REGIME DE BENS www.trilhante.com.br
ÍNDICE 1. DISPOSIÇÕES GERAIS... 4 2. PACTO ANTENUPCIAL...7 3. REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS...10 Como Funciona a Administração dos Bens?... 10 Como se dá a Administração das Dívidas?... 10 Como se Administra o Imóvel Financiado?... 10 4. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS... 13 5. REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS E PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUES- TOS...15 Regime de Separação de Bens...15 Regime de Participação Final nos Aquestos...15 6. USUFRUTO E ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DE FILHOS MENORES...18
1 HABEAS DATA: RESUMO PRÁTICO DIREITO REAL DE DISPOSIÇÕES GARANTIA GERAIS www.trilhante.com.br
1. Disposições Gerais Comecemos com os aspectos gerais do Regime de Bens, que abarca todos os tipos de regimes elencados pelo Código Civil. O que é o casamento? Conforme dispõe o art. 1.511 e 1.565 do Código Civil, trata-se da comunhão plena de vida, sendo um instituto que gera deveres e obrigações recíprocos entre os cônjuges. Ou seja, traduz-se como um entrelaçamento de patrimônio (há várias formas deles, veremos mais a frente). Ainda cabe ressaltar que os referidos entendimentos podem ser estendidos à união estável também. Antes de estabelecer qualquer tipo de relação, é aconselhável que se ajustem os bens dos cônjuges de modo a organizar a divisão patrimonial e resguardar direito de terceiro. Portanto, a ocasião ideal para estabelecer o regime de bens é o momento prévio ao casamento. Ou seja, antes da celebração do casamento, os cônjuges regulamentam as questões patrimoniais através do pacto antenupcial, assim disposto no art. 1639 do Código Civil. Ainda dentro do mesmo artigo, em seu 2o, é prevista alteração do regime de bens após celebração do casamento, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges. Observa-se que a devida modificação ultrapassa o âmbito administrativo, sendo necessária a intervenção judiciária. Desse modo, os requisitos são: autorização judicial, pedido motivado e ressalva do direito de terceiro, pois a alteração não pode prejudicar direito de terceiro, isto é, o patrimônio alheio. No silêncio das partes ou perante a não realização do pacto antenupcial ou, ainda, sendo a convenção nula ou ineficaz, o art. 1640 do Código Civil prevê como regime de bens vigente a comunhão parcial. Quais formas existem de organizar o regime de bens, através do pacto antenupcial? Há os regimes legais, esses regulados pelo código, sendo o da comunhão parcial aplicado de forma subsidiária e o regime personalizado descrito no art. 1640, único, no qual os cônjuges estabelecem suas próprias regras do regime patrimonial. Vale ressaltar que a exceção dessa liberdade de escolha é o regime obrigatório, previsto no art. 1641, o qual deve ser utilizado quando: 1. Os cônjuges, ou um deles, possuírem pendência em causa suspensiva (situações em que ocorre confusão patrimonial, as quais geram risco de lesar patrimônio de terceiro); 2. Pelo menos um das partes for maior de 70 anos; 3. Dependem de suprimento judicial para se casar. Após a definição do regime de bens e celebração do casamento, como se faz a administração do patrimônio? Em relação aos bens imóveis, o Código Civil demonstra www.trilhante.com.br 4
maior cuidado e preocupação, de modo a ser compulsória a autorização do outro cônjuge (vênia conjugal) para a realização dos atos elencados no art. 1.647 do código. Portanto, em razão dos riscos de lesar e/ou perder o bem imóvel, o cônjuge não pode praticar sem autorização do outro: alienação de bens imóveis e formas de alienação indireta (gravar com ônus real, ser autor ou réu em ação judicial que verse sobre direitos sobre o imóvel, prestar fiança ou aval, fazer doação, etc). Além disso, na discordância ou recusa de uma das partes sem justo motivo, ou na impossibilidade de concessão do cônjuge como, por exemplo, por motivos de doença, o art. 1.648 do Código Civil utiliza-se do suprimento judicial como solução. Cabe ainda ressaltar que o único modelo de regime de bens que permite alienação de bens imóveis sem a necessidade de consentimento do outro cônjuge é o regime de separação de bens, pois não há confusão patrimonial. E se ocorrer algum dos atos previstos no art. 1.647 na ausência da vênia conjugal? O cônjuge prejudicado pode se utilizar, voluntariamente, pois não é uma ação automática, da ação de anulação dentro do prazo prescricional de 2 anos. Vale salientar que esse prazo não corre contra o cônjuge dentro da vigência conjugal. Além disso, os legitimados para propor a ação são o cônjuge lesado e os herdeiros. Conforme aduz o art. 1.643 sobre os bens móveis, o cônjuge não precisa de autorização do outro para contrair dívidas, para comprar mantimentos para a casa, assim como por aquilo que ele comprar o outro será solidariamente responsável, desde que seja usado para outras despesas cotidianas, incluindo produtos de higiene, lazer, vestuário, etc. Excluem-se apenas as dívidas contraídas de caráter luxuoso! Estas serão de responsabilidade somente do indivíduo que as adquiriu. www.trilhante.com.br 5
21 HABEAS DATA: RESUMO PRÁTICO DIREITO REAL DE PACTO GARANTIA ANTENUPCIAL www.trilhante.com.br
2. Pacto Antenupcial O que significa pacto antenupcial? É um ato solene e condicional, por meio do qual os nubentes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre ambos, após o casamento. (Carlos Roberto Gonçalves) SOLENE CONDICIONAL Exige-se forma prescrita em lei: necessário instrumento público Condiciona-se à realização do casamento: o pacto só gera eficácia se ocorrer o casamento Para a realização do pacto antenupcial, é obrigatório que ele seja feito por meio da escritura pública. Caso não se observe esse requisito, há nulidade do ato. Além disso, para que haja efeitos perante terceiros (erga omnes), o art. 1.657 do Código Civil exige o registro do pacto antenupcial em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. Vale lembrar que lei especial também permite que o registro seja feito em Junta Comercial. Outros requisitos para realização do pacto antenupcial dizem respeito à capacidade legal e idade. A partir dos 18 anos, o indivíduo é dotado de livre discernimento para praticar o ato de se casar e de dispor sobre seu pacto antenupcial. Contudo, segundo o art. 1.654, o maior de 16 e menor de 18 anos fica condicionado à aprovação de seu representante legal (pais, responsáveis). Observa-se ainda que, quando o indivíduo for maior de 16 e menor de 18 anos, e não possua autorização de seu representante para a escolha do regime de bens, vigora o regime obrigatório de separação de bens. Conforme previsto no art. 1.641, III do Código Civil, cabe o regime obrigatório de separação de bens a todos que dependerem, para casar, de suprimento judicial, hipótese essa utilizada diante da recusa do representante legal em aprovar o casamento e/ou pacto antenupcial. Idade Maior de 18 anos Menor de 18 anos Menor de 18 anos sem a assistência dos responsáveis Capacidade Total capacidade Necessidade da assistência dos responsáveis Regime obrigatório de separação de bens www.trilhante.com.br 7
Quais são os limites do pacto antenupcial? Conforme art. 1.655 do código, não se pode colocar no pacto antenupcial qualquer tipo de convenção que contravenha disposição absoluta de lei. Quais são essas disposições? Que denigram a ordem pública, que tratem de direitos indisponíveis e que ofendam os bons costumes. Há ainda doutrinadores que incluem a proibição de estabelecer regime de guarda e herança. Já outros vão mais além, como Maria Berenice Dias, dizendo que se pode incluir no pacto antenupcial obrigações cotidianas de ambos os cônjuges, como um deles sendo responsável pelo mercado, enquanto o outro pela limpeza da casa. www.trilhante.com.br 8
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