ANÁLISE FLORÍSTICA DO ESTRATO ARBUSTIVO-ARBÓREO DA VEGETAÇÃO DE UMA ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO, GURUPI-TO
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- Brenda Fragoso Bicalho
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1 ANÁLISE FLORÍSTICA DO ESTRATO ARBUSTIVO-ARBÓREO DA VEGETAÇÃO DE UMA ÁREA DE CERRADO SENSU STRICTO, GURUPI-TO Dayane Pereira Lima¹; Marilia O. Camargo¹; Priscila B. Souza² ¹ Aluna do Curso de Engenharia Florestal; Campus Gurupi; ² Orientadora do Curso de Engenharia Florestal; Campus Gurupi; RESUMO O levantamento florístico é um dos estudos iniciais para o conhecimento da flora de determinada área e implica produção de uma lista de espécies ali instaladas. O estudo foi realizado na fazenda experimental da Universidade Federal do Tocantins, município de Gurupi sob as coordenadas s e w. Foram instaladas 05 parcelas de 20 x 50 m, totalizando m². A identificação taxonômica foi realizada por meio de comparações com material botânico do Herbário de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins, literatura especializada e consultas a especialistas quando necessário. O sistema de classificação adotado foi o Botânica Sistemática. Foram registrados 906 indivíduos dos quais 868 vivos e 38 mortos em pé representados por 42 famílias, 78 gêneros e 102 espécies. As famílias que apresentaram maior número de espécies foram: Leguminosae, Myrtaceae e Rubiaceae. Considerando as síndromes de dispersão de sementes das espécies amostradas 62,7% possuem dispersão zoocórica, já as espécies que possuem síndrome de dispersão não zoocórica representaram 37,2%. A área onde foi realizado o presente estudo possui uma alta riqueza de espécies e famílias, sobretudo de Leguminosae e Myrtaceae tornando-se uma grande fonte de diásporos para áreas adjacentes. A escassez de estudos relacionados com fisionomias do Bioma Cerrado no Tocantins impossibilita uma comparação direta com os dados do presente estudo e demonstra a necessidade de trabalhos que investiguem o funcionamento destes ambientes, o que possibilitará elementos para a recuperação de paisagens degradada. Palavras chave: Florística; Síndrome de dispersão; Cerrado.
2 INTRODUÇÃO Depois da Amazônia, o Cerrado do Brasil destaca-se como o segundo bioma em extensão territorial constituído por uma série de formações vegetais muito ricas do ponto de vista botânico, sendo cada uma delas responsável pela origem e manutenção da diversidade da região (Rezende, 1998). Possui espécies que se distribuem em diferentes fitofisionomias (RATTER et al., 2003). A distribuição e a manutenção das diferentes fisionomias do Cerrado estão relacionadas a fatores edáficos, topográficos e ocorrência do fogo (EITEN, 1972). Segundo (COUTINHO, 1978), do ponto de vista fisionômico, os cerrados apresentam dois extremos: o cerradão, fitofisionomia na qual predomina o componente arbóreo-arbustivo, e o campo limpo, onde há predomínio do componente herbáceosubarbustivo. Segundo (MEIRA NETO, 1991), as transições de cerrado sensu stricto para cerradão não são raras. Porém, é muito mais frequente a transição de cerrado sensu stricto até campo cerrado, de maneira a formar um verdadeiro mosaico de fisionomias. A transição do cerrado sensu aumenta em tamanho dos indivíduos arbóreos, diminuição do número de arbustos, subarbustos e ervas até que haja um estrato arbóreo, no qual é possível distinguir-se uma camada contínua de copas que caracterizam um dossel. Podese afirmar que existem mais espécies no ambiente mais heterogêneo, diminuindo o número de espécies nas fisionomias menos complexas e, ou, com menores variações ambientais que o cerrado sensu stricto. Para (MARTINS, 1990), o levantamento florístico é um dos estudos iniciais para o conhecimento da flora de determinada área e implica produção de uma lista de espécies ali instaladas, que poderão contribuir para o estudo dos demais atributos da comunidade. Esses trabalhos evidenciaram a importância do bioma Cerrado, as suas fitofisionomias típicas e a elevada diversidade florística, sobretudo da flora arbustivoarbórea, muito significativa e variada em relação aos outros estratos. O conhecimento da composição florística em área demarcada abre perspectivas para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à fitossociologia, à fenologia e à dinâmica das populações ali instaladas. Do mesmo modo, o amplo conhecimento da flora do cerradão é um
3 importante subsídio para o planejamento e implementação de áreas representativas dessa fitofisionomia, que devem ser priorizadas para conservação e manejo racional (FELFILI et al., 1993 e MENDONÇA et al., 1998). O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento florístico do estrato arbustivo-arbóreo de uma área de cerrado sensu stricto. MATERIAL E MÉTODOS Localização e Caracterização da área de estudo O estudo foi realizado na fazenda experimental da Universidade Federal do Tocantins, município de Gurupi sob as coordenadas s e w. O clima da região segundo a classificação de Köppen é do tipo mesotérmico com inverno seco (Cwa). A fazenda possui uma área total de 138 ha, sendo que a descrição morfológica dos perfis foi realizada apenas em 70% da propriedade. Através da analise de imagem do satélite Landsat TM5 2007/2008 fez a adequação da propriedade a legislação vigente no que diz respeito à Área de Preservação Permanente (APP) e Área de Reserva Legal. A topografia é caracterizada por superfícies planas ou ligeiramente ondulada. Os solos da área em estudo foram classificados de acordo com EMBRAPA, (1999). Composição Florística A amostragem foi realizada numa área de cerrado sensu stricto de aproximadamente 38 ha inseridos na fazenda experimental da UFT. A vegetação do componente arbóreo foi avaliada quantitativamente, utilizando-se o método de parcelas (MUELLER-DOMBOIS &ELLENBERG, 1974). Foram instaladas 05 parcelas de 20 x 50 m, totalizando m². A distribuição das parcelas foi feita sistematicamente ao longo da trilha, distanciadas 10 m entre si. Nessas parcelas foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com circunferência a 1,30 m do solo (CAP) maior ou igual a 10 cm. A identificação taxonômica foi realizada por meio de comparações com material botânico do Herbário de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins, literatura especializada e consultas a especialistas quando necessário. Para atualização dos binômios específicos foram utilizados o índice de espécies Royal Botanicofkew (1993) e o site Missouri Botanical Garden (2013), no mês de julho de O sistema
4 de classificação adotado foi o Botânica Sistemática, baseado em APG II (SOUZA & LORENZI, 2005). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram registrados 906 indivíduos dos quais 868 vivos e 38 mortos em pé representados por 42 famílias, 78 gêneros e 102 espécies. Os indivíduos mortos ocorreram em todas as parcelas, com densidade relativa baixa de 4,2%. O que pode indicar a não ocorrência de distúrbios recentes. O total de espécies encontradas, 102, corrobora informações de que o padrão de riqueza do componente lenhoso do cerrado sensu stricto apresenta um número inferior a 120 espécies, ocorrendo em diferentes combinações (OLIVEIRA FILHO et al. 1989; FELFILI et al. 1993; RATTER et al. 1997). As famílias que apresentaram maior número de espécies foram: Leguminosae (14) Myrtaceae (7), Rubiaceae (6), Annonaceae (6), Chrysobalanaceae (5), Apocynaceae (5), Anacardeaceae (4), Malpighiaceae (4) e Vochysiaceae (4), contribuindo juntas com 53,40% do total de espécies amostradas na área. Considerando as síndromes de dispersão de sementes das espécies amostradas 62,7% (32) possuem dispersão zoocórica, já as espécies que possuem síndrome de dispersão não zoocórica representaram 37,2% (19). Alguns estudos realizados sobre dispersão de sementes de plantas no cerrado sensu stricto mostraram que a maioria das espécies é zoocóricas (GOTTSBERGER & SILBERBAUER-GOTTSBERGER 1983, BATALHA & MANTOVANI 2000). A área onde foi realizado o presente estudo possui uma alta riqueza de espécies e famílias, sobretudo de Leguminosae e Myrtaceae tornando-se uma grande fonte de diásporos para áreas adjacentes. A escassez de estudos relacionados com fisionomias do Bioma Cerrado no Tocantins impossibilita uma comparação direta com os dados do presente estudo e demonstra a necessidade de trabalhos que investiguem o funcionamento destes ambientes, o que possibilitará elementos para a recuperação de paisagens degradadas.
5 LITERATURA CITADA 26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas COUTINHO, L.M. O conceito de Cerrado. Revista Brasileira de Botânica, v.1, n.1,p , EITEN, G The cerrado vegetation of Brazil.Botanical Review 38: FELFILI, J.M.; SILVA-JÚNIOR, M.C.; REZENDE, A.V.; MACHADO, J.W.B.; WALTER, B.M.T.; SILVA, P.E.N.; HAY, J. Análise comparativa da florística e fitossociologia da vegetação arbórea do Cerrado sensu stricto na Chapada Pratinha, DF - Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.6, n.2, p.27-46, GOTTSBERGER, G.; SILBERBAUER- GOTTSBERGER, I. Dispersal and distribution in the cerrado vegetation of Brazil. Sonderband dês Naturwissenschaftlichen Vereins in Hamburg, v. 7, p , MEIRA NETO, J.A.A. Composição florística e fitossociológica da vegetação de Cerrado Sensu Lato da Estação Ecológica de Santa Bárbara (E.E.S.B.), Município de Águas de Santa Bárbara. Estado de São Paulo f. Dissertação (Mestrado em Biologia) - Universidade de Campinas, Campinas, MUELLER-DOMBOIS, D. Y.; ELLENBERG, M. Aims and methods in vegetation ecology. New York: John Wiley& Sons, 1974, 547 p. MARTINS, F.R. Atributos de comunidades vegetais. Quid, Teresina, v.9, p.12-17, MENDONÇA R.C, FELFILI J.M, WALTER B.M.T,SILVA JÚNIOR M.C, REZENDE A.V, FILGUEIRAS T, NOGUEIRA P.E. Flora vascular do cerrado, p In: SANO S.M, ALMEIDA S.P (eds.) Cerrado: Ambiente e Flora. Planaltina, EMBRAPA. 556 pp., RATTER, J. A., BRIDGEWATER, S. &RIBEIRO, J. F Analysis of the floristic compositionof the BrasilianCerrado vegetation. III: comparison of the woody vagetation of 376 areas. Edinburgh Journal of Botany 60 (1): SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa,SP, Instituto Plantarum, 2005, 639p. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT
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