Uso de macroinvertebrados bentônicos bioindicadores de qualidade de água para educação ambiental em escola pública de Ribeirão das Neves-MG Márcia Aparecida Silva(1); Graziele Wolff de Almeida Carvalho(2); Juscélia Carolina da Silva(3); Alex Eduardo Lopes(4); Mylla Vaz(5); Samuel Rhander Silva Dias (6); Nayra Renata de Souza(7); João Paulo de Lima Monteiro(8) (1), (3), (4) Mestrandos em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental pelo Instituto Federal de Minas Gerais MPSTA/IFMG. E-mail: marciabrasilmg@gmail.com; graziele.wolff@ifmg.edu.br.; alex.eduardo@gmail.com; jucellyacarolina@hotmail.com. (2) Orientadora do IFMG/Mestrado Profissional em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental. Endereço para correspondência: Instituto Federal de Minas Gerais Campus Bambuí. Faz. Varginha Rodovia Bambuí/Medeiros Km 05 Caixa Postal: 05 Bambuí/MG. CEP: 38900-000 (5), (6), (7), (8) Alunos do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Pedro de Alcântara Nogueira, nevesdez@bol.com.br RESUMO Descrever a dinâmica natural e as interferências antrópicas no meio é um dos desafios para atividades de educação ambiental no ensino formal. Este projeto teve como objetivo demonstrar o uso de macroinvertebrados aquáticos bioindicadores de qualidade de água ambientes preservados e impactados pelo processo de urbanização, respectivamente, na nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra e em córregos da cidade de Ribeirão das Neves MG. Concluiu com as atividades desenvolvidas a importância do conhecimentos sobre bioindicadores, a inserção do conceito de bacia hidrográfica como unidade de gestão ambiental, pertencimento e protagonismo dos alunos do ensino regular de uma escola pública estadual. Palavras-chave: macroinvertebrados bentônicos, bioindicadores de qualidade de água, educação ambiental, Serra da Canastra. em INTRODUÇÃO Os organismos aquáticos, principalmente invertebrados, são os que melhor respondem às mudanças das condições ambientais. Ambientes fortemente impactados mostram poucas espécies que, se estiverem bem adaptadas sobrevivem (Tundisi, 1999, p. 37). Em ralação ao uso de bioindicadores, Souza aponta que uso de bioindicadores tem sido corrente na avaliação de impactos ambientais provocados pela má administração do ambiente, pois animais, plantas, microrganismos e suas complexas interações com o meio ambiente respondem de maneira diferenciada às modificações da paisagem, produzindo informações, que não só indicam a presença de poluentes, mas como estes interagem com a natureza, proporcionando uma melhor indicação de seus impactos na qualidade dos ecossistemas (SOUZA, 2001, p. 58). Projetos de educação ambiental devem caminhar juntamente com projetos de pesquisa, pois estão intimamente ligados (França, 2007). Neste norte: [a]liada às inúmeras ações preventivas e punitivas surge a Educação Ambiental (EA) como elemento-chave na luta pela conservação e melhor relação com o meio ambiente (...)Fica
claro, portanto, a importância do trabalho de sensibilização junto à comunidade, onde equilíbrio ambiental e bem estar social passam a ser entendidos pela sociedade como uma forma de administrar os recursos aquáticos. ( FRANÇA, 2007, p. 3). Brasil afirma que [t]ornar a escola um espaço educador sustentável contribuirá com a melhoria da relação de aprendizagem (Brasil 2012). Silva aponta que [a]s instituições educativas têm o papel de qualificar e conscientizar os cidadãos, formadores de opinião de amanhã, afirma também o conceito abrangente da formação dos discentes. Reforça que [p]ara isso, as instituições de ensino necessitam de estratégias disciplinares como ferramenta para a inclusão da educação ambiental, em sua integralidade (Silva et al., 2015). MATERIAL E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste projeto foram realizadas as atividades, conforme a tabela 1: Tabela 1: Descrição das atividades ATIVIDADES - DATAS 1.1 Coleta e identificação de bioindicadores macroinvertebrados bentônicos na Serra da Canastra Maio/2016 DESCRIÇÃO Trabalho de campo dos mestrandos, supervisionados pela professora da disciplina de bioindicadores ambientais, do programa de MPSTA/IFMG-Campus Bambuí 1.2 Aula prática laboratorial com os alunos da EEPAN/3º ano ensino médio Junho/2016 1.3 Visita orientada em nascentes e córregos do município de Ribeirão das Neves Junho 2016 1.4 Análise dos dados obtidos A partir de junho de 2016(atividade constante) Para conhecimento dos biondicadores e a distribuição destes em relação a qualidade de água. Momento de percepção ambiental, registro fotográfico e coleta de macroinvertebrados bentônicos. Atividade realizada em período de aulas teóricas, para abordagem dos dados obtidos, discussão, fundamentação teórica, conscientização das ações antrópicas e suas conseqüências para o ambiente e elaboração de ações práticas. Fonte: Autores Os materiais usados para a coleta e identificação foram apontados na tabela 2: Tabela 2: Descrição de materiais usados nas coletas e localização das mesmas Material Rede Acessórios Conservantes Instrumentos Localização Especificações De mão de arrasto com 25 cm de largura e de malha 0,5 mm Sacos plásticos, identificadores e lacres. Formaldeído à 37% e álcool 70%. Transporte, pinças, formas, lupa e microscópio 10x e 40x. Nascente do Rio São Francisco, Serra da Canastra(Parte Alta da serra) e Córregos de Ribeirão das Neves conforme figura 1. Fonte: INAG, 2008, p. 33-3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os macroinvertebrados bentônicos bioindicadores foram identificados conforme tabela 3:
Tabela 3. Identificação de famílias FAMÍLIA IDENTIFICADA Número indivíduos E SC F SC G SC H SC Jd C C Vn C Sn CPs Psephenidae 15 + + + + - - - - Helicopsychidae 07 + + + + - - - - Oligoneuridae 06 + + + + - - - - Odontoceridae 04 + + + + - - - - Aeshnidae 09 + + + + - - - - Chironomidae 21 - - - - + + + + Oligochaeta 35 - - - - + + + + - Amostras: (ESC), (FSC), (GSC) e (HSC) Nascente do Rio São Francisco. Amostras: (JdC), (CVn), (CSn) e (CPs) Nascentes de Ribeirão das Neves, conforme imagem 1. Presente(+) e ausente(-). Conforme resultados descritos na tabela 3, para amostras ESC, FSC, GSC E HSC, indicaram um número de 5(cinco) famílias com espécies distintas e um total de 41 indivíduos. Em ralação às amostras JdC, CVn, CSn e CPs, ficou demonstrada a redução de famílias, apenas duas espécies distintas, não identificadas e um total de 56 indivíduos. Não foi realizada sub-amostragem. Estes resultados refletem o estado de preservação da nascente do Rio São Francisco e os reflexos da degradação ambiental dos cursos d água na cidade de Ribeirão das Neves. No item 1.3 da tabela 1, os alunos de quatro turmas do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Pedro de Alcântara Nogueira foram divididos em 4(quatro) grupos para as visitas orientadas com duração de uma hora. Os alunos foram instruídos sobre as características dos processos de urbanização, ações antrópicas, tipos de poluições, bem como sobre o conceito de gestão por bacias hidrográficas, pertencimento e múltiplos fatores ambientais. Foram visitados os córregos do Café(JdC), Voz da Natureza(CVn), Ribeirão das Neves(CSn) e Água Fria(CPs), que compõem as micro-bacias hidrográficas de Ribeirão das Neves, conforme figuras 1 e 2: Figura 1: Ribeirão das Neves pontos de ação do projeto. Fonte: Google erth
E II Seminário dos Estudantes de Pós-graduação A C D B Figura 2: (A)Coleta; (B)grupo de visita orientada-jdc; (C)-CVn; (D)- amostra do CSn. E F G H I J K Figura 3: E, F, G, H e I exemplares coletados na nascente do Rio São Francisco/Serra da Canastra MG; J e K exemplares coletados nos córregos em Ribeirão das Neves MG. CONCLUSÕES A realização deste projeto possibilitou uma abordagem sobre o conceito de bacia hidrográfica e as ações desenvolvidas ao longo das sub e microbacias integrantes da calha do Rio São Francisco. Os alunos conheceram a utilização dos macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores de qualidade de água; avaliaram o do estado de degradação ambiental das nascentes e córregos da cidade onde vivem e a necessidade de recuperação dos recursos hídricos no meio urbanizado. O projeto enfatizou o pertencimento e a formulação de propostas de ações locais cumprindo o papel na educação ambiental formal em uma escola pública do Município de Ribeirão das Neves.
AGRADECIMENTOS À direção, funcionários e alunos da Escola Estadual Pedro de Alcântara Nogueira, pela participação no projeto e aos familiares, pela colaboração. Ao IFMG, pela organização do II SEP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIS, B. KOSMALA, G. Chave de Identificação para Macroinvertebrados Bentónicos de Água Doce. Departamento de Liminologia e Ecologia de Invertebrados. Instituto de Ecologia e Proteção Ambiental, Universidade de Lódz, Polónia. EC funded Project CONFRESH. 226682-CP- 1. GR-COMENIUS-C21. 2005. Disponível em http://www.charcoscomvida.org/wpcontent/uploads/2010/10/136cards_chave_mib.pdf BRASIL. Ministério da Educação. SECADI. Formando com-vida, comissão de meio ambiente e qualidade de vida na escola: construindo Agenda 21 na escola. 3. ed. rev. e ampl. Brasília: MEC, Coordenação-Geral de Educação Ambiental, 2012. FRANÇA, J. S., XAVIER, J. S., CALLISTO, M. Desenvolvimento de atividades lúdicas com os macroinvertebrados bentônicos bioindicadores de qualidade de água. Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica Interdisciplinar II MICTI Camborií(SC), 17, 18 e 19 de outubro de 2007 / Colégio Agrícola de Camboriú-UFSC. 2007. GONÇALVES, A. do C. G.; DIAS, C. M. S.; MOTA, M. R. A.. Alargamento das funções da escola: educação ambiental e sustentabilidade. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 16, n. 3, p.551-569, set./dez. 2014. ISSN 1676-2592. Disponível em: <http://www.fe.unicamp.br/revistas/ ged/etd/article/view/6680>. Acesso em: 11/06/2016. INAG, I. P. Manual para a avaliação biológica da qualidade da água em sistemas fluviais segundo a Directiva Quadro da Água Protocolo de amostragem e análise para os macroinvertebrados bentônicos. Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional. Instituto da Água. IP. Lisboa. 2008. SILVA, A. M. MEIRELES, F. R. S., REBOUÇAS, S. M. D. P., ABREU, M. C. S. Comportamentos ambientalmente responsáveis e sua relação com a educação ambiental. Journal of Environmental Management and Sustainability JEMS Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade GeAS. Vol. 4, N. 1. Janeiro./ Abril. 2015. SOUZA, P.A.P. Importância do uso de bioindicadores de qualidade: o caso específico das águas. In: FELICIDADE, N. et al. Uso e gestão dos recursos hídricos no Brasil. São Carlos: Rima, 2001. p.55-66. TUNDISI, J.G. Reservatórios como sistemas complexos: teoria, aplicação e perspectivas para usos múltiplos. In: HENRY, R. Ecologia de reservatórios. São Paulo: FAPESP/FUNDIBIO, 1999. p.21-38.