Retrospectiva e Tendências da Capitalização no Brasil



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Transcrição:

Retrospectiva e Tendências da Capitalização no Brasil Do tempo dos mil-réis à era digital Palestra na 5ª CONSEGURO Brasília - 09/06/11 Prof. Roberto Macedo E-mail: roberto.macedo@post.harvard.edu

CONTEÚDO DA APRESENTAÇÃO 0. Meu enfoque: é de analista e comprador, mas também me sentiria à vontade como vendedor 1. Breve histórico da capitalização, conceito, tipos de produtos e suas tendências 2. Foco no consumidor/poupador: como toma decisões e a necessidade de produtos de compromisso com a poupança. A capitalização é um deles. 3. O mercado e o potencial por explorar 4. O consumidor do futuro 5. Observações finais e sugestões

1. CONCEITO, BREVE HISTÓRICO DA CAPITALIZAÇÃ0, TIPOS DE PRODUTOS E TENDÊNCIAS Conceito: como o nome indica, capitalização envolve capital + alguma ação, no sentido de agir, ligada a ele. Trata-se de formar um capital. O produto evoluiu e incorporou outra ação, a de sorteios, que atende a uma demanda de seus consumidores, e também de empresas que atendem o mercado em geral, com produtos de 3 incentivo.

BREVE HISTÓRICO Nasce na FRANÇA (1850), chega ao Brasil em 1929 (pela Sulacap), ainda no tempo do mil-réis (até 1/11/1942); surgem várias empresas (Kosmos e Cia. Internacional, entre outras); reservas destinadas a projetos habitacionais (década de 40); problemas com inflação, surge a correção monetária (décadas de 50 a 70); entram os grandes conglomerados financeiros (anos 80); estabilidade monetária (anos 90) e maior segmentação (século XXI). Anúncio da Kosmos, em 1944, fala de A formatura, e logo o casamento. Ele não teme o futuro, pois conhece as garantias de um título de capitalisação. Fonte: Fenacap 4 Além da França e do Brasil, há registros de capitalização na Espanha, Japão, Colômbia, Suécia, Indonésia, Reino Unido e Alemanha.

CAPITALIZAÇÃO É TUDO ISSO JUNTO... SORTEIO FORMA DE GUARDAR DINHEIRO ECONOMIA INSTRUMENTO FLEXIVEL PROGRAMADA Fonte: Fenacap NÃO É INVESTIMENTO. 5

TIPOS DE PRODUTOS PRODUTO CANAIS PÚBLICO TRADICIONAL Restitui no fim da vigência do contrato o valor total dos pagamentos efetuados POPULAR Permite a participação do consumidor em sorteios, sem que haja devolução integral dos valores pagos no fim do contrato Fonte: Fenacap Agências bancárias Canais eletrônicos (internet, terminais de auto-atendimento, call center, SMS, MMS, etc.) Casas lotéricas Corretor Salão de vendas Lojas de departamento e redes varejistas Empresas de Cartões de Crédito Agências bancárias Correios Casas lotéricas Correspondente bancário Internet e call center Correntistas dos bancos. Classes predominantemente B e C C e D C e D Consumidores das lojas e pontos de venda Titulares de Cartão de Crédito C e D C e D C e D C e D

Fonte: Fenacap TIPOS DE PRODUTOS PRODUTO CANAIS PÚBLICO INCENTIVO Produto vinculado a um evento promocional de incentivo ou de premiação. Não há devolução integral do valor pagos COMPRA PROGRAMADA Possibilita a aquisição de bem ou serviço ou o resgate do valor pago Convênio entre empresas Corretores Salões de venda Empresas Classes B e C, com dificuldade de obtenção de crédito ou que não possam comprovar renda

CAPITALIZAÇÃO: PERCENTUAIS DE FATURAMENTO POR TIPO 2008-2011 - EM % Período/Tipo Tradicional Incentivo Popular Compra programada Dezembro 08 85% 7% 7% 1% Dezembro 09 84% 9% 6% 1% Dezembro 10 80% 13% 6% 1% Dezembro 11 80% 13% 6% 1% Fonte: FenaCap 8

. 2. ENTENDENDO O CONSUMIDOR Três tipos de decisões econômico-financeiras 1. Entre consumir e poupar: pessoas se debatem entre o consumo presente e a necessidade de poupar, em particular para o consumo futuro e para a proteção contra riscos (exemplos: seguros em geral e planos de saúde). Em seguida, esta decisão se desdobra em duas outras. 2. O que e como consumir. 3. O que fazer com a poupança: como investir.

Como as pessoas tomam as decisões do primeiro tipo? Na teoria convencional, a pessoa age como homo economicus, ou seja, estimulada apenas por recompensas econômicas. Age racionalmente, bem informada e diante de mercados eficientes, procurando tirar o maior proveito econômico (utilidade) possível de seus recursos. Algumas pessoas dão mais valor ao consumo presente, ou valorizam menos a poupança para consumo futuro ou outra finalidade. Outras pensam o contrário. A resposta é centrada na noção de uma taxa com que as pessoas descontam o valor do consumo futuro, no sentido de atribuir-lhe menor valor, sendo essa taxa relativamente maior para as pessoas que se inclinam mais para o consumo presente. Os adeptos dessa teoria dizem que as pessoas não fazem necessariamente esse cálculo, mas agem como se o fizessem.

Como as pessoas tomam as decisões de primeiro tipo? (continuação) A teoria das finanças comportamentais mostra que as pessoas nem sempre são racionais, ou se revelam bem informadas a respeito da natureza e das implicações de suas decisões. Tomam também decisões de outras formas, e várias inconvenientes na perspectiva intertemporal. Outras vezes são negligentes quanto à correção de rumos, e irreversíveis, as de pessoas idosas quando na juventude agiram ou não para o seu sustento na fase de aposentadoria. Exemplos: previdência pública obrigatória, planos de previdência privada negligenciados, dificuldades de analisar probabilidades e apego a jogos entre outros (noutros mercados: efeito manada, entre outros casos). Levitt (Freakonomics) falou sobre a questão desses planos. O que essa teoria propõe é aceitar essas dificuldades como íntrinsecas ao ser humano, ampliar a sua percepção delas, e tentar corrigi-las ou mesmo aproveitá-las favoravelmente. É Economia + Psicologia. Aliás, como vejo na capitalização com sorteio.

Como o sorteio é parte importante do plano de capitalização, cabe perguntar: por que as pessoas jogam? Propensão ao risco É da natureza humana se excitar quanto toma riscos: será que vai dar o meu número, será que meu time vai vencer? O sentimento de antecipação cria um alto natural, uma corrida de adrenalina. Escapismo O ambiente do jogo (corridas de cavalos, baralhos, casas de jogos etc. ) serve como escape para o dia-a-dia da vida e seus problemas. Glamour A mídia e os anúncios costumam apresentar o jogo como estiloso, sexy e em moda. Imagem de alta sociedade ; lugar para ser visto. Social Parte da cultura herdada de brinquedos sob a forma de jogos (baralho, dominó, damas, ludo, videogames), que passa aos adultos e grupos sociais. NO BRASIL Muitos o vêm como a única chance de ganhar um bom dinheiro honestamente. Fonte (exceto a última referência): Illinois Institute for Addiction Recovery (Instituto de Recuperação de Viciados) Estado de Illinois (EUA). Obs.: jogos em que a pessoa tem participação ativa (como carteado) ou como escapismo (ficar diante de caça-níqueis), são considerados os mais perigosos.

A capitalização costuma ser criticada pelos sorteios, mas há bons argumentos em contrário: No Brasil as pessoas jogam muito, e predominantemente em jogos onde a perda é praticamente certa. Na Mega-Sena a probabilidade é de acertar a sena é de 1 : 50.063.860 A quina, de 1 : 154.518 e a quadra, de 1 : 2.332 E há ainda: Lotomania, DuplaSena, Quina, Lotogol, Lotofácil, Loteca, Timemania, Loteria Instantânea e Loteria Federal. E, ainda, o jogo do bicho. Na capitalização, a probabilidade depende do número de títulos; p.e., 1 : 50.000 para o prêmio maior. É um ponto que exige maior transparência. Além da probabilidade menor, no plano tradicional o dinheiro não se perde, e há também o prêmio que alguém leva. Conforme dados fornecidos por Nilton Molina, um plano de capitalização tradicional, de 60 meses, a R$50,00 por mês, o resgate final, com juros de 6% ao ano é integral; nesse plano a quota de capitalização é R$ 43,55 (87,10%), a de sorteio R$ 3,00 (6,00%) e a de carregamento: R$ 3,45 (6,90%). Portanto, voltam 93,10%. Vejam, agora, o que fica, por exemplo, com a Mega Sena.

Mega-Sena: Distribuição de Arrecadação Prêmio Total 51,00% Fundo Nacional da Cultura 3,00% Comitê Olímpico Brasileiro 1,70% Comitê Paraolímpico Brasileiro 0,30% Prêmio Bruto 46% Imposto de Renda Federal 13,80% Prêmio Líquido 32,20% Seguridade Social 18,10% FIES -Crédito Educativo 7,76% Fundo Penitenciário Nacional 3,14% Desp. de Custeio e Manut. de Serviços 20,00% Tarifa de Administração 10,00% Comissão dos Lotéricos 9,00% FDL - Fundo Desenv. das Loterias 1,00% Renda Bruta 100,00% Adicional p/ Sec. Nacional de Esportes 4,50% Arrecadação Total 104,50% Fonte: CEF

Como em geral as pessoas demonstram dificuldade de poupar, há na teoria e prática de finanças pessoais os chamados produtos de compromisso com a poupança. Objetivos: (1) estimular a poupança regular e (2) criar dificuldades para saques, exceto para objetivos definidos e emergências. Exemplos: De (1): fundos de pensão, poupança para educação, para saúde, transferências automáticas de c/c e/ou de salários para poupança e para investimentos, prêmios para quem poupa mensalmente com data marcada, compromisso de poupar mais se renda aumentar e coletores de depósitos, entre outros De (2): juros maiores para depósitos de prazo mais longo, limite de saldo mínimo para uso do $, cofres portáteis cuja chave fica no banco, taxa por saque, saques em d+5, d+10 etc. e monitoramento social mediante inserção em grupos de poupadores. Em www.stickk.com pode-se pagar promessas não cumpridas. A capitalização é um produto desses produtos, pois faz do título um compromisso com a poupança e desestimula o resgate antecipado.

3. O MERCADO EM CRESCIMENTO E O POTENCIAL POR EXPLORAR 16

RECEITA DA CAPITALIZAÇÃO Evolução da Receita (em R$ milhões) 12.000 11.781 11.000 10.104 10.000 9.014 9.000 8.000 7.829 6.910 7.111 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Crescimento %: 15,46 6,64 6,01 12,66 11,10 15,51 Fonte: Fenacap 17

CEF ARRECADAÇÃO DE LOTERIAS 2006-2010 R$bilhões 2006 2007 2008 2009 2010 3,9 5,1 5,7 7,3 8,8 Crescimento: +31% +11% +28% +21% Fonte: CEF.

POTENCIAL DO MERCADO O potencial por explorar se desdobra em dois: 1) O mercado que já existia antes de 2004, quando a economia iniciou um período de crescimento bem mais rápido que o anterior. Esse mercado cresceu. 2) O segundo é dos novos ingressantes no mercado, trazidos sobretudo por esse crescimento, mas também pela crescente formalização, conforme revelam os dados do CAGED do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE). Fala-se muito de uma nova classe média, ascensão de classes. Um dado pouco conhecido que também evidencia esse fato é apresentado no gráfico a seguir.

O POTENCIAL DO MERCADO 14 ENTRADA DE NOVOS CONSUMIDORES PRIMEIRA CONSULTA AOS SCPCs SERVIÇOS CENTRAIS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO 2003-2010 (Milhões) 12 12,0 11,0 10 10,0 10,0 8,8 8,4 8 6 6,0 6,0 4 2 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: SCPC ACSP (Brasil)

4. O CONSUMIDOR DO FUTURO (OU CONSUMIDOR FUTURO) 21

OS CONSUMIDORES HOJE, SEGUNDO ELES MESMOS Antes de tudo, uma forma de impedir que você mexa no dinheiro. Porque se ficar com R$ 1.000,00 dentro de casa, a cada vez que você for no supermercado vai gastar... (Cliente capitalização, Porto Alegre/RS) Quando você joga na loteria você joga e o dinheiro não volta, esse daí você está investindo e ainda pode ganhar o prêmio. É difícil, mas acontece. Eu ganhei (Cliente capitalização, Salvador/BA) Você gasta R$ 50,00 no mercado e não leva nada para casa. São valores pequenos. É um valor pequeno, que não vai pesar no seu orçamento, não vai te fazer falta, e lá na frente você fala: nossa, eu tenho esse dinheiro (Cliente capitalização, São Paulo/SP) Se torna atrativo em função de ter um prêmio: quem participa disso pode ganhar R$ 100 mil no mês, R$ 500 mil, prêmio de R$ 1 milhão (Ex-cliente capitalização, Porto Alegre/RS) Fonte: Fenacap

O FUTURO DEVE SER VISTO DE QUATRO FORMAS. Sobre os consumidores pode-se pensar em mudanças de composição, tecnológicas e do comportamento humano. Mas, do lado das empresas tudo deve ser pensado junto com suas próprias mudanças. Mudanças de composição: haverá composição diferente por idade (p.e., mais idosos), por gênero (mais mulheres), por nível e qualidade educacional (mais anos de educação e de melhor qualidade); por regiões (mais no Norte e Centro-Oeste), por interesse cultural etc. Será preciso acompanhar essas mudanças e definir estratégias específicas. Mudanças tecnológicas: internet, i-pod, i-pad etc., influenciando também comportamentos, como nas redes sociais; como alcançá-las? O que não deve mudar: é o comportamento do ser humano, como animal evoluído, mas ainda se debatendo entre ser cigarra ou ser formiga, ou entre consumir e poupar. Mudanças fundamentais mesmo precisam ocorrer do lado da oferta: produtos novos, criar e agilizar canais de distribuição e seus agentes, 23 como chegar ao consumidor.

5. OBSERVAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES A capitalização é perfeitamente defensável na sua própria lógica; dispensa táticas de venda como a do cumprimento de metas. É preciso contestar quem afirma o contrário, em geral por desinformação. Cabem esclarecimentos com diálogo caso a caso. Simplificar a informação: no site de um banco, vi o prospecto de um título, com 12 (!) páginas de texto. Dois aspectos carecem de maior transparência: por que ao final se recebe o valor nominal integral (ou parte dele) e a probabilidade de premiação. O primeiro deve ser ilustrado com exemplos. No segundo, é necessária a probabilidade de sorteio dentro do número de títulos da série. No mesmo prospecto, está: Os títulos serão ordenados em série de 454.020. A cada um serão atribuídas 35 combinações de 6 dezenas, entre 01 e 50 inclusive, não repetidas e impressas no título. Depois se informa que os sorteios serão pela Dupla Sena da CEF, mas não as probabilidades de acerto. Insistir também no produto tradicional, pois atende a duas características humanas imutáveis: o interesse pelo jogo ou sorteios e a dificuldade de poupar, universal, mas particularmente grave no Brasil. É mais simpático também do ponto de vista de políticas públicas favoráveis à capitalização. 24