do pesquisador em extrapolar o que está além do texto (Cavalcante et al, 2014); - Nem sempre a frequência de um tema durante uma fala reflete a importância dele (Cavalcante et al, 2014); 30
Forças x Fraquezas Fraquezas - Quantidade de respondentes por vezes insuficiente (Cavalcante et al, 2014); - Se o pesquisador opta por um método de coleta de dados semiestruturado, eles devem ter cuidado para não direcionar as respostas do participante (Elo et al, 2014) 31
5 Aplicação Prática 32
Aplicação Prática 33 Petrocik, J. R. (1996). Issue ownership in presidential elections, with a 1980 case study. American journal of political science, 825-850.
Referência Número de citações no Google Scholar H Index Campos, C. J. G. (2004). Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista brasileira de enfermagem. Mozzato, A. R., & Grzybovski, D. (2011). Análise de conteúdo como técnica de análise de dados qualitativos no campo da administração: potencial e desafios. Revista de Administração Contemporânea, 15(4), 731-747. Cavalcante, R. B., Calixto, P., & Pinheiro, M. M. K. (2014). Analise de Conteudo: considerac? es gerais, relac? es com a pergunta de pesquisa, possibilidades e limitac? es do metodo. Informação & Sociedade, 24(1). Elo, S., Kääriäinen, M., Kanste, O., Pölkki, T., Utriainen, K., & Kyngäs, H. (2014). Qualitative content analysis: A focus on trustworthiness. Sage Open, 4(1), 2158244014522633. 35 542 15 338 A2 140 A1 1082 A1
Referência Número de citações no Google Scholar H Index Hsieh, H. F., & Shannon, S. E. (2005). Three approaches to qualitative content analysis. Qualitative health research, 15(9), 1277-1288. Kondracki, N. L., Wellman, N. S., & Amundson, D. R. (2002). Content analysis: review of methods and their applications in nutrition education. Journal of nutrition education and behavior, 34(4), 224-230. 15705 83 929 60 36