LEI Nº 12.546/2011 (MP 540/2011) ORIENTAÇÕES PRÁTICAS - DESONERAÇÃO FOLHA DE PAGAMENTO TI/TIC 1 INTRODUÇÃO Em 15 de dezembro de 2011 a Presidente da República SANCIONOU a Lei nº 12.546/2011 (decorrente da MP 540/20110) que trata, entre outros temas, da desoneração da folha de pagamento das empresas de TI e TIC. Com o advento da Lei nº 12546/2011 o governo federal estabeleceu alguns incentivos fiscais, entre eles a substituição da contribuição previdenciária patronal das empresas de Tecnologia da Informação (TI) e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pela alíquota de 2,5% incidente sobre o faturamento bruto. Desta forma, ocorreram alterações na forma de pagamento da contribuição patronal para algumas empresas (dependendo da atividade praticada) a partir do mês de dezembro de 2011. Portanto, elaboramos estas orientações práticas de como deverão proceder contabilmente para implementar as novas regras tributária junto a suas empresas. A principal modificação atinente ao setor de TI e TIC diz respeito à desoneração do INSS patronal (20%), uma vez que o 1
recolhimento desta contribuição será calculado no percentual de 2,5% sobre a receita bruta e não mais sobre a folha de pagamento. Inicialmente, cabe referir que a normal está em vigor desde 01 de dezembro de 2011 apenas para as empresas que tenham em seu objeto social exclusivamente as atividades relacionadas no 4º, art. 14º da Lei nº 11.774/2008, quais sejam: Análise e desenvolvimento de sistemas; Programação; Processamento de dados e congêneres; Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos; Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação; Assessoria e consultoria em informática; Suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e bancos de dados; e Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas. Aquelas empresas que, além das atividades relacionadas no 4º, art. 14º da Lei nº 11.774/2008, exerçam ainda outras chamadas pela lei de não relacionadas, terão como vigência para a aplicação da nova lei a data de 1º de abril de 2012. Este estudo visa analisar a lei promulgada buscando sanar os diversos questionamentos apresentados pelos associados, bem como orientá-los de como deverão proceder na prática a partir das alterações legislativas implementadas. 2
2 - ENQUADRAMENTO DAS EMPRESAS E A FORMA DO CALCULO DA TRIBUTAÇÃO 2.1) As empresas que deverão efetuar o novo recolhimento a partir de 1º de dezembro de 2011, são aquelas que prestam exclusivamente as seguintes atividades: I - análise e desenvolvimento de sistemas; II - programação; III - processamento de dados e congêneres; IV - elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos; V - licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação; VI - assessoria e consultoria em informática; VII - suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e bancos de dados; e VIII - planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas. 2.2) EMPRESAS QUE EXERÇAM AS ATIVIDADES RELACIONADAS NA LEI item 2.1 supra E, AINDA, OUTRAS ATIVIDADES NÃO RELACIONADAS. Para empresas que se dediquem, a outras atividades que não somente as especificadas no texto da Lei, o cálculo da contribuição patronal, destinada à Seguridade Social será determinado da seguinte forma: 3
Serão aplicados os percentuais atualmente utilizados (20% sobre a folha de pagamento), conforme disposto na Lei 8.212/1991, mas com redução do valor da contribuição a recolher ao percentual resultante da razão entre a receita bruta das atividades não relacionadas acima e a receita bruta total. In verbis, Art. 22, incisos I e III da Lei 8.212/1991 I 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, (...) nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. III 20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços ; ATENÇÃO: Extraída a receita bruta das atividades não relacionadas, destas deverá ser identificada a correspondente mão de obra utilizada para a prestação dos serviços, e sobre esta incidir o recolhimento dos 20% conforme disposto na Lei 8.212/1991. Portanto, será aplicada a alíquota 2,5% apenas para as atividades previstas no art. 7º (acima já destacadas). Outra alteração determina que a desoneração da folha de pagamentos não atingirá as empresas que exerçam EXCLUSIVAMENTE as atividades de representante, distribuidor ou revendedor de programas de computador. 4
3 - VIGÊNCIA DO BENEFÍCIO 3.1) Empresas que exerçam EXCLUSIVAMENTE as atividades do rol do 4º, art. 14º da lei nº 11.774/2008: A PARTIR DE 01/12/2011: TI (TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) E TIC (TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO) EXCLUSIVAMENTE. 3.2) Empresas que exerçam outras atividades, NÃO RELACIONADAS, além das elencadas no art. 14º da Lei nº 11.774/2008, ou seja, que tenham no objeto de seu contrato social tanto as atividades incluídas na referida Lei como outras, como por exemplo, digitação, digitalização de documentos, treinamento: A PARTIR DE 01/04/2012: TI E TIC + OUTRA ATIVIDADE 4- EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES NACIONAL As empresas optantes pelo Simples Nacional NÃO são atingidas pela alteração em comento, uma vez que não há previsão legal para tal na Lei nº 12.546/2011. Salienta-se que mesmo aquelas empresas enquadradas no anexo V da Lei Complementar nº 123/2006, (tabela em que está prevista o recolhimento da contribuição patronal sobre o valor da receita bruta) não são alcançadas pela redução do percentual da referida contribuição. 5
5 - EMPRESAS SEM EMPREGADOS: A legislação aprovada não dispõe sobre procedimento diferenciado para as empresas sujeitas a substituição previdenciária patronal que não possuem empregados. Não obstante, a se considerar que a contribuição sobre o faturamento substitui também os 20% incidente sobre a remuneração paga a contribuintes individuais (autônomos, sócios), conforme art. 22, inciso III, da Lei nº 8212/91, entende-se que seria possível implementar a substituição nos casos em que a empresa não tiver empregados. Como a lei não é clara nesse aspecto, se faz necessário o contato com o órgão local da Receita Federal para analisar o procedimento que a empresa deverá tomar. Contudo, o art. 50 da lei dispõe que o Poder Executivo deve regulamentar o disposto nos arts. 7º a 10, ocasião em que poderá ser disciplinada a mencionada situação no decreto regulamentador da lei. 6 - PREVIDÊNCIA SOCIAL SOBRE O 13º SALÁRIO Em 15/12/2011 foi publicado o ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO Nº 42 o qual regulamenta a incidência da contribuição patronal sobre o décimo terceiro salário de empregados cuja contribuição esteja a cargo da empresa atingida pela alteração em tela (redução da contribuição patronal e incidência sobre a receita bruta). 6
Diante disto, ficou determinado que a alteração legal em comento (substituição da contribuição patronal de 20% incidente sobre a folha de pagamento para os 2,5% sobre a receita bruta) não incidirá sobre o valor de 1/12 (um doze avos) do décimo terceiro salário de segurados empregados e trabalhadores avulsos referente à competência dezembro de 2011. Todavia, conforme verificar-se-á no item abaixo, o SEPRORGS ajuizou Mandado de Segurança visando desobrigar as empresas que exercem exclusivamente as atividades relacionadas no 4º, art. 14º da Lei nº 11.774/2008, e portanto, com vigência da nova Lei a partir de 1º de dezembro de 2011 ao recolhimento da contribuição previdenciária sobre o 13º salário, não sofrendo, portanto, a incidência de qualquer espécie de multa por inadimplemento. 7 - MANDADO DE SEGURANÇA/ LIMINAR CONCEDIDA Tendo em vista a medida liminar obtida nos autos do Mandado de Segurança ajuizado pelo SEPRORGS contra a União Federal, em virtude do Ato Declaratório Interpretativo n.º 42, da Receita Federal do Brasil, referente a não incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário adimplido pelas empresas abrangidas pelo disposto no artigo 7º da Lei 12.546/2011 e considerando que se trata de decisão judicial provisória que poderá ser reformada no Tribunal Regional da 4ª Região, cumpre ao SEPRORGS informar o seguinte: 7
Assim, com a medida liminar em vigência, as empresas de TI e TIC abrangidas pelo artigo 7º da Lei 12.546/2011 e cujas atividades estejam enquadradas no rol do 4º do artigo 14 da Lei 11.774/2008, e que prestem exclusivamente tais atividades, não estão obrigadas ao recolhimento da contribuição previdenciária sobre o 13º salário, não sofrendo, portanto, a incidência de qualquer espécie de multa por inadimplemento. Caso a medida liminar seja cassada pelos desembargadores do TRF da 4ª Região, em virtude do Agravo de Instrumento ajuizado pela União Federal, o que se acredita que não ocorrerá, ante aos sólidos fundamentos jurídicos utilizados pelo SEPRORGS e pelo juízo de primeiro grau que concedeu a liminar, as empresas serão informadas dos procedimentos que deverão adotar para o recolhimento do tributo ou para efetuar o depósito em juízo, situação que dependerá do teor da decisão do Tribunal. Ressalta-se que há possibilidade de reforma da liminar, assim, sugerimos que as empresas beneficiadas pela decisão façam reserva dos valores que seriam utilizados para pagamento da contribuição previdenciária incidente sobre o 13º salário, a fim de que, na eventual hipótese de reforma da liminar, estejam preparadas para o recolhimento do tributo. Pontua-se que se a liminar for mantida, as empresas deverão aguardar o julgamento do mérito da ação, mantendo sempre os referidos valores em reserva para eventual hipótese de perda do mérito da ação. 8
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Lei aprovada certamente não será benéfica para todos os setores de T.I./TIC, pois, para aquelas empresas que apresentam um quadro funcional reduzido com receita considerável, poderá causar um impacto negativo. Todavia, a norma não é opcional e deverá ser seguida por todas as empresas do setor de TI que desenvolvam as atividades elencadas no presente documento. Portanto, de fato, a medida que, inicialmente, parecia ser benéfica a toda categoria, verificou-se ao analisar atentamente o texto da Medida Provisória que,em casos pontuais, poderiam ampliar a tributação das empresas, ao invés de desonerar. O SEPRORGS trabalhou com afinco no tramite da MP junto ao Congresso Nacional visando adequar o texto a realidade fática das empresas do segmento de TI/TIC. Assim, algumas modificações foram alcançadas, como exemplo, beneficiar também as empresas que desenvolvem, atividades complementares, ditas não relacionadas, e não apenas aquelas que desenvolvem exclusivamente as atividades elencadas. Além deste trabalho, o SEPRORGS também agiu junto ao Poder Judiciário visando impedir a incidência da contribuição patronal sobre o 13º salário, o que foi obtido por meio de liminar, mas conforme supra mencionado o processo ainda está em julgamento perante a Justiça Federal. 9
Ademais, salientamos que o SEPRORGS além de trabalhar nos bastidores do Congresso Nacional, poderá ainda atuar na regulamentação da Lei por meio de uma Comissão que será formada por representantes dos trabalhadores e empresários do setor, visando acompanhar e avaliar a implementação das medidas de que tratam os arts. 7º a 9º da Lei nº 12.546/2011, conforme dispõe o art. 10 da referida norma. 10