AS CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA-AÇÃO 1

Documentos relacionados
IMPLICAÇÕES DA ATUAÇÃO DOCENTE DE UMA PROFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE (RE)FORMULAÇÃO DA DISCIPLINA 1

TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: OS PRIMEIROS PASSOS DE UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL1 1

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NUMA ESCOLA DE CAMPO: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES 1

Pesquisa desenvolvida a partir do projeto de Iniciação Científica, pertencente ao Grupo de Pesquisa Paidotribas 2

A EDUCAÇÃO FÍSICA EM UMA ESCOLA INTEGRANTE DO PROGRAMA PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO EM IJUÍ 1

AS POSSIBILIDADES E OS LIMITES NA (RE)FORMULAÇÃO DO PLANO DE ESTUDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO NOROESTE GAÚCHO 1

CONHECIMENTO E PREFERÊNCIA DOS ALUNOS DO 9º ANO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DA CIDADE DE MUZAMBINHO- MG EM RELAÇÃO AS MODALIDADES ESPORTIVAS.

AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INTEGRAÇÃO DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1

Acadêmica do curso de Educação Física, Faculdade IDEAU - Passo Fundo. 3

ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA CURRICULAR PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA A PARTIR DO PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA FÉLIX ARAÚJO

OS FAZERES PEDAGÓGICOS DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE: de que práticas estamos falando? 1

Inserir sites e/ou vídeos youtube ou outro servidor. Prever o uso de materiais pedagógicos concretos.

Ensino de Didática: Parceria entre Universidade e Escola Básica

Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Ensino e Aprendizagem em Matemática.

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

A PERSPECTIVA DOS ALUNOS DO CENTRO DE ENSINO CÔNEGO ADERSON GUIMARÃES JÚNIOR SOBRE O USO DA REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM

INVESTIGAÇÃO NO ENSINO MÉDIO: PESQUISA ESCOLAR EM DISCUSSÃO 1

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO. Licenciatura EM educação básica intercultural TÍTULO I DA CARACTERIZAÇÃO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PRÁTICA TRANSFORMADORA NO ESPAÇO ESCOLAR

REGULAMENTO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO PEDAGOGIA // LICENCIATURA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O PENSAR E O FAZER NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

ANEXO II. Edital Pibid n /2012 CAPES PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID. DETALHAMENTO DO SUBPROJETO (Licenciatura)

A INTERVENÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ENSINO DOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: O CASO DE UMA DOCENTE NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 1

DEPOIMENTOS E REFLEXÕES SOBRE A AÇÃO DOCENTE REALIZADA NOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA PUCPR

REGULAMENTO DOS PROJETOS INTEGRADORES

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E AS ATIVIDADE INTEGRADORAS DE CONHECIMENTO 1

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO

O LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS NO PROCESSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

9 PROPOSIÇÃO DE ENSINO: ELABORANDO O BLOGINOVAR 9.1 APRESENTAÇÃO

Administrativo Atos e Processo Administrativo

ELEMENTOS ARTÍSTICOS COMO ESTRATÉGIA DE SALA DE AULA PARA A INOVAÇÃO DO USO DO LAPTOP EDUCACIONAL NO CONTEXTO ESCOLAR

O Facebook como rede social de aprendizagem e ensino de língua inglesa

AVALIAÇÃO FORMATIVA NO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM DIGITAL: UMA EXPERIÊNCIA NO FACEBOOK

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CCT DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA DMAT

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAS: DISCIPLINA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MENTAIS

INFORMÁTICA NO ENSINO E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR

Acadêmico do curso de graduação em Educação Física Licenciatura da Unijuí. 3

Palavras-chave: Teoria das Organizações. Monitoria Acadêmica. Aprendizagem.

Ações Concretas do PIBID de Matemática no Colégio Nestório Ribeiro. Palavras chaves: Ações concretas. Monitorias/Tutorias. Laboratório de Matemática.

DESENVOLVENDO A EXPRESSÃO ESCRITA DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Universidade Federal do Amapá UNIFAP Pró-Reitoria de Extensão e Ações Comunitárias - PROEAC Departamento de Extensão - DEX

ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): PROPOSTA INTERDISCIPLINAR A PARTIR DA PEDAGOGIA DO MOVIMENTO RESUMO

O USO DE TECNOLOGIAS INFORMÁTICAS NO ENSINO DE MATEMÁTICA: OS SOFTWARES COMO UMA ALTERNATIVA VIÁVEL 1

ROBÓTICA PEDAGÓGICA LIVRE E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA FORMATIVA

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS CURRÍCULOS OFICIAIS: A DICOTOMIA ENTRE O PRESCRITO E O VIVIDO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Andressa Marques da Silva 2 Fernando Jaime González 3 Maríndia Mattos Morisso 4 Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS Ijuí, RS

INSTRUÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE UMA WEBQUEST

Palavras-Chave: Prática Formativa. Desenvolvimento Profissional. Pibid.

Fundamentos Metodologia do Ensino dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental III (Educação Física/Ciências) (Educação Física): (Ciências):

EXPERIÊNCIAS DE PRÁTICA ENQUANTO COMPONENTE CURRICULAR NO CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

A UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA MOODLE NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO. SEMESTRE ou ANO DA TURMA: 5º semestre

O MOVIMENTO EM CONSTRUÇÃO E ESTRUTURAÇÃO UM RELATO DE INTERVENÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM TURMAS DO ENSINO FUNDAMENTAL RESUMO

Licenciatura em Ciências Exatas PIBID- Subprojeto Física DIÁRIO DO PIBID. Bolsista: Tamiris Dias da Rosa. Reunião dia 28/07/2016

REGULAMENTO DOS ESTÁGIOS UNICRUZ - UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - LICENCIATURA REGULAMENTO DOS ESTÁGIOS CURRICULARES

Educação Física I OBJETIVOS DE ENSINO

Palavras-chave: formação continuada; prática docente; metodologia de ensino.

O HIPERTEXTO E A ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR

PIBID UMA BREVE REFLEXÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA DOCENTE

A INSERÇÃO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE SOMBRIO

MATEMÁTICA, AGROPECUÁRIA E SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES. Palavras-chave: Matemática; Agropecuária; Interdisciplinaridade; Caderno Temático.

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO ESCOLA MUN. DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFª. MARIA APARECIDA CAVALINI SOARES MOZAR. Plano de ação Pedagógica 2011 / 2012

O ENSINO DA SEQÜÊNCIA DE FIBONACCI COM ANIMAÇÕES DIGITAIS.

Do Espaço Geográfico ao Cinematográfico: Um estudo de caso no Ensino Médio Inovador (ProEMI)

APLICAÇÕES DA MODELAGEM COMPUTACIONAL NO ENSINO DE FUNÇÕES UTILIZANDO O SOFTWARE DE SIMULAÇÕES MODELLUS

Aula 6 Livro físico.

IDENTIFICAÇÃO DAS ANIMAÇÕES\ SIMULACÕES EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE BIOLOGIA

GT1: Formação de professores que lecionam Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental

CONSULTAS PÚBLICAS PARA O PROCESSO DE (RE)ELABORAÇÃO CURRICULAR 1 BOAS PRÁTICAS DE CONSULTA PÚBLICA EM PROCESSOS DE (RE)ELABORAÇÃO CURRICULAR

COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO. RS 377 Km 27 Passo Novo CEP Alegrete/RS Fone/FAX: (55)

ABORDAGENS INOVADORAS PARA O ENSINO DE FÍSICA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOBRE ENERGIA

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

SISTEMA TEGUMENTAR: UMA ABORDAGEM DINÂMICA Alessandra Dias Costa e Silva 1, Adevailton Bernardo dos Santos 2

Palavras-Chave: Plano de estudos. Atuações docentes. Educação física escolar.

PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA E ESCRITA NO ESPAÇO ESCOLAR: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA ESCOLA DO CAMPO

SITUAÇÃO DE ESTUDO: UMA ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DOCENTE NO MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO

Semestre letivo/ Módulo 4º semestre. Curso: Pedagogia Componente Curricular: Gestão Escolar Carga Horária: 50 horas.

MATRIZ DE COMPETÊNCIAS

ESCOLA ESTADUAL ANGELINA JAIME TEBET

UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA NOS LIVROS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE JATAÍ

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Língua Portuguesa. Carga Horária Semestral: 80 Semestre do Curso: 6º

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 7º Salão de Ensino da UFRGS. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação Social - FABICO UFRGS-

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO EMENTA

ESPAÇO DE FORMAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO EM TECNOLOGIAS PARA PROFESSORES - EfeX

XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019

APOIO AO ESTUDO 1º CICLO LINHAS ORIENTADORAS 2015/ INTRODUÇÃO

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

PLANO DE TRABALHO DOCENTE EDUCAÇÃO FÍSICA

ANEXO A REGULAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DO CURSO DE LICENCIATURA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CAPITULO I DA REGULAMENTACAO CAPITULO II

Aprendizagem baseada em projetos com tecnologia. Profa. Dra. Maria josé c. de Souza domingues

ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO INVESTIGATIVO COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO EXPERIMENTAL DE QUÍMICA

O programa Escola de Tempo Integral de São Paulo. Angélica de Almeida Merli Abril/2018

O ENSINO A DISTÂNCIA COMO MODALIDADE DE APRENDIZAGEM PARA ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

CARTOGRAFIA E ENSINO: PERSPECTIVAS DA REALIDADE

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO EMENTA

Projeto APAE de Muzambinho Experiências na Aplicação da Informática na Educação Especial

PLANO DE DISCIPLINA DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

IV SEMINÁRIO INSTITUCIONAL DO PIBID

REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO PELA PESQUISA SEGUNDO PROFESSORES DO ENSINO MEDIO POLITÉCNICO 1

Transcrição:

AS CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA-AÇÃO 1 Tairone Girardon De Vargas 2, Maríndia Mattos Morisso 3, Fernando Jaime González 4. 1 Pesquisa desenvolvida a partir do projeto de Iniciação Científica, pertencente ao Grupo de Pesquisa Paidotribas. 2 Acadêmico do Curso de Graduação em Educação Física da UNIJUÍ, bolsista PROBIC/FAPERGS, tairone_vargas@hotmail.com 3 Acadêmica do Curso de Graduação em Educação Física da UNIJUÍ, bolsista PIBIC/CNPq, marindiamorisso21@hotmail.com 4 Professor Doutor do Departamento de Humanidades e Educação, Orientador, fjg@unijui.edu.br Introdução O movimento renovador da Educação Física (EF) brasileira, desencadeado nos anos 80, provocou mudanças importantes nas concepções tradicionais deste componente curricular. Antes desse momento, a EF, hoje denominada, tradicional, era compreendida como uma atividade mais empenhada em produzir o desenvolvimento da aptidão física do que em ensinar saberes específicos comprometidos com a função social da escola. Naquele momento a sua principal finalidade era o exercitar, ou seja, exercitar para melhorar a saúde, exercitar para formar o caráter, exercitar para o desenvolvimento do homem integral (GONZÁLEZ; FENSTERSEIFER, 2009, p. 12). A partir do denominado movimento renovador a EF, procurou deixar a condição de mera atividade para se tornar uma disciplina curricular (BRACHT; GONZÁLEZ, 2005). Diante disso, a LDB 9394/96, em seu Art. 26 3º parágrafo com redação dada pela Lei nº 10.793, de 1 dezembro de 2003 reafirma a ideia que a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica. A partir de então, se reforça a necessidade dos profissionais da área tornarem a EF Escolar um componente curricular, para isso é importante demostrar e afirmar que ela possui, assim como os outros componentes curriculares, um conhecimento, um saber (inclusive conceitual) necessário à formação plena do cidadão (BRACHT; GONZÁLEZ, 2005, p. 153). Neste contexto, entendemos que o caminho para afirmar que a disciplina é portadora de conhecimentos específicos passa pela organização curricular de Unidades Didáticas (UD), demandando práticas inovadoras em relação ao que tradicionalmente se fez neste componente. As práticas inovadoras segundo Bracht e Silva (2012, p. 82) apontam que é necessário inovar os

conteúdos da Educação Física, ampliando-os para além dos tradicionais esportes, tematizando outras manifestações da cultura corporal de movimento. Neste contexto, as TIC podem contribuir na inovação das práticas pedagógicas tanto no planejamento como também no desenvolvimento das mesmas. Além disso, ao utilizar das tecnologias nas aulas de EF, pode-se [ajudar a] superar a visão reducionista da área considerada por muitos como uma disciplina física onde o corpo é tratado apenas como um elemento isolado distinto do intelecto (CHANAN et. al, 2006 apud MELO, BRANCO, 2011, p. 2994). A partir dessas ideias, o objetivo desse estudo é descrever como uma professora de EF utiliza das TIC em seu cotidiano escolar como parte de um processo de (re)formulação do plano de estudo e da prática pedagógica da disciplina. De forma específica o estudo analisa o uso das TIC em duas dimensões diferentes que se desenvolvem concomitantemente. A primeira refere-se o uso das TIC no planejamento das UD, e a segunda como a professora utiliza as mesmas nas suas aulas. Metodologia A pesquisa é desenvolvida em uma escola pública de educação básica localizada em uma cidade do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. O estudo é realizado com nove turmas do Ensino Médio da escola. Esse ambiente de pesquisa é estudado desde o inicio de 2013, no entanto as TIC passaram a ser usadas pela docente envolvida no estudo apenas no segundo semestre do mesmo ano. A partir de então, a pesquisa se divide em dois períodos, o primeiro corresponde aos meses de agosto a novembro de 2013 e o segundo de fevereiro a junho de 2014. Em ambos os períodos foram desenvolvidas três estratégias metodologias que se constituíram de forma simultânea. A primeira delas é denominada de pesquisa-ação que têm [...] o propósito de investigar as relações sociais e promover mudanças em atitudes e comportamentos dos indivíduos (ANDRÉ, 1995, apud, BETTI, 2009, p. 249). Para isso utilizamos de encontros de estudos que buscaram organizar de forma coletiva a reformulação da disciplina com o uso das TIC. Nessa perspectiva de trabalho foram realizados no primeiro período 10 encontros de estudos e no segundo outros 22 encontros. O segundo tipo de estudo foi o etnográfico, que [...] implica investigar um pequeno número de casos em detalhe e interpretar os significados e as funções das ações humanas (ATKINSON; HAMMERSLEY, 1994 apud, DAOLIO, 1998, p. 21). Para esta parte da pesquisa foram observadas no primeiro período um total de 22horas/aula da docente em uma turma de 1º ano e 32horas/aula em turma de 2º ano. Já no segundo período da pesquisa observamos 34horas/aula em turma de 2ºano e 24horas/aula em uma turma de 3º ano. Finalmente, do ponto de vista metodológico, também foi realizada uma netnografia, compreendida como um método interpretativo e investigativo para o comportamento cultural e de comunidades

on-line (KOZINETS, 1997 apud, AMARAL et al 2008, p. 34). Em relação a esse estudo netnográfico, durante os dois períodos mencionados, acompanhamos o envolvimento da docente nos Grupos Fechados da Rede Social Facebook que a mesma utilizou em suas aulas. Todas as observações realizadas, tanto na etnografia quanto na netnografia, foram transcritas para um diário de campo para posterior análise e interpretação. Resultados e discussão O planejamento para utilizar as TIC nas unidades didáticas Conforme já mencionado desde o início de 2013 desenvolvemos um pesquisa-ação orientada à (re)formulação coletiva da disciplina de EF na escola de Ensino Médio em que trabalha a professora participante do estudo. Nesse espaço, trabalhamos de forma colaborativa com a docente na restruturação e organização de um novo plano de ensino para disciplina na escola, assim como suas respectivas UD. Diante da reestruturação e organização curricular do novo plano de ensino da disciplina para os três anos do Ensino Médio passamos a desenvolver encontros de estudos que tiveram o objetivo de elaborar de forma colaborativa UD que utilizassem das TIC. No primeiro período do estudo foram planejadas o uso das TIC para a UD de Futsal com as turmas de 1º e 2º ano. Já no segundo período a professora programou o uso das TIC para UD Futsal com as turmas de 1º ano, na UD de Atletismo, Handebol e Exercício Físico para as turmas de 2º ano e nas turmas de 3º ano foi utilizada as TIC nas UD de Exercício Físico e Frisbee. Durante o referido planejamento a docente optou em utilizar de algumas ferramentas tecnológicas. Dentre elas foi escolhida como plataforma de comunicação com os alunos a rede social Facebook através de Grupos Fechados, além dos recursos de edição de vídeos e imagens e de apresentação Power Point que contribuíram para potencializar as aulas. O objetivo da utilização dos Grupos Fechados na rede social Facebook foi possibilitar um espaço de interação entre a professora e os alunos. Nesse ambiente a docente pretendia postar os materiais estudados nas aulas, como vídeos, imagens, textos entre outros. Utilização essa que se aproxima das experiências descritas por Mazman et al. (2009) apud Patrício e Gonçalves (2010, p. 595) sobre o uso das Redes Sociais, pois possibilitam despertar grande atenção por parte dos indivíduos, podendo proporcionar várias vantagens para o contexto educacional, como a personalização, a colaboração, a partilha de informação, a participação activa e o trabalho colaborativo. Nesse mesmo período de planejamento a docente preparou apresentações em Power Point para iniciar as UD. Essas apresentações eram compostas pelos conteúdos conceituais que seriam tematizados, organização e demonstração da sequência das aulas, além de explicações sobre os

trabalhos teóricos que seriam desenvolvidos no decorrer da unidade. Conforme o planejamento, após a apresentação dos conteúdos em sala de aula, o material seria postado no Grupo Fechado da Rede Social Facebook do qual os alunos fazem parte para que todos tivessem acesso aos mesmos e assim compartilhassem das informações. Apesar de nas reuniões dos encontros de estudo terem sido apontadas e discutidas diversas possibilidades de trabalho com o uso das TIC, e a docente acreditar que seriam ferramentas que contribuiriam para sua prática a utilização das mesmas tanto no planejamento das UD, como nas aulas foi limitada. A docente tinha dificuldades, a principal delas era o pouco contato que tinha com as TIC, situação que em determinados momentos a frustrava. Condição essa que a partir da vivência continua das ferramentas tecnológicas em seu planejamento proporcionou facilidades no manuseio. A utilização das TIC pela professora colaboradora do estudo em sala de aula Diante do planejamento das UD com o uso das TIC em ambos os períodos realizamos um acompanhamento das aulas da professora nas turmas já mencionadas. Durante as observações foi possível visualizar como professora utiliza as TIC em sua prática diária. No inicio das UD a professora utilizou de apresentações em Power Point a qual contemplou conhecimentos conceituais que seriam trabalhados nas aulas bem como imagens e vídeos. Em nossa perspectiva, o uso das ferramentas contribuíram para o melhor aproveitamento das aulas possibilitando que os alunos visualizassem os conteúdos que seriam desenvolvidos no decorrer das UD. Dessa forma, a docente conseguiu disponibilizar de uma maior interação com seus alunos, para além de mostrar, explicar e exemplificar os conteúdos apresentados. No final dessas apresentações, a docente mostrou um link que daria acesso a um Grupo Fechado na Rede Social Facebook. Para que os alunos pudessem fazer parte do grupo à professora os encaminhou para laboratório de informática da escola. Nesses espaços os alunos que tinham perfil na rede social faziam a solicitação para participar do mesmo, já os que não o tinham eram orientados a criar perfis com fins educativos. A utilização dos Grupos Fechados na Rede Social Facebook não teve o objetivo substituir as aulas de EF pela comunidade on-line, mas sim potencializa-las. Isso porque, o Grupo serviu como um espaço que possibilita prolongar o envolvimento dos alunos com o conteúdo da disciplina para além das atividades práticas e teóricas desenvolvidas na escola, ou seja, a professora utilizou desse ambiente para interagir com alunos, recordando as atividades realizadas em aula e postando os materiais (vídeo, imagens e textos) desenvolvidos na mesma. Em relação à interação da professora nos grupos virtuais, foi possível constatar que a mesma teve um envolvimento com todas as turmas. De forma específica a docente interagiu com os alunos das

turmas do 1º ano postando vídeos referentes ao diagnóstico do desempenho em jogo da UD de Futsal. Essa postagem teve a finalidade de incentivar os alunos a realizar comentários sobre o desempenho da sua equipe e também individual. Com a intenção semelhante, a docente solicitou aos alunos das turmas do 2º ano postar nos grupos as apresentações dos trabalhos de pesquisa da UD de Atletismo. Da mesma forma, também solicitou as turmas do 3º ano que compartilhassem no grupo a realização dos trabalhos individuais que consistiam em vídeos e imagens dos mesmos realizando exercícios físicos fora do ambiente escolar, trabalhados na UD de Exercício Físico. Diante da maneira como a docente utiliza das TIC em suas aulas, podemos interpretar que as mesmas contribuem de forma singular nesse ambiente de estudo para reconhecimento da EF como uma disciplina que tem conteúdo para ensinar e um planejamento a ser desenvolvido. No entanto, esse envolvimento da docente com as TIC não é continuo. Isso porque, a professora passa períodos sem interagir com os alunos, não postando os materiais estudados em aula. Em contrapartida a isso, quando a professora faz as solicitações para que os alunos participem do Grupo eles interagem, tanto em atividades referente a trabalhos que devem ser compartilhados, como também acusando ter tomado dos conhecimentos, dos lembretes deixados pela professora, como também comentando o desenvolvimento das aulas. Em virtude do uso das TIC e do processo de reformulação da disciplina na escola é possível perceber algumas mudanças em relação à disciplina por parte do ambiente escolar, professores, alunos e a coordenação da escola reconhecem que a EF começou a deixar de ser exclusivamente prática e passou a trabalhar com conteúdos conceituais previamente planejados. Conclusões Percebemos que, de forma especifica nesse ambiente de pesquisa as TIC podem sim contribuir tanto no planejamento das UD como também no desenvolvimento das mesmas. No entanto, compreendemos que as TIC não são as principais responsáveis para reconhecimento da EF como uma disciplina com um conhecimento inclusive conceitual, mas podem contribuir para tal processo. Nesse sentido, acreditamos que as TIC dentro de um projeto consistente para EF são ferramentas que podem auxiliar os professores na transformação de práticas tradicionais de ensino em práticas inovadoras focadas em promover as aprendizagens significativas que se espera de toda disciplina escolar. Palavras-Chave: Educação Física Escolar; TIC; Práticas Inovadoras. Agradecimentos: PROBIC/FAPERGS. Referências AMARAL, A. R.; NATAL, G.; VIANA, L. Netnografia como aporte metodológico da pesquisa em comunicação digital. Sessões do Imaginário, v. 20, p. 34-40, 2008.

BETTI, M. Educação física escolar: Ensino e pesquisa-ação. Ijuí/RS: Unijuí, 2009, p.344. BRACHT, V; GONZÁLEZ, F. J. Educação Física Escolar. In: GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. (Org.). Dicionário Crítico de Educação Física, Ijuí: Unijuí, 2005. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 5. ed. Brasília : Câmara dos Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2010. DAOLIO, J. Educação física brasileira: Autores e atores da década de 1980. Campinas/SP: Papirus 1998, p.119. GONZÁLEZ, Fernando J.; FENSTERSEIFER; Paulo E. Entre o não mais e o ainda não : pensando saídas do não-lugar da EF Escolar I. In: Cadernos de Formação RBCE, Florianópolis, v. 1, p. 9-24, set. 2009. MELO, S. C.; BRANCO, E. S. O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas aulas de Educação Física. In: X Congresso Nacional de Educação Educere. Curitiba 7 a 10 de novembro de 2011 p. 2990-3000. PATRÍCIO, M. R; GONÇALVES, V. Facebook: rede social educativa? In: I Encontro Internacional TIC e Educação. Lisboa: Universidade de Lisboa, Instituto de Educação 2010, p. 593-598. SILVA, M. S; BRACHT, V. Na pista de práticas e professores inovadores na Educação Física escolar. Revista Kinesis, v. 30, n. 1, 2012 p. 80-94.