AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS SUPÉRFLUOS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

Documentos relacionados
FREQÜÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL, NAS MACRO- REGIÕES, ÁREAS URBANAS E RURAIS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS.

CONSUMO ALIMENTAR DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO NO MUNICÍPIO DE PALMAS TO

ETHANOL SUMMIT 2017 PAINEL. Açúcar: O Consumo Equilibrado Como Melhor Escolha. São Paulo junho/17

44. IBASE instituto brasileiro de análises sociais e econômicas

CONCEPÇÃO DAS MÃES DE CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS QUANTO À ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ADEQUADA Eliete Costa Oliveira¹ e Gabriela Loiola Camargo²

O comportamento alimentar e as rejeições e aversões alimentares de estudantes adolescentes de escolas públicas e privadas de Teresina-PI.

QUANTO CUSTA PARA AS FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA OBTEREM UMA DIETA SAUDÁVEL NO BRASIL?

Avaliação do Consumo Alimentar de Escolares da Rede Publica de Ensino Fundamental de Piracicaba

INQUÉRITOS NACIONAIS DE SAÚDE E NUTRIÇÃO. Profa Milena Bueno

Avaliação e Classificação do Estado Nutricional

PERFIL DE CONSUMO ALIMENTAR DE IDOSOS EM UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA DE NATAL/RN

CONSUMO E PADRÃO ALIMENTAR DE ESCOLARES DE UMA ESCOLA PRIVADA 1

Brasil é um dos principais apoiadores da agenda de nutrição adotada pela ONU

ANÁLISE COMPARATIVA DE SOBREPESO E OBESIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ESCOLA PARTICULAR E UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA.

Inquérito Alimentar. Profa. Assoc. Regina Mara Fisberg 2012

O SISVAN Web - sistema para monitoramento alimentar e nutricional

NUTRIÇÃO MATERNO INFANTIL CASOS CLÍNICOS LACTENTE A TERMO E PRÉ ESCOLAR

3. Material e Métodos

Análise da situação alimentar e nutricional no Brasil. Eduardo Nilson CGAN/DAB/MS

Pesquisa de Orçamentos Familiares Disponibilidade domiciliar de alimentos e estado nutricional no Brasil

IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES EM UBERLÂNDIA, MG

Consumo de açúcar e padrões alimentares no Brasil

HÁBITOS ALIMENTARES DE ACADÊMICOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

Introdução. Nutricionista FACISA/UNIVIÇOSA. 2

PERFIL NUTRICIONAL E CONSUMO DE AÇÚCAR SIMPLES COMO FATOR DE RISCO NO DESENVOLVIMENTO DE OBESIDADE INFANTIL

Prevalência de sobrepeso e/ou obesidade infantil na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ

PALAVRAS-CHAVE: Alimentação escolar. Alimentos industrializados. Educação nutricional.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS ATENDIDAS NA USF VIVER BEM DO MUNICIPIO DE JOÃO PESSOA-PB

NUTRICIONISTA LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES

PERFIL DIETÉTICO DE USUÁRIOS DE RESTAURANTE SAUDÁVEL EM APUCARANA PR

CONSUMO ALIMENTAR DE ESCOLARES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ZONA RURAL DA CIDADE DE GUAXUPÉ-MG RESUMO

Perfil de Hábitos Alimentares e IMC dos Alunos dos Cursos de Educação Física e Tecnologia da Informação

PERFIL ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

PNS Pesquisa Nacional de Saúde 2013 Ciclos de vida, Brasil e grandes regiões Volume 3

Comitê de Gestão de Indicadores de Fatores de Risco e Proteção

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E DIETÉTICO DE MILITARES DO DESTACAMENTO DE CALIFÓRNIA- PR

Obesidade Infantil. Nutrição & Atenção à Saúde. Grupo: Camila Barbosa, Clarisse Morioka, Laura Azevedo, Letícia Takarabe e Nathália Saffioti.

Incorporação das novas curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde na Vigilância Nutricional

SAÚDE COLETIVA: ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA DIMINUIR OS DESAFIOS ENCONTRADOS NA CONTEMPORANEIDADE 1

CONSUMO ALIMENTAR DE COLETORES DE LIXO DO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ- MA FOOD CONSUMPTION OF GARBAGE COLLECTORS OF MUNICIPAL IMPERATRIZ- MA

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL¹

Professora adjunta da Faculdade de Nutrição/UFPEL Campus Universitário - UFPEL - Caixa Postal CEP

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

CONSUMO ALIMENTAR DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO BÁSICA 1

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN ATENDIDOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO CLÍNICO E EDUCACIONAL EM HORIZONTE CE

PERFIL NUTRICIONAL DE ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE CAMBIRA- PR

Erly Catarina de Moura NUPENS - USP

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

na escola Luciana Azevedo Maldonado Instituto de Nutrição Annes Dias

Estratégias para Redução do Sódio em Alimentos

PERSPECTIVAS DO GOVERNO

Comida de verdade vs. ultraprocessados: potenciais impactos na saúde e no bem-estar dos adolescentes brasileiros

Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição Ministério da Saúde

INFLUÊNCIA DOS DESVIOS NUTRICIONAIS GESTACIONAIS NO PESO AO NASCER DE RECÉM-NASCIDOS ATENDIDOS PELA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE PALMAS TO

Incentivo à Alimentação Saudável. Julho de 2016

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA ADOLESCENTES: NUTRIÇÃO SEM MODISMO. PALAVRA CHAVE: Perfil nutricional; Alimentação; Adolescentes.

PERFIL CLÍNICO, ANTROPOMÉTRICO E AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR EM IDOSOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN

PERSONAL DIET, INTERVENÇÃO NUTRICIONAL EM ÂMBITO DOMICILIAR: RELATO DE CASOS

INGESTA DE ALIMENTOS CONSIDERADOS SUPÉRFLUOS EM MENORES DE 1 ANO DE IDADE NO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU/PR (2011).

ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COM AS CRIANÇAS D E UM CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CARÁTER FILANTRÓPICO DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO SC

Intervenção nutricional em indivíduos com sobrepeso e obesidade

GEP NEWS, Maceió, V.2, n.2, p , abr./jun. 2018

Resumo INTRODUÇÃO. , Tatiana Uchôa Passos

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

OBESIDADE NA INFÂNCIA. Dra M aria Fernanda Bádue Pereira

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE IDOSOS ASSISTIDOS POR CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

Projeto de Extensão: Clínica Escola: atendimento ambulatorial de nutrição à comunidade

TÍTULO: AUTORES: Justificativa

11. CONDIÇÕES DE SAÚDE E NUTRIÇÃO NO SEMI-ÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE 2005

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES DE ESCOLAS MUNICIPAIS DA ZONA SUL DE SÃO PAULO

SEMINÁRIO TRANSDISCIPLINAR DA SAÚDE - nº 04 - ano 2016 ISSN:

ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS: QUALIDADE DA DIETA E SAÚDE. Renata Bertazzi Levy

CAPACITAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE SIMÕES LOPES NA CIDADE DE PELOTAS/RS

INFLUÊNCIA DA CONDUTA DO PEDIATRA NO COMPORTAMENTO DE AMAMENTAR NOS PRIMEIROS SEIS MESES DE VIDA ESTUDO TRANSVERSAL EM UM MUNICÍPIO DO ESTADO DE GOIÁS

OPINIÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SOBRE TEMAS RELATIVOS A ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS. Setembro/2017

Determinantes Sociais da Saúde. Professor: Dr. Eduardo Arruda

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DE UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA ESCOLA: UM TEMA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE.

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher 2006

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA GLOBAL DE USUÁRIOS DE UM AMBULATÓRIO DE FONOAUDIOLOGIA

ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS DE PERCEPÇÃO FAMILIAR SOBRE A SUFICIÊNCIA E O TIPO DOS ALIMENTOS CONSUMIDOS E RENDA E IDADE

Estudo Multicêntrico do Consumo Alimentar de Pré-escolares

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DE ADOLESCENTES

ACONSELHAMENTO SOBRE MODOS SAUDÁVEIS DE VIDA: PRÁTICA E ADESÃO EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.

TÍTULO: INGESTÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS RICOS EM SÓDIO E ADIÇÃO DE SAL ÀS PREPARAÇÕES PRONTAS

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

Impacto de intervenção nutricional realizadas com adolescentes em situação de vulnerabilidade social e econômica em Palmas, Tocantins.

PALAVRAS-CHAVE: avaliação nutricional; hábito alimentar; interprofissional.

Guia Alimentar para a População Brasileira

Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina Departamento de Medicina Preventiva

PERFIL CLÍNICO E NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HUPAA/UFAL)

ESTADO NUTRICIONAL DE COLABORADORES DE REDE HOTELEIRA

AVALIAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DE TABELAS NUTRICIONAIS COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

PERFIL ALIMENTAR DE ADULTOS E IDOSOS QUANTO O CONSUMO HABITUAL DE VERDURAS, LEGUMES E FRUTAS 1

ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE OS HÁBITOS ALIMENTARES DOS USUÁRIOS DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO (RU) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CONSUMO ALIMENTAR E MORBIDADE DE IDOSOS BRASILEIROS: AS PARTICULARIDADES DA REGIÃO NORDESTE

Multimorbidade e medidas antropométricas em residentes de um condomínio exclusivo para idosos

Transcrição:

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS SUPÉRFLUOS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA Renata Mesquita Leal 1 ; Giselia Alves Pontes da Silva 2 1 Estudante do Curso de Nutrição- CCS UFPE; E-mail: leal_re@hotmail.com, 2 Docente/pesquisador do Depto Materno Ifantil CCS - UFPE. E-mail: giseliaalves@gmail.com. Sumário: O excesso de peso em idades precoces tem crescido no cenário mundial e a alimentação inadequada nos primeiros anos de vida tem papel importante na gênese desse problema. O objetivo desse estudo foi comparar a frequência de consumo de alimentos supérfluos entre lactentes com excesso de peso e eutróficos. Realizado um estudo observacional, com crianças de 10-18 meses de idade, nascidas a termo, atendidas no Serviço de Puericultura do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira. Foram analisadas as características da alimentação de 102 crianças, por meio de entrevistas realizadas com as mães. Observou-se uma maior frequência de consumo de alimentos supérfluos entre os lactentes com excesso de peso. Conclui-se que apesar das crianças estudadas serem atendidas por profissionais em um serviço de saúde de referência apresentam alto consumo de alimentos considerados supérfluos. A exposição precoce a alimentos considerados qualitativamente inadequados contribui para uma condição nutricional desfavorável e no futuro poderá comprometer a saúde dessas crianças. Palavras chave: excesso de peso, alimentação, alimentos supérfluos, crianças. INTRODUÇÃO O excesso de peso tem alcançado faixas etárias cada vez mais precoces e em ritmo acelerado¹. A prática do aleitamento materno exclusivo, até seis meses de idade, com a posterior introdução adequada da alimentação complementar são diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde². No entanto, apesar dos esforços para alcançar a excelência na alimentação infantil, a literatura alerta para a introdução de alimentos considerados supérfluos, que não contribui para o alcance de uma alimentação saudável³. Os alimentos considerados supérfluos, por serem ricos em gordura, açúcar e sódio, pobres em fibras e micronutrientes e de alta densidade energética, representam um componente obesogênico que compromete o crescimento de lactentes. A motivação desse estudo foi verificar se a alimentação inadequada repercute no estado nutricional e teve como objetivo comparar a frequência de consumo de alimentos supérfluos entre lactentes com excesso de peso e eutróficos. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo observacional descritivo, com componente analítico. Foram selecionadas crianças de 10-18 meses de idade, nascidas a termo, atendidas no Serviço de Puericultura do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP).Para classificação do estado nutricional, foi utilizado o índice antropométrico IMC/idade, as curvas de referências e os pontos de corte estabelecidos pela OMS (2006), divididos em dois grupos: lactentes eutróficos ( Percentil 3 e Percentil 85) e lactentes com excesso de peso (>Percentil 85) 4. Foram entrevistadas as mães ou responsável das crianças e foram coletados dados sociodemográficos, antropométricos e dietéticos. Para investigar o

consumo alimentar dos lactentes foi utilizado como método de inquérito alimentar, o recordatório de consumo nas 24 horas precedentes à entrevista(r24h).uma vez que não existe questionário de frequência alimentar validado para avaliar consumo habitual de lactentes, além do R24h, perguntas sobre frequência de consumo foram feitas com base na pirâmide alimentar para crianças menores de dois anos.para categorização de frequências, foi considerada ausência/baixa frequência os lactentes que consumiram mensalmente, raramente ou não consumiram os alimentos pesquisados. E para a categoria Moderada/Alta frequência, os que tiveram consumo semanal ou diário. A análise estatística foi realizada no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 13.0. Para comparar as frequências foi realizado o teste qui-quadrado e em todas as situações analisadas, a significância estatística foi assumida quando p<0,05. O padrão de consumo alimentar foi avaliado pelo método proposto por Fornés et al., (2002) 5, na qual o cômputo geral da frequência do consumo foi convertido em escores para estabelecimento da mediana e ponto de corte. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do CCS/UFPE, sob o número 23422513.1.0000.5208. RESULTADOS A amostra é composta por46 (45,1%) crianças do sexo masculino e 56 (54,9%) do sexo feminino, que formaram dois grupos: eutróficos (42), e com excesso de peso (58).A maioria das mães relatouter feito pré-natal (98%) e ter recebido orientação sobre aleitamento materno (90,2%) e alimentação complementar (95,1%).O Gráfico 1 demonstra o percentual de lactentes que consumiram mais que quatro alimentos supérfluo foi maior no grupo com excesso de peso (p=0,047).na Tabela 1 encontra-se descrito o percentual de lactentes que fizeram uso dos alimentos supérfluos. Apesar de não se observar associação estatística, destacaram-se os salgadinhos/pipoca que foram consumidos por mais da metade dos lactentes avaliados (58,8%). Na Tabela 2os alimentos consumidos mais frequentemente foram os salgadinhos/pipoca (33,3%; 34/102), seguido do leite fermentado (24,4%; 25/102) e do biscoito recheado (20,6%; 21/102). Macarrão instantâneo destacouse como o alimento supérfluo mais consumido diariamente (10,8%). Gráfico 1 Distribuição de consumo de alimentos supérfluos, segundo grupos de comparação.

Tabela 1 Percentual de Lactentes que Consumiram Alimentos Supérfluos Chá ou café Variáveis Total N Eutróficos n % Excesso de Peso n % Sim 10 (9,8%) 5 11,4% 5 8,6% 0,64* Biscoito Recheado Sim 41 (40,2%) 16 36,4% 25 43,1% 0,49* Macarrão Instantâneo Sim 25 (24,5%) 9 20,5% 16 27,6% 0,40* Refrigerante Sim 38 (37,3%) 12 27,3% 26 44,8% 0,06* Suco Artificial Sim 20 (19,6%) 6 13,6% 14 24,1% 0,19* Chocolate/Achocolatado Sim 32 (31,4%) 13 29,5% 19 32,8% 0,72* Bala/Pirulito Sim 28 (27,5%) 13 29,5% 15 25,9% 0,68* Salgadinho/Pipoca Sim 60 (58,8%) 27 61,4% 33 54,9% 0,65* Embutidos Sim 21 (20,6%) 6 13,6% 15 25,9% 0,13* Leite Fermentado Sim 31 (30,4%) 11 25,0% 20 34,5% 0,30* P Tabela 2 Frequência de consumo de alimentos supérfluos Variáveis Total Eutróficos Excesso de Peso P N n % n % Chá ou café 98 (96,1%) 43 97,7% 55 94,8% 0,63** 4 (3,9%) 1 2,3% 3 5,2% Biscoito Recheado 81 (79,4%) 36 81,8% 45 77,6% 0,60* 21 (20,6%) 8 18,2% 13 22,4% Macarrão Instantâneo 86 (84,3%) 39 88,6% 47 81,0% 0,30* 16 (15,7%) 5 11,4% 11 19,0% Refrigerante 92 (90,2%) 38 86,4% 54 93,1% 0,26* 10 (9,8%) 6 13,6% 4 6,9% Suco Artificial 89 (87,3%) 40 90,9% 49 84,5% 0,33* 13 (12,7%) 4 9,1% 9 15,5% Chocolate/Achocolatado 88 (86,3%) 40 90,9% 48 82,8% 0,24*

14 (13,7%) 4 9,1% 10 17,2% Bala/Pirulito 93 (91,2%) 39 88,6% 54 93,1% 9 (8,8%) 5 11,4% 4 6,9% Salgadinho/Pipoca 68 (66,7%) 29 65,9% 39 67,2% 34 (33,3%) 15 34,1% 19 32,8% Embutidos 86 (84,3%) 39 88,6% 47 81,0% 16 (15,7%) 5 11,4% 11 19,0% Leite Fermentado 77 (75,5%) 33 75,0% 44 75,9% 25 (24,5%) 11 25,0% 14 24,1% 0,43* 0,88* 0,30* 0,92* DISCUSSÃO Observa-se que o percentual de lactentes que consumiram mais que quatro alimentos supérfluo foi maior no grupo com excesso de peso (p=0,047). Esses dados sugerem que o consumo desses alimentos proporciona excesso de calorias na dieta do lactente, em função de apresentarem alta densidade energética.apesar de não apresentar significância estatística, o salgadinho/ pipoca foi o alimento mais consumo pelos lactentes avaliados, e por mais da metade das crianças com excesso de peso. Outro estudo também encontrou alto percentual 6. O consumo inadequado pode comprometer a saúde nesta fase, uma vez que muitos alimentos industrializados são ricos em gorduras e carboidratos refinados, apresentando elevado valor energético. Por se tratar de uma amostra de baixa renda e consequentemente baixa escolaridade, é possível que a maioria das mães seja motivada a comprar pelas propagandas vinculadas, que classificam esses alimentos em ricos em vitaminas 7. Apesar do alto consumo de alimentos supérfluos, a frequência mostrou-se baixa. No entanto, as pesquisas já mostram a evolução dos padrões de consumo alimentar nas últimas três décadas evidenciando declínio no consumo de alimentos básicos e tradicionais da dieta dos brasileiros, como o arroz e o feijão, havendo um aumento de até 400% no consumo de produtos industrializados 8, levando a obesidade. O questionário de frequência alimentar, apesar de eficaz, pode ter sofrido interferência do baixo grau de escolaridade e entendimento, omissão, viés de memória para exposição passada e/ou baixo poder aquisitivo dos participantes 6. CONCLUSÕES O consumo de alimentos considerados supérfluos, mesmo que não seja frequente, foi observado em lactentes com excesso de peso. É fundamental que haja mais estudos para avaliar o consumo de crianças, que são escassos no momento, para assim avaliar a vulnerabilidade da população e propor medidas eficazes de intervenção. AGRADECIMENTOS Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPQ), a orientadora Giselia Alves Pontes da Silva e a nutricionista Ísis Lucília Santos Borges de Araújo.

REFERÊNCIAS 1- CARDOSO, L. O. et al. Fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e comportamentais associados ao excesso de peso em adolescentes:uma revisão sistemática da literatura. Rev. bras. epidemiol. [online], vol.12, n.3, pp. 378-403, 2009. 2- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Complementaryfeeding: Family foods for breastfedchildren. In: Geneva, Switzeland: World Health Organization, 2000. 3- HEITOR, Sara Franco Diniz; RODRIGUES, Leiner Resende; SANTIAGO, Luciano Borges. Introdução de alimentos supérfluos no primeiro ano de vida e as repercussões nutricionais-doi: 10.4025/cienccuidsaude. v10i3. 11347.Ciência, Cuidado e Saúde, v. 10, n. 3, p. 430-436, 2012. 4- BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil, aleitamento materno e nutrição complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. (Cadernos de Atenção Básica, n. 23) (Série A. Normas e Manuais Técnicos) 5- FORNÉS, N.S.; et al. Escore de consumo alimentar e níveis lipêmicos em população de São Paulo, Brasil. Revista de Saúde Pública. v.36, n.1, p.12-8, 2002. 6- DE SOUZA, Mariana Peres; MOLZ, Patrícia; PEREIRA, Camila Schreiner. Análise do consumo de alimentos fonte de sódio e excesso de peso em escolares do município de Rio Pardo, RS. Cinergis, v. 15, n. 1, 2014. 7- GURAN, T.; AL., E. Contentanalysisoffoodadvertising in Turkishtelevision. Pediatric Children Health, v. 46, n. 7-8, p. 427-430, 2010. 8- Brasil IBGE [homepage on the Internet]. Pesquisa de Orçamentos Familiares POF 2008-2009. Aquisição alimentar domiciliar per capita Brasil e Grandes Regiões.