DETECÇÃO DE BRUCELLA CANIS EM CÃO DO MUNICÍPIO DE MINEIROS-GO.

Documentos relacionados
Palavras-chave:Brucelose. IDGA. Sorológicos. Canino. Keywords: Brucellosis. IDGA. Serological. Canine.

05/03/2017. Zoonose. Cocobacilos gram (-) Colônias Lisas B. suis (A e M) B. abortus (A) B. melitensis (M)

Brucelose Canina: Uma Abordagem Clínica

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Brucelose canina - Revisão de literatura

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Pesquisa de anticorpos anti-brucella canis em cães provenientes da região metropolitana de Salvador

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Detecção de DNA de Brucella spp. em amostras de sangue e de suabe vaginal ou prepucial de cães do município de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

Professora Especialista em Patologia Clínica UFG. Rua 22 s/n Setor aeroporto, CEP: , Mineiros Goiás Brasil.

ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, v.29, n.3, , ISSN

Canine Brucellosis: Review

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DE Brucella canis EM PATOS, PARAÍBA, BRASIL RESUMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ UNIDADE JATOBÁ. Carga Horária Total Carga Horária Semestral Ano Letivo 48 hs Teórica: 32 Prática:

Imunodifusão em gel de agar e soroaglutinação rápida para a detecção de anticorpos Anti-Brucella canis

Anticorpos anti-brucella canis e anti-brucella abortus em cães de Araguaína, Tocantins

DIAGNÓSTICOS REPRODUTIVOS A CAMPO. Andressa da Silva Curtinaz Dante Ferrari Frigotto

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Resumo. Introdução. Palavras-chave: Sorologia. Diagnóstico. Brucelose canina. Brucella canis.

Avaliação da Ocorrência de Anticorpos Anti-Brucella abortus em Caprinos da Região Semiárida do Estado de Pernambuco

BRUCELOSE BOVINA: REVISÃO DE LITERATURA

Surto de brucelose em canil comercial relato de caso

Universidade Estadual De Maringá Curso De Medicina Veterinária Coordenação Do Colegiado De Curso

BRUCELOSE BOVINA, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

Anemia Infecciosa das Galinhas

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL EM ÁREA PERINEAL EM UM CANINO

ESTUDO RETROSPECTIVO DE 267 AFECÇÕES POR PROTEUS MIRABILIS E PROTEUS VULGARIS EM CÃES (2003 A 2013)

AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE CULTIVO MICROBIOLÓGICO E SOROAGLUTINAÇÃO RÁPIDA EM CARTÃO COM E SEM 2-MERCAPTOETANOL NO DIAGNÓSTICO DA BRUCELOSE CANINA

PERFIL DE RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS NA OCORRÊNCIA DE OTITE EM ANIMAIS NA REGIÃO DE CUIABÁ-MT

DETECÇÃO MOLECULAR E SOROLÓGICA DE EHRLICHIA CANIS EM CÃES DO MUNICÍPIO DE MINEIROS-GO.

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Programa Analítico de Disciplina VET362 Laboratório Clínico Veterinário

Medico Vet..: HAYANNE K. N. MAGALHÃES Idade...: 11 Ano(s) CRMV...: 2588 Data da conclusão do laudo.:05/08/2019

DETECÇÃO DO CICLO ESTRAL POR MEIO DE CITOLOGIA VAGINAL DE CADELAS ATENDIDAS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVIÇOSA/FACISA

INSTITUTO DE VETERINÁRIA

Levantamento Sorológico da Brucelose em Bovinos da Raça Sindi no Semiárido Pernambucano

Avaliação de métodos diretos e indiretos de diagnóstico da brucelose em. cães naturalmente infectados

LEISHMANIOSE CANINA (continuação...)

Curitiba, 05/05/2016

Análise Clínica No Data de Coleta: 22/03/2019 1/5 Prop...: RAIMUNDO JURACY CAMPOS FERRO Especie...: CANINA Fone...: 0

FORMA CORRETA DE COLHEITA E ENVIO DE

DOENÇAS INFECCIOSAS DE CÃES

Programa Analítico de Disciplina VET340 Doenças Bacterianas

BOTULISMO EM CÃES - RELATO DE CASO

Brucelose Canina: Revisão de Literatura. 2

PERFIL DA POPULAÇÃO CANINA DOMICILIADA DO LOTEAMENTO JARDIM UNIVERSITÁRIO, MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO, SERGIPE, BRASIL

RELATOS DE CASO INCIDÊNCIA DE BRUCELOSE ANIMAL NA REGIÃO SUL DE MINAS GERAIS EM REBANHOS POSITIVOS AO TESTE DO ANEL DO LEITE: NOTA TÉCNICA

Detecção molecular de Brucella canis em cães do Município de Cuiabá, Estado de Mato Grosso

Infecções congênitas. Prof. Regia Lira

PRINCIPAIS SINDROMES PARANEOPLÁSICAS HEMATOLÓGICAS DE CÃES COM LINFOMA MAIN PARANEOPLASTIC HEMATOLOGICAL SYNDROMES OF DOGS WITH LYMPHOMA

TUBERCULOSE HEPÁTICA EM CÃO HEPATIC TUBERCULOSIS IN DOG

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA

Declaração de Conflitos de Interesse. Nada a declarar.

Programa Analítico de Disciplina VET346 Epidemiologia Veterinária

JACQUELINE DE ALMEIDA BRUCELOSE CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

DIAGNÓSTICO DE CINOMOSE EM DOIS CÃES UTILIZANDO O KIT SensPERT C ASSOCIADO À TÉCNICA DE CITODIAGNÓSTICO DA CONJUNTIVA OCULAR E ESFREGAÇO SANGUÍNEO

Nova Estratégia de Combate à Brucelose Bovina em Mato Grosso

Palavras-chave: Alagoas. Canino. Brucelose. Keywords: Alagoas. Canine. Brucellosis.

Enfermidades Infecciosas em Bubalinos. Prof. Raul Franzolin Neto FZEA/USP Bubalinocultura 1

TRAQUEOBRONQUITE INFECCIOSA CANINA - RELATO DE CASO

Diagnóstico Laboratorial de Infecções Virais. Profa. Claudia Vitral

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Palavras- chave: Leishmaniose; qpcr; cães. Keywords: Leishmaniases; qpcr; dogs.

TÍTULO: OCORRÊNCIA DE LEISHMANIA SP DETECTADA POR PCR EM LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA PARTICULAR DE SP

Campus Universitário - Caixa Postal CEP INTRODUÇÃO

Roteiro Testes sorológicos e moleculares no diagnóstico das doenças infecciosas: o que é necessário saber? Download da aula e links.

Febre maculosa febre carrapato

Universidade Federal de Pelotas Medicina Veterinária Zoonoses. Diagnóstico laboratorial Brucelose TESTE DO 2-MERCAPTOETANOL

Anais do 38º CBA, p Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de

DOENÇAS ABORTIVAS EM VACAS: FERRAMENTAS DIAGNÓSTICAS

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO DA AMOSTRA SOBRE OS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS DE CÃES

ESPOROTRICOSE EM FELINOS DOMÉSTICOS

INCIDÊNCIA DE BRUCELOSE BOVINA EM MACHOS DESTINADOS À REPRODUÇÃO, NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS

TÍTULO: REPERCUSSÕES DA ANESTESIA DISSOCIATIVA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS EM GATOS

Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose PNCEBT. Tuberculose Bovina e Bubalina

CYNTHIA DE ASSUMPÇÃO LUCIDI 1 ; FLÁVIA FERNANDES DE MENDONÇA UCHÔA 2

1.4 Metodologias analíticas para isolamento e identificação de micro-organismos em alimentos

DEMODICOSE CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

Soroprevalência e fatores de risco associados à infecção por Brucella canis em cães da cidade de Campina Grande, estado da Paraíba

Avaliação do conhecimento sobre a toxoplasmose em mulheres na região metropolitana de Goiânia, Goiás

INTRODUÇÃO AO LINFOMA EM GATOS

EXAME HEMATOLÓGICO Hemograma

PLANO DE ENSINO EMENTA

OSS S E S G E UR U AN A ÇA A NA

Patologia Clínica e Cirúrgica

INVESTIGAÇÃO SOROEPIDEMIOLÓGICA SOBRE A LARVA MIGRANS VISCERAL POR TOXOCARA CANIS EM USUÁRIOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE GOIÂNIA GO

Ciência Veterinária nos Trópicos

Tuberculose. Definição Enfermidade infecto-contagiosa evolução crônica lesões de aspecto nodular - linfonodos e pulmão Diversos animais Zoonose

Enterobacter sp. MULTIRRESISTENTE ISOLADO DE LAVADO TRAQUEAL DE EQUINO: RELATO DE CASO

Pasteurella multocida ISOLADA DE ARTRITE EM Cuniculus paca: RELATO DE CASO

RELAÇÃO ENTRE EXAME ANDROLÓGICO, SOROLOGIA, CULTIVO MICROBIOLÓGICO E PCR DO SEMEN NA BRUCELOSE BOVINA E SUA IMPORTANCIA AO AGRONEGÓCIO

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

Lygia Silva GALENO 1 ; Brenda Fernanda Sodré MORENO 2 e Daniel Praseres CHAVES 3

REVISTA ERLIQUIOSE CANINA

RESULTADO DE EXAMES LABORATORIAIS. Estado: MG

SORODIAGNÓSTICO DE ANTICORPOS ANTI-Neospora caninum EM CÃES DA ÁREA URBANA E RURAL DO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Palavras-chave: canino, tripanossomíase, Doença de Chagas Key-words: canine, trypanosomiasis, chagas disease

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E HEMATOLÓGICA DO TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL EM CÃES NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UFCG

Transcrição:

DETECÇÃO DE BRUCELLA CANIS EM CÃO DO MUNICÍPIO DE MINEIROS-GO. Pablo Fernando Alves Pereira 1 Arianny Campos Bernardo 2 Karla Borges Irigaray Nogueira³ Ísis Assis Braga 4 RESUMO: O trabalho tem o objetivo de relatar o caso de brucelose no município de Mineiros, estado de Goiás, tratando-se de um cão, diagnosticado com Brucelose canina e informar a importância do tratamento e controle na saúde pública, por se tratar de uma zoonose e oferecer insegurança a outros animais. A Brucelose canina tem como agentes a Brucella canis é uma doença infectocontagiosa e cosmopolita. Caracterizada por sinais clínicos como aborto em fêmeas, orquite e infertilidade em machos, a transmissão da doença e através de contato direto com secreções vaginais, copula, fetos abortados e secreções de abortamento, além de filhotes que nascem portador de brucelose e se torna meio de disseminação da doença, problemas estes que afetam a reprodução animal e impactam diretamente a saúde pública, sendo que o cão e um animal muito próximo ao homem. Palavras chaves: Brucelose. Canídeo. IDGA. Orquíte. INTRODUÇÃO A brucelose tem como agente um microorganismo pertencente à família Brucellaceae e gênero Brucella, caracterizado por ser cocobacilos, gram-negativos e imóveis, não desenvolvem cápsulas, esporos ou flagelos, e são aeróbicos (MENDES; MARCONDES- MACHADO, 2005).Segundo Castro et al. (2005) e Nelson e Couto (2010)os cães são fontes de infecção da Brucella canis, e os principais meios de transmissão são por contato direto (SHIN; CARMICHAEL, 1999 e MEGID et al. 2007). De acordo com Greene (1998) os sinais clínicos em machos são prostatite, atrofia testicular uni ou bilateral, dermatite de bolsa escrotal, anomalias espermática, infertilidade, hepato e esplenomegalia, as fêmeas apresentam aborto no terço final da gestação, morte embrionária, natimortos e filhotes fracos. O diagnóstico é através de aglutinações e 1 Unifimes, Acadêmico de Medicina Veterinária, pablo.fernando08@homtmail.com 2 Médica Veterinária da Campos Clinpet, Mineiros, ariannymedvet@hotmail.com 3 Unifimes, Docente Especialista do curso de Medicina Veterinária, karla@fimes.edu.br 4 Unifimes, Docente Adjunto do curso de Medicina Veterinária, isis@fimes.edu.br

precipitação contra o antígeno (KEID, 2006), ensaios de imunocromatografia (KIM et al. 2007), reação em cadeia de polimerase (KEID et al. 2007 e OLIVEIRA et al. 2010) Megid et al.(2000) e Keid et al. (2007) relataram que tentativas terapêuticas são questionáveis devida a localização intracelular do microrganismo, sendo necessário o uso de antibióticos de maior alcance tecidual (PESSEGUEIRO et al.2003). Associação de aminoglicosídeo com doxiciclina e tetraciclina com cloridrato de tetraciclina reduz as recidivas (SCHIN; CARMICHAEL, 1999; PESSEGUEIRO et al. 2003; QUINN et al. 2005). O controle é através de antimicrobianos e castração (SCHIN; CARMICHAEL, 1999; MEGID et al. 2002). MATERIAIS E MÉTODOS: relato de caso Um cão macho da raça Blue Heller, com 3 anos de idade, com 23 quilogramas, deu entrada em um consultório veterinário localizado no município de Mineiros estado de Goiás, no dia 20 de agosto de 2017, na anamnese foi relatado que o animal apresentava-se apático a quatro dias, e que o mesmo havia acasalado nos últimos dias com uma cadela que tinha acesso a zona rural, diante da apatia do animal o proprietário levou o cão a clínica veterinária. No exame físico, notaram-se mucosas hiperêmicas, dor abdominal a palpação e aumento do volume testicular. Realizou-se a coleta de sangue para exames laboratoriais, e instituiu tratamento com Dipirona monoidratada à 25 mg/kg TID por 5 dias, Meloxican à 0,2 mg/kg SID por 3 dias, e Enrofloxacino à 5 mg/kg BID durante 7 dias. O sangue coletado foi enviado para o laboratório no município de Mineiros, para realização de análise hematológica e bioquímica, concomitantemente uma amostra de soro foi submetida ao exame de Imunodifusão em Agar Gel (IDGA) para a pesquisa de anticorpos anti-brucella canis. Não se obteve alterações no bioquímico, porem análise hematológica, baseada nos valores de referências de Jain (1993), observou-se que não houve alterações significativas no eritrograma, entretanto ao analisar o leucograma notaram-se elevadas contagens de leucócitos totais (20.700/mm³), neutrófila (18.630/mm³) com desvio à esquerda (621/mm³) e linfopenia (414/mm³). As alterações nos leucócitos totais, bastonetes e segmentados caracteriza o possível caso de infecção bacteriana. A confirmação da infecção por Brucella canisfoi através do teste de Imunodifusão em Gel de Àgar (IDGA). Após a confirmação da infeção por B. canis, foi recomendado cirurgia de orquiectomia ao cão, isolamento, tratamento antimicrobiano. Além do mais, foi aconselhado que todos os

contactantes, desde animais á proprietários, fossem testados para a bactéria, devido ao risco de transmissão ao homem, visto que a Brucelose é uma zoonose. DISCUSSÃO Baseado no achados clínico-epidemiológicos do cão que havia acasalado recentemente com um animal de zona rural sugerem-se a possibilidade de infecção por Brucella canis, uma vez que a doença é transmitida através do contato direto com secreções como descargas vaginais e copula, através de fetos abortados, aerossóis, descarga vaginal e restos placentários (SHIN; CARMICHAEL, 1999; NELSON; COUTO, 2010). Adicionalmente o cão apresentava edema escrotal, que se explica devido ao liquido serosanguinolento entre as túnicas e epidídimo, e a dermatite devido à lambedura escrotal (FORBES e PANTEKOEK, 1988). Greene (1998) relata que os sinais clínicos nos machos são prostatite, atrofia testicular uni ou bilateral, dermatite de bolsa escrotal, anomalias espermática, infertilidade, hepato e esplenomegalia. Animais assintomáticos podem transmitir a doença mesmo depois de cessado a bacteremia, sendo esses considerados importantes fontes de infecção para os demais animais susceptíveis e ao homem (CARMICHAEL; SHIN 1996; LUCERO et al. 2005). A infecção do animal ao homem pode ocorrer por via oral, pela falta de higiene das mãos após o contato direto com secreções como placenta, saliva, mecônio, leite, e urina contendo quantidades elevadas de unidades formadoras de colônias (SÁNCHEZ-JIMÉNEZ et al, 2013). Não foram observadas alterações significativas nas análises bioquímicas e no eritrograma, o que colabora com Megid et al. (2000), entretanto o leucograma notou-se neutrofilia com desvio a esquerda, que ocorre devido ao aumento dos neutrófilos circulantes, sendo uma resposta inicial da medula óssea, frente a o processo infeccioso (HOKAMA. 1997). A linfopenia observada é resultado da ação bacteriana, que sofre fagocitose pelos macrófagos e são transportadas aos órgãos linfáticos como fígado, baço e linfonodos, onde realizam intensa replicação, provocando uma linfoadenopatia transitória, resultando em uma diminuição dos linfócitos T devido à replicação bacteriana (SUZUKI et al. 2008). Estudos relatam que o sexo do animal não é um fator de risco associado à soropositividade para B.canis, não obtendo resultados estatísticos para predisposição de sexo, sendo fêmeas e machos equivalentes expostos ao risco de infecção por brucelose (MORAES et al. 2002).

O teste de diagnóstico utilizado foi o teste de imunodifusão em ágar gel (IDGA), são testes de aglutinação e precipitação para B.ovis e B. canis, devido ao compartilhamento de antígenos de superfície para B.canis, sendo também possível o uso de ensaios de imunocromatografia e reação em cadeia de polimérase (PCR) (KIM et al e KEID et al, 2007, OLIVEIRA et al, 2010). Após o diagnóstico o cão foi submetido à castração, o que segundo Miranda et al. (2005), para que se consiga o controle da brucelose canina é necessário a castração dos animais positivos para B. canis, pois a associação da castração e uso de antibióticos apresenta resultados significantes na cura de animais positivos para brucelose (SCHIN e CARMICHAEL, 1999; MEGID et al, 2002). A eliminação e castração de animais com B.canis continua sendo o melhor método para erradicação da doença, sendo que já existem vacinas compostas por DNA recombinantes que são candidatas eficientes para a prevenção da doença (CLAUSSE et al. 2013). CONCLUSÃO Este é o primeiro relato de infecção por Brucella canis em cão no município de Mineiros-Go. Conclui-se, que é de grande valia saber sobre o histórico do animal que terá contato com seu cão, e também adotar medidas de controle e prevenção no ambiente em que o animal vive, se tratando de zona rural ou urbana e a reprodução de cães, para que evite a transmissão de doenças de um animal ao outro, sendo que a doença acomete várias espécies e pode ser transmitida ao homem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ACHA P. N. & SZYFRES, B. Brucellosis.Revista Panamericana de Salud Pública, n.503, p.14-36, 1986. BERTHELOT, X., GARIN-BASTUFI, B. Brucelloses canines. Point Veterinary., v.25,p.125-129, 1993. CARMICHAEL, L.E. & GREENE, G.E. Brucelosis canina. In: GREENE, G.E. Enfermedades infecciosas perros y gatos. México: Interamericana Mc Graw Hill, 1993. Sec. III, chap.52, p.604-616. CARMICHAEL, L. E; SHIN, S. J Canine brucellosis: a diagnostician's dilemma. seminars in Veterinary Medicine and Surgery (Small Animals), v.11, p. 161-165, 1996.

CASTRO, H.A.; S.R.;PRAT, M.I.Brucelosis: uma revisión prática. Acta bioquímica clinica latinoamericana., v.39, p.203-216, 2005. CLAUSSE, M.; DÍAZ, A.G.; GHERSI, G.; ZYLBERMAN, V.; CASSATARO, J.; GIAMBARTOLOMEI, G.H.; GOLDBAUM, F.A.; ESTEIN, S.M. The vaccine candidate BLSOmp31 protects mice against Brucella canis infection. Vaccine, v. 31, n. 51, p. 6129 6135, 2013. ED.PHILADELPHIA : W.B. COMPANY, 1998. P.248-257.GODOY, A.M., PERES, J.N.; BARG, GODOY, A.M.; PERES, J.N.; BARG, L. FORBES, L.B.; PANTEKOEK, J.F. Brucella canis Isolates from Canadian Dogs. Canadian Veterinary Journal, v.29, 1988. HOKAMA. N.K., MACHADO, P.E.A. Interpretação clínica do hemograma nas infecções. JBM. Rio de janeiro, v.72, n.3, p.38-49, mar. 1997. OLIVEIRA R. C. isolamento de Brucella canis em Minas Gerais, Brasil. arquivo brasileiro de medicina veterinária e zootecnia Universidade Federal de Minas Gerais, V.29, P.35-42, 1976/7. JAIN, N. C. essentials of veterinary hematology. 1ª ed. philadelphia: lea e febiger, 1993, 417p. JONG WAN KIM.; YOUNG JU LEE2.; MOO YEOL HAN.; DONG HWA BAE.; SUK CHAN JUNG.; JIN SIK OH.; GUN WOO HA.; D BYUNG KI CHO. Evaluation of immunochromatographic assay for serodiagnosis of Brucella canis. Journal of Veterinary Medical Science, v.69, p.1103-1107, 2007. KEID, L.B.; SOARES, R.M.; VASCONCELLOS, S.A.; CHIEBAO, D.P.; SALGADO, V.R.; MEGID, J.; RICHTZENHAIN, L.J. A polymerase chain reaction for the detection of Brucella canis in semen of naturally infected dogs. Theriogenology, v.68, p.1203-1210, 2007b. KEID, L.B.; SOARES, R.M.; VASCONCELLOS, S.A.; CHIEBAO, D.P.; SALGADO, V.R.; MEGID, J.; RICHTZENHAIN, L.J. A polymerase chain reaction for detection of Brucella canis in vaginal swabs of naturally infected bitches. Theriogenology, v. 68, p. 1260 1270, 2007. KEID, LARA BORGES. Avaliação de métodos diretos e indiretos de diagnóstico de brucelose em cães naturalmente infectados. 2006. 134f. LUCERO, N. F. et al. Unusual clinical presentation of brucellosis caused by Brucella canis Journal of Medical Microbiology, v.54, p. 505-508, 2005. MARIA HELENA MATIKO AKAO LARSSON.; CARLOS EDUARDO LARSSON.; WILSON ROBERTO FERNANDES.; ELIZABETH OLIVEIRA DA COSTA.; MITIKA K. HAGIWARA.Isolamento de Brucellacanis em Minas Gerais, Brasil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia Universidade Federal de Minas Gerais, v.29, p.35-42, 1976. MEGID, J.; MORAES, C.C.G.; JUNIOR, G.M.; AGOTTANI, J.V.B. Perfil sorológico, isolamento bacteriano e valores hematológicos e urinários em cães naturalmente infectados com Brucella canis. Ciência Rural, v. 30, n. 3, p. 405 409, 2000.

MEGID, J.; RIBEIRO, M.G.; MORAES, C.C.G.; NARDI JÚNIOR, G.; PAES, A.C.; PRESTES, N.C.; LISTONI, F.J.P. Brucelose Canina - Relato De Caso. Arquivos do InstitutoBiológico, v. 69, n. 4, p. 103 106, 2002. MEGID, J.; SALGADO, V.R.; KEID, L.B.; SIQUEIRA, A.K.; MEIRELLES, C.E.; MORETTI, D.M. Infecção em cão por Brucella abortus: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.59, n.6, p.1583-1585, 2007. MENDES, RINALDO PONCIO; MARCONDES-MACHADO, JUSSARA. Brucelose. In: COURA, José Rodrigues (Comp.). Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 128, p. 1529-1538. MIRANDA KL, COTORELLO ACP, POESTER FP, LAGE AP. Brucelose canina. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, n.47, p.66-82, 2005. MORAES C.C.G., MEGID J., SOUZA L.C. e CROCCI A.J. 2002. Prevalência da brucelose canina na microrregião da serra de Botucatu, São Paulo, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, 69 (2):7-10-2002. NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. 4. Editora. Elsevier: São Paulo. 2010, p.936-938. OLIVEIRA M.Z.D. et al. Validation of an ELISA method for the serological diagnosis of canine brucellosis due to Brucella canis. Research in Veterinary Science, n.90, p.425-431, 2010. PESSEGUEIRO, P.; BARATA, C.; CORREIA, J. Brucelose uma revisão sistematizada, Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, v. 10, n. 2, 2003. QUINN, P.J.; MARKEY, B.K.; CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.; LEONARD, F.C. Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005. 512p. SÁNCHES-JIMÉNEZ, M.M.; GIRALDOECHEVERRI, C.A.; OLIVEIRA-ANGEL, M. Infección por Brucella canis en humanos: propuesta de um modelo teórico de infección a través de la ruta oral. Infectio, v. 17, p. 193 200, 2013. SHIN, S.; CARMICHAEL, L.E. Canine brucellosis caused by Brucella canis. In: Carmichael L.E. Recent advances in canine disease. Internacional Veterinary Information Service, New York. 1999. SUZUKI, E.Y.; PENHA, G.A.; UEDA, F.S.; SALVARANI, R.S.; ALVES, M.L. Brucelose canina: Revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, n. 10, 2008.