8 GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN 1984-3801) COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM UMA ÁREA DE CERRADO Stricto Sensu NO MUNICIPIO DE PORTO NACIONAL, TO Fernanda Regina Batista Pedreira 1, Laís Ramos Alves 1, Solange De Fátima Lolis 1, Rodney Haulien Oliveira Viana 1* Resumo: O Cerrado ocupa aproximadamente 23 % do território brasileiro e 70% do bioma correspondem ao cerrado Stricto Sensu (s. s.), sendo relevantes os estudos que buscam o entendimento da estrutura da vegetação nessas áreas. Com esse objetivo, foram estudadas 25 parcelas 20x10 m (200 m²). Foram incluídos na amostragem todos os troncos com diâmetro maior ou igual a 10 cm, obtidos a 30 cm do solo. Foram amostrados 662 indivíduos distribuídos em 69 espécies, pertencentes a 31 famílias. A densidade total absoluta foi de 1324 ind.ha -1 e a área basal total 6.351 m²/ha. Leguminosae foi a família com maior número de espécies (12). As espécies que apresentaram os maiores valores de Índice do Valor de Importância (IVI) foram Caryocar brasilienses Cambess., Anacardium occidentale L., Curatella americana L., Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk., Qualea multiflora Mart. O índice de Shannon encontrado foi de (H = 3.687). Não há distribuição homogênea das espécies na área, já que 19 espécies são de ocorrência rara (apenas um indivíduo), e apenas 21 têm mais de 10 indivíduos. Assim, a maior abundância registrada foi da família Vochysiaceae, de forma que Qualea multiflora apresentou o maior IVI. Palavras-chaves: riqueza, conservação, Tocantins. FLORISTIC COMPOSITION AND PHYTOSOCIOLOGY OF TREE SPECIES IN AN AREA OF CERRADO Stricto Sensu IN PORTO NACIONAL, TOCANTINS. Abstract: The Cerrado occupies approximately 23% of Brazilian territory and 70% of the region corresponds to cerrado Stricto Sensu areas. Thus, studies that attempt to understanding the vegetation structure of these areas are of uttermost importance. For this purpose, we studied 25 plots measuring 20x10m (200m ²). All specimens with diameter equal or above 10cm, obtained 30cm from the soil, were included in the study. We sampled 662 individuals of 69 species belonging to 31 families. The total absolute density was 1,324 ind.ha -1 and the total basal area 6,351 m² / ha. Leguminosae was the family with the highest number of species (12). The species with the highest scores for value of importance index (IVI) were Caryocar brasiliensis Cambess., Anacardium occidentale L., Curatella americana L., Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. and Qualea multiflora Mart. The Shannon index was (H '= 3687). There was not a homogeneous distribution of the species in the area, since 19 species are rare (only one individual), and only 21 are represented by more than 10 individuals. Thus, the highest abundance was recorded for the Vochysiaceae family, and the species Qualea multiflora had the highest IVI. Keywords: wealth, conservation, Tocantins. 1 Universidade Federal do Tocantins (UFT) Caixa Postal 04357. Porto Nacional (TO). CEP.: 77500-000. *Email: rodney@uft.edu.br. Autor para correspondência. Recebido em: 19/08/2010. Aprovado em: 06/04/2011.
Composição florística... 9 INTRODUÇÃO O Cerrado ocupa 23% do território brasileiro, estendendo-se da margem da Floresta Amazônica até os Estados de São Paulo e Paraná (RATTER & DARGIE, 1992; OLIVEIRA-FILHO & RATTER, 1995; RATTER et al., 1997), tratando-se do segundo maior bioma do país, superado apenas pela Floresta Amazônica (RIBEIRO & WALTER, 1998). Entre as mais ricas savanas do mundo, a flora do cerrado brasileiro, conta com 6.420 espécies vasculares (MENDONÇA et al., 1998). O cerrado Stricto Sensu, ocupa 70% do Bioma Cerrado, tem sua paisagem composta por um estrato herbáceo dominado, principalmente, por gramíneas, e um estrato de árvores e arbustos tortuosos, com ramificações irregulares e retorcidas, variando em cobertura de 10 a 60% (EITEN, 1994). A frequência de queimadas, a profundidade do lençol freático e os fatores antrópicos têm nítida influência na distribuição das suas espécies arbóreas (RIBEIRO & WALTER, 1998). A condução de estudos florísticos e fitossociológicos nestas áreas é de fundamental importância para o conhecimento da distribuição das espécies e do seu relacionamento com o ambiente (SILVA JÚNIOR et al., 1987), além de poderem acrescentar informações sobre possíveis afinidades entre as espécies ou grupos de espécies, podendo tais associações vir a facilitar a compreensão da distribuição das fitofisionomias do Cerrado (RIBEIRO et al., 1985). Para algumas regiões, os estudos acerca dessas informações vegetacionais são escassos. Nesse contexto, enquadra-se o Estado do Tocantins, onde o conhecimento da flora ainda é incipiente, tanto do ponto de vista florístico quanto fitossociológico (SANTOS, 2000). Considerando o exposto, o objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento florístico e fitossociológico da vegetação lenhosa do cerrado Stricto Sensu no Tiro de Guerra em Porto Nacional - TO, a fim de criar subsídios para incentivar a proteção e valorização científica da área. MATERIAL E MÉTODOS Local de estudo O trabalho foi realizado em uma área de Cerrado Stricto Sensu, entre as coordenadas (10º 43 06 18 S e 48º 24 02 53 O), localizado no Tiro de Guerra, no Município de Porto Nacional, no Estado do Tocantins. A área total tem aproximadamente, 36.000 m 2. O clima predominante é tropical, com precipitação média anual de 1.500 mm (FREITAS, 2009). Amostragem e parâmetros fitossociológicos Na área escolhida foram lançadas aleatoriamente, vinte e cinco parcelas de 20 x 10 m. O levantamento fitossociológico abrangeu o período de setembro a novembro de 2009, amostrando-se todos os indivíduos com perímetro basal igual ou maior que 10 cm, considerando a altura do solo (PAS) igual a 30 cm. As amostras de material botânico dos indivíduos marcados foram coletadas, prensadas e identificadas com auxílio de literatura. O sistema de classificação adotado seguiu o proposto por Cronquist (1988). Os parâmetros fitossociológicos avaliados foram: densidade, dominância e frequência (absoluta e relativa), Índices de Valor de importância (IVI) e de diversidade de Shannon. A análise fitossociológica foi obtida, utilizando o programa FITOPAC (SHEPHERD, 1995), calculados de acordo com as fórmulas usuais (MARTINS, 1991; MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram amostrados 662 indivíduos distribuídos em 69 espécies, pertencentes a 31 famílias (Tabela 1). A Área Basal Total (ABT) foi de 6.351m², e a Densidade Total
F. R. B. Pedreira et al. 10 Absoluta (DTA) foi de 1324 ind.ha -1. A família com maior número de espécies foi Fabaceae (7 spp.), seguida por Vochysiaceae, Malpighiaceae, Apocynaceae, e Bignoniaceae (4 spp. cada). Estas famílias contribuíram com 35% do total de espécies amostradas, merecendo destaque na estrutura dessa vegetação. Ressalta-se que 12 famílias foram representadas por apenas uma espécie. Tabela 1 - Parâmetros fitossociológicos das famílias com PAS igual a 30 cm, em cerrado Stricto Sensu em Porto Nacional, TO, em ordem decrescente de IVI. Familia Nº.indiv. Nspp %spp DA DR FA FR DoA DoR IVI Vochysiaceae 83 4 5,8 166 12,54 88 7,59 1,4423 11,35 31,48 Dilleniaceae 73 2 2,9 146 11,03 84 7,24 1,1644 9,17 27,43 Caryocaraceae 48 1 1,45 96 7,25 76 6,55 1,5026 11,83 25,63 Anarcadiaceae 31 2 2,9 62 4,68 64 5,52 1,5426 12,14 22,34 Malpighiaceae 54 4 5,8 108 8,16 80 6,9 0,8511 6,7 21,75 Myrtaceae 44 3 4,35 88 6,65 64 5,52 0,6927 5,45 17,62 Sapotaceae 34 1 1,45 68 5,14 56 4,83 0,8233 6,48 16,44 Mimosaceae 30 2 2,9 60 4,53 48 4,14 0,8554 6,73 15,4 Apocynaceae 34 4 5,8 68 5,14 72 6,21 0,4158 3,27 14,62 Rubiaceae 30 3 4,35 60 4,53 60 5,17 0,2052 1,62 11,32 Fabaceae 25 7 10,14 50 3,78 52 4,48 0,3433 2,7 10,96 Clusiaceae 17 2 2,9 34 2,57 56 4,83 0,294 2,31 9,71 Erythroxyllaceae 26 2 2,9 52 3,93 32 2,76 0,2631 2,07 8,76 Connaraceae 16 2 2,9 32 2,42 40 3,45 0,2825 2,22 8,09 Chrysobalanaceae 14 2 2,9 28 2,11 32 2,76 0,2518 1,98 6,86 Ochnaceae 11 2 2,9 22 1,66 28 2,41 0,2469 1,94 6,02 NI 14 1 1,45 28 2,11 24 2,07 0,202 1,59 5,77 Bombacaceae 12 2 2,9 24 1,81 24 2,07 0,19 1,5 5,38 Nonyminaceae 4 1 1,45 8 0,6 12 1,03 0,4633 3,65 5,29 Caesalpinaceae 11 3 4,35 22 1,66 24 2,07 0,1366 1,08 4,81 Bignoniaceae 10 4 5,8 20 1,51 28 2,41 0,0576 0,45 4,38 Ebennaceae 9 1 1,45 18 1,36 28 2,41 0,052 0,41 4,18 Proteaceae 10 1 1,45 20 1,51 20 1,72 0,0792 0,62 3,86 Celastraceae 4 2 2,9 8 0,6 12 1,03 0,0319 0,25 1,89 Moraceae 3 1 1,45 6 0,45 12 1,03 0,0367 0,29 1,78 Euphorbiaceae 3 1 1,45 6 0,45 12 1,03 0,0297 0,23 1,72 Simaroubaceae 3 1 1,45 6 0,45 12 1,03 0,0144 0,11 1,6 Nyctagynaceae 2 2 2,9 4 0,3 8 0,69 0,0679 0,53 1,53 Asteraceae 1 1 1,45 2 0,15 4 0,34 0,0982 0,77 1,27 Melastomataceae 1 1 1,45 2 0,15 4 0,34 0,0071 0,06 0,55 Annonaceae 1 1 1,45 2 0,15 4 0,34 0,0064 0,05 0,55 Total 658 66 95,69 1316 99,38 1160 99,97 12,65 99,55 298,99 NI = não identificada; DA = densidade absoluta; DR = densidade relativa (%); FA = frequência absoluta; FR = frequência relativa; DoA = dominância absoluta; DoR = dominância relativa; IVI = índice de valor de importância. Para este estudo, a família Leguminosae foi considerada como três famílias distintas (Fabaceae, Caesalpinaceae e Mimosaceae), estas famílias juntas contribuíram com 12 espécies. A maior riqueza de espécies da família Leguminosae foi também verificada por Mendonça et al. (1998), que a consideram a mais rica na maioria dos levantamentos fitossociológicos realizados em áreas de Cerrado. Da mesma forma, Heringer e Ferreira (1974) apontaram as Leguminosae como a família de maior riqueza de espécies em ambiente savanícola. Além de Leguminosae, as famílias Vochysiaceae e Malpighiaceae apresentaram valores altos de riqueza, tal qual o verificado
Composição florística... 11 também por Weiser e Godoy (2001), Felfili et al. (2002) e Assunção e Felfili (2004). A família Vochysiaceae é considerada representativa de vegetação de cerrado. Neste estudo, embora Vochysiaceae seja a família mais abundante na área, essa abundância foi representada, principalmente, pelas espécies Q.multiflora e Q. parviflora, já que Q. grandiflora contribuiu apenas com sete indivíduos. Além de Qualea, outros gêneros considerados comuns nos cerrados brasileiros foram amostrados no presente trabalho, tais como: Bowdichia, Tabebuia, Byrsonima, Miconia, Annona, Aspidosperma, Myrcia, Anacardium, Caryocar, Erythroxylum, Pouteria e Tocoyena. (HERINGER et al., 1977; RATTER et al., 1996; RIZZINI, 1997). O valor do índice de diversidade de Shannon (H ) encontrado foi de 3.687, indicando alta diversidade de espécies na área e o de Equabilidade (E) = 0, 871. O valor de H diverge discretamente dos encontrados por Durigan et al. (1994) e Toledo Filho (1989), 3,08 e 3,51, respectivamente. As espécies que apresentaram os maiores valores de Índice do valor de Importância (IVI) foram C. brasilienses C., A. occidentale L., C. americana L., P. ramiflora (Mart.) Radlk., Q. multiflora Mart e S. polyphyllum Mart, representando cerca de 34,56% do total amostrado (Tabela 2). Caryocar brasilienses ocorreu também entre as 12 espécies com maior IVI encontradas no levantamento fitossociológico realizado no cerrado Stricto Sensu da Fazenda Água Limpa (FELFILI & SILVA JÚNIOR, 1992). Em relação à densidade relativa, C. brasilienses representou 7,25% do total, seguida de C. americana com 6,65%. No entanto, 18 espécies contribuíram com apenas 0,15%. Tabela 2 - Parâmetros fitossociológicos das espécies com PAS igual a 30 cm, em cerrado Stricto Sensu em Porto Nacional, TO, em ordem decrescente de IVI. Espécie No.ind. DA DR FA FR DoA DoR IVI Caryocar brasiliense Camb. 48 96 7,25 76 5,41 1,5026 11,83 24,49 Anacardium occidentale L. 30 60 4,53 60 4,27 1,4993 11,8 20,61 Curatella americana L. 44 88 6,65 64 4,56 0,9022 7,1 18,31 Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 34 68 5,14 56 3,99 0,8233 6,48 15,61 Qualea multiflora Mart. 30 60 4,53 40 2,85 0,661 5,2 12,58 Stryphnodendron polyphyllum Mart. 25 50 3,78 28 1,99 0,8025 6,32 12,09 Qualea parviflora Mart. 26 52 3,93 52 3,7 0,4607 3,63 11,26 Heteropterys byrsonimifolia A.Juss 21 42 3,17 36 2,56 0,5565 4,38 10,12 Davilla eliptica St. Hil. 29 58 4,38 48 3,42 0,2621 2,06 9,86 Hancornia speciosa Gomez 23 46 3,47 56 3,99 0,2629 2,07 9,53 Psidium cattleianum Sabine 25 50 3,78 36 2,56 0,2975 2,34 8,68 Myrcia fallax ( Rich.) DC. 18 36 2,72 40 2,85 0,3929 3,09 8,66 Salvertia convallariaeodora St. Hil. 20 40 3,02 44 3,13 0,232 1,83 7,98 Kyelmeyera variabilis Mart. 13 26 1,96 44 3,13 0,243 1,91 7,01 Genipa americana L. 22 44 3,32 36 2,56 0,1224 0,96 6,85 Byrsonima sericea DC. 14 28 2,11 36 2,56 0,213 1,68 6,36 Byrsonima basiloba Juss. 18 36 2,72 36 2,56 0,0794 0,62 5,91 Callisthene minor (Spreng.) Mart. 14 28 2,11 24 1,71 0,202 1,59 5,41 Erythroxylum deciduum St. Hil. 15 30 2,27 20 1,42 0,1949 1,53 5,22 Mouriri elliptica Mart. 4 8 0,6 12 0,85 0,4633 3,65 5,11 Ouratea lexasperma (St.Hil)Baill. 9 18 1,36 20 1,42 0,2129 1,68 4,46 Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) 11 22 1,66 20 1,42 0,1658 1,31 4,39 A. Robyns Licania tomentosa (Benth.) Fritsch. 9 18 1,36 20 1,42 0,1874 1,48 4,26 Rourea induta Planch. 9 18 1,36 20 1,42 0,1765 1,39 4,17 Erythroxylum suberosum St. Hil. 11 22 1,66 24 1,71 0,0682 0,54 3,91 Vatairea macrocarpa ( Benth.) Ducke 7 14 1,06 28 1,99 0,0939 0,74 3,79 Diospyros hispida DC. 9 18 1,36 28 1,99 0,052 0,41 3,76 Roupala montana Aubl. 10 20 1,51 20 1,42 0,0792 0,62 3,56 Sclerolobium paniculatum Vog. 9 18 1,36 20 1,42 0,0946 0,74 3,53
F. R. B. Pedreira et al. 12 continuação Tabela 2 Connarus suberosus Planch. 7 14 1,06 20 1,42 0,106 0,83 3,32 Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) 7 14 1,06 24 1,71 0,0574 0,45 3,22 K.Schum. Qualea grandiflora Mart. 7 14 1,06 20 1,42 0,0887 0,7 3,18 Bowdichia virgilioides H. B. K. 8 16 1,21 16 1,14 0,0932 0,73 3,08 Aspidosperma australe M.Arg. 5 10 0,76 20 1,42 0,0662 0,52 2,7 Enterolobium gummiferum (Mart.) Macbride 5 10 0,76 20 1,42 0,0528 0,42 2,6 Himatanthus obovatus (M. Arg.) Wood. 5 10 0,76 16 1,14 0,0777 0,61 2,51 Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. 5 10 0,76 16 1,14 0,0333 0,26 2,16 ex S. Moore Couepia grandiflora (Mart. et Zucc.) Benth. 5 10 0,76 12 0,85 0,0644 0,51 2,12 ex H. Kyelmeyera maraeusens Saddi 4 8 0,6 12 0,85 0,051 0,4 1,86 Diplotropis purpurea (Rich.) Amsh. 3 6 0,45 12 0,85 0,0581 0,46 1,77 Andira inermis (Sw.) H. B.K. 3 6 0,45 12 0,85 0,0539 0,42 1,73 Brosimum gaudichaudii Trec. 3 6 0,45 12 0,85 0,0367 0,29 1,6 Maprounea guianensis Aublet 3 6 0,45 12 0,85 0,0297 0,23 1,54 Simarouba versicolor St. Hil. 3 6 0,45 12 0,85 0,0144 0,11 1,42 Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker 1 2 0,15 4 0,28 0,0982 0,77 1,21 Nl1 2 4 0,3 8 0,57 0,0341 0,27 1,14 Maytenus robusta Reiss. 3 6 0,45 8 0,57 0,0077 0,06 1,08 Tabebuia caraiba (Mart.) 2 4 0,3 8 0,57 0,017 0,13 1,01 Pterodon polygalaeflorus (Benth.) Benth. 2 4 0,3 8 0,57 0,0124 0,1 0,97 NI2 2 4 0,3 8 0,57 0,0063 0,05 0,92 Jacaranda cuspidifolia Mart. 2 4 0,3 8 0,57 0,0057 0,04 0,92 NI3 1 2 0,15 4 0,28 0,0449 0,35 0,79 Anacardium humile St. Hil. 1 2 0,15 4 0,28 0,0433 0,34 0,78 Magonia pubescens St. Hil. 1 2 0,15 4 0,28 0,0397 0,31 0,75 Sclerolobium aureum (Tul.) Benth. 1 2 0,15 4 0,28 0,0397 0,31 0,75 Pterodon pubescens (Benth.) 1 2 0,15 4 0,28 0,0295 0,23 0,67 Guapira graciliflora (Mart. ex J. A. Schmidt) 1 2 0,15 4 0,28 0,0282 0,22 0,66 Lundel Palicourea rigida Kunth. 1 2 0,15 4 0,28 0,0253 0,2 0,64 Celastraceae sp 1 2 0,15 4 0,28 0,0242 0,19 0,63 Eriotheca gracilipes (K. Schun) A. Rob. 1 2 0,15 4 0,28 0,0242 0,19 0,63 Aspidosperma tomentosum Mart. 1 2 0,15 4 0,28 0,0091 0,07 0,51 Miconia cinnamomifolia (DC.) Naud. 1 2 0,15 4 0,28 0,0071 0,06 0,49 Annona coriacea Mart. 1 2 0,15 4 0,28 0,0064 0,05 0,49 Psidium rufum DC. 1 2 0,15 4 0,28 0,0023 0,02 0,45 Platycyamus regnellii Benth. 1 2 0,15 4 0,28 0,0023 0,02 0,45 Cassia grandis L.f. 1 2 0,15 4 0,28 0,0023 0,02 0,45 Byrsonimia coccolobifolia (L.) H.B.K. 1 2 0,15 4 0,28 0,0023 0,02 0,45 NI4 1 2 0,15 4 0,28 0,0019 0,02 0,45 NI5 1 2 0,15 4 0,28 0,0016 0,01 0,45 Total 662 1324 99,97 1404 99,78 12,7032 99,97 300,03 NI = não identificada; DA = densidade absoluta; DR = densidade relativa (%), FA = frequência absoluta; FR = frequência relativa; DoA = dominância absoluta;dor-dominância relativa; IVI= índice de valor de importância As cinco espécies com maiores frequências relativas foram C. brasilienses, C. americana, A. occidentale, P. ramiflora, H. speciosa, D. elliptica que juntas representaram 25,64% do total. C. brasilienses e A. occidentale apresentam maior dominância, com 23,63% do total amostrado. Nota-se na que apenas uma espécie alcançou 9 m de altura A. occidentale, seguida de P. longiflorum e M. elliptica com 8 m de altura, destacando a importância dessas espécies na estrutura da comunidade, ressaltando a espécie A. occidentale que se destaca entre as de maior IVI na tabela 3. A média das alturas estimadas encontradas neste estudo (2,5 m) corroboram
Composição florística... 13 com outros trabalhos realizados em áreas de cerrado Stricto Sensu que varia entre 2 e 3 m (RIBEIRO et al., 1985; NASCIMENTO e SADDI, 1992; SAPORETTI et al., 2003; ASSUNÇÃO e FELFILI, 2004). Tabela 3 - Alturas (máxima, média e mínima) das espécies levantadas no cerrado Stricto Sensu em Porto Nacional-TO. Espécie Alt.Máxima Alt.Média Alt.Mínima 1. Erythroxylum deciduum St. Hil. 3 2,1 0,6 2. Erythroxylum suberosum St. Hil. 3,5 1,5 0,7 3. Qualea parviflora Mart. 6 2,5 0,8 4. Hancornia speciosa Gomez 4 2,3 0,9 5. Nl1 1 1 1 6. Ouratea lexasperma (St.Hil)Baill. 2,5 1,8 1 7. Byrsonima basiloba Juss. 4 1,9 1 8. Davilla eliptica St. Hil. 5 2,2 1 9. Kyelmeyera variabilis Mart. 4,6 2,6 1 10. Anacardium occidentale L. 9 4,3 1 11. Jacaranda cuspidifolia Mart. 1,9 1,5 1,2 12. Kyelmeyera maraeusens Saddi 3,5 2,3 1,2 13. Stryphnodendron polyphyllum Mart. 6 2,7 1,2 14. Salvertia convallariaeodora St. Hil. 1,6 1,5 1,3 15. Diospyros hispida DC. 2,9 1,9 1,3 16. Couepia grandiflora (Mart. et Zucc.) Benth. ex H. 3,5 2,1 1,3 17. Rourea induta Planch. 5,3 2,4 1,3 18. Curatella americana L. 6 3,2 1,3 19. Licania tomentosa (Benth.) Fritsch. 5 3,3 1,3 20. Psidium cattleianum Sabine 7 3,1 1,4 21. Platycyamus regnellii Benth. 1,5 1,5 1,5 22. Nl2 1,8 1,6 1,5 23. Genipa americana L. 3,7 2,3 1,5 24. Aspidosperma australe M.Arg. 5 2,5 1,5 25. Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore 5 2,8 1,5 26. Himatanthus obovatus (M. Arg.) Wood. 5 2,9 1,5 27. Heteropterys byrsonimifolia A.Juss 7 3,3 1,5 28. Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 7 3,4 1,5 29. Qualea multiflora Mart. 7,5 4,4 1,5 30. Brosimum gaudichaudii Trec. 2 1,8 1,6 CONCLUSÕES A presente investigação ressalta as seguintes características da área em questão: trata-se de um fragmento de cerrado s.s. cuja maioria dos indivíduos concentra-se no estrato inferior de 2 a 3 m de altura, com algumas espécies, que chegam a 8 m ou mais. Não há distribuição homogênea das espécies na área, já que 19 espécies são de ocorrência rara (apenas um indivíduo), e apenas 21 têm mais de 10 indivíduos. Assim, a maior abundância registrada foi da família Vochysiaceae, de forma que Q. multiflora apresentou o maior IVI.
F. R. B. Pedreira et al. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSUNÇÃO, S. L.; FELFILI, J. M. Fitossociologia de um fragmento de cerrado sensu stricto na APA do Paranoá, DF, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.14, n. 4. p. 903-909, 2004. CRONQUIST, A. The evolution and classification of flowering plants. New York: The New York Botanical Garden, 1988. DURIGAN, G.; LEITÃO FILHO, H. F. & RODRIGUES, R. R. Phytosociology and structure of a frequently burnt cerrado vegetation in SE-Brazil. Flora, v.189, p. 153-160, 1994. EINTEN, G. Vegetação do Cerrado. In: PINTO, M. N. Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. Brasília: UnB/SEMATEC, 1994, p. 17-73. FELFILI, J.M. & SILVA JÚNIOR, M.C. Floristic composition, phytosociology and comparison of cerrado and gallery forests at Fazenda Água Limpa, Federal District, Brazil. In: P.A. Furley; J.A. Proctor & J.A. Ratter. Nature and dynamics of forestsavanna boudaries. London, Chapman & Hall, 1992, p. 393-415. FELFILI, J. M. et al. Composição florística e fitossociológica de um cerrado sensu stricto em Água Boa - MT. Acta Botanica Brasilica, v. 16, p. 103-112, 2002. FREITAS, E. Aspectos Naturais do Tocantins. Disponível em: http://www.brasilescola.com/brasil/aspectosnaturais-tocantins.htm. Acesso em: 14 Dezembro. 2009. HERINGER, E. P.; BARROSO, G.M.; RIZZO, J. A. & Rizzini, C.T. A flora do Cerrado. In: IV SIMPÓSIO SOBRE O CERRADO, 21., 1977, Itatiaia, São Paulo e Belo Horizonte: EDUSP e Ed, 1977. p. 211-232. HERINGER, E. P.; FERREIRA, M. B. Informações preliminares a acerca da floração precoce de vinte espécies arbóreas do cerrado do Planalto Central. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 25., 1974, Mossoró. Anais... Mossoró: SBB, 1974. p.2-17. MARTINS, F. R. Estrutura de uma floresta mesófila. Campinas: UNICAMP, 1991. MENDONÇA, R.C.; FELFILI, J.M.; WALTER, B.M.T.;SILVA JÚNIOR, M.C.; REZENDE, A.V.; FILGUEIRAS, T.S. & NOGUEIRA, P.E. Flora vascular do cerrado. In: SANO, S. M. & ALMEIDA, S. P. Cerrado, Ambiente e Flora. Planaltina: EMBRAPA CPAC, 1998. p. 289-556. MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Willey & Sons, 1974. NASCIMENTO, M. T.; SADDI, N. Structure and floristic composition in area of cerradão in Cuiabá-MT, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v. 5, p. 47-55, 1992. OLIVEIRA-FILHO, A. T. & RATTER, J. A. A study of the origin of central Brazilian forests by the analysis of plant species distribution patterns. Edinburg Journal of Botany, Edinburgh, v. 52, p. 141-194, 1995. RATTER, J. A. ;BRIDGEWATER, S.; ATKINSON, R. & RIBEIRO, J. F. Analysis of the floristic composition of the Brazilian cerrado vegetation II: comparison of the woody vegetation of 98 areas. Edinburg Journal of Botany, Edinburgh, v. 53, p. 153-180, 1996. RATTER, J. A & DARGIE, T. C. D. An analysis of the floristic composition of 26 cerrado áreas in Brazil. Edinburg Journal of Botany, Edinburgh, v. 49, p. 235-250, 1992. Gl. Sci. Technol., v. 04, n. 01, p.08 15, jan/abr. 2011.
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