PERFIL DE IDOSOS HOSPITALIZADOS EM UMA UNIDADE DE CLÍNICA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

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Transcrição:

PERFIL DE IDOSOS HOSPITALIZADOS EM UMA UNIDADE DE CLÍNICA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Welisson Silva (1); Amanda Melo Fernandes (1); Juliana Kelly Batista da Silva (2); Mayara Muniz Dias Rodrigues (3); Jacira dos Santos Oliveira (4) Universidade Federal da Paraíba, welissonsilvaa@gmail.com RESUMO Objetivo: identificar o perfil dos idosos internados em uma unidade de clínica de um Hospital Universitário. Metodologia: trata-se de uma pesquisa documental, retrospectiva e descritiva realizada na unidade de clínica de um Hospital Universitário situado na região Nordeste do Brasil contemplando o período de janeiro a dezembro de 2014. Os dados foram coletados a partir do livro de registro de admissão e alta da referida unidade e analisados estatisticamente. Resultados: o perfil dos idosos apontou para o sexo masculino (53,9%), média de idade (71,6), procedência (55,8%) da capital do estado paraibano, os meses de maiores números de internamento foram outubro (15/9,7%) e dezembro (21/13,6), média de tempo de internação (17,3 dias), motivo da saída (66,9%) por alta hospitalar. Conclusão: conhecer o perfil dos idosos internados em unidade de clínica irá proporcionar subsídio para os profissionais de saúde para garantir uma qualidade de vida da pessoa idosa e elaborar estratégias com intervenções que possam assegurar uma assistência à saúde do idoso como preconiza a Política Nacional dos Idosos. Palavras-chave: tempo de internação, idoso, hospitalização. ABSTRACT Objective: To identify the profile of elderly patients in a clinic of a university hospital. Methodology: it is a documentary research, descriptive and retrospective held at the clinic of a university hospital located in the Northeast of Brazil covering the period from January to December 2014. Data were collected from the admission record book and discharged from said unit and statistically analyzed. Results: the profile of the elderly showed for males (53.9%), mean age (71.6), origin (55.8%) of the capital of Paraiba state, the months of highest admission numbers were October ( 15 / 9.7%) and December (21/13.6), average hospitalization time (17.3 days), exit reason (66.9%) by hospital discharge. Conclusion: knowing the profile of elderly patients in clinical unit will provide subsidies for health professionals to ensure quality of life of the elderly and develop strategies with interventions that can ensure health care for the elderly as recommended by the National Policy for the Elderly. Keywords: hospital stay, elderly, hospitalization.

INTRODUÇÃO O Brasil passa por uma transformação demográfica crescente nos últimos anos, igualmente aos países em desenvolvimento. O envelhecimento da população brasileira vem ocorrendo de maneira intensa desde a década de 60 quando ocorreu uma redução da taxa de fecundidade (1). De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o Brasil tinha 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em 2012. A estimativa da Organização Mundial da Saúde, a OMS, é que o país seja o sexto em número de idosos em 2025, quando deve chegar a 32 milhões de pessoas nessa faixa etária (2). Um dos motivos é o aumento da expectativa de vida ao nascer, estimativas apontam 70,6 anos para os homens e 77,7 anos para as mulheres com projeções de 81,3, em 2050 (3-4). Esse envelhecimento da população brasileira é um fenômeno com consolidação a partir das melhorias no âmbito da assistência à saúde com maior inserção da população às campanhas de vacinação, às tecnologias no campo da saúde, à assistência ao recém-nascido e o incentivo ao aleitamento materno, a um melhor acesso à educação, além de investimentos em saneamento básico e conhecimento das enfermidades pelos indivíduos (5). Com base na mudança da pirâmide populacional constatam-se, consequentemente, os desafios inerentes aos sistemas de saúde pública em prestar assistência a essa parcela da população que requer maior atenção, tendo em vista sua fragilidade (6). Dessa forma, os processos patológicos da senilidade como, principalmente, as doenças crônicas não transmissíveis tornaram-se mais prevalentes na sociedade. Diante disso, tendo em vista o elevado custo da assistência médica à população senil, tem-se a necessidade de mais recursos públicos para atender a essa demanda (7). Nesse contexto, tem-se um incremento das doenças crônico-degenerativas e múltiplas em oposição à deficiência de serviços dedicados aos idosos pelo sistema de saúde. Constata-se uma insuficiência de profissionais de saúde, a exemplo da área de Gerontologia, qualificados para prestar assistência a essa população que requer atenção e cuidado especiais (8). Os serviços de saúde são consumidos de forma mais intensa pelos idosos, consequentemente, tem-se uma maior demanda em relação aos custos na assistência, visto que

possuem uma taxa de internação hospitalar mais elevada, além de tempo de permanência no leito mais prolongado em relação aos demais grupos etários (9). Segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), em 2013, foram registradas 11.197.160 internações hospitalares no SUS, das quais 23,4 % correspondem a internações de idosos. Essas são mais incidentes entre os homens na faixa etária entre 60 e 79 anos, tendo-se uma maior incidência para as mulheres a partir de 80 anos (10). Além disso, hospitalizações repetidas têm sido associadas a uma problemática enfrentada pelos idosos com maior risco de internação, como os acometidos com doenças do aparelho cardiovascular e respiratório, nesse cenário as ações preventivas, o diagnóstico precoce e o tratamento das doenças crônicas, buscando-se, também, estratégias em relação às incapacidades atuariam de modo a reduzir essas hospitalizações recorrentes (11). A hospitalização do idoso pode levar a ocorrência de eventos que fragilizam ainda mais a sua saúde, reduz a capacidade funcional e da qualidade de vida que são as principais situações que podem vir a ocorrer durante o tempo de internação do idoso, ademais, quedas no ambiente hospitalar e infecções adquiridas são também eventos importantes que precisam ser evitados a fim de se manter o bem-estar da pessoa idosa (11). O estudo se justifica pela necessidade de conhecer o perfil de idosos hospitalizados com a finalidade de promover uma assistência desde as ações de promoção da saúde até as tecnologias assistenciais de maior complexidade (12). Nesse contexto, os profissionais da saúde também devem cumprir seu papel social de assistência ao paciente, especialmente quando estes apresentam ou são predispostos a fragilidades, como os idosos, a fim de que sejam tratados com dignidade no amparo das leis brasileiras (13). A relevância deste estudo está na contribuição para orientar e definir estratégias de planejamento para intervenções com fins de assegurar uma qualidade de atendimento e conforto ao paciente idoso hospitalizado. Partindo-se dessas reflexões, surgiu como questionamento: qual o perfil dos idosos internados em uma unidade de clínica de um Hospital Universitário? Com base nisso, o presente

estudo teve por objetivo identificar o perfil dos idosos internados em uma unidade de clínica de um Hospital Universitário. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa documental, retrospectiva e descritiva realizada na unidade de clínica de um Hospital Universitário situado na região Nordeste do Brasil contemplando o período de janeiro a dezembro de 2014. Buscou-se nesse primeiro momento saber por meio do livro de registro de admissão e alta da unidade, quantos idosos foram registrados no período determinado. O universo foi constituído por todas as pessoas com 60 anos e mais, admitidas na clínica por diversos motivos no referido ano. Para inclusão no estudo foram observados os seguintes critérios: ter idade igual ou superior a 60 anos, de ambos o sexo e está registrado no intervalo de janeiro a dezembro de 2014. Critérios de exclusão: foram os pacientes com idade igual ou menor do que 60 anos. Para a coleta de dados elaborou-se um instrumento para facilitar a busca dos dados contendo as informações dos idosos: idade, sexo, procedência, data da admissão, e data e o motivo da saída. Para a análise da pesquisa, as informações foram digitadas no Excel for Windows 2010 e em seguida exportado para o SPSS versão 20.0. A análise foi efetivada numa abordagem quantitativa por meio de estatística descritiva de todas as variáveis por ser adequada ao alcance dos objetivos do estudo e por possibilitar a precisão e generalização dos seus resultados. Quanto à apresentação dos resultados mostram-se as frequências absolutas e relativas por meio de gráficos e figuras. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley com o Parecer nº 712.444. Resultados e discussão Neste estudo amostra foi igual a população. Verificou-se que 154 idosos foram internados na unidade de clínica do hospital universitário, desses 53,9% era do sexo masculino e a maioria era procedente dos bairros da cidade de João Pessoa/Paraíba. A maioria das saídas é por

conta das altas hospitalares (66,9%), transferência interna (24,7%), transferência externa (0,6%), óbito (5,8%), evasão (1,3%) e não informado (0,6%). A prevalência do sexo masculino nas internações no universo estudado reflete uma questão de comprometimento maior na saúde do homem a procura tardia ao serviço de saúde para o atendimento preventivo e acabam sendo internados em serviços de alta complexidade (14). Outra razão de uma frequência de internação maior do sexo masculino está na falta do homem realizar exercícios físicos, de alimentação saudáveis, desses aderirem ao alcoolismo e ao tabagismo e de se negarem a uma assistência a saúde na forma de prevenção (15). Quanto à faixa etária, os idosos tinham de 60 a 95 anos de idade, com media de 71,62 e desvio padrão de ±8,872 anos como apresentado no Gráfico 1. Fonte: Pesquisa direta. Gráfico 1 Distribuição percentual dos idosos hospitalizados em unidade de clínica do hospital universitário de acordo com a faixa etária. João Pessoa-PB, 2015. Observa-se que a faixa etária dos idosos de 60 a 69 anos atingiu um percentual de 52,6%, corroborando com o resultado de uma pesquisa realizada em um hospital federal da região metropolitana do Rio de Janeiro (16). Verifica-se também que as outras faixas apresentam diminuição à medida que aumenta a idade dos idosos. Outro estudo também mostrou que a

maioria das internações ocorreu na faixa etária entre 60 a 69 anos nos aos de 2008 a 2011 nas Regionais de Saúde do Estado do Paraná (14). Isso implicará em elevados custos com a internação, pois o custo com a saúde do idoso hospitalizado é de três a sete vezes maior do que para outras faixas etárias (13). Registra-se que os meses de outubro e de dezembro são os que apresentam maiores porcentagens de internamento de idosos e no início do ano de 2014 como mostra o Gráfico 2 a seguir. Observa-se ainda que os cinco primeiros meses mantem-se uma constante com relação a percentagem de internamento de pessoas idosas. Fonte: Pesquisa direta. Gráfico 2 Distribuição percentual dos idosos hospitalizados em unidade de clínica do hospital universitário de acordo com os meses do ano de 2014. João Pessoa-PB, 2015. Essa característica sugere que nesses períodos coincidem com a instabilidade climática no início do ano e no final com a chegada da primavera, época da florada, as doenças como as respiratórias (pneumonias, bronquites, enfisemas, alérgicas) atinjam mais os idosos. Quanto ao tempo de internação dos idosos hospitalizados na unidade de clínica do hospital universitário, 51% ocupa os leitos de 11 a 30 dias, 32% de 01 a 10 dias, 11% mais de

30 dias e 6% não tinha registro de saída da unidade (Figura 1). Verificou-se que o tempo de internação variou de 1 a 257 dias de internação, com média de 17,32 dias e desvio padrão de ±22,979 dias. A média de internação da amostra do presente estudo foi menor em relação a um estudo realizado na mesma unidade que foi de 20,9 dias indicando que o tempo de internação aumenta nos pacientes com maior idade (17) e mais alta em comparação a um estudo sobre as características de pacientes internados com média de idade de 78,62 na Santa Casa de Belo Horizonte (18). Fonte: Pesquisa direta. Figura 1 - Distribuição percentual dos idosos hospitalizados em unidade de clínica do hospital universitário de acordo com o tempo de internação. João Pessoa-PB, 2015. Observa-se que esses idosos passam muito tempo internados, isso devido as condições das doenças crônico-degenerativas, que poderiam ser evitadas, diminuídas ou mesmo controladas em uma unidade básica de saúde e os gastos com internações seriam evidentemente menores (16). A limitação da presente pesquisa, foi a falta de documentação no livro de registro de admissão e alta da unidade de clínica do hospital universitário de alguns dados como a data e o

motivo da saída. A falta de alguns dados levará à alteração dos resultados uma vez que impossibilita até resgatar o prontuário do paciente por falta do número do prontuário. Os resultados dessa pesquisa contribuirão para descrição do perfil dos idosos internados em unidade de clínica, o que beneficia os profissionais de saúde que buscam melhorar a qualidade de vida dessa população que cresce de forma acelerada, assim como a elaboração de estratégias com intervenções que possam assegurar uma assistência à saúde do idoso como preconiza a Política Nacional dos Idosos. Estes poderão ainda compor um banco de dados para conhecimento da situação de saúde da população idosa hospitalizada. CONCLUSÃO A análise do perfil dos idosos hospitalizados em uma unidade de clínica mostrou que a maioria é do sexo masculino, com prevalência na faixa etária de 60 a 69 anos, e que o tempo de internação em média de 17,32 dias. Os achados do estudo são compatíveis com os resultados de outros estudos brasileiros e que se deve intensificar a atenção nas ações preventivas à saúde da pessoa idosa e com especificidade ao sexo masculino contribuindo assim para a economia na saúde pública. REFERÊNCIAS 1. Veras R. Fórum. Envelhecimento populacional e as informações de saúde do PNAD: demandas e desafios contemporâneos. Introdução. Cad. Saúde Pública. 2007 out; 23 (10): 2463-6. [cited 2015 mai 16] Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-311x2007001000020. 2. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica. 2007; (19): 192. [cited 2015 mai 16] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abcad19.pdf. 3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil por sexo e idade: 1980-2050. 2004 out; 84. [cited 2015 mai 18] Available from: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2004/metodologia.pdf. 4. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Estudos e pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica.

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