ANÁLISE DAS FUNCIONALIDADES DE INTRANETS E PORTAIS: PESQUISA EXPLORATÓRIA EM MÉDIAS E GRANDES ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS



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Transcrição:

GT4: Gestão de unidades de informação ANÁLISE DAS FUNCIONALIDADES DE INTRANETS E PORTAIS: PESQUISA EXPLORATÓRIA EM MÉDIAS E GRANDES ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS Rodrigo Baroni de Carvalho Mestre, Ciência da Informação PUC-Minas, Ciência da Computação, Universidade Fumec. rodbaroni@yahoo.com.br Marta Araújo Tavares Ferreira Doutora, Escola de Ciência da Informação (UFMG), maraujo@eci.ufmg.br Resumo: O objetivo desse artigo é apresentar e aplicar um instrumento que pretende auxiliar as organizações na avaliação funcional das suas intranets e portais corporativos. Considerando a existência de diversas abordagens de avaliação com enfoque excessivamente tecnológico, o instrumento proposto percebe a intranet como um tipo específico de um Sistema de Recuperação de Informação, empregando assim conceitos tradicionais no campo da Ciência da Informação. As variáveis do instrumento compreendem aspectos funcionais como integração, gestão de conteúdo, mecanismos de busca, colaboração e também aspectos organizacionais tais como a existência de uma equipe de suporte e de um planejamento formal para a intranet. O instrumento foi testado empiricamente em 104 organizações brasileiras e pode ser utilizado na realização de um diagnóstico abrangente das funcionalidades existentes na intranet, bem como do contexto organizacional de suporte. Palavras-chave: portal; intranet; gestão de conteúdo; recuperação da informação; colaboração. Abstract: The paper s objective is to present and apply an instrument that intends to support organizations in the functional evaluation of intranets and enterprise portals. Considering the existence of many technology-oriented proposals, the instrument analyzes intranet as a specific type of an information retrieval system, leveraging concepts traditionally used in the Information Science field. The instrument comprises functional variables such as integration, content management, search engine, collaboration, and also organizational variables such as the existence of a support team and intranet planning. The instrument was empirically tested in 104 Brazilian organizations and it can be applied in a comprehensive check-up of intranet s features and organizational context.

1 INTRODUÇÃO Tradicionalmente, os sistemas baseados na intranet privilegiam a informação interna à organização. Em seus estágios iniciais, a intranet é utilizada pelas organizações para disseminar informações sobre os departamentos, contendo usualmente conteúdos tais como manuais de normas e procedimentos, listas de ramais, histórico da empresa, catálogo de produtos e jornal interno com notícias selecionadas (clipping) sobre o mercado, a concorrência e a conjuntura econômica. De acordo com CHOO et al. (2000), as organizações têm implementado portais na tentativa de consolidar intranets departamentais, pois um dos grandes atrativos da tecnologia de portais reside na capacidade de integrar fontes heterogêneas de informação através de uma interface única para o usuário. Entretanto, as empresas não devem alimentar a ilusão de que a implantação da intranet não implicará em custos e desafios. BENETT (1997) destaca que o custo de criação do conteúdo de uma intranet abrange a conversão de boa parte dos documentos existentes para o formato Web, a coordenação de vários provedores de conteúdo e a indexação periódica do material para a utilização de recursos de pesquisa. Um outro problema consiste no fato de que muitas empresas alcançam um ponto em que o excesso de informações na intranet começa a gerar problemas já comuns na Internet, como a dificuldade de se encontrar a informação desejada. Não é difícil encontrar intranets caóticas com informações redundantes, conflitantes ou desatualizadas. O objetivo desse artigo é apresentar e aplicar um modelo que pretende auxiliar as organizações na avaliação funcional das suas intranets e portais corporativos. O modelo é composto de variáveis extraídas da literatura das áreas de Ciência da Computação e da Ciência da Informação e adaptadas para o contexto dos portais. O artigo está organizado da seguinte forma: o capítulo 2 discute a evolução da intranet em direção ao portal corporativo. O capítulo 3 destaca a importância de perceber a intranet como um tipo específico de um sistema de recuperação da informação (SRI), relacionando os módulos do SRI propostos por ARAÚJO (1994) com as funcionalidades da intranet. No capítulo 4, são descritos os procedimentos de coletas dos dados e é feita a análise dos dados obtidos em 104 organizações brasileiras. A conclusão sintetiza os principais pontos e sugere trabalhos futuros. Um extrato do questionário utilizado é apresentado no Anexo I. 2 A ORIGEM E EVOLUÇÃO DE INTRANETS E PORTAIS A intranet é um importante canal de comunicação entre a empresa e o funcionário, sendo usualmente caracterizada pela sigla B2E (business to employee) em oposição às siglas utilizadas para os sistemas Web de comércio eletrônico como B2B (business to business) e B2C (business to consumer). Tradicionalmente, a comunicação B2E é unidirecional (da empresa para o funcionário) e passiva (estilo pull, puxe em inglês), no sentido de que a informação está disponível na intranet e o usuário deve buscá-la. A integração de sistemas colaborativos com a intranet e a estruturação de comunidades fazem com que a intranet também possa ser caracterizada pela sigla E2E (employee to employee). Segundo MARCUS e WATTERS (2002), a intranet pode ser definida tanto tecnicamente quanto funcionalmente. Em termos técnicos, a intranet é um ambiente de computação heterogêneo que conecta diferentes plataformas de hardware e sistemas operacionais através de uma interface integrada com o usuário. A base tecnológica da intranet está calcada na computação cliente-servidor na qual uma máquina cliente (front-end) requisita serviços ou dados de um servidor (back-end). Já do ponto de vista organizacional, a intranet consiste em uma ferramenta capaz de integrar pessoas, processos e informações. 2

Desde o final da década de 90, o termo portal tem sido utilizado para designar um novo enfoque sobre os sistemas baseados na intranet e Internet. O portal corporativo representa uma variação do conceito já bastante familiar de portais da Internet, como o Yahoo, Terra, Universo On Line e outros. O volume informacional que precisa ser gerenciado pelas organizações faz que com a tecnologia de portal advinda da Internet seja extremamente útil para organizar o ambiente corporativo. A missão dos portais corporativos é acabar com as ilhas dos sistemas de informação, integrando-as em uma única aplicação que seria porta de entrada para todos os usuários do ecossistema empresarial. Apesar do crescimento do mercado dos portais, continua válida a constatação de DIAS (2001) de que a terminologia relacionada com o termo portal corporativo ainda não se estabilizou. No escopo desta pesquisa, foram analisadas 13 definições de portais propostas pelos seguintes autores: CHADRAN (2003), CHOO et al. (2000), COLLINS (2003), DELPHI GROUP (2000), ECKERSON (1999), FINKELSTEIN (2001), JAVA COMMUNITY PROCESS (2003), MURRAY (1999), REYNOLDS e KOULOPOULOS (1999), SALDANHA (2004), SHILAKES e TYLMAN (1998), VIADOR (1999) e WHITE (1999). Por questões de abrangência e independência tecnológica, optou-se por adotar a definição proposta por COLLINS (2003, p.77): O portal corporativo é uma interface personalizada de recursos on-line que permite que os trabalhadores do conhecimento acessem e partilhem informações, tomem decisões e realizem ações independentemente da sua localização física, do formato da informação e do local em que ela está armazenada. Analogamente, é possível constatar que na literatura não existe um padrão sobre critérios de classificação de intranets e portais, conforme se verifica na Tabela 1. Alguns autores optam por classificações evolutivas (1 a, 2 a e 3 a geração), enquanto outros preferem sugerir categorias diferenciadas pelo uso, pelas funcionalidades, pela audiência ou ainda pela presença ou não de determinados aspectos tecnológicos. Por outro lado, é possível perceber que o portal é sempre apresentado como uma evolução da intranet, existindo alguns tons de cinza nessa escala. Tabela 1 Comparativo de propostas de classificação de intranets e portais Autores Categorias Propostas CHADRAN (2003) Diversas classificações: 1 a, 2 a e 3 a geração; B2C, B2E, B2B; portais colaborativos e portais de BI; portais verticais e horizontais DIAS (2001) Portais com ênfase em suporte à decisão, portais com ênfase em processamento cooperativo, portais de suporte à decisão e processamento cooperativo FIRESTONE Portais de processamento de decisão, portais de gestão do (2003) conteúdo, portais colaborativos e portais integrados MARCUS e Intranet de publicação, intranet colaborativa, intranet de última WATTERS (2002) geração MURRAY (1999) Portal de informação (EIP), portal colaborativo, portal de especialistas e portal do conhecimento TERRA e Intranets, portais básicos e portais avançados GORDON (2002) 3 FUNCIONALIDADES DAS INTRANETS E PORTAIS 3

3.1 Portal como um Sistema de Recuperação da Informação Os componentes de um portal corporativo podem ser interpretados como elementos que agregam benefícios funcionais distintos para o usuário. Na literatura, podem ser encontradas diversas relações de funcionalidades de portais e check-lists, como por exemplo DELPHI GROUP (2000), TERRA e GORDON (2002), FIRESTONE (2003), HAZRA (2003), MARCUS e WATTERS (2002) e PORTALS COMMUNITY (2003). Entre as funcionalidades mais mencionadas nas propostas existentes, podem ser destacadas as seguintes: integração, categorização, mecanismo de busca, gestão de conteúdo, workflow, colaboração, personalização, notificação e mapa do conhecimento. Após analisar as propostas de avaliação de características de portais mencionadas acima, constatou-se uma ênfase nos aspectos técnicos em detrimento dos aspectos organizacionais associados à implantação do portal. Além disso, as propostas analisadas não se baseiam diretamente em estudos tradicionais desenvolvidos sobre sistemas de informação. Perceber o portal através da perspectiva dos sistemas de informação é importante, pois as organizações envolvidas com a implantação de intranets e portais podem se beneficiar de estudos desenvolvidos no campo da Ciência da Informação. ARAÚJO (1994) define os sistemas de informação como aqueles que objetivam a realização de processos de comunicação e caracteriza o sistema de recuperação da informação (SRI) como um tipo específico de sistema de informação. Para a autora, um SRI visa dar acesso às informações nele registradas, sendo que essas informações são estruturas de conhecimento partilhadas pelos membros de um grupo social. O portal corporativo apresenta características comuns com os sistemas de recuperação da informação, pois as questões e problemas relacionados à organização e o uso da informação estão também presentes no contexto dos projetos de portais corporativos. Para caracterizar as semelhanças entre o portal e o SRI, serão analisados como os subsistemas de um SRI se comportam no caso particular de um portal corporativo. ARAÚJO (1994) divide um SRI nos subsistemas de entrada, de saída e de avaliação. O subsistema de entrada enfatiza os aspectos de organização de informação e é composto pelas funções de seleção, representação, organização de arquivos e armazenamento. Já o subsistema de saída é composto pelos módulos de análise das necessidades do usuário, recuperação da informação e disseminação. A Tabela 2 relaciona algumas funcionalidades técnica do portal com a função dos módulos de um sistema de recuperação da informação (ARAÚJO, 1994). Tabela 2 Comparativo das funcionalidades de um portal com um SRI Aspecto Técnico do Portal Função do SRI Categorização Representação (subsistema de entrada) Mecanismo de Recuperação Recuperação da Informação (subsistema de saída) Gestão de Conteúdo Seleção, Organização de Arquivos e Armazenamento (subsistema de entrada) Apresentação / Personalização Análise das Necessidades do Usuário (subsistema de saída) Disseminação Seletiva Disseminação (subsistema de saída) Avaliação Subsistema de Avaliação Por outro lado, percebe-se que algumas funcionalidades presentes nos portais extrapolam o escopo do SRI, já que a recuperação da informação é um objetivo importante para o portal, mas não é o único. Serão encontradas no portal funcionalidades que não existem no SRI, principalmente aquelas mais associadas à gestão do conhecimento tais como 4

colaboração e mapa do conhecimento. Com base na revisão de literatura e nas propostas de arquiteturas para os portais, buscou-se selecionar as principais funcionalidades técnicas, priorizando as mais freqüentes nas propostas estudadas. A seguir, serão detalhadas cada uma dessas funcionalidades, buscando fazer o vínculo das mesmas com os módulos do SRI, quando for possível. 3.2 Integração Para FIRESTONE (2003), o movimento tecnológico associado aos portais pode ser percebido como o estágio mais recente de uma tendência contínua de integração de sistemas, que também tem os armazéns de dados e os sistemas de gestão empresarial ERPs (Enterprise Resource Planning) como representantes. Segundo TERRA e GORDON (2002), o tipo de informação digital acessível através do portal varia de altamente estruturada, como a armazenada em bancos de dados relacionais, até altamente não-estruturada, tais como documentos, páginas Web e mensagens eletrônicas. A integração é o componente do portal que serve de base para os outros componentes. Para RICHARDSON et al. (2004), o maior esforço necessário para a construção de um portal é o esforço de integração de sistemas. Segundo FIRESTONE (2003), a integração de diversos sistemas é o problema principal na implementação de portais, pois sem essa integração o portal será apenas uma fachada bonita para uma estrutura informacional caótica. 3.3 Categorização, Mecanismo de Busca e Gestão do Conteúdo O aspecto da categorização em um portal está relacionado com a representação, que é uma função do subsistema de entrada do SRI responsável pela tradução dos documentos para um sistema de classificação. Segundo ARAÚJO (1994), a indexação compreende a análise do documento para identificação da tematicidade e dos conceitos-chave e a tradução desses conceitos para um vocabulário, que pode ser uma lista de termos isolados ou hierarquizada. Para ROWLEY (1994), é sabido que os usuários têm dificuldades significativas na formulação de estratégias de busca e que os mesmos se beneficiam bastante da oportunidade de explorar um vocabulário controlado. Segundo ROLLETT (2003), a existência de esquemas de classificação contribui para aumentar a qualidade das buscas e conseqüentemente a qualidade dos resultados obtidos. TERRA e GORDON (2002) defendem a postura de que as empresas necessitam desenvolver categorias e estruturas de informação que façam sentido para seus próprios negócios e suas comunidades específicas que utilizam o portal, pois muitas organizações descobriram que as pessoas tendem a não usar mecanismos de busca e por isso é importante garantir que o diretório do portal seja realmente bom. No contexto da organização, os termos utilizados devem refletir o jargão da empresa, sendo ao mesmo tempo familiares para os funcionários, freqüentes nos documentos técnicos e associados às áreas de negócio da empresa. Para ARAÚJO (1996), o objetivo da recuperação é combinar os termos da busca com os termos do arquivo, de acordo com regras definidas, de modo a propiciar a recuperação de itens relevantes. Geralmente os usuários iniciantes em mecanismos de busca limitam-se a utilizar palavras-chave, enquanto que os mais experientes combinam operadores booleanos, efetuam busca por palavra exata, elaboram questões em linguagem natural e filtram os resultados por data, idioma e formato do conteúdo desejado. 5

O aspecto da gestão do conteúdo do portal está relacionado com os módulos de seleção, organização de arquivos e armazenamento, que compõem o subsistema de entrada do SRI. Esse componente técnico do portal está relacionado com a criação de conteúdo, sua aprovação e posterior disponibilização para outros usuários. Os portais devem acolher páginas Web desenvolvidas pelo usuário com ferramentas de autoria e editoração de sua preferência. Um dos aspectos básicos de um portal corporativo é a política de seleção do conteúdo disponibilizado no portal. De acordo com WEBSTER (1972), uma política de seleção de uma biblioteca deve ser ao mesmo tempo restritiva e permissiva, pois deve definir limites e garantir liberdade de operação dentro desses limites. Apesar da abrangência estar entre os objetivos de um portal corporativo, TERRA e GORDON (2002) alertam que, especialmente em grandes organizações, os portais podem facilmente se tornar depósitos de lixo e perder credibilidade de forma rápida, se os funcionários não confiarem na informação disponível no sistema. Muitas das questões referentes à organização de arquivos e ao armazenamento no contexto das intranets e portais corporativos são semelhantes às questões existentes em uma biblioteca digital. Segundo CUNHA (1999), a preservação da informação ainda é um dos calcanhares de Aquiles da biblioteca digital devido principalmente à constante obsolescência dos equipamentos e programas. Um outro aspecto comum entre os portais e as bibliotecas digitais é a necessidade de um controle de versões do documento. Segundo CUNHA (1999), na biblioteca digital, a convivência entre diferentes versões de uma obra ou documento é mais freqüente por causa da facilidade de se alterar o conteúdo de um texto digital. 3.4 Apresentação e Disseminação O subsistema de saída de um SRI, conforme proposto por ARAÚJO (1994), enfatiza os aspectos de análise e negociação de questões, estratégia de recuperação, disseminação e acesso ao documento. Para a autora, a análise de questões envolve a compreensão do problema de informação do usuário e a especificação de vários aspectos da pergunta. A análise de questões antecede a função de recuperação e é caracterizada pela comunicação do usuário com o sistema. Nos portais, essa função é desempenhada pela camada de apresentação, que é a mais próxima do usuário final, sendo que o projeto dessa camada pode se beneficiar de um melhor entendimento de aspectos como interface homem-máquina e usabilidade. O portal corporativo se propõe a ser uma interface amigável e integrada, isto é, um front-end baseado nos padrões Web que oriente o usuário final em sua navegação pelos diversos sistemas de informação. A apresentação é a componente responsável pelo paradigma de ponto único de acesso (SPOA single point of access) que caracteriza o portal. Já a personalização se refere à capacidade do portal de se moldar às necessidades de informação distintas dos usuários. Devido ao fenômeno da sobrecarga informacional, a personalização deixou de ser um luxo e se tornou uma necessidade, pois o usuário precisa customizar a sua plataforma de trabalho. A função do subsistema de disseminação e acesso ao documento, conforme ARAÚJO (1994) é entregar ao usuário os produtos do sistema para completar o ciclo da recuperação, sendo observados dois tipos de disseminação: entrega de documentos e notificação. Na entrega de documentos, a disseminação termina quando o conjunto-resposta de uma busca chega às mãos do usuário, enquanto que a notificação é uma modalidade de serviço de alerta que tenta antecipar os pedidos dos usuários, suprindo-os com documentos de interesse potencial, antes que o usuário os solicite ao sistema. 6

Nos portais, a notificação tem se tornado uma característica cada vez mais presente graças aos avanços tecnológicos dos agentes inteligentes de busca (crawlers e spiders). Na perspectiva do PORTALS COMMUNITY (2003), a disseminação do portal está vinculada ao uso de alertas e assinaturas. Um alerta é uma notificação de um evento provocado por um ou mais condições existentes em qualquer informação ou sistema integrado ao portal. Já a assinatura é um recurso de disseminação que permite que o usuário escolha categorias de conteúdo de seu interesse. Cabe assim ao portal notificar o usuário do aparecimento de novos documentos com conteúdo relacionado às suas preferências. 3.5 Colaboração e Mapa do Conhecimento A colaboração está relacionada com a capacidade do portal ser um ponto de encontro virtual de pessoas que compartilham objetivos comuns, dando origem às comunidades de interesse e grupos de discussão. Para o DELPHI GROUP (2000) o componente da colaboração expande o papel do portal de um quiosque passivo de informações para um fórum de interações organizacionais. Nesse ponto, o portal busca oferecer suporte às comunidades de prática, que são redes informais de pessoas que compartilham idéias e desenvolvem conhecimentos, pois têm objetivos e interesses comuns. Para DAVENPORT e PRUSAK (1998), um mapa de conhecimento ou um sistema de páginas amarelas indica o conhecimento, mas não o contém. Trata-se portanto de um guia, não de um repositório. Segundo os autores, o desenvolvimento de um mapa de conhecimento envolve localizar conhecimentos importantes dentro da organização e depois publicar algum tipo de lista ou quadro que mostre onde encontrá-los. O localizador de especialistas permite aos usuários pesquisar uma série de biografias em busca de um especialista em uma dada área do conhecimento. 4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS O objetivo da pesquisa exploratória foi realizar um teste das variáveis funcionais identificadas na revisão de literatura, procedendo assim os passos iniciais para validação do instrumento. Foram incluídas também 3 novas questões consideradas informativas sobre o contexto organizacional de suporte ao portal. Segundo VIEIRA (2003), as características mínimas para assegurar o desenvolvimento de um projeto de tecnologia da informação são a existência de uma equipe responsável, de um roteiro do projeto e de um orçamento para o mesmo. No contexto dos portais, pretende-se verificar se essas condições estão presentes de forma a permitir uma manutenção evolutiva do portal. A existência desses recursos básicos pessoas alocadas, dinheiro e visão de futuro para o portal está em grande parte relacionada com a percepção que a organização possui sobre a importância desse projeto. As variáveis funcionais e organizacionais foram traduzidas em um questionário de forma a gerar um instrumento que permitisse a realização do diagnóstico do portal. O questionário foi submetido a um processo de revisão por um grupo composto por 3 professores doutores e 2 estudantes de doutorado. A seguir, para efeito de pré-teste, o questionário foi aplicado em duas organizações brasileiras: um banco público e uma indústria química. Essas duas etapas contribuíram para o refinamento do questionário, resultando na revisão dos enunciados e na exclusão de questões. O questionário utilizou uma escala Likert de 11 pontos, com os extremos discordo totalmente e concordo totalmente. O questionário foi convertido em um conjunto de páginas Web, sendo que as respostas foram armazenadas em um banco de dados relacional. A 7

parte inicial do questionário diz respeito às variáveis funcionais e a segunda parte contém questões de cunho sócio-geográfico. O Anexo I apresenta parte inicial do questionário. As organizações brasileiras participantes da pesquisa foram escolhidas através de uma amostra por conveniência composta por 353 membros de uma lista de discussão sobre intranets e portais (lista wi-intranet) e por 45 contatos pessoais dos autores com gestores de portais, totalizando um universo de 398 organizações. Assim sendo, no início de 2005, foram obtidas 104 respostas, resultando em uma taxa de retorno de 26,1%. Como compensação, os participantes concorreram ao sorteio de 10 livros de autoria de um dos pesquisadores. Entre as organizações respondentes, 58,7% têm mais de mil funcionários e 74% têm mais de 500 funcionários. A Tabela 3 descreve o perfil das organizações por setor da economia. Tabela 3 Perfil dos respondentes por setor de atividade Setor de Atividade Número de Empresas % Respondentes Governo 18 17,3% Tecnologia da Informação 12 11,5% Setor financeiro (bancos, corretoras) 11 10,6% Indústria química e petróleo 8 7,7% Água e luz (serviços públicos) 7 6,7% Agricultura e pecuária 6 5,8% Metalurgia e siderurgia 5 4,8% Consultoria 5 4,8% Telecomunicações 5 4,8% Educação 5 4.8% Outros setores (distribuído entre 12 setores) 24 21,2% Total 104 100% Tanto o convite individual feito na rede de contatos dos autores quanto o convite para participação na pesquisa feito na lista de discussão eram direcionados ao gestor do portal. Caso não existisse essa função na organização, a mensagem solicitava que o convite fosse encaminhado para o gestor de TI, para o responsável pelas iniciativas de GC ou então para o gerente de RH nessa ordem. Os usuários dos portais não foram envolvidos nesse estágio da pesquisa, que teve como objetivo norteador abranger um número maior de organizações ao invés de atingir um conjunto de usuários em uma única organização. O perfil dos respondentes por função é apresentado na Tabela 4. Tabela 4 Perfil dos respondentes por função Função Número de Empresas % Respondentes Administrador do portal 15 14,4% Líder de projetos de TI 11 10,6% Gerente de TI 10 9,6% Líder de projeto de GC 9 8,7% Analista de sistemas 9 8,7% Analista de RH 7 6.7% Gerente de gestão do conhecimento 5 4,8% Gerente de RH 3 2,9% 8

Outras funções (distribuídas entre 14 35 33,6% funções) Total 104 100% As pontuações médias obtidas para cada uma das questões são apresentadas na Tabela 5, em ordem decrescente de média aritmética. A nota 10 representava o nível máximo de atendimento à variável proposta. O número entre parênteses indica o resultado obtido para a questão de mesmo número, conforme Anexo 1. Tabela 5 - Estatística descritiva das variáveis funcionais Funcionalidade da Intranet Média Desvio Padrão Integração / Acesso aos documentos corporativos (q2) 7,70 2,59 Integração / Acesso às fontes externas (q3) 6,85 3,24 Integração /Acesso aos sistemas corporativos (q1) 6,25 3,31 Colaboração / Acesso a aplicativos de colaboração (q7) 6,07 3,63 Colaboração / Suporte às comunidades de prática (q8) 5,26 3,84 Apresentação / Ponto unificado de entrada (q9) 4,94 3,57 Categorização (q4) 4,61 3,41 Apresentação / Personalização (q10) 4,60 3,68 Mecanismo de busca (q5) 4,43 3,53 Gestão de conteúdo (q6) 4,38 3,57 Mapa do Conhecimento (q12) 3,98 3,76 Notificação (q11) 3,84 3,49 De uma maneira geral, as questões associadas às funcionalidades de integração (q1, q2 e q3) e colaboração (q7 e q8) apresentaram uma média melhor do que as demais. Isso pode ser interpretado como um sinal de que o portal começa a se firmar não só como um ponto de acesso às informações, mas também como um ambiente virtual propício para o compartilhamento de informações entre os usuários. Entretanto, o fraco desempenho de algumas funcionalidades clássicas dos SRIs como categorização (q4), mecanismo de busca (q5) e gestão de conteúdo (q6) demonstra que existe muito a ser feito no que se refere à organização da informação no âmbito das intranets e portais. Apesar do acesso estar disponível para um leque amplo de fontes de informação (vide q1, q2 e q3), a falta de uma disciplina de gerenciamento do conteúdo tende a prejudicar a utilidade da intranet para sua comunidade de usuários. Nesse aspecto, evidencia-se uma oportunidade para os profissionais de Biblioteconomia e Ciência da Informação, que têm a organização da informação como um dos pilares de sua formação profissional. O destaque negativo ficou por conta do item notificação (q4), que se refere a um aspecto mais pró-ativo das intranets. O item mapa do conhecimento (q12) também não apresentou um bom desempenho, indicando que existem dificuldades para classificar não só conteúdo, mas também as pessoas. A Tabela 6 apresenta os resultados para as questões relacionadas com o contexto organizacional de apoio ao desenvolvimento do portal. Percebe-se que as condições estão bem aquém do ideal, demonstrando que não existe ainda uma clara percepção da importância da intranet ou do portal na média das organizações analisadas. Tabela 6 Aspectos organizacionais de suporte ao portal Aspecto Organizacional Média Desvio padrão 9

Existência de uma equipe de suporte e desenvolvimento da 4,98 3,55 intranet Existência de um planejamento formal para o projeto da intranet 5,10 3,59 Existência de uma verba orçamentária específica para a intranet 5,26 3,50 A falta de recursos humanos e financeiros atua como um fator limitador no ritmo de evolução da intranet em direção ao portal corporativo. Tais constatações são semelhantes às obtidas por BREU et al. (2000) em dois estudos de casos detalhados em organizações inglesas. Os autores apontaram a falta de definição clara sobre a responsabilidade pela gestão da intranet como um dos principais fatores para a subutilização e estagnação da intranet como um mero sistema de apoio, sem trazer maiores implicações estratégicas para os negócios das empresas. 5 CONCLUSÃO A articulação desenvolvida ao longo deste artigo sobre as funcionalidades de intranets e portais pretende contribuir para uma compreensão ampliada do uso dessa tecnologia. De acordo com essa perspectiva, o portal corporativo não deve ser tratado como uma tecnologia revolucionária para a qual ainda não existem parâmetros que auxiliem em sua avaliação, utilização e adequação às necessidades dos usuários. Ao perceber o portal como um tipo específico de SRI, os gestores podem se beneficiar bastante dos estudos existentes no campo da Ciência da Informação. A pesquisa exploratória apresentada nesse artigo levantou vários aspectos que merecerão uma investigação aprofundada em trabalhos futuros do grupo de pesquisa. O próximo passo da pesquisa será realizar um tratamento quantitativo mais detalhado, utilizando técnicas de análise fatorial. Pretende-se assim refinar o modelo de avaliação através da identificação das variáveis de maior importância. Posteriormente, pretende-se escolher, entre os 104 participantes da pesquisa, duas organizações com a finalidade de desenvolver estudos de casos. Nessa etapa, pretende-se realizar entrevistas semi-estruturadas com uma amostra dos usuários das intranets. De uma maneira geral, as médias das diversas variáveis apontaram que existe ainda um caminho considerável a ser percorrido na evolução das intranets para os portais. Basta observar que somente uma questão atingiu uma média superior a 7. Um dos aspectos críticos foi a indicação de deficiências na categorização, no mecanismo de busca e na gestão de conteúdo. As questões sobre o contexto organizacional de suporte ao portal (equipe responsável, planejamento do projeto e orçamento) também apresentaram resultados preocupantes, indicando que o caminho evolutivo para o portal tende a ser percorrido em passos lentos por falta de recursos. Por outro lado, um aspecto positivo foi a constatação da existência, entre as organizações respondentes, de um considerável número de sistemas já integrados ao ambiente da intranet. Apesar do caráter exploratório da pesquisa, os respondentes consideraram o questionário extremamente válido como instrumento de diagnóstico por permitir identificar aspectos de suas intranets que precisam de melhoria. Um uso interessante do questionário apresentado nesse artigo é aplicá-lo como um instrumento de avaliação aplicada a cada seis meses para verificar se houve alguma evolução ou retrocesso. Após submeter a sua intranet ou o seu portal a esse diagnóstico, a organização terá condição de identificar ações corretivas ou evolutivas, visando atingir uma melhor qualidade e ampliando assim os benefícios do uso desta plataforma tecnológica para a gestão da informação. 10

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MARCUS, Robert, WATTERS, Beverly. Collective Knowledge: Intranets, Productivity and the promise of the knowledge workplace. Microsoft Press, 2002. MURRAY, Gerry. The portal is the desktop. Group Computing Magazine, maio, 1999. Disponível em: http://www.e-promag.com/eparchive/index.cfm?fuseaction=viewarticle&contentid=166 PORTALSCOMMUNITY. Portals Fundamentals. Disponível em: <http://www.portalscommunity.com/library>. Acesso em: 23 abr. 2003. REYNOLDS, Hadley, KOULOPOULOS, Tom. Enterprise knowledge has a face. Intelligent Enterprise Magazine, v.2, n.5. Documento escrito em 30/03/1999. Disponível em: <http://www.intelligententerprise.com/db_area/archives/1999/993003/feat1.shtml>. Acesso em: 21 set. 2001. RICHARDSON, W.Clay; AVONDOLIO, Donald. Professional portal development with open source tools. Indianopolis:Wrox Press, 2004. ROLLETT, Herwig. Knowledge Management: processes and technologies. Boston: Kluwer Academic Publishers, 2003. ROWLEY, Jennifer. The controlled versus natural indexing languages debate revisited: a perspective on information retrieval practice and research. Journal of Information Science, v.20, n.2, p. 108-119, 1994. SALDANHA, Ricardo. Portais corporativos: entre o sonho e a realidade. Disponível em: <http://www.webinsider.com.br/vernoticia.php?id=2084>. Publicado em abril de 2004. SHILAKES, Christopher Shilakes, TYLMAN, Julie. Enterprise information portals. New York: Merrill Lynch, 1998. TERRA, José Claúdio, GORDON, Cindy. Portais corporativos: a revlução na gestão do conhecimento. São Paulo: Editora Negócio, 2002. VIADOR. Enterprise information portals: realizing the vision of information at your fingertips. San Mateo: Viador, 1999. Disponível em: <http://www.viador.com>. VIEIRA, Marconi. Gerenciamento de Projetos de Tecnologia da Informação. São Paulo: Campus, 2003. WEBSTER, Duane E. Library policies: analysis, formulation and use in academic institutions. Washington: Association of Research Libraries, 1972. WHITE, Collin. The enterprise information portal marketplace. Decision Processing Brief. Morgan Hill: Database Associates International, 1999. 12

ANEXO I QUESTIONÁRIO Funcionalidades da Intranet Integração 1. A intranet permite acesso fácil aos sistemas corporativos, tais como base de dados operacionais, ERP, CRM e os outros sistemas desenvolvidos no passado. 2. A intranet provê acesso fácil aos documentos corporativos, tais como manuais de normas, catálogos de produtos, manuais técnicos, bancos de casos e relatórios de projetos. 3. A intranet provê acesso fácil para fontes externas de informação como websites selecionados e agências de notícias. Categorização 4. O conteúdo da intranet é indexado de acordo com algum sistema de classificação como uma lista de termos, taxonomia ou ontologia. Mecanismo de Busca 5. A intranet possui um mecanismo de busca integrado com recursos como operadores lógicos, filtros por categoria, busca baseada em metadados e filtros de formato de arquivo e intervalo de datas. Gestão do Conteúdo 6. A intranet permite que o próprio usuário controle o ciclo de vida dos documentos (publicação, aprovação, armazenamento, controle de versões e exclusão). Colaboração 7. A intranet provê acesso fácil a aplicativos de colaboração (groupware), tais como e-mail, chat (mensagens instântaneas) e agendas de reuniões. 8. A intranet suporta a criação de listas de discussão e/ou comunidades de prática. Apresentação / Personalização 9. A intranet é o ponto de entrada unificado para todos os sistemas de informação da organização. 10. A intranet possui áreas onde o conteúdo é customizado de acordo com o perfil do usuário, sua área de atuação e suas preferências pessoais. Notificação / Disseminação 11. A intranet envia alertas em situações especiais, notificando os usuários sobre fluxos anormais dos processos e publicação de novo conteúdo associado às preferências pessoais. Mapa do Conhecimento 12. A intranet provê acesso fácil ao mapa de conhecimento, permitindo a localização de especialistas internos à organização. Características Organizacionais da Intranet 13. A intranet é administrada por uma equipe multidisciplinar que reporta suas ações a um comitê gerencial. 14. A evolução da intranet é guiada por um projeto escrito que prevê a implantação contínua de novas funcionalidades. 15. Os custos de manutenção e desenvolvimento da intranet devem obedecer um orçamento específico, sendo que esse é suficiente para assegurar uma evolução sustentável da intranet. 13

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