SABERES COMPARTILHADOS ENTRE HISTÓRIA E ENSINO RELIGIOSO: uma experiência que deu certo Talita Bender Teixeira 1 Resumo: Este artigo tem por objetivo relatar uma experiência que deu certo, fruto dos saberes compartilhados entre alunos e professores. Numa proposta de interdisciplinaridade, História e Ensino Religioso se encontraram, frutificando desse encontro, possibilidades ricas de valorizar os conhecimentos prévios dos alunos e enriquecer o debate sobre as relações étnico-raciais, especialmente através das religiões afrobrasileiras. Palavras-chave: história, cultura afro-brasileira, ensino religioso. Os saberes compartilhados em questão são frutos da lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que introduz o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares. A Lei faz parte de um conjunto de ações afirmativas que buscam combater o racismo e as discriminações étnico-culturais. Nesse sentido, aos estabelecimentos de ensino e aos profissionais de educação cabe orientar os educandos quanto à pluralidade das identidades e consciência das diversidades presentes na sociedade brasileira. O espaço escolar configura-se como o cadinho das diferenças, onde as pertenças religiosas, sociais, culturais e étnicas são variadas - tanto entre alunos, quanto entre professores, equipe diretiva e demais funcionários. Ter consciência das diferenças, dialogando entre os saberes construídos a partir das mesmas, tem sido um objetivo permanente e um desafio para os professores da área do Ensino Religioso. Como nomeada em História e titular temporária de Ensino Religioso na E.M.E.F. Luiza Silvestre de Fraga, em Esteio/RS, relato aqui uma experiência que deu certo 2 : o encontro entre as duas disciplinas. Um início: o ano de 2005 A E.M.E.F. Luiza Silvestre de Fraga situa-se num bairro de periferia, recebendo alunos da chamada Vila Pedreira, localizada num enclave entre a cidade de Esteio e a 1 Doutoranda em Teologia/EST, mestre em Antropologia Social/UFRGS, especialista em Religiões, Religiosidades e Educação/Unisinos e graduada em História/Unisinos. Professora de História e Ensino Religioso nas séries finais do Ensino Fundamental na rede pública de Esteio/RS. Contato: talita_teixeira@yahoo.com.br 2 Na verdade o trabalho vem dando certo, uma vez que tem continuidade a cada ano letivo.
2 BR-116. Reduto de conflitos advindos do tráfico de drogas e da violência, a vila também abriga muitos alunos com grande potencial, que superam dificuldades em sua trajetória pessoal para poder estudar. Como nas demais favelas do Brasil, sua população é composta majoritariamente por negros, que encontram geralmente preconceito ao afirmarem sua origem. No ano de 2005, ao ingressar como professora nomeada para a disciplina de História na escola, travei contato com os professores Paulo Sérgio da Silva (História) e Leonardo Pereira (Educação Física), que atuavam no CEJA (Construindo a Educação de Jovens e Adultos) e buscavam implementar o debate sobre as relações étnicoraciais a partir da realidade da própria escola. Motivada pelo diálogo com os colegas, tendo conhecimento da lei 10.639/03 e cursando especialização em Religiões, Religiosidades e Educação, busquei fortalecer parcerias entre alunos que estivessem dispostos a trocar conhecimentos sobre o universo mítico afro-brasileiro, pois havia pesquisado sobre as religiões afro-brasileiras em minha dissertação de mestrado 3 e o assunto estava ainda gravitando em meu entorno. Constituído um grupo de alunos e professores interessados na troca de saberes e motivados pelos demais pressupostos da lei 10.639/03, o ano de 2005 ficou marcado pela gestação de um diálogo, resultando nas parcerias certas para a construção de um trabalho interdisciplinar que começou a dar frutos em 2006. Definidas estratégias de abordagem, ficou constituído que a temática das relações étnico-raciais iria nortear as ações da escola e de alguns professores em particular.. Assim, a partir do ano de 2006 a África foi presença constante nos currículos dos professores. Tendo assumido naquele ano, além de História, a disciplina de Ensino Religioso, busquei motivar e valorizar os alunos que se assumiam africanistas, uma vez que, no sentido do imaginário, o termo batuqueiro ainda é envolvido por preconceito, atualmente advindo das religiões de matriz neo-pentecostal (MARIANO, 2003). Um tema: as religiões afro-brasileiras no Rio Grande do Sul As religiões afro-brasileiras, como consequência do processo da diáspora negra, tornaram-se, no correr do tempo, espaços de presença multicultural, congregando diferentes identidades étnicas, porém sempre valorizando sua pertença africana. Redutos de saberes e segredos (erós), as religiões afro-brasileiras, em suas diversas 3 Trapo Formoso: o vestuário na Quimbanda. PPGAS/UFRGS (2005) disponível online em http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/5308
3 modalidades, constituem-se em autêntico patrimônio cultural, em termos de memória, oralidade, culinária e ritmos musicais. No Rio Grande do Sul, as modalidades de religiões afro-brasileiras situam-se, com algumas diferenças, entre Batuque ou Nação, Umbanda e Quimbanda. As casas de culto multiplicam-se às centenas e o censo 2000 afirmou o Estado com o maior número de praticantes das matrizes afro-brasileiras, superando a Bahia e o Rio de Janeiro (FOLLMANN, 2006). O Batuque ou Nação O Batuque ou Nação representa a modalidade de religião afro-brasileira que cultua os Orixás ou seja, as divindades do panteão africano, relacionada também ao Candomblé baiano, ao Tambor-de-Mina do Maranhão e ao Xangô pernambucano. Apresenta diferenças específicas relacionadas às nações as quais o pai ou mãe-desanto tem afinidade religiosa, e que corresponderiam - remetendo a uma ancestralidade mítica - às regiões da África de onde vieram os negros e às divindades correspondentes destas regiões. No Rio Grande do Sul, as práticas rituais do Batuque estão essencialmente demarcadas pela pertença às nações, que são as seguintes: Cabinda, Jêje, Keto, Oyó, Nagô e Ijexá. A cada uma destas nações correspondem ritos e também divindades diferentes, de acordo com o panteão específico de cada modalidade. Apesar de suas especificidades, as várias nações reconhecem uma roda de orixás, em número de doze (Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Ibejis, Odé, Otim, Obá, Ossanha, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá), representando uma determinada hierarquia mitológica. A cada um destes orixás correspondem alimentos, cores, símbolos e uma alusão a um ou mais de um santo católico (CORREA, 1994). A Umbanda O marco histórico mais aceito para a constituição da Umbanda pode ser considerado a manifestação do caboclo das sete encruzilhadas que, em 1908, teria tomado o corpo do jovem Zélio de Morais, em Niterói, estado do Rio de Janeiro, e anunciado a criação de uma nova religião (GIUMBELLI, 2002). Esta nova religião acentuaria os valores cristãos e os sincretizaria com elementos das demais religiões. Suas práticas estariam voltadas exclusivamente para a caridade e o auxílio ao próximo, no que Patrícia Birman (1983) chama de umbanda cristã.
4 Apesar desta origem oficial, a Umbanda pode ser associada aos cultos de caboclo presentes em diferentes estados brasileiros, considerados muitas vezes como uma deturpação da religião africanista pura (DANTAS, 1988). Geralmente pode ser explicada como uma religião que se apropriou de elementos presentes nas demais religiões, especialmente o catolicismo, o espiritismo, a macumba carioca e outras religiões de matriz afro-brasileiras (MAGNANI, 1986). Sendo essa sua origem mais aceita atualmente no universo acadêmico, coloca-se numa dada oposição às observações de Bastide (1960) que, em seus estudos, enquadrou a Umbanda como remanescente direta de tradições africanas. A trajetória desta Umbanda histórica, após o seu fundamento no começo do século XX deve-se ao papel das federações umbandistas, surgidas entre as décadas de 1940 e 1960. O papel desempenhado pelas federações e por seus intelectuais orgânicos - que visavam codificar ritos e legitimar socialmente os cultos - permitiu que a Umbanda praticada por Zélio de Morais se difundisse no sul e sudeste do país. Reinterpretando as variantes regionais (tais como o toré analisado por DANTAS, 1988), a Umbanda histórica construiu uma identidade que tem como principais figuras o caboclo e o preto-velho, considerando ambos como representantes míticos da formação do povo brasileiro. (SILVA, 2002:161-162). As divindades e entidades cultuadas pela Umbanda dividem-se em linhas ou falanges, nas quais atuam entidades ou caboclos específicos, tais como Ogum Iara e Ogum Beira-Mar, na Linha de Ogum, e Xangô Godô e Xangô 7 pedreiras na Linha de Xangô. Com as diversidades regionais as linhas ou falanges modificam-se, apresentando, por exemplo, as modalidades de Linha dos Boiadeiros, Linha do Oriente e Linha dos Marinheiros, que não são comuns no Rio Grande do Sul, onde foi introduzida no início da década de 1920. Na Linha Africana atuariam pretos-velhos e na Linha de Ibeji, crianças. Todas as imagens representativas das entidades que atuam nas Linhas estão presentes no congá o altar umbandista bem como nos ornamentos e decoração dos templos. Assim, é característica desta religião a presença de imagens de santos católicos, acompanhados de elementos de outras tradições pois é uma religião em constante recriação - tais como o esoterismo e a Nova Era, com representações de deuses orientais, anjos, bruxas, duendes e gnomos, entre outros. A trajetória histórica da Umbanda remete também ao surgimento do seu oposto:, a Quimbanda, modalidade onde as entidades cultuadas são as mesmas da macumba carioca, ou seja, os Exus e Pombagiras. A Quimbanda ou Linha Cruzada
5 No panteão dos deuses africanos, Exu ou Esu - é o orixá que personifica a vida em movimento: ele é o mensageiro entre os deuses, dos deuses para os homens e vice-versa; conhece todas as entradas e saídas, e por isso é respeitado é o dono dos caminhos, o intérprete dos deuses. Tendo como símbolo o órgão genital masculino, é associado à fecundação e a vida, remetendo à sensualidade e a sexualidade: Exu é considerado uma força motora, geradora, criativa e onipresente, cuja existência se faz nas margens, nos limites, na liminaridade e nas suas múltiplas caracterizações. Representando a ambigüidade, a pelintragem, o imprevisível e o caótico, ele é também o mestre das encruzilhadas e das aberturas, conhecedor dos caminhos, início da vida, mensageiro da palavra e arauto entre os orixás e os seres humanos. (BARBOSA, 2000, p.155) As características contraditórias do Exu africano contribuíram decisivamente para que o personagem fosse reconhecido pelo seu caráter irreverente ou trickster (MAGNANI, 1986). Presente neste caráter, a ambiguidade e a dicotomia Bem/Mal demarcam profundamente a entidade, cuja representação refere um personagem envolto em luz e sombras, numa perspectiva moral. O imaginário que cerca o personagem Exu migrou também para a construção simbólica dessa entidade na Quimbanda, recebendo nesta modalidade de religião uma correspondente feminina, a pombagira. O caminho percorrido que demarca a introdução histórica do orixá Exu no Brasil remete ao período da escravidão, quando as características da entidade foram censuradas pela óptica católica, especialmente as representações de sensualidade e sexualidade. O estigma negativo que envolveu o personagem estava inserido no sistema de valores simbólicos e morais que atribuiu à cultura do outro um caráter de perigo. O processo de colonização do Novo Mundo levou a demonologia a ser incorporada como filosofia auxiliar às práticas religiosas dos catequizadores, que viam nos hábitos e crenças (tais como, por exemplo, a nudez e a poligamia, entre outros) dos ameríndios a intervenção do diabo naturalmente, o diabo cristão que era alimentado no imaginário do homem europeu. Logo, qualquer insucesso no processo de evangelização era atribuído ao personagem, o que desencadeou práticas diversas no combate ao mal, especialmente autos-de fé que consistiam na destruição de relíquias e objetos sagrados. O início do tráfico negreiro para o Brasil, ainda no século XVI e através do século XVII em diante, inseriria definitivamente o africano num processo de coisificação -
6 isto é, afastando o negro de sua dimensão humana e considerando-o como um objeto manipulável, que pode ser vendido, emprestado e barganhado. Ao mesmo tempo, a demonização atribuída inicialmente ao índio passa de forma contínua para o universo de valores do negro, especialmente em relação às suas crenças. Advindo de uma Europa marcada pelo temor frente ao desconhecido, o transplante do imaginário social e dos consequentes valores a ele atribuídos foi de fato uma prática permanente e até certo ponto inconsciente - durante o processo de consolidação das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais no Brasil. Um projeto: Lendas e mitologias na diáspora negra para o Brasil Sendo titular das disciplinas de História e Ensino Religioso, o projeto acabou se chamando Lendas e Mitologias na diáspora negra para o Brasil. Dentre seus objetivos, propõe o conhecimento sobre as religiões afro-brasileiras presentes no Rio Grande do Sul, especialmente o Batuque, e enfatiza a busca da autonomia por parte dos alunos, valorizando para isso o conhecimento prévio sobre o assunto. Nesse sentido, os conhecimentos vêm sendo socializados entre alunos, professores, funcionários e equipe diretiva, enriquecendo a relação ensino-aprendizagem. Como não poderia deixar de ser, o projeto envolve em seus referenciais teóricos os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso, especialmente ao refletir sobre a diversidade das tradições religiosas, fundamentadas na convivência com o outro. Busca-se identificar também os elementos essenciais, comuns e particulares das diversas tradições religiosas que compõem o universo mítico afro-brasileiro, bem como conhecer o pluralismo religioso e a diversidade cultural como parte histórica de cada povo. No decorrer do trabalho foi possível observar o ingresso de alunos nãoafricanistas na pesquisa, motivados pela curiosidade a respeito das práticas do Batuque. Nesse sentido, o projeto vem contribuindo para desconstruir e desmistificar o i- maginário corrente que deprecia as tradições religiosas afro-brasileiras. Por outro lado, a maior parte dos alunos que vem participando da pesquisa constitui-se de praticantes das modalidades de religião afro-brasileira, sendo possível estabelecer uma conexão com a experiência de vida dos alunos, valorizando suas aprendizagens anteriores à pesquisa. Assim, a pesquisa incentivou, desde seu início, a autonomia e a construção crítica dos conhecimentos, onde os alunos foram orientados em suas ações a partir da seleção criteriosa de materiais e literatura que pudessem contemplar o tema. Ao assumir responsabilidades de pesquisar e apresentar um trabalho científico, orientado pela professora, os alunos vêm se fazendo protagonistas de seu conhecimento.
7 Metodologia Foram convidados alunos das séries finais do Ensino Fundamental, tendo prevalecido participantes dos 8º e 9º anos. Constituído um grupo de pesquisa, passamos à análise da sobrevivência das tradições religiosas na diáspora negra para o continente americano. Nesse sentido, o trabalho vem sendo encaminhado da seguinte maneira: Exegese: A análise e a hermenêutica dos textos sagrados; no caso das religiões afro, marcadas pela tradição oral, a mitologia iorubá e o panteão de principais deuses (orixás); História das narrativas sagradas: O conhecimento dos acontecimentos religiosos que originaram os mitos e segredos sagrados; Audiovisuais: Alguns documentários são importantes para a elaboração do trabalho. Dentre estes, destacam-se: Atlântico Negro na rota dos Orixás (2001); Êxtase Ritos Sagrados (2005), que aborda diferentes manifestações de religiosidade afro (candomblé, umbanda, tambor-de-mina e Jurema); e Terra de Quilombo espaços de liberdade (2003), que se passa em três quilombos com realidades muito diferentes no Brasil. Um breve debate sucede à exibição dos documentários, abordando os principais aspectos de cada filme. Ações A pesquisa vem passando por diversos momentos, uma vez que foi organizada a partir de 2006, tendo vários alunos como participantes. Desde então, foram realizadas quatro oficinas sobre o tema sendo uma delas na Feira Municipal de Ciências e Ideias (Esteio 2007) -, tendo destacada participação nos eventos da Semana da Consciência Negra da E.M.E.F. Luiza Silvestre de Fraga.
8 Conclusões O trabalho vem sendo de fundamental importância para contemplar os pressupostos da lei 10.639/03 e aproximar os alunos e comunidade escolar em geral das religiões afro-brasileiras. Também contribui para aprofundar o diálogo inter-religioso, uma vez que interage com jovens de diferentes pertenças religiosas. Nesse sentido, vem alcançando - no entendimento da alteridade presente neste diálogo - o cultivo do respeito aos valores morais, éticos e religiosos do outro, além de hábitos e atitudes conscientes na busca de transcendência e de cidadania. Referências BARBOSA, Maria José Somerlate. Exu: Verbo Devoluto. In: FONSECA, Maria Nazareth Soares (org.). Brasil Afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. Vol. 1 e 2. São Paulo: Pioneira/EDUSP, 1971. BIRMAN, Patrícia. O que é Umbanda. São Paulo: Brasiliense, 1983. CORREA, Norton Figueiredo. Panorama das religiões afro-brasileiras do Rio Grande do Sul. In: ORO, Ari Pedro (org). As religiões afro-brasileiras do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1994. DANTAS, Beatriz Góis. Vovó Nagô e Papai Branco. Usos e abusos da África no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1988. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC, 2004. FOLLMANN, José Ivo. O mundo das religiões e religiosidades: alguns números e apontamentos para uma reflexão sobre novos desafios. In: SCARLATELLI, Cleide; STRECK, Danilo (org.). Religião, Cultura e Educação. São Leopoldo: Unisinos, 2006. FONAPER. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Religioso. São Paulo: Ave- Maria, 1998.
9 GIUMBELLI, Emerson. Zélio de Morais e as origens da Umbanda no Rio de Janeiro. In: SILVA, Vagner Gonçalves da (org.). Caminhos da alma: memória afro-brasileira. São Paulo: Summus, 2002. MAGNANI, José Guilherme Cantor. Umbanda. São Paulo: Ática, 1986. MARIANO, Ricardo. Guerra Espiritual: O protagonismo do diabo nos cultos neopentecostais. In: Debates do NER. Ano 4, nº 4. Porto Alegre: UFRGS, julho de 2003.