INFORMATIVO Publicação da Associação Brasileira do Agronegócio Edição Especial n o 87 Ano 11 Jul Ago/2013 12º Congresso Brasileiro do Agronegócio Logística e infraestrutura O caminho da do agronegócio
12º Congresso Brasileiro do Agronegócio Agronegócio: uma oferta que perde no caminho Dentro da fazenda, o produtor agrícola brasileiro é um dos mais eficientes do mundo. Prova disso é que a produção média nacional por hectares, em 1992, era de 1.500 quilos de grãos e, na safra 2011/12, saltou para 3.250 quilos por hectare um aumento de 116%. Na última década, o País já deixou para trás Austrália e China. Hoje, apenas Estados Unidos e União Europeia vendem mais alimentos no planeta que nossos agricultores e pecuaristas. Toda a vantagem acumulada na fazenda é comprometida na hora de escoar a produção, devido a uma infraestrutura de transporte arcaica, deteriorada, insuficiente ou, em muitos casos, inexistente. Para tratar desse grave problema, o 12º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), promovido pela Abag, reuniu mais de 800 pessoas, no dia 5 de agosto, em São Paulo, cerca de 8 mil assistiram ao evento pela internet e 11 mil pessoas acompanharam as discussões sobre logística e infraestrutura pelas mídias sociais (twitter e facebook). A principal conclusão dos debatedores é que o agronegócio tem de exigir mais atenção para um setor que é decisivo na economia do Brasil. Segurança jurídica, seguro agrícola e prazos na execução das obras foram os principais pontos do evento Entre os pontos principais, destacados nas palestras e debates estão a segurança jurídica para cumprir os marcos regulatórios, a regularização fundiária, o estabelecimento de uma política de seguro agrícola para mitigar o risco do produtor com relação a pragas, doenças e adversidades climáticas e maior empenho e prioridade na execução de obras mais importantes de modo a acabar ou reduzir os gargalos logísticos e de transporte que tanto prejuízo causam ao agronegócio e ao País e que foi o tema principal do evento. Durante todo o dia, um seleto grupo de economistas, técnicos e principais lideranças do setor debateram o tema. Ao final, o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, afirmou que a grande dúvida de todos era se as obras de infraestrutura sairão no prazo e com a urgência que o setor necessita. O Brasil ganha cada vez mais importância no cenário mundial da produção de alimentos e bioenergia, pois, além de ter a tarefa de dar conta de 40% do aumento esperado para a demanda global de alimentos até 2020, também já é hoje um importante formador de preços para várias commodities. Nesse sentido, a precariedade da logística reduz drasticamente nossa internacional. Precisamos de empenho na execução de obras de infraestrutura e logística e de um plano estratégico no campo dos alimentos e da energia renovável. 2
Logística e infraestrutura O caminho da do agronegócio Governador de SP, Geraldo Alckmin, discursa na abertura do Congresso. Na mesa (esq. p/dir.) Bernardo Figueiredo (EPL); Deputado Duarte Nogueira; Presidenta da ABAG, Luiz Carlos C. Carvalho; José Gerardo Fontelles (Mapa); Secretária de Agricultura Mônika Bergamarchi e Maurício Lopes (Embrapa) Abertura Na abertura do 12º CBA, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou que até final de setembro deve lançar o edital de licitação para a construção do trecho de serra da Rodovia dos Tamoios, cujas obras da primeira fase devem ser concluídas até dezembro. A nova Tamoios tem como propósito principal facilitar o acesso ao Porto de São Sebastião. Nesse aspecto, o governador também destacou que o projeto executivo para licitar o túnel Santos-Guarujá está praticamente finalizado. O túnel vai facilitar o acesso para as praias e irá melhorar a logística no Porto de Santos. Diria que o maior desafio, além do porto, é o ferroviário, pois essa transposição da terceira megalópole do mundo, que é São Paulo, com 22 milhões de pessoas, em 8 mil quilômetros quadrados, é uma tarefa difícil, mas se conseguirmos desatar o nó do ferroanel e com o rodoanel finalizado em um ano e meio, teremos um ganho de logística muito grande, explicou Alckmin. O presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, enfatizou que o agronegócio necessita de ações imediatas para solucionar os gargalos para o escoamento da safra. O produtor brasileiro de soja não pode mais arcar com um aumento de custos da ordem de 40% para o transporte de sua produção, disse Carvalho. O grande problema que temos em relação aos gargalos logísticos é que os investimentos em infraestrutura do governo federal não saem do papel. Além disso, falta capacidade de gestão e execução das obras, e o governo atual demorou demais para decidir pelas privatizações, complementou o deputado Duarte Nogueira, membro da comissão de Agricultura da Câmara Federal. Governador diz que maior desafio é a transposição da cidade de SP, terceira maior megalópole do mundo, que só perde para Tóquio (Japão) e Nova Déli (Índia). Luiz Carlos C. Carvalho, Geraldo Alckmin, Mônika Bergamarchi e João Carlos Meirelles 3
12º Congresso Brasileiro do Agronegócio Palestra Inaugural Para Ingo Plöger, diretor da Abag e coordenador do primeiro painel do evento, nosso problema é em relação ao ritmo dos investimentos e à gestão. Muitas vezes não é a falta de recursos; é a falta de gestão administrativa que compromete a eficiência dos projetos. Em resposta às queixas das lideranças do agronegócio, o primeiro palestrante do Congresso, Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), fez um relato dos principais projetos em andamento ou em fase de licitação em rodovias, ferrovias e portos. Ele reconheceu os problemas que têm causado atrasos na recuperação e ampliação da infraestrutura existente. Nós ouvimos sempre que o governo está com o cronograma das obras atrasado. O lado bom dessa queixa é que hoje nós temos um cronograma a ser seguido, coisa que não existia no passado, afirmou o presidente da EPL. Editais para concessões de rodovias, ferrovias e portos devem ser publicados ainda neste ano Figueiredo informou que os editais para as concessões rodoviárias começam a ser publicados em agosto e se prolongam até novembro para os primeiros lotes do investimento total de R$ 52 bilhões, anunciado no início do ano. Também em agosto começam a ser publicados os editais para as concessões ferroviárias, cujo investimento total nos próximos cinco anos chegará a R$ 58 bilhões, enquanto os editais referentes ao arrendamento de terminais portuários começarão a ser publicados em outubro e seguem gradualmente até dezembro. Para o presidente da EPL, enquanto não se tem o resultado dos investimentos na ampliação e modernização da atual estrutura, é preciso, em paralelo, investir para tirar o máximo de produtividade do sistema já existente, que é baseado em rodovias. Além de concluir as obras planejadas, que resultam num investimento total de R$ 290 bilhões em rodovias, 4 Alexandre Schwartsman, Bernardo Figueiredo, Ingo Plöger e Yoshiaki Nakano Bernardo Figueiredo apresenta os principais projetos em rodovias, ferrovias e portos ferrovias, hidrovias e portos, o País precisa continuar investindo para melhorar e ampliar sua infraestrutura de transporte de carga em patamares compatíveis com as necessidades competitivas atuais e projetadas para o futuro, concluiu Bernardo, acrescentando que, a partir de 2017, será necessário investimentos da ordem de R$ 100 bilhões em infraestrutura. Alexandre Schwartsman colocou a questão da precificação das tarifas para efeito de cálculo da taxa interna de retorno das empreiteiras de modo a não ocorrerem paralizações e atrasos nos cronogramas, com obrigatoriedade de ajustes e renegociações dos projetos. Os investimentos em infraestrutura vão ter de passar por um processo de ajuste fiscal, uma redução do gasto corrente do Brasil. Do ponto de vista micro, não estou totalmente convencido de que os modelos de concessão que foram adotados com base na modicidade tarifária sejam capazes de destravar o volume de investimento que é necessário. Nessa obsessão em se tabelar retorno de investimento privado e achar que assim se vai atrair o setor privado para fazer esse tipo de investimento, vai se acabar jogando fora, talvez, a nossa grande oportunidade de destravar esse nó de infraestrutura e atacar de forma definitiva o crescimento da produtividade, disse Schwartsman.
Logística e infraestrutura O caminho da do agronegócio Para Yoshiaki Nakano, da FGV, os ganhos de produtividade proporcionados pela logística e infraestrutura melhoram a qualidade dos resultados econômicos, mas precisa haver agilidade no processo. Recurso não é o problema. O problema é o prazo. Um investimento de infraestrutura tem uma característica importante: ao longo do tempo, ele se financia. O impacto do investimento de infraestrutura sobre o crescimento perimetral e o impacto sobre a produtividade também são extremamente relevantes isso, na verdade, faz com que esses investimentos, ao longo do tempo, sejam autofinanciados. Nessa obsessão em tabelar retorno de investimento privado, o governo vai acabar jogando fora a grande oportunidade de destravar o nó da infraestrutura. Alexandre Schwartsman Painéis 1 e 2 Expansão de área e de produtividade para o aumento da oferta Os painéis centrais do Congresso discutiram a expansão de área e de produtividade para o aumento da oferta. Os palestrantes apontaram a contradição existente entre a importância crescente do Brasil como um dos maiores produtores mundiais de alimentos e a falta de definição de um projeto nacional para tratar essa relevante questão. O painel sobre expansão de área foi coordenado pelo ex-ministro, Alysson Paolinelli. Segundo ele, esse tipo de discussão é fundamental, enquanto o mundo se preocupa com as soluções, especialmente quanto ao abastecimento, onde vai buscar energia renovável, como vai manter alimentos saudáveis. E o Brasil, país de maior recurso natural, tem estabelecido diálogos sem restrições a respeito do uso desses recursos. Fomos os primeiros a desenvolver uma agricultura tropical competitiva. Mais do que isso, aprendemos a manejar alguns dos nossos biomas sem destruí-los. O solo, a água, as plantas e os animais, recursos que recebemos, precisam ser manejados, permitindo que o homem se integre com eles, mas retirem desses biomas as vantagens que eles podem nos dar, explicou Paolinelli. Evaristo Eduardo de Miranda, coordenador da Secretaria de Acompanhamento e Estudos da Presidência da República e A percepção recorrente de que o País tem ampla disponibilidade de terras agriculturáveis é um mito. Evaristo Miranda Julio Toledo Piza, Alexandre Mendonça de Barros, Alysson Paolinelli, Evaristo Eduardo de Miranda e Marcello Brito pesquisador da Embrapa, apresentou os seguintes dados: de 1985 até 2006, a área ocupada pela agricultura em território nacional caiu 12%, recuando de 374,9 milhões de hectares, para 329,9 milhões de hectares. E esse processo de perda de terras pela agricultura deve se acentuar ainda mais em virtude de demarcações de terras indígenas e obrigatoriedade de reserva legal. A percepção recorrente de que o Brasil tem ampla disponibilidade de terras agriculturáveis é um mito, concluiu Miranda. Evaristo disse ainda que é necessário inteligência estratégica para ampliar essa área. Temos um duplo desafio: gerenciar as áreas já ocupadas e as áreas a serem incorporadas. Mas o papel da tecnologia tem sido deixado de lado. A maior tragédia foi o código florestal, que não considera a tecnologia. O código tratou a agricultura brasileira como [se estivéssemos no período] neolítico. Não pode no morro, porque vai causar erosão. Não pode na beira do rio, porque vai contaminar. Tudo depende da tecnologia. Quer dizer, a tecnologia não entrou em pauta, enfatizou. 5
12º Congresso Brasileiro do Agronegócio Segundo Alexandre Mendonça de Barros, sócio consultor da MB Agro, a disponibilidade de áreas para a agricultura está concentrada na América do Sul e principalmente no Brasil. O continente africano possui terra, todavia sofre restrições severas de escassez de água. Depois de décadas de preços reais cadentes nos alimentos, a partir de meados da década passada, o mercado deu uma reviravolta. Nós, brasileiros, criamos uma possibilidade por causa do ambiente tropical, da tecnologia que desenvolvemos de colher duas safras no mesmo lugar. Se, tem um pouco de preço, quebra a safra americana, como foi no ano passado. Costumo dizer que estamos assistindo a uma sojificação da cultura brasileira. O elo mais dinâmico na lavoura nacional, sem dúvida, é a soja. Mas, a hora em que a soja expande, abre espaço para o milho. Combinando o milho, a soja e a péssima logística, abrimos a possibilidade das carnes. Teríamos um potencial gigantesco na cana, mas estamos vendo um ciclo de estagnação na área plantada de cana pela desastrosa política econômica aplicada no setor, argumentou Barros. Temos de usar melhor o estoque de terras com melhores produtividades e recuperação dos solos degradados, afirmou Marcello Brito, da Agropalma. Para Julio Pizza, da Brasil Agro, o governo deve atrair capital internacional para serem aplicados no agronegócio. Segundo painel tratou da produtividade com investimento em tecnologia Sobre a expansão da produtividade, Fernando Sampaio, diretor executivo da Abiec Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes comentou a respeito de um estudo da Embrapa, que analisou os fatores de expansão da pecuária nacional entre 1950 e 2006. O estudo aponta que o crescimento ocorrido na produção de carne no período foi decorrente do aumento da produtividade (79%) e da expansão da área (21%). Se não houvesse esse incremento na produtividade, seria necessário 525 milhões de hectares a mais para alcançar o nível de produção de carne existente, avaliou. Nós brasileiros criamos uma possibilidade por causa do ambiente tropical, da tecnologia que desenvolvemos de colher duas safras no mesmo lugar. Costumo dizer que estamos assistindo uma sojificação da cultura brasileira. Alexandre Mendonça de Barros Paulo Hermann, vice-presidente para América Latina da John Deere, também ressaltou o papel vital da tecnologia no aumento da produtividade, destacando uma nova revolução na forma de produzir com o sistema de Integração Pecuária- Lavoura-Floresta (ILPF). Com ele, é possível ter três safras no mesmo ano, apontou. Para isso, Hermann, adianta que é importante ter gestão, processo e qualidade dentro da propriedade rural. Esses conceitos precisam chegar ao agricultor, porque plantar soja como era feito antigamente é bem diferente de plantar dois ou três tipos de cultura com ciclos mais curtos, alegou. Além disso, segundo informou Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa, há ainda muitas áreas já cultivadas cuja produtividade pode ser melhorada. Ele exemplifica: só no caso de milho, existem hoje 2,6 milhões hectares com baixa produtividade. O pesquisador também chamou a atenção para a necessidade de se reestruturar a área de assistência técnica para o produtor rural, que funcionava bem com a estrutura de extensão rural. Nessa área, é preciso maior articulação entre os governos municipais e estaduais com o governo federal, ressaltou Assad. Paulo Herrmann, Eduardo Assad, Roberto Rodrigues, Fernando Sampaio e Marcos G. de Andrade Landell 6
Logística e infraestrutura O caminho da do agronegócio José R. Vilela Rezende, Carlos Fávaro, Jorge Karl e Afonso Mamede, na mesa, e o mediador Willian Waack Painel 3 As oportunidades e as dificuldades para o aumento da oferta Paralelamente a esse esforço de ganho de produtividade dentro da fazenda, a maioria dos participantes do 12º CBA ressaltou que é fundamental os governantes reforçarem os investimentos em infraestrutura, o que demanda tempo de maturação. O gargalo logístico que afeta o agronegócio não será resolvido em apenas um ano porque não se faz uma obra nesse período. Será necessário, no mínimo, de três a quatro anos para que os resultados comecem a aparecer. Isso, é claro, se todos os investimentos anunciados resultarem em obras, afirmou Afonso Mamede, presidente da Sobratema Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração. Para que ocorram mudanças significativas na questão da infraestrutura e logística, José Ronaldo Vilela Rezende, sócio da PWC Líder de Agronegócio, salienta que as instâncias governamentais precisariam agir. O governo precisa ter coragem para quebrar algumas barreiras que impedem o avanço das obras e, com isso, agilizar os processos. Hoje, tudo é moroso e não da para acreditar em mudanças repentinas para o próximo ano, apesar de irmos para uma colheita de 200 milhões de toneladas na próxima safra 2013/14, em condições normais, acrescentou. Para Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso, não é por falta de recursos que o Brasil não possui uma infraestrutura e uma logística adequadas para atender às necessidades do agronegócio e, sim, por outros fatores que dificultam o andamento das obras, como o licenciamento ambiental, a fiscalização dos territórios indígenas, os questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), entre outros. A vocação do Centro-Oeste, por exemplo, é exportar pelo Arco Norte. O desenvolvimento de hidrovias nos diversos rios navegáveis seria uma maneira eficiente e mais barata para escoar a produção, analisou. Jorge Karl, diretor presidente da Cooperativa Agrária Agroindustrial ressalta que o Brasil está perdendo oportunidades com esse atraso na infraestrutura. Além de o modal de transporte ser inadequado, o custo logístico é muito alto, de 5 a 6 vezes mais caro, se comparado com o custo para um produtor nos Estados Unidos ou na Argentina. Por isso, os investimentos são necessários, urgentes e deveriam ter sido para ontem, concluiu Karl. A vocação do Centro- Oeste é exportar pelo Arco Norte. A construção de hidrovias seria uma maneira eficiente e barata para escoar a produção. Carlos Fávaro 7
12º Congresso Brasileiro do Agronegócio Painel 4 Políticas essenciais para atender ao aumento da oferta O painel de políticas públicas exaltou a importância da valorização do setor privado na concepção de ações que não sejam reativas como normalmente acontece com as ações de governo. O jornalista William Waack, como moderador, começou dizendo que não é possível falar da economia brasileira e da presença internacional do Brasil, hoje, sem falar da questão do agronegócio. Há um dedo apontado para o governo, há uma preocupação essencial com a capacidade que o gestor público tem ou não de levar adiante aquilo que é considerado essencial. Para o ex-ministro da agricultura e presidente da Abramilho, Alysson Paolinelli, as sucessivas crises econômicas maltrataram dos agricultores. Na realidade, uma crise econômica é basicamente a má administração dos recursos por parte do governo e o consequente processo de déficit. Os sete planos econômicos foram exatamente em cima de duas classes: os trabalhadores assalariados e os produtores, que produzem desorganizadamente e que não são capazes de precificar seus produtos. Isso foi nos planos: Funaro, Bresser e Plano Real, que foi uma âncora para o setor agrícola. Hoje, o crédito está na mão do sistema financeiro; não há como fugir disso. Não há seguro rural. Está na Constituição, mas e o governo não cumpre. A lei do fundo de catástrofe existe, mas nada disso está sendo cumprido, e os produtores rurais na chuva, na seca, na enchente, sem solução para os problemas. Quer dizer, o problema da política pública chama-se organização: ou temos organização para exigir ou não vamos ter nada, finalizou Paolinelli. O deputado Duarte Nogueira disse que a democracia não é só poder votar ou ser votado. Democracia são as estruturas estatais eficientes, com valores, planejamento, meta e cumprimento de prazos e a utilização do instrumento público em consonância com o interesse das pessoas, do País e não com o interesse de se manter indefinidamente no poder. Este congresso tenta buscar essa visão estratégica e correta para assumir as práticas. Não seria suficiente, para nós, fazer uma carta e mais uma vez encaminhar alguma demanda para dentro das estruturas do Estado e dentro do governo. Teremos mais repercussão e mais reverberação na prática se conseguirmos ganhar as ruas e ter adeptos a esse tipo de conduta em relação às coisas públicas e isso demanda boas informações, enfatizou Nogueira. Segundo o engenheiro Renato Pavan, falta planejamento Seguro rural e fundo de catástrofe estão na lei, mas não são cumpridos pelo governo. Alysson Paolinelli Renato Pavan, Alysson Paolinelli, Roberto Rodrigues e Duarte Nogueira. Mediador William Waack estratégico e políticas públicas para aumentar a oferta do agronegócio. Hoje, na área de transporte, temos vários ministérios, várias empresas. Por exemplo, a EPL, que foi criada para cuidar do planejamento de logística e, na realidade, está sendo a interlocutora, inclusive com os investidores, para viabilizar as concessões. O DNIT passa a ser o grande construtor das obras do governo e, como isso não é suficiente, está sendo criada a Empresa Brasileira de Hidrovias para fazer as barragens, e a VALEC que vai se transformar numa empresa ferroviária. Isso está acontecendo sem haver uma reforma do governo. Falta de armazéns agrava o escoamento da safra brasileira A outra questão é a política interministério. Exemplo: o sistema de armazenagem é sistêmico; se não tem armazéns vira um tsunami. Nós temos 30 milhões de armazenagens na fazenda e um déficit de 150 milhões de toneladas. Se colocarmos a R$ 400,00 a tonelada, são necessários 60 bilhões, em dez anos para resolver o problema e, resolvendo o problema na propriedade, resolve-se o resto, pois se controla o escoamento da produção, sem a urgência de colocar o produto em cima de um caminhão por não ter onde estocar. No ano que vem, essa situação vai piorar muito, porque as obras, mesmo que sejam feitas, demoram cinco anos e a safra vai aumentar no ano que vem. Mais uma vez, o que falta é planejamento estratégico, afirmou Pavan. De acordo com o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, há vários anos o setor repete as mesmas críticas, as mesmas queixas, e não são tomadas providências. O diagnóstico está feito. Talvez 2014 seja o ano ideal para propor aqui uma agenda para os parlamentares, governadores e para os candidatos à presidência da república. Candidatos de qualquer partido só serão votados por nós se assinarem um documento registrado em cartório comprometendo-se com os nossos pleitos, ressaltou Rodrigues. 8
Homenagens Logística e infraestrutura O caminho da do agronegócio Embrapa 40 anos O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, agradeceu a Abag por ajudar o Brasil a debater as grandes questões do setor. Mais do que um fórum, o Congresso é uma plataforma que tem ajudado a agricultura e a pecuária a conquistarem mais articulação, mais sintonia e a constituir agendas extremamente importantes. O Brasil é um país complexo e com uma agricultura grande, diversa e complexa. O lado bom é que o Brasil resolveu tratar essa complexidade com consciência e foi capaz de investir em instituições, capacitar pessoas, para se tornar líder agro do cinturão tropical do globo. A Embrapa, as organizações estaduais de pesquisa, as nossas universidades, o setor produtivo, o setor privado e os agricultores extremamente empreendedores estão na base dessa revolução. Entidades de classe, como a Abag, tem um papel fundamental nessa construção. A Abag é uma dessas entidades que dá grande contribuição para que se possa unir no País o saber empresarial ao saber da ciência e da tecnologia, disse Lopes. O presidente da Abag, Luiz Carlos C. Carvalho entrega o prêmio ao presidente da Embrapa, Maurício Lopes Professor Alfredo Scheid Lopes é o homenageado de 2013 Prêmio Norman Borlaug Alfredo Scheid Lopes é um dos maiores especialistas em fertilidade e manejo de solos tropicais. Professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e autor de 16 trabalhos científicos publicados aqui e no exterior, 56 trabalhos publicados em congressos, além de ter escrito sete livros. Ao agradecer essa homenagem, não poderia me furtar de externar a honra de estar junto com dois ícones já agraciados com o Prêmio Norman Borlaug: Eliseu Alves e Herbert Bartz. Nesse ponto, gostaria de reforçar a nossa profissão de fé. Defendemos com todas as nossas forças que o aumento da produtividade de agricultura, via utilização de tecnologias sustentáveis, é uma das únicas alternativas para que o homem do campo possa se manter em suas atividades e para que a produção de alimentos, fibras, e energia alternativa no País possam atingir os níveis adequados. É também um poderoso instrumento de preservação ambiental, minimizando ou até evitando o desmatamento de área florestadas, muitas vezes pouco vocacionadas à implementação de agricultura intensiva. Temos de levar a toda a sociedade uma mensagem correta de que o agronegócio não se constitui apenas dos grandes produtores e das culturas de exportação. A agricultura familiar e mesmo a agricultura subsistência são partes importantes da economia brasileira. Gostaríamos também que essa homenagem fosse estendida aos outros 18 professores e 35 funcionários da Escola Superior de Agricultura de Lavras, hoje Ufla, falou emocionado o Professor Alfredão, como é conhecido. Prêmio Personalidade do Agronegócio Ney Bittencourt de Araújo O agrônomo Cristiano Walter Simon é consultor da Andef Associação Nacional de Defesa Vegetal e também da Câmara Temática de Insumos Agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além de membro do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Em seu discurso disse que gostaria de compartilhar esse prêmio com todos aqueles que o acompanharam nessa longa jornada. Dedico este prêmio aos mestres da minha querida Esalq, aos companheiros de militância associativa, aos dirigentes das empresas e entidades das quais tive a oportunidade de trabalhar e de apreender. Aos parceiros do serviço público e da iniciativa privada e a imensa gratidão à minha família. Muito obrigado à Abag, na pessoa do presidente, pela outorga deste prêmio que leva o nome do nosso saudoso líder do agronegócio brasileiro, Ney Bittencourt de Araújo. Inspirado nos ensinamentos do Ney e na sua conduta exemplar, eu me proponho a continuar ao lado de todos vocês nessa mesma estrada, visando à transferência de tecnologia e inovação com vistas ao aumento de renda e de qualidade de vida ao honrado agricultor brasileiro esse sim o grande herói do agronegócio, agradeceu Simon. Cristiano Walter Simon recebendo o prêmio de personalidade do agronegócio 2013 9
Sobre o tema Logística e Infraestrutura O Caminho da Competitividade do Agronegócio, a Abag encerra a 12ª edição do Congresso Brasileiro do Agronegócio com grande sucesso. O evento possibilitou a discussão dos impactos das deficiências crônicas em logística e infraestrutura na do agronegócio brasileiro. Discutiu-se também a expansão da oferta e as políticas essenciais para resolver os entraves de transporte e armazenagem. Diante da repercussão do evento, agradecemos, mais uma vez, a participação do público e a confiança depositada pelos associados e patrocinadores. www.abag.com.br Patrocínio Master Patrocínio Apoio EXPEDIENTE Publicação oficial da Associação Brasileira do Agronegócio - ABAG. Presidente: Luiz Carlos Corrêa Carvalho. Vice-presidente: Francisco Matturro. Diretores: Alexandre Enrico Silva Figliolino, André Souto Maior Pessoa, César Borges de Sousa, Christian Lohbauer, Eduardo Daher, Glauber Silveira da Silva, Ingo Plöger, Luiz Lourenço, Marcello Brito, Mario Fioretti, Urbano C. Ribeiral e Weber Porto. Diretor Executivo: Eduardo Soares de Camargo. Diretor Técnico: Luiz A. Pinazza. Jornalista Responsável: Gislaine Balbinot, MTB065/MS. Fotos: Evandro Monteiro. Projeto Gráfico: Mister White. Impressão Gráfica: HRosa. Tiragem: 1.500 exemplares. CONTATO ABAG: Av. Paulista 1754 cj 147 São Paulo/SP 01310-200 Fone/Fax (11) 3285-3100 E-mail: abag@abag.com.br Site: www.abag.com.br twitter: @abag_brasil Facebook: Congresso Brasileiro do Agronegócio