Ciência Veterinária nos Trópicos

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2 Ciência Veterinária nos Trópicos v. 16 nº 1/2/3 janeiro-dezembro/ CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PERNAMBUCO CRMV-PE DIRETORIA EXECUTIVA Med. Vet. Erivânia Camelo de Almeida Presidente Med. Vet. Gerson Harrop Filho Vice-presidente Med. Vet. Késia Alcântara Queiroz Pontual Secretária-geral Med. Vet. José Alberto Simplício de Alcântara Tesoureiro CONSELHEIROS TITULARES Med. Vet. João Alves do Nascimento Júnior Med. Vet. Geraldo Vieira de Andrade Filho Med. Vet. Robério Silveira de Siqueira Med. Vet. Paulo Ricardo Magnata da Fonte Med. Vet. Marcelo Weinstein Teixeira Zootec. Valderedes Martins da Silva CONSELHEIROS SUPLENTES Med. Vet. Maria José de Sena Med. Vet. Airon Aparecido Silva de Melo Med. Vet. Amaro Fábio de Albuquerque Souza Med. Vet. João Ferreira Caldas Med. Vet. Luiz Paulo de Moraes Brandão Med. Vet. Fabiano Sellos Costa SEDE DO CRMV/PE Rua Conselheiro Theodoro, 460, Zumbi, Recife, PE, CEP Fone: Fax: Reconhecida como veículo de divulgação técnico-científica pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Resolução nº 652, de 18 de novembro de INDEXAÇÃO Revista Ciência Veterinária nos Trópicos está indexada na base de dados da Cabi Abstracts, Agris e Agrobase. CONSELHO EDITORIAL EDITORA Zoot. Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro Manso EDITORES ASSOCIADOS Med. Vet. Márcia de Figueiredo Pereira Med. Vet. Késia Alcântara Queiroz Pontual Med. Vet. Jéssica de Torres Bandeira CORPO EDITORIAL Aurino Alves Simplício EMBRAPA-Caprinos Carlos Enrique Peña Alfaro UFCG - Depto. de Clínicas Veterinárias Cristiano Barros de Melo UFSE - DEA/CCBS Eduardo Alberto Tudury UFRPE - Depto. de Medicina Veterinária Francisco Carlos Faria Lobato UFMG - Escola de Veterinária José Augusto Bastos Afonso UFRPE - Clínica de Bovinos de Garanhuns Marcos Antônio Lemos de Oliveira UFRPE - Depto. de Medicina Veterinária Maria do Carmo de Souza Batista UFPI - Depto. de Medicina Veterinária JORNALISTA RESPONSÁVEL Eldemberga Grangeiro dos Anjos Reg. Prof DRT-PE REVISÃO TÉCNICA Med. Vet. Késia Alcântara Queiroz Pontual EDITORAÇÃO GRÁFICA Jônathas Souza PERIODICIDADE Quadrimestral SITE Edições da Revista Ciência Veterinária nos Trópicos estão disponíveis no site

3 Sumário Contents Informações Gerais General Information Editorial Editorial ARTIGO DE REVISÃO MÉLO, S.K.M.; SILVA, E.R.R.; HUNK, M.M.; MANSO, H.E.C.C.C. Brucelose Canina: Revisão de literatura... ARTIGO CIENTÍFICO PEREIRA, M.F; MOTA, R.A.; PEIXOTO, R.M.; PIATTI, R.M. Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado de Pernambuco, Brasil... ARTIGO CIENTÍFICO VAZ, S.G.; ALMEIDA, T.L.A.C.; MANSO FILHO, H.C.; TEIXEIRA, M.N.; RÊGO, E.W.; FREITAS, A.A. Mapa de Risco do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária... ARTIGO CIENTÍFICO MACHADO, M.B.; SILVEIRA, P.P.M.; BANDEIRA, J.T.; MORAIS, R.S.M.M.; SANTOS, F.L.; BARÇANTE, T.A. Prevalência de mormo no estado de Pernambuco no período de 2006 a REVIEW ARTICLE MÉLO, S.K.M.; SILVA, E.R.R.; HUNK, M.M.; MANSO, H.E.C.C.C. Canine Brucellosis - Review SCIENTIFIC ARTICLE PEREIRA, M.F; MOTA, R.A.; PEIXOTO, R.M.; PIATTI, R.M. Abortion in sheep and goats in Pernambuco State, Brazil - case study SCIENTIFIC ARTICLE VAZ, S.G.; ALMEIDA, T.L.A.C.; MANSO FILHO, H.C.; TEIXEIRA, M.N.; RÊGO, E.W.; FREITAS, A.A. Risk Map in Clinical Veterinary Pathology Laboratory SCIENTIFIC ARTICLE MACHADO, M.B.; SILVEIRA, P.P.M.; BANDEIRA, J.T.; MORAIS, R.S.M.M.; SANTOS, F.L.; BARÇANTE, T.A. Glanders prevalence in the State of Pernambuco, Brazil, from 2006 to ARTIGO CIENTÍFICO SILVEIRA, P.P.M.; MACHADO, M.B.; BANDEIRA, J.T.; MORAIS, R.S.M.M.; SANTOS, F.L.; SILVEIRA, A.V.M.; ROCHA, C.M.B.M. Comparação da Prevalência do Mormo entre as Zonas da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco, de 2005 à ARTIGO CIENTÍFICO RIFAS JÚNIOR, J.R.; PINHEIRO JUNIOR, J.W.; BRANDESPIM, D.F.; MOTA, R.A.; ANDERLINI, G.A. Avaliação sobre o conhecimento de Zoonoses em profissionais e acadêmicos da Medicina e Medicina Veterinária na cidade de Maceió- Alagoas-Brasil... SCIENTIFIC ARTICLE SILVEIRA, P.P.M.; MACHADO, M.B.; BANDEIRA, J.T.; MORAIS, R.S.M.M.; SANTOS, F.L.; SILVEIRA, A.V.M.; ROCHA, C.M.B.M. Glanders Prevalence comparision between Zona da Mata, Agreste and Sertão from Pernambuco, Brazil, from 2005 to SCIENTIFIC ARTICLE RIFAS JÚNIOR, J.R.; PINHEIRO JUNIOR, J.W.; BRANDESPIM, D.F.; MOTA, R.A.; ANDERLINI, G.A. Evaluation of the knowledge of Zoonoses by professional and academic of Medicine and Veterinary Medicine in Maceió- Alagoas-Brazil

4 Informações Gerais A revista Ciência Veterinária nos Trópicos é editada quadrimestralmente pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV PE), e destina-se a divulgação de trabalhos técnico-científicos (trabalhos originais de interesse na área de ciência veterinária e zootecnia, ainda não publicados, nem encaminhados a outra revista para o mesmo fim) e de notícias de cunho profissional, ligadas a área de ciência veterinária em meio digital. Reconhecida como veículo de divulgação técnico-científica pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (Resolução no 652, de 18 de novembro de 1998). Endereço para correspondência: Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV PE) Rua Conselheiro Theodoro, Zumbi. CEP Recife, PE, Brasil. Telefone: (081) e fax (081) Informações a respeito do Regulamento Editorial e Normas de Estilo poderão ser obtidas através do site: e do rcvt@crmv.pe.org.br Os artigos publicados nesta Revista são indexados nas bases de dados: CABI ABSTRACTS, AGRIS E AGROBASE Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 16, n 1,2,3 (2013) Recife: CRMV PE, 2013 Quadrimestral ISSN Veterinária Ciência Periódico I. Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco, Recife, PE. CDD

5 Editorial A revista Ciência Veterinária nos Trópicos é editada quadrimestralmente pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV PE), e destina-se a divulgação de trabalhos técnico-científicos (trabalhos originais de interesse na área de Ciência Veterinária e Zootecnia, ainda não publicados, nem encaminhados a outra revista para o mesmo fim) e de notícias de cunho profissional, ligadas a área de Ciência Agraria em meio digital. No atual volume os leitores podem encontrar importantes publicações na área o escopo da publicação com ênfase nas zoonoses que acometem alguns dos animais envolvidos nos sistemas de criação em Pernambuco, tanto nas áreas rurais como nas áreas urbanas, além de importante aspecto sobre os cuidados nas práticas laboratoriais, muitos delas associadas ao diagnóstico das zoonoses descritos nas publicações descritas nesse periódico. Duas publicações abordam a situação do mormo no estado de Pernambuco. Essa enfermidade, desde o inicio desse século, tem não só causado inúmeras perdas nos criatórios de equídeos em Pernambuco, mas parece se alastrar por todo o Brasil. Além do mais, o mormo, tem comprometido a exportação de animais e causado alguns transtornos em centros de importantes animais de trabalho, como nas cavalarias militares. Outras duas publicações, em espécies diferentes, demonstram a combinação entre enfermidades reprodutivas e as zoonoses. Nos pequenos ruminantes foi demonstrado diferentes causas de abortos e, entre elas, a toxoplasmose, tão comum nos pequenos animais. Já no trabalho sobre a brucelose em caninos foi discutido um linha de procedimento para o diagnostico da enfermidade nesses grupo de animais. Observem aqui como os profissionais da saúde pública devem estar atentos aos movimentos de patógenos entre espécies e os envolvidos com as criações em fazendas, tanto veterinários como zootecnistas, devem atentar para a implicação da presença dos pets nesses estabelecimentos. Finalmente no atual volume, o leitor é levado a `observar os cuidados que devem ser observados ao longo do processamentos das amostras em seus laboratórios e com os diferentes envolvidos com os sistemas sanitários compreendem o seu mundo ao redor. Nada mais importante para que todos nós reciclemos os conceitos de saúde animal, que devem ser re-inscritos sobre a edge do programa mundial do One Health, ou seja, Saúde para todos, animais e humanos. Boa leitura a todos. Zoot. Helena Emília C. C. Cordeiro Manso 5

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7 Brucelose Canina: Revisão de literatura Stephânia Katurchi Mendes MÉLO 1 *, Elizabeth Regina Rodrigues da SILVA 1, Monica Miranda HUNK 1, Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO 1 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 RESUMO A crescente importância conferida pela sociedade aos animais de companhia faz com que grande atenção seja dispensada à sanidade desses animais. Dentre as doenças que podem causar problemas reprodutivos em machos e fêmeas, destaca-se a brucelose canina, zoonose que acarreta grandes prejuízos aos criadores de cães. Os sintomas mais significativos são o abortamento nas fêmeas, orquites e epididimites nos machos e infertilidades em ambos os sexos. Os testes sorológicos são os métodos diagnósticos mais frequentemente utilizados no diagnóstico. Estes testes podem resultar em resultados falso positivos e em casos crônicos em falso negativos havendo a necessidade do isolamento bacteriano para firmar diagnóstico definitivo da doença. O tratamento consiste de antibioticoterapia, a qual não obtém resultado muito satisfatório devido à persistência intracelular do agente. O homem apresenta certa resistência ao agente, no entanto muitos casos já foram relatados em humanos, ficando o alerta para os profissionais de saúde quanto ao caráter zoonótico desta doença. Portanto, é importante ter um maior conhecimento sobre a doença, possibilitando aos Clínicos Veterinários a diagnosticar e instituir um plano de controle e profilaxia adequados. 1 BIOPA - Laboartório de Biologia Molecular Aplica à Produção Animal, Departamento dezootecnia, Universidade Federal Rural de Pernambuco *Autor para correspondência PALAVRAS-CHAVE Brucella canis, Cães, Aborto, Zoonose ABSTRACT Canine Brucellosis: Review Modern society is giving increasing importance to pets, so that great attention should be paid to the health of these animals. Among the diseases that can cause reproductive problems in males and females, there is the canine brucellosis, a zoonosis that causes great losses to dog breeders. The most significant injuries are abortion in females, orchitis and epididymitis in males and infertility in both sexes. Serological tests are the most often used methods in the diagnosis. These tests can result in false positives and false negatives in chronic cases so it is necessary to accomplish bacterial isolation as a definitive diagnosis. Treatment consists of antibiotics, which did not get very satisfactory results due to the intracellular persistence of the agent. Man presents a certain resistance to the bacteria, however many cases have been reported in humans, and healthcare professionals should be alert regarding this zoonotic disease. Therefore, it is important to have a greater knowledge of the dis ease, enabling Veterinarians diagnose and establish a plan of appropriate control and preventive measures. KEYWORDS Brucella canis, Dogs, Abortion, Zoonosis 7

8 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 INTRODUÇÃO A incidência da Brucelose nos animais e no homem vem diminuindo devido ao aumento de medidas de controle, no entanto, devido à geografia, o clima, densidade populacional dentre outros fatores, favorece a permanência do agente principalmente na América Latina (LUCERO et al., 2007). A brucelose canina foi descrita em 1966, por Carmichael, nos Estados Unidos da América durante episódios de abortamento em canis da raça Beagle em diversos estados americanos. Sendo isolado de tecidos fetais e placentários, um microrganismo cujas características de cultivo, bioquímicas e sorológicas indicavam ser um microrganismo do gênero Brucella, e verificando-se que o mesmo apresentava características distintas das demais espécies do gênero Brucella já descritas, sendo designado Brucella canis (CARMI- CHAEL, 1966; JONES et al., 1968; MOORE, 1969). No Brasil, a brucelose canina foi descrita primariamente em 1977 por Godoy e colaboradores, no estado de Minas Gerais, isolando a bactéria de uma cadela com histórico de abortamento e reagente a prova de soroaglutinação lenta (SAL) (GODOY et al., 1977). A brucelose canina é causada pela Brucella canis, um cocobacilo Gram-negativo que tem morfologia colonial irregular que o distingui das demais espécies de Brucellas. Caracteriza-se como doença infectocontagiosa crônica e é considerada uma zoonose. A transmissão envolve o contato direto com o microrganismo que é capaz de penetrar em qualquer mucosa, sendo a oral, conjuntival e vaginal as mais importantes. As fêmeas transmitem a doença durante o estro, no momento da cobertura, por via transplacentária, após o aborto, leite e urina. Sendo, aerossóis advindos do material abortivo a principal via de infecção, devido à presença de grande quantidade de microrganismos (CARMICHAEL & KEN- NEY, 1970; NELSON & COUTO, 2001). A B. canis pode ser transmitida pelo sêmen, principalmente durante as primeiras seis a oito semanas de infecção, pela urina, e também por fômites contaminados (NELSON & COUTO, 2001). A presença do agente no organismo causa principalmente alterações reprodutivas como infertilidade, abortamentos, principalmente no terço final da gestação e a ocorrência de natimortos ou do nascimento de filhotes débeis. Ocasionalmente afeta outros tecidos causando alterações como uveíte, discoespondilite, osteomielite e dermatite (NELSON & COUTO, 2001; WANKE, 2004; HOLLETT, 2006). Como a possibilidade de êxito com o tratamento é incerta e os animais se tornam uma fonte de infecção para outros cães e pessoa, o tratamento não é recomendado, pois os cães tratados estarão sempre susceptíveis a reinfecção (ETTINGER, 1992). Segundo o LABORATÓRIO CEPAV (2003), a brucelose ainda não tem cura, sendo assim o animal infectado permanece portador por toda a vida. Todavia, alguns medicamentos podem ser utilizados para minimizar os sintomas clínicos da doença e sendo utilizada de acordo com a fase da enfermidade em que o animal se encontra, e quanto mais tardia a doença for diagnosticada, mais difícil será o tratamento. Para prevenção e controle dessa doença, deve-se testar todo o lote reprodutor quanto a Brucella antes de empreender um programa de acasalamento e, teoricamente, antes de cada acasalamento nas fêmeas e uma ou duas vezes por ano nos machos. Os animais positivos devem ser eliminados de canis de reprodução ou esterilizados (SHERDING & BICHARD, 1998). ETIOLOGIA O gênero Brucella é constituído por bactérias intracelulares facultativas, com seis espécies re- 8 Stephânia K. M. MÉLO et al.

9 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 conhecidas, cada uma acomete um hospedeiro preferencial, sendo assim, identificadas conforme seu hospedeiro, características morfológicas, propriedades metabólicas, sorotipagem e fenotipagem (ALTON et al., 1976). As espécies do gênero Brucella são bastante sensíveis aos desinfetantes comuns, à luz e a dessecação. Em cadáveres ou tecidos contaminados enterrados, podem resistir vivas por um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes, um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes (CORRÊA & CORRÊA,1992). A B. canis causa uma enfermidade infecto- -contagiosa crônica, reconhecida como pequeno (1,0-1,5 µm) cocobacilo, Gram negativo, aeróbico, imóvel, não esporulado e não encapsulado, que se distingue de outros do gênero Brucella, por apresentar colônias com morfologia rugosa e aspecto mucóide, e características bioquímicas próprias (CARMICHAEL & SHIN, 1996; CAR- MICHAEL & GREENE, 1998; WANKE, 2004). IMPORTÂNCIA O gênero Brucella é constituído por bactérias intracelulares facultativas, com seis espécies reconhecidas, cada uma acomete um hospedeiro preferencial, sendo assim, identificadas conforme seu hospedeiro, características morfológicas, propriedades metabólicas, sorotipagem e fenotipagem (ALTON et al., 1976). As espécies do gênero Brucella são bastante sensíveis aos desinfetantes comuns, à luz e a dessecação. Em cadáveres ou tecidos contaminados enterrados, podem resistir vivas por um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes, um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões quentes (CORRÊA & CORRÊA,1992). A B. canis causa uma enfermidade infecto- -contagiosa crônica, reconhecida como pequeno (1,0-1,5 µm) cocobacilo, Gram negativo, aeróbico, imóvel, não esporulado e não encapsulado, que se distingue de outros do gênero Brucella, por apresentar colônias com morfologia rugosa e aspecto mucóide, e características bioquímicas próprias (CARMICHAEL & SHIN, 1996; CAR- MICHAEL & GREENE, 1998; WANKE, 2004). INCIDÊNCIA Dados sobre a ocorrência de B. canis no estado de São Paulo são pontuais e em sua maioria baseados em exames sorológicos. Observa-se na tabela 1, uma ocorrência variando entre 3,61% e 41%, de acordo com a população de cães examinados, e do método diagnóstico utilizado. TRANSMISSÃO A transmissão ocorre, geralmente, pela inges- TABELA 01 Ocorrência da Brucelose canina causada por Brucella canis na cidade de São Paulo de acordo com métodos sorológicos e/ou bacteriológicos de diagnóstico. Autores Número de Animais Procedência dos Cães Positivos Diagnóstico Utilizado Sandoval et al., Errantes 8 (3,61%) SAL Larsson et al., Canis e Errantes 5 (18,51%) SAL 3 (11,12%) HEMOCULTURA Cortes et al., Canis e Errantes 254 (7,5%) IDGA Keid et al., 2004a 171 Canis 58 (33,91%) IDGA 24 (14,03%) HEMOCULTURA Keid et al., 2004b 139 Canis 5 (41%) HEMOCULTURA SAL: Soroaglutinação lenta. IDGA: Imuno difusão em gel de Agar. Brucelose Canina: revisão de literatura 9

10 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 tão ou inalação de microorganismos presentes em tecidos fetais abortados, descargas vaginais do parto ou do abortamento, assim como em urina. A transmissão venérea pode ocorrer tanto do macho para a fêmea, devido à eliminação do agente no sêmen, quanto da forma inversa, uma vez que as descargas vaginais de fêmeas infectadas durante o estro também possuem altas concentrações do microorganismo (JOHNSON & WALKER, 1992; CARMICHAEL & GREENE, 1993; MIRANDA et al., 2005). Segundo Organização Internacional de Epizootias (OIE, 2005), entre os animais, a Brucella é geralmente transmitida pelo contato com a placenta, feto, fluidos fetais e descargas vaginais de animais infectados. Os animais são infectados após um abortamento ou parto completo. A bactéria pode ser encontrada no sangue, urina, leite ou sêmen; produzida no leite e sêmen, pode ter sua vida prolongada. A brucelose pode ser transmitida por fômites,e em condições de alta umidade, baixa temperatura e se luz solar, os microorganismos podem se tornar resistentes por muitos meses na água, fetos abortados, esterco, pêlos, fenos, equipamentos e roupas. Nos cães, as principais portas de entrada da bactéria compreendem principalmente as mucosas oronasal, genital e conjuntival (CAR- MICHAEL & GREENE, 1998). Infecções experimentais já foram induzidas pelas vias intravenosa, subcutânea, intraperitoneal e intravaginal (MEYER, 1983). A infecção oral é a mais frequente e a dose mínima infectante por esta via é de cerca 106 microrganismos, enquanto a dose mínima infectante por via conjuntival é 104 a 105 microrganismos. A dose infectante mínima por via venérea é desconhecida (CARMICHAEL & GREENE, 1998). A eliminação pelo sêmen é decorrente da presença de microrganismos na próstata e no epidídimo. A quantidade de bactérias isoladas a partir do sêmen em cães infectados é alta nas primeiras seis a oito semanas pós-infecção. Entretanto, a eliminação intermitente do organismo em baixas concentrações, foi relatada por até 60 semanas pós-infecção, podendo continuar por até dois anos (JOHNSON & WALKER, 1992; CARMI- CHAEL & GREENE, 1993). As fêmeas podem, também, excretar as brucelas pelo leite, ainda que em pequena concentração e com pouca importância na infecção dos filhotes, uma vez que normalmente, estes animais já foram infectados intra-uterinamente (CAR- MICHAEL & GREENE, 1998). Contrariamente, Johnson e Walker (1992) consideram o leite como importante via de transmissão, decorrente do potencial de dispersão do microrganismo no meio ambiente. A transmissão da bactéria por fômites, utilização de vaginoscópio e seringas contaminadas, assim como da realização de transfusões sanguíneas e inseminações artificiais, com sangue ou sêmen de animais infectados, já foram relatadas (CARMICHAEL & GREENE, 1998). A eliminação da bactéria pela urina tem início uma a quatro semanas depois do início da bacteremia e persiste por pelo menos 18 semanas. Portanto, as tentativas de isolamento da urina neste período geralmente produzem resultado positivo (JOHNSON & WALKER, 1992). PATOGENIA A infecção pode ocorrer através das membranas mucosas (oral, ocular, nasal e genital). Após a penetração no organismo, o agente é fagocitado por macrófagos ou outras células fagocitárias, transportado para órgãos genitais e linfonodos, desenvolvendo linfadenopatia transitória e no interior dos leucócitos realiza bacteremia (JOHNSON e WALKER, 1992; CARMICHAEL & GREENE, 1998). Durante a fase de bacteremia ocorre disseminação bacteriana por todo o organismo do hospedeiro, mas preferencialmente para tecidos ricos 10 Stephânia K. M. MÉLO et al.

11 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 em esteróides gonadais e em células reticuloendoteliais como baço, fígado, linfonodos, medula óssea, útero de fêmeas gestantes, próstata, epidídimos e testículos. Outros sítios de localização são os rins, circulação dos discos intervertebrais, meninges e câmara anterior dos olhos (CARMI- CHAEL, 1979; GREENE, 1995). Uma vez cessada a bacteremia, esses tecidos podem constituir sítios de persistência bacteriana, caracterizando a fase crônica da infecção (JOHSON & WAL- KER, 1992; GREENE, 1995; CARMICHAEL & SHIN, 1996). Após a bacteremia, títulos de anticorpos persistentes e não protetores contra B. canis começam a ser detectados, a resposta imune é predominantemente celular. Entretanto, parecem ter pouca influência sobre a bacteremia e o número de microrganismos encontrados nos tecidos (figura 1) (WANKE, 2004). SINAIS CLÍNICOS Em sua maioria, as infecções por B. canis são inaparentes (ETTINGER, 1992). A B. canis infecta o útero nas fêmeas prenhes e coloniza as células epiteliais placentárias, resultando em morte embrionária ou fetal, abortamentos tardios no terço final da gestação, podendo ocorrer retenção de placenta e/ou corrimento vaginal persistente. Algumas fêmeas podem apresentar vários abortamentos consecutivos. Em alguns casos, podem levar a gestação a termo com nascimento de natimortos, filhotes fracos que morrem em poucos dias, ou filhotes aparentemente sadios, exceto pela bacteremia persistente e o enfartamento de linfonodos, que geralmente é o único sinal clínico da infecção até a maturidade sexual (JOHNSON & WALKER, 1992; CAR- MICHAEL & GREENE, 1998; WANKE, 2004). As cadelas infectadas não prenhes comumente não mostram sinais de infecção, mas podem eliminar o microrganismo na urina e secreções vaginais por período de tempo variável (JOHN- SON & WALKER, 1992). As manifestações clínicas de brucelose mais FIGURA 01 Patogenia da brucelose canina. URINA SECREÇÃO VAGINAL SÊMEN MUCOSA ORONASAL E CONJUNTIVA MUCOSA GENITAL FAGOCITOSE (LINFONODOS) BACTEREMIA DISCO INTERVERTEBRAL OLHOS TRATO GENITAL FÊMEA ÚTERO OVÁRIO MACHO EPIDÍDIMO PRÓSTATA Brucelose Canina: revisão de literatura 11

12 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 frequentes nos machos, são as epididimites e prostatites severas. A epididimite desenvolve-se cerca de cinco semanas pós-infecção. Durante a fase aguda da doença, o testículo e o epidídimo aumentam de tamanho, e este último torna-se sensível devido à presença de fluido serosanguinolento na túnica albugínea. O epidídimo diminui de tamanho na fase crônica da infecção, apresentando consistência firme e geralmente há atrofia epididimária (CARMICHAEL & GREE- NE, 1993, WANKE, 2004). A dermatite e o edema escrotal são resultados do hábito frequente de lamber o escroto. Orquites e aumento dos testículos raramente ocorrem na fase aguda, mas os machos cronicamente infectados desenvolvem atrofia testicular uni ou bilateral (CARMICHAEL & GREENE, 1993, WANKE, 2004). Danos testiculares desenvolvidos pela ação direta da bactéria, iniciam uma resposta auto- -imune contra os espermatozóides e determinam distúrbios na espermatogênese, alterações da morfologia e redução na motilidade dos espermatozóides, presença de células inflamatórias e redução de volume do ejaculado. Acredita-se que este fenômeno auto-imune, esteja envolvido na patogenia da esterilidade, que geralmente ocorre nas infecções crônicas. Independentemente do desenvolvimento da esterilidade, os cães continuam excretando a bactéria no fluido seminal (CARMICHAEL & GREENE, 1993, WANKE, 2004). Ocasionalmente, B. canis infecta outros tecidos além do linforeticular e reprodutivo, podendo ocorrer hepato e esplenomegalia, uveítes, discoespondilites, osteomielites, meningites, glomerulonefrites e dermatites piogranulomatosas (SOUZA et al., 2003). Relata-se recuperação espontânea da infecção entre um e cinco anos pós-infecção (CAR- MICHAEL, 1990). Animais que se recuperaram da infecção apresentam títulos aglutinantes baixos ou ausentes e podem apresentar-se imunes à re-infecção (CARMICHAEL, 1990; GREENE, 1995). Mesmo sendo uma doença sistêmica, raramente cães adultos manifestam sinais clínicos sistêmicos severos, sendo o principal problema à ocorrência de prejuízos no desempenho reprodutivo (JOHNSON & WALKER, 1992). A presença dos sinais clínicos é sugestiva da infecção, mas o único método definitivo para o diagnóstico da brucelose em cães é o isolamento bacteriano do agente que fornece diagnóstico definitivo quando a bactéria é isolada. Entretanto, é demorado, e resultados negativos na cultura, decorrentes de pequena quantidade de microorganismos viáveis ou contaminação da amostra, não eliminam a possibilidade de infecção (WAN- KE, 2004). DIAGNÓSTICO O diagnóstico é sugerido pela história clínica, por anormalidades no sêmen e relativa ausência de anormalidades físicas. Todavia, o diagnóstico definitivo consiste no isolamento do microorganismo, caracterizando-se como método que consome muito tempo e por isso pouco prático como teste de rotina em animais assintomáticos. O sucesso do diagnóstico ainda depende da escolha do material a ser cultivado (NELSON & COUTO, 2001). DIAGNÓSTICO DIRETO O cultivo microbiológico do agente é considerado o método definitivo e direto (figura 2) para o diagnóstico da infecção por Brucella canis (MOORE, 1969; CARMICHAEL, 1976). O microorganismo pode ser isolado a partir da cultura do sangue, aspirado de medula óssea, sêmen, secreção vaginal, urina, leite, humor aquoso, órgãos como o fígado, baço, linfonodos, útero, ovário, próstata, epidídimo, testículo ou ainda líquido amniótico, placenta, rins, fígado, baço, pulmão e fluidos pleurais de fetos aborta- 12 Stephânia K. M. MÉLO et al.

13 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 dos (JOHNSON & WALKER, 1992, WANKE, 2004). O sangue é a melhor amostra a ser cultivada na tentativa de isolamento, uma vez que nos cães a bacteremia é prolongada. Após uma a quatro semanas da infecção, o agente já pode ser isolado na hemocultura, persistindo por no mínimo seis meses e de forma intermitente pode durar até 64 meses ou mais. Porém, em animais cronicamente infectados a bacteremia pode estar ausente impossibilitando o isolamento (JOHN- SON & WALKER, 1992, WANKE, 2004). A cultura da descarga vaginal no período imediatamente após o abortamento ou durante o estro é o mais indicado para tentativa de isolamento do agente nas cadelas (JOHNSON & WALKER, 1992), uma vez que estas descargas podem conter elevadas concentrações da bactéria por até seis semanas pós-abortamento (CAR- MICHAEL & KENNEY, 1970; CARMICHAEL & GREENE, 1998). As culturas de urina e sêmen podem ser úteis para o diagnóstico, mas se colhidas isoladamente não são confiáveis, uma vez que um resultado negativo não exclui a possibilidade de infecção (GREENE, 1995). A cultura de sêmen realizada entre três e onze semanas pós-infecção revela quantidade muito elevada de microorganismos. Depois de 12 semanas a quantidade de microorganismos eliminados começa a diminuir até tornar-se praticamente negativa após 60 semanas (JOHNSON & WALKER, 1992). Keid (2001) concluiu que o cultivo de sêmen e swab vaginal não apresentam valor para o diagnóstico laboratorial da brucelose canina por B. canis visto que foi pequeno o número de isolamentos obtidos nestes materiais. Segundo Paulin (2003), em meio sólido e condições ideais, uma cultura leva de três a sete dias para a visualização das colônias, embora se recomende a incubação por no mínimo três semanas. As colônias são pequenas, translúcidas, brilhantes, convexas, de bordos arredondados e bem definidos e, geralmente, de coloração leitosa. À microscopia óptica comum apresentam-se isoladas, aos pares ou em pequenos grupos. DIAGNÓSTICO INDIRETO Em função das dificuldades do isolamento do agente, diferentes tipos de diagnósticos sorológicos foram desenvolvidos, variando em sensibilidade, especificidade e complexidade (WANKE, 2004). Anticorpos não protetores, produzidos contra antígenos da parede celular e do citoplasma da B. canis, podem ser detectados com oito a 12 semanas pós-infecção. Os títulos de anticorpos permanecem altos enquanto persiste a bacteremia. Quando a bacteremia torna-se intermitente, os títulos de anticorpos declinam e podem tornar- -se duvidosos ou negativos, enquanto o microrganismo ainda persiste nos tecidos. Em alguns FIGURA 02 Mecanismo do diagnóstico direto da Brucelose Canina. HEMOCULTURA POSITIVO NEGATIVO RETESTAR EM UM MÊS Brucelose Canina: revisão de literatura 13

14 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 casos, há flutuações nos títulos de anticorpos na presença ou na ausência de bacteremia (JOHN- SON & WALKER, 1992). Resultados falso-positivos podem acontecer em decorrência da reatividade cruzada com outros microrganismos, uma vez que alguns determinantes antigênicos da parede celular da B. canis podem ser semelhantes aos de Brucella ovis, Brucella abortus, espécies mucóides de Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus sp. e Bordetella bronchiseptica. (GREENE, 1995; CARMI- CHAEL & SHIN, 1996). Resultados falso-negativos podem ocorrer nas primeiras quatro semanas pós-infecção uma vez os testes falham em detectar os anticorpos produzidos nesta fase e em outras fases da doença, por flutuações nos títulos de anticorpos (JOHN- SON & WALKER, 1992; MEGID et al., 2000). O sorodiagnóstico da brucelose canina pode ser realizado empregando-se as seguintes provas: soroaglutinação rápida (SAR), soroaglutinação lenta (SAL), imunodifusão em gel de ágar (IDGA) e ensaio imunoenzimático (ELISA). Pelas características de especificidade moderada da sorologia e da baixa sensibilidade do isolamento, nenhum deles é, sozinho, adequado para o diagnóstico de todos os casos de brucelose (FLORES-CASTRO & CARMICHAEL, 1978). Desta maneira é interessante associá-los e tentar descobrir em que fase da doença o animal se encontra, uma vez que em cada fase haverá maior probabilidade da bactéria ser isolada em determinada amostra (JOHNSON & WALKER, 1992). SORO AGLUTINAÇÃO RÁPIDA A SAR (figura 3), além de rápida, é sensível e costuma ser utilizada como procedimento de triagem, por detectar anticorpos precocemente, com aproximadamente seis semanas após o início da bacteremia, até um período máximo de três meses após a mesma (GEORGE & CARMI- CHAEL, 1978; JOHNSON & WALKER, 1992). Ao realizar o teste, e o resultado der positivo, haverá grande probabilidade de que o animal seja doente, uma vez que a brucelose é doença crônica. Quando a prova é suspeita, deve ser repetida um a dois meses após. Caso se mantenha o mesmo título, ou o título diminua, a prova e o animal serão julgados negativos, ou seja, sem brucelose (CORREA & CORREA, 1992). É considerada altamente acurada na identificação dos cães não infectados, existindo alta correlação entre teste negativo e ausência de infecção. Como outras bactérias podem ter determinantes antigênicos semelhantes aos da B. canis, podem ocorrer resultados falso-positivos, por reações cruzadas com anticorpos produzidos contra estes microrganismos (CARMICHAEL, 1969; JOHNSON & WALKER, 1992; CARMI- CHAEL & GREENE, 1993; GREENE, 1995; CARMICHAEL & SHIN, 1996). TRATAMENTO O tratamento com antibiótico é difícil, devido à natureza intracelular da B. canis, e todos os animais infectados devem ser considerados como potenciais portadores por toda a vida, pois, os títulos de anticorpos declinam após o tratamento, mas podem permanecer em níveis significativos durante seis semanas após ter sido após o microorganismo ser eliminado da corrente sanguínea, mas os títulos aumentam novamente, se vier a ocorrer recidiva da infecção mesmo após de finalizado o tratamento (CARMICHAEL & GREENE, 1998). Em geral há declínio da bacteremia e dos títulos de anticorpos séricos com o início da antibioticoterapia. Muitas vezes não há retorno da bacteremia, mas o microorganismo persiste em determinados órgãos (JOHNSON & WALKER, 1992). Como a possibilidade de êxito com o tratamento é incerta e os animais se tornam uma fon- 14 Stephânia K. M. MÉLO et al.

15 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 FIGURA 03 Mecanismo do diagnóstico direto da Brucelose Canina. HEMOCULTURA SAR - 2ME POSITIVO PCR POSITIVO NEGATIVO (RETESTAR) NEGATIVO RETESTAR EM UM MÊS OU BIANUALMENTE (CANIL) te de infecção para outros cães e pessoa, o tratamento não é recomendado, pois os cães tratados estarão sempre susceptíveis a reinfecção. A tabela x demonstra os efeitos da antibioticoterapia. Caso o tratamento seja realizado, os animais infectados devem ser esterelizados para minimizar a disseminação (ETTINGER, 1992). Segundo Wanke (2004), os tratamentos que tiveram relativos sucessos são: Tetraciclina (30 mg/kg), VO, duas vezes ao dia, durante 28 dias; Estreptomicina (20 mg/kg), IV, uma vez ao dia, durante 14 dias. Foram submetidos a esse tratamento 105 cães, desses 81 foram negativados; Tetraciclina (30 mg/kg), VO, três vezes ao dia, durante 30 dias; Estreptomicina (20 mg/kg), IM, nos dias 1 a 7 e 24 a 30. Foram submetidos a esse tratamento 19 cães, 14 foram negativados com um ciclo, 2 animais com dois ciclos e 3 cães foram refratários; Monociclina (10 mg/kg), duas vezes ao dia; Estreptomicina (4,5 mg/kg), IM, durante 7 dias consecutivos; Oxitetraciclina de longa ação (20 mg/kg), IM, uma vez por semana, durante um mês, associada a Estreptomicina (20 mg/kg), IM, uma vez ao dia, durante 1 semana. Dos 24 cães tratados 21 foram negativados. Nesse mesmo estudo, não foram obtidos sucessos com Ampicilina e observou-se bons resultados com 4 semanas de tratamento com enrofloxacina. PREVENÇÃO E CONTROLE A prevenção da infecção é particularmente importante nos canis comerciais, já que uma vez que a infecção é introduzida numa população canina confinada, sua disseminação ocorre rapidamente, acometendo diversos animais. Exames bacteriológicos e sorológicos rotineiros devem ser realizados a cada seis meses, assim como nos animais previamente ao acasalamento. Novos animais introduzidos no plantel devem antes ser submetidos aos exames clínicos e laboratoriais e então devem ser mantidos em quarentena durante oito a doze semanas, quando os testes laboratoriais forem repetidos. Os cães que apresentarem sinais clínicos sugestivos de brucelose não devem ser introduzidos no plantel (WAN- KE, 2004). Todos os animais reprodutores devem ser regularmente testados para anticorpo B. canis, antes de empreender um programa de acasalamento e, teoricamente, antes de cada acasalamento nas fêmeas e uma ou duas vezes por ano nos machos. Em canis todos os animais positivos devem ser eliminados da reprodução. Um macho reprodutor não deve retornar ao serviço, mesmo após o tratamento com antibioticoterapia (NELSON & COUTO, 2001). Devido ao custo do tratamento e da manutenção de animais inférteis, a redução do status Brucelose Canina: revisão de literatura 15

16 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 reprodutivo dos animais, do número de filhotes que sobrevivem a amamentação e a persistência da infecção no canil, é muito mais econômico testar e descartar os animais infectados do que tentar o tratamento (NELSON & COUTO, 2001). O controle da brucelose em canis infectados baseia-se nas seguintes medidas: identificação e remoção de todos os animais positivos do local, identificação das vias de transmissão, higienização das instalações, repetição mensal dos exames laboratoriais a fim de identificar todos os animais positivos e evitar que novos surtos venham ocorrer (CARMICHAEL & SHIN, 1996). Uma vez que a infecção é confirmada num plantel, todos os animais devem ser testados sorologicamente e bacteriologicamente, em intervalos mensais para identificação dos positivos (JOHNSON & WALKER, 1992). Com relação aos animais de companhia, devem-se ter outras condutas, como tratamento com antibioticoterapia e a esterilização, pois terminam com as secreções genitais e a eliminação do microorganismo por essa via, porem, não excluem a possibilidade de o animal permanecer como fonte de infecção para outros cães e até mesmo para pessoas de seu convívio (HOL- LETT, 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS A Brucelose Canina tem potencial zoonótico. Deve-se ter cuidado na manipulação dos animais e higiene rigorosa em canis, além de identificar e eliminar os animais que sejam resultados positivos ao exame laboratorial. O conhecimento da doença possibilita o clínico veterinário a diagnosticar e instituir um programa de controle e prevenção apropriados. BIBLIOGRAFIA ALTON, G. G.; JONES, L. M.; PITES, D. E. Las tecnicas de laboratorios en la brucelosis. Genebra: OMS, p. BORIE, C.; CEPADA, R.; VILLARROEL, M.; DE LOS REYES, M. Descripción de características reproductivas en tres perros seropositivos a Brucellacanis. Archivos de Medicina Veterinária, v.34, n.1, p , CARMICHAEL, L. E. Abortion in 200 beagles. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.149, p.1126, CARMICHAEL, L. E. Canine brucelosis: isolation, diagnosis, transmission. Proc. Annu. Meet. U. S. Livest. Sanit. Assoc., v.71, p , CARMICHAEL, L. E. Canine brucelosis: an annoted review with selected cautionary comments. Theriogenology, v.6, n.2-3, p , CARMICHAEL, L. E. Brucellosis (Brucellacanis). In: STEELE, J. H (Ed.). Handbook Series in Zoonoses, v. 1. Florida: Boca Raton: CRC Press, p CARMICHAEL, L. E. Brucellacanis. In: NIELSEN, K.; DUCAN, J. R (Ed.). Animal Brucellosis. Boca Raton: CRC Press, p CARMICHAEL, L. E.; BRUNER, D. W. Characteristics of a newly-recognized species of Brucella responsible for infectious canine abortions. Cornell Veterinary, v.58, p , CARMICHAEL, L. E., GREENE, G. E. Brucelosiscanina. In: GREENE, G. E.Enfermedades infecciosas perros y gatos. México: Inter americana McGraw Hill, p CARMICHAEL, L. E.; GREENE, C. E. Canine brucelosis. In: GREENE, C. E. (ED). Infectious diseases of the dog and cat. 2.ed. Philadelphia: Saunders, p CARMICHAEL, L. E.; JOUBERT, J. C. A rapid slide agglutinations test for the serodiagnosis of Brucellacanis infection that employs a variant (M-) organism as antigen. Cornell Veterinary, v.77, n.1, p.3-12, CARMICHAEL, L. E.; JOUBERT, J. C. Transmission of Brucellacanis by contact exposure. Cornell Veterinary, v.78, n.1, p.63-73, CARMICHAEL, L. E.; KENNEY, R. M. Canine Abortion caused by Brucellacanis. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.152, n.6, p , CARMICHAEL, L. E.; KENNEY, R. M. Canine brucelosis: the clinical disease, pathogenesis, and immune response. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.156, n.12, p , CARMICHAEL, L. E.; SHIN, S. J. Canine brucellosis: a diagnostician s dilemma. Seminars in Veterinary Medicine and Surgery, v.11, n.3, p , CORREA, W. M.; CORREA, C. N. M. Enfermidades Infecciosas dos Animais Domésticos. Ed. 2. São Paulo: MEDSI, CORTES, V. A.; OLIVEIRA, M. C. G.; ITO, F. H.; VAS- CONCELLOS, S. A. Reações sorológicas para Brucella canis em cães errantes capturados na proximidade dos 16 Stephânia K. M. MÉLO et al.

17 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 parques públicos, reservas florestais e em áreas periféricas do município de São Paulo- Brasil. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, v.25, n.1, p , CURRIER, R. W.; RAITHEL, W. F.; MARTIN, R. J.; PORTTER, M. E. Canine brucellosis. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.180, n.2, p , ETTINGER, S. J. Tratado de Medicina Interna Veterinária. Ed. 3. São Paulo: MANOLE, cap.46, p , FLORES-CASTRO, R.; CARMICHAEL, L. E. Canine brucellosis current status of methods for diagnosis. Cornell Veterinary, n. 68, supl. 7, p , GEORGE, L. W.; CARMICHAEL, L. E. Development of a rose Bengal stained plate-test antigen for the rapid diagnosis of Brucellacanis infection. Cornell Veterinary, n.68, p , GODOY, A. M.; PERES, J. N.; BARG, L. Isolamento de Brucella canis em Minas Gerais. Arq. Esc. Vet. UFMG., v.29, n.1, p.35-42, GONZÁLEZ, H. B.; RAMÍREZ, R. M. P.; FLORES-CAS- TRO, R.; GÜEMES, F. S. Problemas reproductivos en perros machos infectados con Brucella canis. Veterinaria México, v.35, n.2, p , GREENE, C. E. Moléstias Bacterianas. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E.C. (Eds). Tratado de medicina interna veterinária. 4.ed. São Paulo: Manole, p HARTIGAN, P. J. Human brucellosis: epidemiology and clinical manifestation. Irish Veterinary Journal, v.50, n.3, p , HOLLETT, R. B. Canine Brucellosis: outbreaks and compliance. Theriogenology. n.66, p , ago, JOHNSON, C. A.; WALKER, R. D. Clinical signs and diagnosis of Brucellacanis infection. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinary, v.14, n.6, p , KEID, L. B. Diagnóstico da brucelose canina por Brucella canis. Correlação entre exames clínicos e laboratoriais: imunodifusão em gel de ágar, imunodifusão em gel de ágar com emprego do 2-Mercaptoetanol, cultivo ereação em cadeia pela polimerase p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo. KEID, L. B, SOARES, R. M; MORAIS, Z. M.; RICHTZE- NHAIN, L. J; VASCONCELLOS, S. A. Brucella spp. Isolation from dogs from commercial breeding kennels in São Paulo state, Brazil. Brazilian Journal Microbiology, v.35, n.1-2, p , 2004a. KEID, L. B, SOARES, R. M.; CHIEBAO, D. P.; VAS- CONCELLOS, S. A.; RICHTZENHAIN, L. J. Brucelose em canis comerciais do município de São Paulo. Arquivos Instituto Biológico de São Paulo, v.71, p , 2004b. LARSSON, M. H. M. A.; LARSSON, C. E.; MIRANDO- LA, R. M. S.; YASUDA, P. H.; GRUTOLLA, G. Canine brucellosis in São Paulo: serologic survery of kennel and stray dogs. Internation Journal of Zoonosis, v.8, p.85-90, LUCERO, N. E.; AYALA, S. M.; ESCOBAR, G. I.; JA- COB, N. R. Brucella isolated in humans and animals in Latin America from Epidemiology and Infection, v.136, n.4, p , MEGID, J.; MORAES, C. C. G.; MARCOS JUNIOR, G.; AGOTTANI, J. V. B. Perfil sorológico, isolamento bacteriano e valores hematológicos e urinários em cães naturalmente infectados com Brucella canis. Ciência Rural, v.30, n.3, p , MEYER, M. E. Update on canine brucellosis. Modern Veterinary Practice, v.64, n.12, p , MIRANDA, K. L.; COTTORELLO, A. C. P.; POESTER, F. P.; LAGE, A. P. Brucelose canina. Cadernos técnicos de Veterinária e Zootecnia, n.47, p.66-82, MOORE, J. A. Brucella canis infection in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.155, n.12, p , NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Ed. 2. Guanabara: Koogan. p , ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE EPIZOTIAS OIE. Brucellosis Factsheets/pdfs/brucellosis.pdf. Acesso em: PAULIN, L. M. Artigo de Revisão Brucelose. Arquivo Instituto Biológico, v.70, n.2. São Paulo SANDOVAL, L. A.; RIBEIRO, L. O. C.; AMARAL, L. B. S.; FEITOSA, M. H.; BAZAN, J. M. Incidência da brucelose canina na cidade de São Paulo. O Biológico, v.42, n.32, p , SHERDING, R. G.; BICHARD, S. J. Manual Sauders: Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, SOUZA, M. G.; CARARETO, R.; TINUCCI-COSTA,M.; APPARÍCIO, M. S. Brucelose canina aspectos clínicos em um cão. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.27, n.3, p , WANKE, M. M. Canine brucellosis. Animal Reproduction Science, v.82-83, p , Brucelose Canina: revisão de literatura 17

18 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado de Pernambuco, Brasil Márcia de Figueiredo PEREIRA 1 ; Rinaldo Aparecido MOTA 1, Rodolfo de Moraes PEIXOTO 2 ; Rosa Maria PIATTI 3. 1 Professor Adjunto do Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, Pernambuco. marcia.pereira@dmv. ufrpe.br 2 Médico Veterinário. 3 Pesquisadora do Instituto Biológico de São Paulo RESUMO Foram estudadas causas infecciosas de aborto em fetos caprinos e ovinos, em especial Aborto Enzoótico Ovino, Toxoplasma gondii e brucelose, no Estado de Pernambuco, Brasil. Utilizou-se 23 amostras de fetos, natimortos e neonatos procedentes de criatórios, a partir de 8 semanas de gestação, incluindo um neonato. Os fetos apresentavam-se em estado de autólise variável e 4 estavam em processo de mumificação. Os achados mais comuns foram: líquido serosanguinolento na cavidade torácica (17-73,91%), edema subcutâneo (10-43,48%), líquido serosanguinolento na cavidade abdominal (7-30,43%), no saco pericárdico (9-39,13%) e hemorragia subcutânea (8-34,78%). O achado histopatológico mais freqüente foi a reação do endotélio vascular, observada no pulmão (9/39,13%), além de coração, fígado, rim, baço e cérebro. Somente um feto (4,35%) apresentou lesões características de toxoplasmose. As amostras submetidas ao PCR foram negativas para Chlamydophila spp. No exame microbiológico das secreções vaginais foram identificadas Streptococcus spp. e Escherichia coli em uma matriz caprina e Staphylococcus spp. em outra. Não se isolou Brucella sp em nenhuma das amostras estudadas. A ausência da placenta na maior parte dos fetos examinados e o avançado estado de autólise dos fetos dificultaram o diagnóstico das causas de abortamento. PALAVRAS-CHAVE Aborto, caprinos, ovinos, anatomia patológica, PCR. 18 ABSTRACT Abortion in sheep and goats in Pernambuco State, Brazil - case study Infectious causes of abortion associated to reproductive disorders in goat and sheep foetus were studied, in the State of Pernambuco, Brazil. Samples of 23 foetus, stillborn and newborn were pro cedent from goat and sheep raising flocks, from 8 of gestation, including a two weeks old newborn. Most foetus were autolized, and 4 (17.39%) were in mummifying process. The most frequent find ings were the presence of serohaemorhagic fluid in the thoracic cavity (17/73.91%), subcutaneous oedema (10/43.48%), presence of serohaemorhagic fluid in the abdominal cavity (7/30.43%), in the pericardic sac (9/39.13%) and subcutaneous hemorrhageae (8/34.78%). Histopathologic find ings included endotelium vascular reaction in the lungs (9/39.13%), but also in the heart, liver, kid ney, spleen and brain. Only one embryo (4.35%) presented characteristic injuries of toxoplasmosis. All samples sent for PCR were negative for Chlamydophila spp. Microbiological examination of vaginal secretions identified Streptococcus spp. and Escherichia coli in a goat matrix. In another one, the isolation of Staphylococcus spp. was possible. Brucella sp was not isolated in any sample. Absence of placenta and advanced autolysis in most foetus made difficult diagnosing the causes of abortion. KEYWORDS Abortion, goat, sheep, anatomopathology, PCR

19 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 INTRODUÇÃO A criação de ovinos e caprinos no Nordeste, apesar de representar uma importante atividade econômica, ainda apresenta um baixo desempenho produtivo e reprodutivo (Barros, 2004) em decorrência da falta de organização dos criadores, assistência técnica especializada e da precariedade do manejo higiênico-sanitário, acarretando sérios problemas sanitários (Vieira et al., 1998). O abortamento tem sido relacionado como uma importante falha reprodutiva, com uma taxa de 13,0 a 45,3%, capaz de causar grandes perdas econômicas (Silva e Silva, 1983; Leal et al., 1992; Poudevigne et al, 1988; Pinheiro et al., 2000). Contudo, ainda são escassos os trabalhos referentes às suas causas no Brasil. As causas de aborto em ovinos e caprinos são numerosas e incluem agentes infecciosos como o Toxoplasma gondii, Chlamydophila abortus, Brucella spp., Coxiella burnetii, Listeria monocytogenes, Campylobacter spp., Salmonella sp., Leptospira sp. e vírus Border, entre outros (Nascimento e Santos, 2003; Pérez et al., 2003; Mobini et al., 2004). O objetivo deste trabalho foi estudar as causas infecciosas de aborto associadas a distúrbios reprodutivos em fetos caprinos e ovinos do Estado de Pernambuco no Estado de Pernambuco, Brasil. MATERIAL E MÉTODO As amostras utilizadas eram provenientes de propriedades do estado de Pernambuco. Foram utilizadas 23 amostras de fetos, natimortos e neonatos encaminhados ao DMV/UFRPE para diagnóstico. Os procedimentos de necropsia dos fetos e coleta de material foram executados de acordo com Perez et al. (2003). Para estimar a idade dos fetos, natimortos e neonato, da espécie caprina, utilizou-se a fórmula CCC, onde 28,8 + 0,37. X = idade em dias, sendo X a medida da base do crânio a base da cauda (Souza, 2000). Para ovinos, a idade foi estimada, baseando-se em uma tabela descrita por Schwarze (1970). Também foram utilizadas as características de desenvolvimento cronológico descritas por Sivachelvan et al. (1996) para determinação da idade em semanas para ovinos e caprinos. Durante a necropsia, foram coletados fragmentos de cérebro, cerebelo, pulmão, coração, baço, fígado, rim e placenta, quando disponível. As amostras foram fixadas em solução de formalina a 10% tamponada. Posteriormente, o material foi recortado e submetido à técnica rotineira de desidratação, diafanização e inclusão em parafina. Os blocos foram então cortados em micrótomo a 4μm, as lâminas foram coradas pela hematoxilina-eosina (Prophet et al., 1992). Os achados histológicos foram classificados como ausentes, lesões não relacionadas, consistentes ou características para Toxoplasmose (Bueno et al., 2004) e clamidiose. As amostras de cérebro, pulmão, coração, fígado, baço, rim e placenta foram colocadas em tubos de ependorf, congeladas e encaminhadas ao Laboratório de Doenças Bacterianas da Reprodução do Instituto Biológico de São Paulo para detecção de Chlamydophila abortus pela técnica de Polimerase Chain Reaction (PCR) (OIE, 2000). Algumas propriedades de onde os fetos haviam sido enviados foram visitadas e foram realizados exames clínicos, de acordo com Rosenberger (1993), em quatro ovelhas e 15 cabras com histórico de problemas reprodutivos. Também se coletou, em três cabras secreção vaginal purulenta, utilizando-se swabs estéreis que foram posteriormente encaminhados sob refrigeração ao Laboratório de Doenças Bacterianas do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco para a realização de exames microbiológicos, para fins de diagnóstico diferencial. Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado [...] 19

20 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 As amostras para PCR (aproximadamente 2 gramas de cada fragmento de rim, coração, pulmão, fígado e baço) foram macerados conjuntamente no homogeneizador de forma a obter-se um pool. Este foi ressuspendido em tampão Tris-EDTA 0,1M ph 7.4 e armazenados a 20oC até o momento da extração do DNA. Placenta, carúncula, conteúdo torácico e conteúdo abdominal foram homogeneizados separadamente (OIE, 2000). A extração do DNA foi realizada utilizando o reagente comercial DNAzol (Invitrogen) e o protocolo adaptado de Chomczynski (1993). Para diagnóstico da Chlamydophila spp., oligonucleotídeos iniciadores (primers) foram utilizados região conservada do gene que codifica para a proteína omp-2 (Proteína de membrana externa 60 KDa rica em cisteínas), que corresponde a um fragmento de aproximadamente 587 pares de bases (Hartley et al., 2001). CH1-5 ATG TCC AAA CTC ATC AGA CGA G 3 CH2-5 CCT TCT TTA AGA GGT TTT ACC CA 3 Como controle positivo da reação foi utilizada a amostra de Chlamydophila abortus S26/3. Como controle negativo da reação foi utilizada a mistura da reação da PCR sem DNA, contendo 10μL de água ultra-pura (OIE, 2000). O material proveniente da secreção vaginal foi cultivado em ágar base enriquecido com 8% de sangue ovino, ágar Levine e ágar Brucella. As placas foram incubadas a 37ºC em aerobiose e microaerofilia, respectivamente por 24 a 72 horas. As colônias bacterianas isoladas foram estudadas quanto aos aspectos morfológicos e tintoriais pela técnica de coloração de Gram e identificadas utilizando-se provas bioquímicas (Carter, 1986). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram examinados 23 fetos, sendo 21 abortos, um natimorto e um neonato. Destes, 18 (78,26%) eram caprinos e cinco (21,74%) ovinos. Onze (47,83%) eram machos e doze (52,17%) fêmeas. Os fetos mediam entre 50 e 435 mm, com média de 285,22 mm e idade estimada de 47 a 184 dias. Na espécie ovina, houve variação entre 405 e 435mm, correspondente às idades 126 e 133 dias, respectivamente. Todos os fetos examinados tinham acima de 8 semanas de gestação, sendo que 14 (60,9%) tinham entre 8 e 16 semanas, 8 (34,8%) tinham mais de 16 semanas e um neonato com duas semanas de nascido. Entre os fetos com mais de 16 semanas de gestação, um encontrava-se completamente formado e a termo (Tabela 1). Estes achados estão de acordo com o que foi observado por Engeland et al. (1998) que relataram perdas fetais após os 90 dias de gestação em caprinos. No presente trabalho, de 21 abortos examinados, 20 (95,23%) tinham mais de 12 semanas de idade (Tabela 1). No estado da Paraíba, as mortes perinatais foram estudadas e se observou que em cabritos e borregos, respectivamente, somente 1,69% e 4,44% ocorreram antes do parto e 16,94% e 10,0% ocorreram durante o parto. Acredita-se, no entanto, que os abortos sejam subestimados, pois são observados com freqüência nas propriedades da região (Medeiros et al., 2005; Nóbrega Jr et al., 2005). Ao exame macroscópico, a aparência dos animais foi classificada de acordo com o estado de conservação, sendo um (4,35%) considerado fresco, 4 (17,39%) parcialmente autolisados, 14 (60,87%) muito autolisados e 4 (17,39%) em processo de mumificação (Tabela 1). Estes números, embora a amostra não seja considerável, aproximam-se do que foi relatado por Engeland et al. (1998) que examinaram abortos em rebanhos caprinos na Noruega e relataram que 16% dos fetos apresentavam aparência fresca, 19% estavam mumificados em diferentes graus e 65% estavam decompostos. 20 Márcia de Figueiredo PEREIRA et al.

21 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 TABELA 01 Número dos fetos, natimortos e neonatos com respectiva espécie, sexo, tamanho, idade em dias e em semanas e aparência. Feto Espécie Sexo Medida (mm) 1 Idade (dias) 2 Idade (semanas) 3 Aparência 1 caprino macho a 13 Autolisado 2 caprino fêmea a 14 Autolisado 3 caprino macho a 14 pouco autolisado 4 caprino macho a 16 pouco autolisado 5 caprino macho a 20 Autolisado 6 caprino fêmea a 20 Autolisado 7 caprino macho a 16 Autolisado 8 caprino fêmea a 20 Autolisado 9 caprino macho a 17 Autolisado 10 caprino macho a 20 Autolisado 11 ovino macho a 20 pouco autolisado 12 ovino fêmea a 20 Autolisado 13 caprino fêmea fresco 14 caprino fêmea a 15 Autolisado 15 caprino fêmea a 15 Autolisado 16 caprino fêmea a 13 mumificado 17 caprino ND a 13 mumificado 18 caprino fêmea a 13 mumificado 19 caprino macho a 9 pouco autolisado 20 ovino fêmea a 15 mumificado 21 ovino fêmea a 15 Autolisado 22 ovino macho a 22 Autolisado 23 caprino macho a 14 Autolisado 1 Medida entre a base da nuca e a base da cauda. 2 Idade estimada pela fórmula CCC (28,8 + 0,37.X = Idade em dias) 3 Idade estimada pelo desenvolvimento do feto, segundo Sivachelvan et al. (1996). Os processos infecciosos septicêmicos, como os causados por Salmonella sp. ou Listeria sp., produzem degeneração, autólise e edemaciação dos fetos (Pérez et al., 2003). No entanto, a autólise observada na maioria dos animais examinados neste trabalho deve ser atribuída à demora na colheita e envio ao laboratório e má conservação dos fetos. Este é um fator limitante no diagnóstico das causas de aborto. Na Tabela 2, estão resumidas as alterações macroscópicas observadas nos animais. O achado mais comum foi a presença de líquido serosanguinolento na cavidade torácica, observado em 17 (73,91%) fetos, seguido do edema subcutâneo, verificado em 10 (43,48%) fetos. A presença de líquido serosanguinolento na cavidade abdominal e no saco pericárdico e a hemorragia subcutânea foram observadas em 7 (30,43%), 9 (39,13%) e 8 (34,78%) animais, respectivamente. O fígado apresentou-se friável em 6 (35,29%) fetos caprinos como também em um (20,0%) ovino. De acordo com Riet-Correia & Mendez (2003), a presença de líquido sero-hemorrági- Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado [...] 21

22 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 TABELA 02 Achados de necropsia em fetos, natimortos e neonatos ovinos e caprinos, Recife, PE, N ES 1 LCT 2 LCA 3 LP 4 HS 5 HC 6 HP 7 Con 8 Pne 9 LH 10 Mum 11 S/A 12 1 x x 2 x x x 3 x 4 x x x 5 x x x x x 6 x 7 x x x 8 x x x 9 x x x x x 10 x x x x 11 x x x x 12 x x 13 x x x 14 x x x x x x 15 x x 16 x 17 x 18 x x 19 x 20 x x x 21 x x x x 22 x x x 23 x x 10 43,48% 17 73,91% 7 30,43% 9 39,13% 8 34,78% 1 4,35% 1 4,35% 2 8,70% 2 8,70% 1 4,35% 4 17,39% 2 8,70% 1 ES = Edema subcutâneo; 2 LCT = Líquido na cavidade torácica ; 3 LCA = Líquido na cavidade abdominal; 4 LP = Líquido pericárdico; 5 HS = Hemorragia subcutânea; 6 HC = Hemorragia no coração; 7 HP = Hemorragia pulmonar; 8 Con = congestão de órgãos; 9 Pne = pneumonia; 10 LH = lesão hepática; 11 Mum = mumificação; 12 S/A = sem alterações. co nas cavidades torácica e abdominal e a autólise, principalmente no fígado e rim, além de ausência de sinais de viabilidade fetal, indicam que a morte ocorreu antes do parto. Portanto, a presença de líquido subcutâneo, nas cavidades e no pericárdio, pode ser uma alteração pós-morte no feto. Um fluido gelatinoso sanguinolento pode ser evidenciado no tecido subcutâneo após 96 horas. O hidrotórax é observado entre 24 horas até 144 horas após a morte do feto. A ascite inicia-se após 16 horas, adquirindo uma coloração hemorrágica por volta das 72 horas e desaparece após 144 horas (Pérez et al., 2003). Portanto, estes achados podem estar relacionados a causas infecciosas de abortamento, como clamidiose, brucelose e campilobacteriose (Jones et al., 2000). Contudo, não são específicos para o diagnóstico da causa de aborto nos pequenos ruminantes. Ao exame macroscópico, dois (8,7%) cabritos apresentaram pneumonia (Tabela 2). À histopatologia, foi observado infiltrado inflamatório no 22 Márcia de Figueiredo PEREIRA et al.

23 TABELA 03 N Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 Pulmão Coração Fígado Rim Baço EV In EV EV Hi De In NM EV Ci De EV In Dp 01 X X X X X X 02 X X X X X 03 X X X X X X X X 04 X X X X X X 05 X X 06 X X 07 X 08 A A A A A A A A A A A A A A 09 A A A A A A A A A A A A A A 10 X 11 X X X 12 A A A A A A A A A A A A A A 13 X X 14 X X X 15 A A A A A A A A A A A A A A 16 X X 17 A A A A A A A A A A A A A A 18 A A A A A A A A A A A A A A 19 A A A A A A A A A A A A A A 20 X Achados histopatológicos em pulmão, coração, fígado, rim e baço de fetos, natimortos e neonatos de caprinos e ovinos, Recife, PE, A A A A A A A A A A A A A A 22 A A A A A A A A A A A A A A 23 X EV = endotélio vascular reativo; Hi = hiperemia; De = alterações degenerativas; In = infiltrado inflamatório; NM = áreas de necrose e mineralização; Ci = alterações circulatórias; Dp = depleção de células linfóides; A = autólise. pulmão de oito (34,78%) fetos (Tabela 3). O infiltrado inflamatório é sugestivo de etiologia infecciosa, mas isoladamente é insuficiente para determinar o diagnóstico etiológico (Okana et al., 2003). Em pequenos ruminantes, a pneumonia é relatada em fetos abortados em conseqüência de infecção por Campylobacter ou Leptospira sp (Jones et al., 2003; Campero et al., 2005; Szeredi et al., 2006). A presença de problemas pulmonares não é rara como causa de morte em ovinos e caprinos. Medeiros et al. (2005), examinando 59 cabritos com infecção neonatal necropsiados na Paraíba, relataram que 12 apresentaram afecções respiratórias (pleurite e broncopneumonia). Ao exame microscópico, todos os fetos apresentaram algum grau de autólise em pelo menos uma das amostras colhidas. Em nove (39,13%) fetos, a autólise foi a única observação possível à histologia (Tabela 3). Isso acontece nesse tipo de material devido à morte ocorrer algum tempo antes do abortamento, como também ao longo período de tempo que o tratador leva até encontrar os fetos abortados nas pastagens (Okano et al., 2003). Com relação aos achados do pulmão foram Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado [...] 23

24 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 TABELA 04 N Cérebro ES 1 LCT 2 LCA 3 LP 4 HS 5 3 x x x x 4 x x 6 x x 7 x x x x 22 Achados histopatológicos no cérebro de fetos, natimortos e neonatos de caprinos e ovinos, Recife, PE, Total Ci = alterações circulatórias; 2 EV = endotélio vascular reativo; 3 Mg = reação de células microgliais; 4 Tr = Presença de trombos; 5 NM = áreas de necrose e mineralização. *As amostras de encéfalo dos fetos 1, 2, 5, 10, 11, 14 a 21 e 23 não pode ser processado devido ao avançado estado de autólise. observadas reação do endotélio vascular, migração leucocitária, edema, hiperemia, pneumonia intersticial e degeneração da parede vascular, respectivamente em 9/23 (39,13%), 4/23 (17,39%), 1/23 (4,34%), 3/23 (13,04%), 3/23 (13,04%), 5/23 (21,74%). Esta última lesão também foi encontrada no coração de um caprino. No coração de 3/23 animais foi observada reação do endotélio vascular. No fígado, observou-se hiperemia, dilatação dos sinusóides, degeneração de hepatócitos e necrose seguida de calcificação em 2/23 (8,70%), 2/23 (8,70%), 4/23 (17,39%), 1/23 (4,34%), dos caprinos, respectivamente. Focos de hematopoese, considerados normais no feto, também foram vistos no fígado. No baço, foi visualizado depleção linfóide 2/23 (8,70%), reação do endotélio vascular 2/23 (8,70%) e infiltrado inflamatório em 2/23 (8,70%). Nos rins foram encontradas áreas de hemorragia na cortical em 1/23 (4,34%), reação do endotélio vascular em 3/23 (13,04%) e degeneração de epitélio tubular em 1/23 (4,34%). O achado histopatológico mais comum foi uma reação do endotélio vascular, observada no pulmão de nove (39,13%) fetos, mas também no coração, fígado, rim, baço (Tabela 3) e cérebro (Tabela 4). Onze (47,83%) fetos apresentaram alguma alteração histológica no pulmão, 6 (26,09%) no fígado, 3 (13,04%) no rim, 4 (17,39%) no baço (Tabela 3) e 4 (17,39%) no cérebro (Tabela 4). A reação do endotélio vascular e a congestão encontrada em alguns dos órgãos, não têm muito significado para diagnóstico devido a sua inespecificidade (Jones et al, 2000). Porém, são eventos encontrados em processos inflamatórios, sendo, então, sugestivos de algum tipo de infecção. Lesões hepáticas foram observadas em seis (26,08%) amostras, incluindo hiperemia em três (13,04%), alterações degenerativas em cinco (21,74%), infiltrado de células inflamatórias em três (13,04%) e focos de necrose e mineralização em um (4,34%). Em nove amostras (39,13%), o fígado já apresentava autólise avançada, impossibilitando a avaliação histológica. A presença de alterações degenerativas caracterizadas por vacuolização citoplasmática dos hepatócitos e do epitélio tubular renal foi relatada em fetos normais e foi associada a acúmulo de glicogênio. Este achado é fisiológico e está relacionado ao desenvolvimento fetal. Por outro lado, necrose de hepatócitos e de túbulos renais também é relatada em abortos infecciosos (Okano et al., 2003). A hepatite necrótica multifocal é uma lesão específica também do aborto por Campylobacter sp, mas não é uma lesão patognomônica. Alterações semelhantes ocorrem no aborto por Listeria sp (Kennedy e Miller, 1992). No rim, além da reação do endotélio vascular 24 Márcia de Figueiredo PEREIRA et al.

25 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 observada em três animais, alterações circulatórias foram identificadas em um animal. Outras nove amostras estavam muito autolisadas para exame histológico. O rim e o fígado são órgãos que entram em autólise muito rapidamente, e, portanto, seu exame histológico é geralmente difícil ou impossível. Apesar disso, é importante realizar o exame destes órgãos, pois alguns agentes causadores de abortamento podem ser identificados neles, como a Leptospira sp. e outras bactérias (Acland, 1998). A depleção linfóide com reação fagocitária é um sinal de processo inflamatório, sendo, além disso, identificada a degeneração de células linfóides e migração e marginação no baço, todos característicos de inflamação (Jones et al, 2000). Os centros germinais esplênicos podem apresentar-se hipocelulares em estados hiperimunes, associados a processos infecciosos. Infecções maciças causam linfólise das células do centro folicular, com produção de debris nucleares e exposição das células reticulares dendríticas. Os fragmentos nucleares são rapidamente removidos e o centro folicular aparece vazio (Valli, 1992). Em fetos bovinos normais, a ausência de folículos linfóides foi considerada como imaturidade do tecido linfóide, relacionada à idade do feto (Okano et al., 2003). Em 14 (60,87%) animais, não foi possível realizar o processamento histopatológico do sistema nervoso central devido ao avançado estado de autólise, tornando o cérebro liquefeito (Tabela 4). Nos nove fetos onde o material estava viável para exame histológico foram observadas alterações circulatórias e reação do endotélio vascular em 3 (33,33%) e 2 (22,22%) fetos, respectivamente. Em cinco (55,55%) amostras foi observada reação de células microgliais. Em um feto que apresentava necrose com calcificação no cérebro também foi observada a mesma lesão na placenta obtida juntamente com este feto. A microgliose, principalmente quando associada à necrose e mineralização, é relatada pelos autores em abortos por T. gondii e Neospora caninum (Dubey et al., 1990; Jenkins et al., 2002). No cerebelo (3/17), além da congestão observada em um dos animais, também foram observadas áreas de hemorragia em dois animais e reação do endotélio vascular em um outro animal. Em um feto, foi observado a presença de trombo intravascular no cérebro e no fígado, um achado também associado à infecção pelo T. gondii (Dubey et al., 1990). Somente quatro fetos vieram acompanhados da placenta. Destes, dois apresentaram espessamento, áreas de necrose e mineralização, confirmado pelo exame histopatológico. Uma das placentas apresentou somente infiltrado inflamatório mononuclear (Tabela 5). A ausência da placenta para exames e diagnóstico tem sido incriminado por reduzir as possibilidades de diagnóstico das causas de abortamento (Plant et al., 1972; Pérez et al., 2003). Acredita-se que todos os agentes infecciosos causadores de aborto multiplicam-se e passam pela placenta em seu trajeto para o feto (Pérez et al., 2003). Muitos agentes infecciosos ocasionam alterações macroscópicas e microscópicas exclusivamente na placenta, como pode ocorrer nos casos de infecção por Campylobacter jejuni e Coxiella burnetii (Szeredi et al., 2006). A Chlamydophila abortus, Coxiella burnetii e Brucella sp ocasionam as lesões mais significativas na placenta (Molello et al., 1963; Pérez et al., 2003). Para o diagnóstico do T. gondii, a placenta é um dos materiais preferidos para o exame histopatológico (Bueno et al., 2004). Por isso, a ausência da placenta na maioria dos casos de abortamento estudados prejudicou o diagnóstico de suas causas. Nos rebanhos acometidos pela toxoplasmose, observa-se o adiantamento da data prevista dos partos em um grupo de matrizes (partos prematuros) e o nascimento de animais debilitados e Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado [...] 25

26 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 pouco viáveis intercalados com partos normais e expulsão de fetos mumificados. Estes achados foram observados neste estudo, inclusive a mumificação fetal que é freqüente na espécie caprina (Barberan e Marco, 1997) e foi observada em dois fetos caprinos de gestação gemelar e procedentes de uma propriedade estudada, além de um outro caprino de gestação simples e um ovino. A mumificação do feto morto pode ser conseqüência de doenças genéticas, infecções virais e protozoários e insuficiências placentárias (Kennedy e Miller, 1992). Segundo Pérez et al. (2003), em pequenos ruminantes, a mumificação é observada principalmente em casos de abortamento por Toxoplasma gondii e pestivírus, mas deve-se fazer o diagnóstico diferencial com clamídia, Febre Q e vírus de Border (Mobini et al., 2004). Até o momento, a Coxiella burnetii e o vírus de Border não foram relatados no Brasil. A Clamídia, por outro lado, já foi isolada em búfalos (Freitas e Machado, 1988) e touros (Gomes et al., 2001) e há estudos sorológicos demonstrando a presença da infecção em ovinos e caprinos (Piatti et al., 2006). As lesões anátomo e histopatológicas foram classificadas de acordo com descrições prévias dos achados na Toxoplasmose (Bueno et al., 2004; Pérez et al., 2003), em inespecífica ou ausente, compatível ou característica de toxoplasmose fetal. Somente um feto (4,35%) apresentou lesões características de toxoplasmose, caracterizada por áreas focais de necrose e mineralização com infiltrado inflamatório circunjacente no encéfalo, placenta e fígado (Feto no. 7). Cinco (21,74%) fetos apresentaram alterações consideradas compatíveis com toxoplasmose, sendo 4 mumificados e um com foco de necrose e mineralização na placenta e no encéfalo, embora não tenha sido realizado outros testes laboratoriais para confirmar a presença de formas parasitárias nos tecidos examinados. Por outro lado, foram encontrados 26,4% de sororeagentes para T. gondii nos rebanhos de onde alguns fetos eram provenientes. Este achado associado às lesões histopatológicas compatíveis com este protozoário, faz suspeitar da participação deste agente como causa de aborto em caprinos e ovinos na região estudada. As lesões típicas observadas em placentas infectadas pelo T. gondii são focos de inflamação e necrose localizados exclusivamente nos cotilédones, enquanto que as áreas intercotiledonárias geralmente não estão afetadas. Esses focos são brancos, calcários e geralmente múltiplos e encontrados somente na metade das placentas afetadas (Barberan e Marco, 1997). Neste trabalho, encontrou-se lesão de necrose e calcificação em cérebro e placenta de um feto caprino abortado (Figuras 3 e 4). Estes achados, nestas duas estruturas, são sugestivos da infecção pelo T. gondii, no entanto, para o diagnóstico desta enfermidade, outros exames laboratoriais seriam necessários, tais como, isolamento do parasita através de inoculação intraperitonial em camundongo, imunohistoquímica e PCR. Dois fetos (4 e 12) apresentaram lesões macroscópicas compatíveis com a infecção por clamídia, caracterizadas por hemorragias no miocárdio e no pulmão (Jones et al, 2000; Szeredi et al., 2006). No aborto por clamídia, os principais achados macroscópicos na placenta são focos de necrose nos cotilédones, espessamento do córion com formação de pseudomembranas amarelo acinzentadas e no feto ascite, edema subcutâneo, líquido avermelhado nas cavidades, petéquias no coração e pulmões e manchas amareladas no fígado. À histopatologia, as áreas de necrose dos cotilédones estão cercadas por infiltrado focal e difuso de neutrófilos e plasmócitos, degeneração vascular hialina na placenta e infartos esplênicos, dilatação dos capilares e extravasamento de sangue (Caro et al., 2003), necrose de coagulação no fígado, com infiltrado mononuclear, no feto (Kennedy e Miller, 1992). As lesões histológicas encontradas no material estudado não foram, portanto, suficientes para associar os abor- 26 Márcia de Figueiredo PEREIRA et al.

27 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 tamentos a este agente. Neste estudo, 10,3% das amostras de caprinos e ovinos examinadas para a pesquisa de anticorpos anti-chlamydophila sp. foram sororeagentes. Contudo, apesar da infecção estar presente em alguns dos rebanhos de onde foram colhidos os fetos, não se pode atribuir os casos de aborto a esse agente, uma vez que 100% das amostras foram negativas na pesquisa do DNA da bactéria. Considerando que apenas duas amostras de placenta foram incluídas neste teste e que, na maioria dos casos, a infecção por clamídia está restrita à placenta, permanecendo o feto livre de infecção (Szeredi et al., 2006), a clamidiose não pode ser completamente descartada como uma das possíveis causas de abortamento entre os animais estudados. Os fetos 5 e 6 eram procedentes de uma propriedade do município de Vicência, onde foram realizados exames clínicos, microbiológicos e sorológicos em cabras que haviam abortado. Uma cabra que havia parido dois cabritos natimortos e um vivo dois dias antes do exame, apresentava corrimento vulvar sanguinolento. O exame bacteriológico do material isolou Streptococcus sp e Escherichia coli. Esta cabra apresentou sorologia negativa para clamídia e brucela e positiva para Toxoplasma gondii, porém com título baixo (1:64). O animal 13, um neonato de 2 semanas de vida, era proveniente de uma propriedade onde havia animais sorologicamente positivos para clamídia e toxoplasma. Em visita à propriedade, foi examinada uma cabra com corrimento vulvar catarral, de onde foi isolado Staphylococcus sp. Esta mesma cabra apresentou sorologia positiva para clamídia (1:32) e para toxoplasma (1:256). Não se isolou Brucella sp em nenhuma das amostras estudadas. Os agentes infecciosos foram considerados uma causa menos importante de aborto em alguns trabalhos. Engeland et al. (1998) relatou não haver conseguido isolar agente infeccioso em 95% de abortos examinados. Nos demais fetos, isolou-se Listeria monocytogenes, inclusive de descargas vaginais de uma cabra. Os autores também relacionaram casos de aborto a sorologia positiva para T. gondii, mas não encontraram evidência de infecção por Neospora caninum ou Chlamydophila abortus. Algumas bactérias como Escherichia coli, Serratia marcescens, Pseudomonas sp, Staphylococcus spp. e Arcanobacterium pyogenes, podem estar eventualmente envolvidos em casos esporádicos de abortos nestas espécies. Contudo, estas bactérias são muito ubíquas no meio ambiente e geralmente não se associam a surtos de abortos. Considerando os resultados obtidos neste estudo quanto ao isolamento de bactérias como Staphylococcus spp., Escherichia coli e Streptococcus spp. da mucosa vaginal de matrizes da espécie caprina que apresentavam histórico de aborto, não é possível confirmar o envolvimento destas bactérias, uma vez que segundo Kirkbride (1990), para confirmar a participação destas bactérias em casos de abortos nestas espécies é necessário que seu isolamento ocorra em cultivo puro e que este esteja associado a lesões purulentas na placenta ou tecidos fetais. As bactérias foram isoladas em culturas puras, contudo não foi possível o estudo das lesões nos fetos e placenta para confirmar tal etiologia uma vez que quando da visita às propriedades, os fetos e placentas já não existiam mais. Esse fato é muito freqüente no campo, dificultando na grande maioria das vezes a obtenção de amostras adequadas para o estudo etiológico dos casos de abortos. Quanto ao aborto por Brucella sp, os resultados deste estudo descartam a participação desta bactéria nas falhas reprodutivas nas propriedades estudadas, uma vez que todos os animais testados independente de terem abortado ou não, foram negativos aos testes sorológicos utilizados no diagnóstico da infecção. Outro achado clínico freqüentemente relatado na brucelose ovina, além dos abortos, retenção de placenta e endo- Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado [...] 27

28 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 metrite nas fêmeas, é a epididimite nos machos que pode ser detectada pela palpação da cabeça, corpo e cauda do epidídimo (Blasco e Barberan, 1990). Contudo, este sinal clínico não foi observado ao exame clínico dos testículos dos reprodutores das propriedades visitadas, confirmando os achados dos exames sorológicos que excluem a doença nos rebanhos. Outros fatores associados a ocorrência de aborto e não avaliados neste estudo, podem estar presentes e serem causa dos mesmos. Condições ambientais, como iluminação nos alojamentos dos animais e presença de concentrações altas de animais são relacionadas a ocorrência de aborto (Engeland et al., 1998). Segundo Medeiros et al. (2005) a maioria dos casos de morte perinatal está associada a falhas de manejo. As causas nutricionais, metabólicas e tóxicas também podem estar implicadas na etiologia dos abortos (Mobini et al., 2004). Grande parte das criações de caprinos e ovinos em alguns estados da região Nordeste não possuem um manejo nutricional diferenciado para as fêmeas em final de gestação e lactação (Medeiros et al., 2005). Um alto percentual de aborto tem sido observado na época seca (Silva e Silva, 1983). Há, ainda, numerosas plantas na região que têm efeito abortivo, como Aspidosperma pyrifolium ( pereiro ) (Nóbrega Jr. et al., 2005). Este é o primeiro estudo de casos de aborto em Pernambuco incluindo a tentativa de diagnóstico etiológico por métodos histológicos e PCR para C. abortus. A falta da placenta entre o material enviado e avançado estado de autólise das amostras contribuíram significativamente para que não fosse possível determinar o agente etiológico da maioria dos casos. Porém, pelo menos um feto enviado com a placenta apresentava características histopatológicas de aborto por T. gondii, o que alerta para a possível importância deste agente nos abortamentos em caprinos e ovinos, uma vez que o mesmo encontra-se disseminado nos rebanhos estudados nas Regiões da Zona da Mata e Agreste Pernambucano. CONCLUSÃO O Toxoplasma gondii está presente nos rebanhos de caprinos e ovinos e é um agente potencial do abortamento destas espécies. A participação da Chlamydophila abortus na ocorrência de abortos em ovinos e caprinos não deve ser descartada, apesar do agente não ter sido identificado nas amostras estudadas. O diagnóstico das causas de abortamento em caprinos e ovinos é limitado pela má conservação do material e porque ainda não há um hábito dos proprietários encaminharem a placenta junto com o feto ao laboratório. Os programas sanitários devem incluir a educação de criadores e trabalhadores que atuam em caprino e ovinocultura para que estes saibam qual o material adequado a ser enviado para diagnóstico, além de não deixar que restos de abortos contaminem o ambiente, perpetuando possíveis agentes infecciosos no rebanho. REFERÊNCIAS ACLAND, H.M. Sistema Reprodutor da Fêmea. In: Carlton, W.W.; McGavin, M.D. PATOLOGIA VETERI- NÁRIA ESPECIAL DE THOMSON, 2a. ed., p , BARBERAN, M.; MARCO, J.C. Patogenia, cuadro clinico y lesional-toxoplasmosis. Revista Ovis: Tratado de Patologia y Produccion Ovina, Madrid, n. 52, p , septiembre BARROS, E.E.L. Considerações sobre a produção de caprinos e ovinos no Brasil. Disponível na Internet: capturado em 25/05/2004. BLASCO, J.M.; BARBERAN, M. Epidemiologia, patogenia y cuadro clinico - Brucelosis. Revista Ovis: Tratado de Patologia y Producción Ovina, Madrid, n. 8, p.25-32, mayo BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Programa Nacional de Controle e erradicação da Brucelose e Tuberculose. Disponível na Internet: capturado em 10/07/2006, On line. BUENO, J.P.; GOZALO, A.Q.; PÉREZ, V.P.; GARCIA, G.A.; FERNÁNDEZ, E.C.; MORA, L.M.O. Evaluation of ovine abortion associated with Toxoplasma gondii in Spain by different diagnostic techniques. Veterinary 28 Márcia de Figueiredo PEREIRA et al.

29 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 Parasitology, v.121, n.1-2, p.33-43, CAMPERO, C.M.; ANDERSON, M.L.; WALKER, R.L.; BLANCHARD, P.C.; BARBANO, L.; CHIU, P.; et al. Immunohistochemical identification of Campylobacter fetus in natural cases of bovine and ovine abortion. Journal of Veterinary Medicine Series B, v.52, n.3, p , CARO, M.R.; BUENDIA, A.J.; GALLEGO, M.C.; SALI- NAS, J. Patogenia y cuadros clinicos. Ovis Aula Veterinaria (Clamidiosis), Madrid, n.37, p.23-39, CARTER, G. R. Fundamentos de Bacteriologia e Micologia Veterinária. 1º. Ed. São Paulo: Roca, p. CHOMCZYNSKI, P. A reagent for the single step simultaneous isolation of RNA, DNA and proteins from cells and tissue samples. Biotechniques, v.15, p , DUBEY, J.P.; SONN, R.J.; HEDSTROM, O.; SNYDER, S.P.; LASSEN, E.D. Sorologic and histologic diagnosis of toxoplasmic abortion in sheep in Oregon. Journal of American Veterinary Medical Association, v.196, n.2, p , ENGELAND, I.V.; WALDELAND, H.; ANDRESEN, O.; LOKEN, T.; BJÖRKMAN, C.; BJERKAS, I. Foetal loss in dairy goats: an epidemiological study in 22 herds. Small Ruminant Research, v.30, n.1, p.37-48, FREITAS, J.A.; MACHADO, R.D. Isolamento de Chlamydia psittaci em búfalos abatidos para consumo em Belém, Pará. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.8, n.3/4, p.43-50, GOMES, M.J.P.; WALD, V.B.; MACHADO, R.D.; SIL- VEIRA, M.C. Isolamento de Chlamydia psittaci em touros com vesiculite seminal, no Rio Grande do Sul. A Hora Veterinária, v., n.119, p.43-46, HARTLEY, J.C.; KAYE, S.; STEVENSON, S.; et al. PCR detection and molecular identification of Chlamydiaceae species. Journal of Clinical Microbiology, v.39, p , IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática SI- DRA. Disponível na Internet: gov.br, capturado em 10/07/2006, On line. INNES, E.A. & REDONDO, M.I.R. Diagnostico. Ovis Aula Veterinaria (Toxoplasmosis), Madrid, n. 52, p , JENKINS, M.; BASZLER, T.; BJORKMAN, C.; et al. Diagnosis and seroepidemiology of Neospora caninum- -associated bovine abortion. International Journal for Parasitology, v.32, n.5; p , JONES, T.C.; HUNT, R.D.; KING, N.W. Patologia Veterinária, 6ª ed., São Paulo: Manole, 2000, 1415p. KENNEDY e MILLER, The Reproductive System. In: JUBB, K.V.F.; KENNEDY, P.C.; PALMER, N. Pathology of Domestic Animals. 3a. ed., v.3, p KIRKBRIDE, C.A. Laboratory diagnosis of livestock abortion. 3ª ed. Iowa State University Press 1990; 260 p. Ames. LEAL, T.M.; QUIRIN, R.; GUIMARÃES FILHO, C. Estudo do aborto caprino sob condições extensivas de criação no semi-árido baiano. Pesquisa em Andamento CPATSA, Petrolina, n.69, 3p MEDEIROS, J.M.; TABOSA, I.M.; SIMÕES, S.V.D.; et al. Mortalidade perinatal em cabritos no semi-árido da Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.25, n.4, p., MOBINI, S.; HEATH, A.M.; PUGH, D.G. Teriogenologia de Ovinos e Caprinos. In: PUGH, D.G. Clínica de Ovinos e Caprinos. Ed. Roca. p MOLELLO, J.A.; JENSEN, R.; COLLIER, J.R. et al. Placental pathology. III. Placental lesions of sheep experimentally infected with Brucella abortus. American Journal of Veterinary Research, v.24, n.102, p , NÓBREGA JR, J.E.; RIET-CORREA, F.; NÓBREGA, R.S. et al. Mortalidade perinatal em cordeiros no semi- -árido da Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.25, n.3, OKANO, W.; BRACARENSE, A.P.R.F.L.; REIS, A.C.F.; ALFIERI, A.A. Achados histológicos em fetos bovinos abortados e não abortados. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootécnica, Belo Horizonte, v. 55, n. 2, p , PÉREZ, A. L.; MORENO, B.; ADURIZ, G. Necropsia y toma de muestras de abortos ovinos. Revista Ovis: Tratado de Patologia y Produccion Ovina, Madrid, n. 86, p , mayo PIATTI, R.M.; SCARCELLI, E.P.; GENOVEZ, M.E. Pesquisa de anticorpos anti-chlamydophila em caprinos e ovinos. O Biológico, v.68, sup.2 (19o. RAIB), p , PINHEIRO, R. R. et al., Aspectos epidemiológicos da caprinocultura cearense. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte MG, v. 52, n. 5, p , PLANT, J.W.; BEH, K.J.; ACLAND, H.M. Laboratory findings from ovine abortion and perinatal mortality. Australian Veterinary Journal, v.48, p , POUDEVIGNE, F.; INÁCIO NETO, A.; CHARLES, T. P. Observações sobre epidemiologia dos abortos em caprinos do distrito de Massaroca, Juazeiro BA. In: CON- GRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁ- RIA, 21, 1988, Salvador BA. Programa e anais... Salvador BA: SBMV, PROPHET, E. B. ; MILLS, B. ; ARRINGTON, J. B. ; SO- BIN, L. H. Laboratory Methods in Histotechnology. Washington, American Registry of Pathology, RIET-CORREA, F.; MÉNDEZ, M.C. Mortalidade perinatal em ovinos In: RIET-CORREA, F. et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. 2ª ed., v.2, São Paulo: Varela, 2001, cap. 6, p Estudo de casos de aborto em caprinos e ovinos no estado [...] 29

30 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 ROSENBERGER, G. Exame Clínico dos Bovinos. 3ºed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993, 419p. SCHWARZE, G.M. W. Embriologia veterinaria. Ed. Acribia, Zaragoza, SILVA, A.V.; CUNHA, E.L.P.; MEIRELES, L.R. et al. Toxoplasmose em ovinos e caprinos: estudo soroepidemiológico em duas regiões do Estado de Pernambuco, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.1, p , SILVA, M.U.D.; SILVA, E.D.F. Possíveis causas de aborto em caprinos. Diagnóstico, tratamento, Profilaxia. Comunicado Técnico EMBRAPA, Sobral, n.12, 11p SIVACHELVAN, M.N.; ALI, M.G.; CHIBUZO, G.A. Foetal age estimation in sheep and goats. Small Ruminant Research, v.19, p.69-76, SOUZA, D. M. B. Avaliação ultra-sonográfica do crescimento fetal em caprinos. Recife, p. Dissertação (Mestrado em Ciência Veterinária, Área de concentração: Reprodução Animal) Universidade Federal Rural de Pernambuco. SZEREDI, L.; JÁNOSI, S., TENKE, M.; TEKES, L.; BOZ- SÓ, M.; DEIM, Z.; MOLNÁR, T. Epidemiological and pathological study on the causes of abortion in sheep and goats in Hungary ( ). Acta Veterinaria Hungarica, v.54, n.4, p , VALLI, The Hemocitopoietic System. In: Jubb, KVF; Kennedy, P.C.; Palmer, N. Pathology of Domestic Animals, 3a.ed, v.3, p., VIEIRA, L. S.; CAVALCANTE, A. C. R. ; XIMENES, L. F. Epidemiologia e controle das principais parasitoses de caprinos nas regiões semi áridas do Nordeste. Sobral: EMBRAPA-CNPC, 50p, Márcia de Figueiredo PEREIRA et al.

31 Mapa de Risco do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária Simone Gutman VAZ; 1 * Telga Lucena Alves Craveiro de ALMEIDA 2 ; Hélio Cordeiro MANSO FILHO 3 ; Miriam Nogueira TEIXEIRA 4 ; Eneida Willcox RÊGO 4 ; Aderaldo Alexandrino de FREITAS 4 RESUMO As avaliações de risco constituem um conjunto de procedimentos com objetivo de estimar o potencial de danos à saúde ocasionados pela exposição de indivíduos a agentes ambientais. Objetivou-se elaborar o Mapa de Risco, do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Campus Recife. As atividades da rotina do laboratório foram registradas, analisadas, bem como os tipos de riscos categorizados. A metodologia utilizada consistiu de entrevistas com roteiro, participação dos estudantes, técnicos administrativos e professores. Quanto ao layout, obteve-se verificando in locun a disposição das bancadas, e dinâmica de uso dos equipamentos e materiais (químicos, físicos e biológicos), utilizando recursos fotográficos e planta baixa. O risco biológico, de acidentes e ergonômico foram considerados altos. Já o risco físico e químico foi referido como baixo. Com Mapa de Risco identificou-se as fontes de risco (perigos) químico, físico, biológico, ergonômico e de acidentes aos Professores, Estudantes e Técnicos Administrativos, e sensibilizou todos sobre os riscos individuais e coletivos inerentes ao local pesquisado. PALAVRAS-CHAVE ABSTRACT agentes ambientais, perigo, saúde, segurança, trabalho Risk Map in Clinical Veterinary Pathology Laboratory Risk assessments are a set of procedures in order to estimate the potential damage to health caused by exposure of individuals to environmental agents. This report aimed to develop the Risk Map in the Clinical Veterinary Pathology Laboratory, Department of Veterinary Medicine, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife Campus. The routine activities of the laboratory were recorded, analyzed, and types of risks were categorized. We used interviews with resource script, participation of students, teachers and administrative staff. As for the design, it was obtained in locun checking the layout of the benches, and dynamic use of equipment and materials (chemical, physical and biological), using photographic resources and floorplan. The biological risk of ergonomic injuries and were considered high. Physical and chemical risks were considered low. Risk Map identified sources of risk (hazards), chemical, physical, biological, ergonomic and accidents to Teachers, Students and Technical Administrators, and touched on all the individual risks and collective, from the study location. Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinária UFRPE. simone_ gutman@hotmail.com 2 Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinária UFRPE 3 Professor do Departamento de Zootecnia, UFRPE, Recife, PE 4 Professor do Departamento de Medicina Veterinária, UFRPE, Recife, PE *Autor para correspondência KEYWORDS environmental agents, danger, health, safety, labor 31

32 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 INTRODUÇÃO As avaliações de risco objetivam estimar o potencial de danos à saúde ocasionados pela exposição de indivíduos a agentes ambientais. Tais avaliações auxiliam no controle e na prevenção dessa exposição (PORTO et al. 1997). Freitas et. al., (2003) consideram que estas avaliações são realizadas tradicionalmente por especialistas que aplicam métodos científicos para identificar e mensurar quantitativamente os riscos. Baseiam-se também em instrumentos pré-definidos por comissões de biossegurança ou controle de qualidade para avaliar os riscos e a conformidade com as práticas de segurança, tendo como objetivo explícito garantir a observância de padrões estabelecidos por especialistas, que dominam um saber técnico, modelando inclusive o comportamento dos trabalhadores (ROCHA et al.,2000 ; CARDOSO et al., 2000). A avaliação de riscos ambientais, à qual se filiam a metodologia de mapa de risco, prioriza a identificação dos riscos enfrentados pelos trabalhadores e isso implica numa discussão coletiva sobre as fontes dos riscos, o ambiente de trabalho e as estratégias preventivas para reduzir os riscos identificados (SANTOS et al., 2000; HÖ- KERBERG et al., 2006). Portanto, Mapa de Risco uma representação gráfica de um conjunto de fatores que podem estar presentes nos locais de trabalho, carretando prejuízos à saúde dos trabalhadores: acidentes e doenças de trabalho (MATTOS & SIMONI, 1993). O trabalho nas instituições de saúde envolve riscos gerais e outros específicos a cada área de atividade, podendo inclusive ser classificados em: Riscos de Acidentes, Riscos Ergonômicos, Risco Físico, Riscos Biológicos e Riscos Químicos (BRASIL, 1978a). Os equipamentos de proteção têm o seu uso regulamentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em sua Norma Regulamentadora nº - 6 (NR-6). São classificados em equipamentos de proteção individual (EPI) ou coletiva (EPC). Equipamento de proteção individual é todo dispositivo de uso individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador (BRASIL, 1978 a). Os equipamentos de proteção coletiva são dispositivos utilizados no ambiente laboral com o objetivo de proteger os trabalhadores dos riscos inerentes aos processos de trabalho (BRASIL, 1978 b). O mapeamento de risco surgiu na Itália no final da década de 60 e início de 70, através do movimento sindical, com origem na Federazione dei Lavoratori Metalmeccanici (FLM) que, na época, desenvolveu um modelo próprio de atuação na investigação e controle das condições de trabalho pelos trabalhadores, o conhecido Modelo Operário Italiano (MATTOS & SIMONI, 1993). Chegou ao Brasil no início da década de 80, com diferentes versões. Uma enfocando a Saúde e Ambiente de Trabalho (DIESAT, 1989); e outra a Segurança e Medicina do Trabalho (ABRAHÃO, 1993). No Brasil tornou-se a partir da Portaria nº 5 de 18/08/94 do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (DNSST) do Ministério do Trabalho (MTb), que estabeleceu a obrigatoriedade da confecção do Mapa de Riscos Ambientais para todas as empresas do país que tenham Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) conforme relatado por Teixeira et al. (1998). Segundo a legislação brasileira em Segurança e Medicina do Trabalho, em particular a NR-5, a construção do Mapa de Risco é responsabilidade da CIPA, que deve desenvolver atividades que possibilitem a participação de todos os trabalhadores da empresa, de tal forma que a observação das condições de trabalho e as recomendações para as melhorias sejam resultados do conhecimento do conjunto dos trabalhadores. Para que isso aconteça é necessário em primeiro plano, um estudo preliminar das atividades e do ambiente 32 VAZ SG et al.

33 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 QUADRO 01 Simbologia usada no Mapa de risco com Esboço do LPVC. Símbolo Significado Símbolo Significado Pia Estufa Microscópio E Estantes Recepção de Amostras D Destilador Computador C Centrífuga Telefone BM Banho-maria Deionizador G Geladeira Contador de Células F Freezer de trabalho (MATTOS & SIMONI, 1993). O descaso aos riscos presentes nas atividades de pesquisa em laboratórios ou mesmo em trabalhos de rotina, já prejudicou e tem prejudicado ao longo do tempo, vários profissionais. Segundo Orestes-Cardoso et al. (2009), em seu trabalho em duas Faculdades de Odontologia de Recife-PE, constatou-se que a prevalência de alunos acidentados nas duas instituições foi de 25,3%, com percentual mais elevado nos alunos do 8º ao 10º períodos (35,3%). Dos acidentados, 34,2% foram orientados por professores em relação às medidas profiláticas. A maioria (73,7%) se restringiu a lavar o ferimento com água e sabão. Apenas 13,2% procuraram serviço médico especializado em acidentes ocupacionais, no entanto, 88,7% classificaram o conhecimento que tinham acerca de medidas profiláticas pós-acidentes de razoável a bom. Neste contexto, objetivou-se com este trabalho elaborar o Mapa de Risco do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária (LPCV) do Departamento de Medicina Veterinária (DMV) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)- Campus Recife. MATERIAL E MÉTODO O Mapa de Risco foi desenvolvido no Departamento de Medicina Veterinária/UFRPE- Campus/Recife, no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária (LPCV), no período de dezembro de 2009 a fevereiro de Os aspectos da rotina foram descritos mediante informações dos técnicos de nível superior (Médicos Veterinários), técnico-administrativos e estagiários (graduandos em Medicina Veterinária) em reuniões e diálogos individuais. Para descrição da rotina utilizou-se o roteiro segundo Cabral (2010). A referência para as categorias de risco foram as propostas pela NR-5, identificando os potencias riscos, o uso ou não dos equipamentos de proteção individual e coletiva. Quanto ao esboço do laboratório, obteve-se verificando in locun a disposição das bancadas, e dinâmica de uso dos equipamentos e materiais (químicos, físicos e biológicos), utilizando para isto recursos fotográficos e simbologia para identificar os equipamentos (Quadro 1). Os riscos foram definidos por círculos de diâmetros diferentes que correspondem ao risco pequeno, médio ou grande. E ainda, preenchidos pelas cores verde, azul, vermelho, amarelo e mar- Mapa de Risco do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária 33

34 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 FIGURA 01 A. Esboço do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária, mostrando os tipos de risco encontrados e suas intensidades; B. Esboço do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária, mostrando os tipos de risco encontrados e suas intensidades com laboratório ocupado por pessoas. A B Risco físico (pequeno): calor das estufas e ruído das centrífugas. Risco químico (pequeno): reagentes químicos em geral. Risco biológico (grande): bactérias, fungos, protozoários, parasitas. Risco ergonômico (grande): postura inadequada, excesso de atenção e concentração, repetitividade, acúmulo de responsabilidades. Risco de acidentes (grande): probabilidade de incêndio ou explosão, quebra de vidrarias, material perfurocortante, quedas dos bancos, derrame de amostras, queimaduras. FIGURA 02 A. Armários e destilador com potencial de risco químico e de acidentes; B. Armário visto de perto com potencial de risco químico e de acidentes; C. Refrigerador com potencial de risco químico, físico, biológico e de acidentes; D. Janela receptora de amostras com potencial de risco biológico; E. Bancadas e mesa com potencial de risco físico, biológico, ergonômico e de acidentes; F. Mesa com potencial de risco ergonômico, armários com potencial de risco de acidentes e refrigerador com potencial de risco biológico; G. Instalação elétrica inapropriada com potencial de risco de acidentes; H. Instalação hidráulica com potencial de risco biológico; I. Bancada com potencial de risco químico, físico, biológico e de acidentes; J. Bancada com potencial de risco ergonômico; L. Mesa com potencial de risco ergonômico; M. Bancada com potencial de risco biológico, físico e de acidentes; N. Bancadas e refrigerador com potencial de risco biológico e físico. 34 VAZ SG et al.

35 TABELA 01 Tipos de Risco Cor de identificação Pequeno Grande Biológico Químico De Acidentes Marrom Vermelho Azul Substâncias químicas: não causticas, pouco utilizadas. Recebimento, processamento e armazenamento: amostras biológicas. Incêndio: instalações elétricas impróprias, armazenamento inadequado de substâncias químicas. Ergonômico Amarelo Altura e tipo de banco, da bancada e postura no uso. Físico Verde Calor: estufa e destilador; Ruído: microcentrífuga Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 Resumo dos riscos identificados no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária. rom que indicam respectivamente o risco físico, de acidentes, químico, ergonômico e biológico (TEIXEIRA & VALLE, 1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observado que as pessoas não estiveram expostas aos riscos de forma igualitária, seja em relação ao tempo de exposição, distribuição espacial ou quanto à natureza da atividade desenvolvida (Figura 1 e 2). Os riscos identificados no ambiente do LPCV estão resumidos na Tabela 1. O risco biológico foi considerado alto uma vez que o recebimento, processamento e/ou armazenamento de amostras, limpeza de equipamentos e lavagem de material, são circunstâncias potencialmente contaminadas, e principalmente quando não se utiliza EPI. As substâncias químicas eram relativamente pouco utilizadas, não cáusticas e armazenadas em frascos hermeticamente fechados, o que indicou o risco químico como baixo. Quanto ao risco de acidentes foi identificado potencial de incêndio e/ou explosão pelo uso de instalações elétricas provisórias em mau estado de conservação. Foi verificado armazenamento inadequado de reagentes químicos, possibilidade de acidentes com materiais perfurocortantes ou por quebra de vidrarias e ainda, queimaduras durante uso de estufas, referindo-se, assim, como risco alto. Foi detectado risco ergonômico alto, pois o trabalho na bancada com auxílio de equipamentos, o uso de vidrarias e microscópios poderiam ocasionar problemas advindos da altura e tipo de banco, da bancada e postura no uso, riscos estes nem sempre percebidos o que exigia uma maior atenção e concentração. O risco físico, considerado como baixo, foi relacionado ao calor produzido pela estufa e destilador, e ao ruído, gerado pela microcentrífuga utilizada diariamente de forma intermitente. A opinião das pessoas (Professores, Estudantes, Técnicos) que usavam ou trabalhavam no Laboratório sobre a rotina LPCV, bem como a intensidade de riscos, foi necessária coadunando com Hökerberg et al., (2006). Através da análise do Mapa de Risco foi possível compreender alguns elementos do aspecto concreto do trabalho, tais como: riscos mais frequentes capazes de acarretar prejuízos à saúde dos envolvidos no Laboratório, acidentes e possíveis doenças de trabalho assim como descrito por Hökerberg et al., (2006). Possibilitou também a visibilidade da exposição das pessoas aos riscos, nos procedimentos realizados no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária (MATTOS & SIMONI, 1993). Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho, como: materiais, equipamentos, instalações, conforto térmico, suprimentos, carga e espaços de trabalho (MAT- TOS & SIMONI, 1993). Mapa de Risco do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária 35

36 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 CONCLUSÕES O Mapa de Risco identificou as fontes de risco (perigos) químico, físico, biológico, ergonômico e de acidentes presentes no laboratório e sensibilizou a todos sobre os riscos individuais, coletivos internos ao Laboratório de Patologia Clínica Veterinária. REFERÊNCIAS ABRAHÃO, M. J. Mapeamento de risco. CIPA, BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentador 05 da Portaria Nº 3214 de 08/06/78b. BRASIL. Portaria nº. 25. Aprova o texto da Norma Regulamentadora nº. 9 Riscos Ambientais do Ministério do Trabalho e Emprego. Diário Oficial da União, BRASIL. Portaria nº Aprova as Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego. Diário Oficial da União, 1978a. CABRAL, G. Exercício ROTEIRO QUESTIONÁRIO Mapa de Risco. Disponível em: doc/ /00-exercicio-roteiro-questiona- RIO-Mapa-de-Risco-1. Acessado em: jan/2010. CARDOSO TAO, ROCHA SS, LIMA E SILVA FHA, ERMIDA AHA. Indicadores de qualidade em biossegurança: avaliação de risco em instituição de ensino e pesquisa na área de saúde pública. Seminário Nacional de Saúde e Ambiente no Processo de Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fiocruz; p (Série Fiocruz Eventos Científicos 2). DIESAT (Departamento Intersindical de Estudos em Saúde e Ambiente de Trabalho). Insalubridade, Morte Lenta no Trabalho. São Paulo: Oboré, FREITAS CM & SÁ IMB. Por um gerenciamento de riscos integrado e participativo na questão dos agrotóxicos. In: Peres F, Moreira JC, organizadores. É veneno ou é remédio? Agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz; p HÖKERBERG, Y.H.M; SANTOS, M.A.B; PASSOS,S.R.L; ROZEMBERG, B; COTIAS, P.M.T; ALVES, L; MAT- TOS,U.A.O. O processo de construção de mapas de risco em um hospital público. Ciênc. saúde coletiva vol.11 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 2006 MATTOS, U. A O.; SIMONI, M. Roteiro para construção do mapa de risco. Rio de Janeiro: Cesteh/Fiocruz Coppe/UFRJ, p. ORESTES-CARDOSO, SM; FARIAS, ABL; PEREIRA, MRMG; ORESTES-CARDOSO, AJ; CUNHA JÚ- NIOR, IF. Acidentes perfurocortantes: prevalência e medidas profiláticas em alunos de odontologia. Rev. bras. saúde ocup. vol.34 no.119 São Paulo jan./jun PORTO MFS, FREITAS CM. Análise de riscos tecnológicos ambientais: perspectivas para o campo da saúde do trabalhador. Cad Saúde Pública 1997; 13(Suppl 2): ROCHA SS, SANTOS CMDG. Avaliação de riscos das atividades do Laboratório Central de Saúde Pública. Seminário Nacional de Saúde e Ambiente no Processo de Desenvolvimento. Saúde e Ambiente no Processo de Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fiocruz; p (Série Fiocruz Eventos Científicos 2). SANTOS LA, GUIMARÃES KR, TEODORO VA, BEVI- LACQUA PD. Biossegurança em ambiente hospitalar/ laboratorial e o uso das técnicas de DRP: experiência no Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (DVT/UFV). Seminário Nacional de Saúde e Ambiente no Processo de Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fiocruz; p (Série Fiocruz Eventos Científicos 2). TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, p TEIXEIRA CF, PAIM JS, VILASBÔAS AL. SUS, modelos assistenciais e vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do SUS 1998; 7: VAZ SG et al.

37 Prevalência de mormo no estado de Pernambuco no período de 2006 a 2011 Marcelo Brasil MACHADO 1, Pedro Paulo M. da SILVEIRA 2, Jéssica de Torres BANDEIRA 3, Renato Souto Maior Muniz de MORAIS 4, Fernando Leandro dos SANTOS 5, Thales Augusto BARÇANTE 6 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 RESUMO O mormo é uma doença infecto-contagiosa de caráter agudo ou crônico, causada pela bactéria Burkholderia mallei. Acomete diversos mamíferos, principalmente, os equídeos, sendo maior a casuística em asininos e muares. Sendo uma zoonose de relevância econômica, foi realizado estudo epidemiológico dos focos de mormo em Pernambuco no período de 2006 a 2011, com o objetivo de verificar a distribuição espacial, temporal e a duração do saneamento das propriedades afetadas. A população objeto das investigações epidemiológicas foi constituída de 94,36% de equinos, 3,78% de muares e 1,86% de asininos, distribuída em todo o Estado. Verificou-se geograficamente que a mesorregião da Zona da Mata de Pernambuco, no período estudado, foi a que apresentou maior número de focos seguida das mesorregiões do Agreste e Sertão. A distribuição temporal revelou que não há um comportamento regular na detecção de focos, sendo isso atribuído à dependência da detecção dos casos de animais em trânsito. Quanto á duração, cerca de 90% dos focos foram saneados em até 180 dias. Deste modo, verificou-se que os focos investigados foram, em sua maioria, na criação de equino, por esta ser a espécie mais transportada, exigindo-se o exame negativo para o mormo, causando impacto econômico nas criações de cavalos. 1 Fiscal Estadual Agropecuário Adagro 2 Fiscal Federal Agropecuário 3 UFRPE Programa de Pós Graduação em Ciência Veterinária 4 Médico Veterinário autônomo 5 UFRPE Professor do curso de Medicina Veterinária 6 UFLA Professor do Programa de Pósgraduação Lato Sensu em Defesa Sanitária Animal PALAVRAS-CHAVE Brasil, Equideocultura, Saneamento, Sanidade, Zoonose ABSTRACT Glanders prevalence in the State of Pernambuco, Brazil, from 2006 to Glanders is an infectious disease of acute or chronic nature, caused by the bacterium Burkholderia mallei. It affects many mammals, especially the horses, and casuistry is higher in asses and mules. As a zoonosis of economic importance, it was conducted an epidemiological study of outbreaks of glanders in Pernambuco in the period of , with the objective of verifying the spatial distribution, temporal and sanitation duration of the affected properties. The object of epidemiological research population consisted of 94.36% of horses, 3.78% of mules and 1.86% of donkeys, distributed throughout the state. In the period studied, it was found that the Zona da Mata of Pernambuco showed the largest number of outbreaks, followed by others regions. The temporal distribution showed that there is a regular behavior in outbreaks. This can be attributed to the dependence of the detection of cases of animals in transit. As for the duration, about 90% of outbreaks were resolved in 180 days. Thus, it was found that the outbreaks were seen mostly in horses breeding, because this is the specie most transported, requiring a negative test for glanders, and causing economic impact on breedings. KEYWORDS Brazil, Equideocultura, Sanitation, Health, Zoonoses. 37

38 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 INTRODUÇÃO O mormo é uma doença infecto-contagiosa de curso agudo ou crônico que acomete, principalmente, os equídeos, mas também pode acometer os carnívoros, o homem e, eventualmente, pequenos ruminantes, seu agente etiológico é a Burkholderia mallei (MOTA, 2000; 2006). A bactéria é imóvel, crescendo na presença de oxigênio e na presença de nitrato, apresenta- -se como anaeróbia facultativa e não esporula (HIRSH e ZEE, 2003). É uma das enfermidades mais antigas de equídeos já descrita, mencionada por Aristóteles e Hipócrates nos séculos II e IV a.c. (DIEHL, 2013). A doença foi introduzida no Brasil, provavelmente, no início do Século XIX, com a importação de cavalos de Portugal, sendo a Ilha de Marajó, no Pará, o primeiro local com registros da doença. (ITO et al., 2008). Apesar de ser uma zoonose rara em humanos, quando o acomete, geralmente é fatal (DIEHL, 2013). Em 2009 houve casos em cientistas e pesquisadores (OIE, 2009) As mais importantes vias de excreção da Burkholderia mallei são a respiratória e a digestiva, uma vez que as lesões pulmonares crônicas nos brônquios se rompem, desencadeando uma infecção das vias aéreas superiores, que resulta na eliminação da bactéria no ambiente (RADOSTITS et al., 2002; MOTA, 2006). A mais importante fonte de infecção são os animais portadores assintomáticos (OIE, 2009; LEOPOLDINO et al., 2009). Instrumentos de uso coletivo dos animais, também são passíveis de veicular o agente. Embora incomum, já se confirmou a possibilidade de transmissão vertical da égua para o feto, bem como a transmissão sexual (TELES, 2012). De acordo com a Instrução Normativa Nº 50, de 14 de Setembro de 2013 do Ministério da Agricultura Pecuária de Abastecimento (MAPA), a enfermidade está incluída na lista das doenças de notificação obrigatória imediata de qualquer caso suspeito. A mesma deve ser realizada ao serviço veterinário oficial, sendo obrigatória para qualquer cidadão, assim como aos profissionais que trabalham na área de ensino, pesquisa ou diagnóstico em saúde animal (BRASIL, 2013). Sendo o Mormo uma doença reemergente e inexistir um banco de informações sobre epidemiologia, sobretudo relacionado aos quantitativos de focos e a distribuição ao longo dos anos, objetivou-se determinar o perfil da distribuição dos focos no tempo/espaço no Estado de Pernambuco, bem como tempo de duração do saneamento de propriedades foco, no período de 2006 a MATERIAL E MÉTODOS As informações constantes são oriundas do banco de dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (ADAGRO-PE), relativas ao número de propriedade e focos e a distribuição geográfica no período de 2006 a A contagem das propriedades seguiu-se a numeração absoluta apenas na abertura do foco. Para contagem dos focos, registrou-se cada um deles, a cada notificação. Para fins de distribuição geográfica dos municípios, considerou-se a divisão do Estado em três mesorregiões: Zona da Mata, Agreste e Sertão. Essa classificação usou o padrão climático dominante nas áreas. Em cada região há uma característica da finalidade da propriedade e a espécie que predomina na criação. Em relação ao saneamento, foram aplicadas as medidas sanitárias cabíveis aos focos de mormo, segundo a IN 24/2004, do MAPA. Para fins de averiguar a distribuição temporal da duração dos focos, classificaram-se em períodos. Assim, para o saneamento em duas colheitas de sangue até a desinterdição, a classificação foi de um período; quando houve necessidade de três colheitas, a classificação foi de dois períodos e assim sucessivamente. 38 Marcelo Brasil MACHADO et al.

39 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 O estudo permitiu a análise estatística descritiva dos dados que estão apresentadas sob a forma de tabelas, gráficos e figuras. RESULTADOS No período de 2006 a 2011 foram saneadas em conformidade com a Instrução Normativa, 24/04 do MAPA (BRASIL, 2004), um total de 204 propriedades e 235 focos. A divergência entre número de total de propriedades e o de focos esteve relacionado ao reaparecimento de novos casos após pelo menos um saneamento encerrado. Dentre esses 31 novos focos, 10 propriedades retornaram ao saneamento, das quais, duas são Centros de Vigilância Ambiental, portanto fogem ao padrão das demais propriedades de criação de equídeos, pois são locais que alojam animais errantes, em sua maioria enferma e consequentemente tem uma elevada rotatividade de animais. A população envolvida na investigação foi constituída de 233 asininos, 473 muares e equinos e sua distribuição relativa é 1,86%, 3,78% e 94,36%, respectivamente. A distribuição dos focos no Estado de Pernambuco não se apresenta de modo uniforme entre as regiões, sendo que o sertão apresentou a menor frequência ao longo do período estudado e a Zona da Mata sempre apresentou os maiores valores, como está ilustrado na Tabela 1. Quanto à distribuição dos focos, predominantemente na Zona da Mata, dois aspectos podem ser considerados em relação a essa maior frequência: no primeiro, se deve em grande parte pela finalidade econômica das propriedades, plantio de cana-de açúcar, e consequentemente a forma de utilização dos animais com o sistema de manejo aplicado, que favorece a rápida propagação da doença entre os animais, já que são criados em estábulos coletivos com cocho e bebedouro únicos; no segundo, observaram- -se falhas graves no manejo sanitário, sobretudo em relação à incorporação de novos animais ao plantel, a ausência e a dificuldade de maior controle no trânsito dos equídeos usados como transporte de pessoas. Outros fatores que favorecem a introdução, propagação e persistência da bactéria causadora do mormo, as condições socioeconômicas das regiões, o clima quente e úmido, chuvas abundantes e aglomerados de animais, que são as circunstâncias que muito se assemelham às da Zona-da-Mata do Estado de Pernambuco. Podem ser acrescentados ainda, os eventos de vaquejadas e outros eventos equestres que envolvem a aglomeração dos equídeos (VERMA, 1988). A segunda maior frequência de focos está no Agreste, onde predomina a maior população de equinos do estado, segundo o IBGE (2011), cujo tipo de propriedade consiste em haras, fazendas e sítios, tendo por finalidade hobby. Nessas propriedades o sistema de criação, em sua maioria, é de baias individuais ou em piquetes com reduzido número de animais. Como a finalidade da criação é para trânsito como, exposições, leilões e outros eventos equestres diferentes daquela da Zona-da-Mata, os cuidados sanitários, controle de trânsito e o destino dos egressos são mais rigorosos. Os dois elevados números de focos do Mesorregião Total Zona da Mata Agreste Sertão Total TABELA 01 Distribuição e frequência absoluta de focos de mormo no Estado de Pernambuco, segundo a região geográfica, no período de 2006 a Prevalência de Mormo no estado de Pernambuco no período [...] 39

40 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 Agreste pernambucano foram relacionando-se aos prováveis dois últimos grandes focos Mormo no Estado. O Sertão historicamente verifica-se com baixa frequência de focos, muitos deles envolvendo poucos animais. Isso pode ser explicado pela circunstância da finalidade da criação, que se caracteriza por ser de subsistência com poucos animais e com um menor número de haras, com baias individuais, cuidados mais aprimorados, além da barreira climática, com menor umidade e temperaturas mais elevadas, que não favorecem o desenvolvimento do agente. Quanto à distribuição anual, foi possível verificar que não houve homogeneidade em relação à incidência de focos temporalmente ao longo dos meses. Pôde-se perceber uma grande variedade de distribuição, havendo até meses sem focos relatados. Essas informações podem ser verificadas, detalhadamente, nos Gráficos de 1 a 6. GRÁFICO 01 Distribuição da frequência de novos focos de Mormo no Estado de Pernambuco, no ano de GRÁFICO 02 Distribuição da frequência de novos focos de Mormo no Estado de Pernambuco, no ano de GRÁFICO 03 Distribuição da frequência de novos focos de Mormo no Estado de Pernambuco, no ano de GRÁFICO 04 Distribuição da frequência de novos focos de Mormo no Estado de Pernambuco, no ano de GRÁFICO 05 Distribuição da frequência de novos focos de Mormo no Estado de Pernambuco, no ano de GRÁFICO 06 Distribuição da frequência de novos focos de Mormo no Estado de Pernambuco, no ano de Marcelo Brasil MACHADO et al.

41 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 Uma interpretação mais detalhada da circunstância que desencadeia o processo de saneamento revelou que a identificação dos focos foi dependente do controle de trânsito de equídeos dentro da região onde ocorre mormo. Assim, os focos foram abertos à medida que um animal foi detectado no exame para fins de trânsito. Bem verdade que o número menor de casos foi por denúncia do próprio criador, como já foi tratado anteriormente, e outros focos foram relativos aos centros de vigilância mantidos pelas prefeituras, que apreendem animais errantes, os quais antes de serem devolvidos aos proprietários foram submetidos ao teste da fixação do complemento para Mormo. Comparando-se os seis anos, notou-se que não houve um mês que se repetisse na série histórica apresentando maior número de incidência de focos, sendo os meses de dezembro e janeiro os que apresentaram, respectivamente, os maiores valores. Alternativamente, quando analisado os meses com menor incidência de focos, percebeu-se que os meses de outubro e novembro se destacaram. O Gráfico 07 ilustra os dados anuais ordenados todos juntos, possibilitando uma comparação entre as incidências de focos de Mormo por mês entre os anos. Quanto à distribuição do período de saneamento das propriedades, verifica-se na Figura 1 que cerca de 90% delas foram saneadas no intervalo de seis meses e as demais, incluindo os CVAs, centro de vigilância ambiental, esse período foi maior que seis meses. Do ponto de vista prático, imediato e econômico, o saneamento das propriedades com Mormo é relativamente rápido, porém um número pequeno de propriedades pode passar mais tempo interditada, sendo os proprietários capazes de fazer várias incursões junto ao serviço oficial, no sentido de tornar o saneamento mais rápido e com isso desinterditar a propriedade. Um aspecto em relação a essa última afirmação é que o número de exames para Mormo para fins de trânsito de equídeos no período estudado foi de cerca de , frente a uma população de equídeos no Estado de Pernambuco de cerca de cabeças (IBGE, 2011), revelando que há uma intensa movimentação desses animais e a interdição causa de fato, severo transtorno ao proprietário, independente do motivo que o leva a movimentar seu animal. Há de considerar que a interpretação desses dados não permite que se estabeleça de imediato um paralelo de comparação com processos de saneamento em propriedade por outras causas, GRÁFICO 07 Distribuição da frequência acumulada de novos focos de Mormo no Estado de Pernambuco, segundo o mês e ano. Prevalência de Mormo no estado de Pernambuco no período [...] 41

42 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 FIGURA 01 Distribuição relativa das propriedades foco, segundo o período de saneamento, no período de 2006 a em que as doenças possibilitem a ação incisiva ou não do Estado para erradicá-las. Em relação a Mormo, a maioria dos trabalhos publicados tem como tema a evolução ou sensibilidade/eficiência de diferentes técnicas de exames para o diagnóstico, todavia nenhuma aborda a evolução do saneamento em situação real. Manninger (1947) relatou o diagnóstico de Mormo com o uso do teste da maleína na Alemanha, todavia, foram números relativos aos reagentes em cada série de testes, mas não o número de focos e a distribuição temporal e geográfica deles, de modo que se visualiza a situação da doença aquela época na Alemanha e impossibilita fazer uma comparação com a situação atual. No Brasil tem-se o relato de Xavier (1930), abordando um saneamento de um foco em São Paulo com o teste da maleína seguidas vezes, em que pese os detalhes da circunstância, mas esse trabalho descreve que se aplicava a maleína apenas nos animais com sintomas que pudessem ser confundidos com os do Mormo, diferentemente da situação atualmente aplicada ao foco, quando todos os animais são testados, tenham sintomas ou não. A detecção dos focos e o saneamento possibilitam, ao setor público, verificar imediatamente como a doença é distribuída pelo Estado, seja em função do tempo, ou da área geográfica e o risco que ela representa ao plantel de equídeos do Estado, visto que a transmissão ocorre na maioria das vezes por convívio entre os animais em que há bebedouros ou cochos coletivos (SANTOS, MANSO FILHO E MENDONÇA, 2007) ou mesmo o contato direto dos homens (VAN DER SCHAAF, 1964), que lidam com eles. Na zona do Sertão onde predomina os asininos e os equinos, respectivamente, o aparecimento da enfermidade é menos comum, uma vez que os eventos e a concentração de animais ocorrem em menor número. No Gráfico 8, nota-se a média e desvio padrão do número de animais reagentes ao teste da FC, fixação do complemento, no período estudado. Nele verifica-se que o número de positivos é relativamente baixo, inferior a 20% e o desvio padrão, quase sempre acompanha o comportamento da média. Na Figura 2, observa-se que mais de dois terços dos focos identificados em Pernambuco, no período estudado encontravam-se na Zona da Mata, seguido do Agreste e um percentual menor, 2,1%, no Sertão. Isso pode, em princípio ser atribuído aos tipos da criação, estábulos coletivos com cocho e bebedouros únicos e as condições sanitárias das criações, como citaram Mota et al (2.000) e Santos, Manso Filho e Mendonça (2007). No Gráfico 9, seguindo a mesma distribuição geográfica das propriedades-foco, nele observa- -se o percentual de animais positivos, segundo as espécies constitutivas da população investigada, no período estudado. Na Zona Mata do Estado de Pernambuco, observa-se menor número de animais em cada foco, mas o percentual de positivos é quase sempre elevado para os asininos e equinos, e mais baixos para os muares. Podendo isto ser reflexo do sistema de criação das propriedades daquela região e a utilidade dos animais. No Agreste a situação é menos grave, há menor percentual de positivos, independentemente da espécie, podendo isto ser atribuído a finalidade e 42 Marcelo Brasil MACHADO et al.

43 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 GRÁFICO 08 Distribuição da média e desvio padrão de reações positivas para Mormo nas propriedades em regime de saneamento para Momo, no Estado de Pernambuco, no período de 2006 a FIGURA 02 Distribuição das propriedades-focos, segundo a região geográfica, no período de 2006 a 2011, no Estado de Pernambuco. GRÁFICO 09 Distribuição percentual dos animais positivos para Mormo, em relação às espécies investigadas, segundo a distribuição das propriedades focos, no período de 2006 a o sistema de manejo das criações, quando prevalecem os haras, sítios e pequenos criatórios. No sertão, o maior percentual de asininos positivos reflete o maior grupo de animais investigados e a espécie mais comum da região geográfica. Equinos são os que possuem um percentual mais baixo de casos, seguido dos muares. Estes últimos não tão comuns naquela região. CONCLUSÃO O regime de saneamento tem revelado que Mormo ainda é um problema no agronegócio do cavalo, particularmente em Pernambuco. Embora tenham se encontrado 225 animais positivos frente a uma população investigada de aproximadamente animais, a interrupção da movimentação da propriedade aumenta seus custos por pelo menos seis meses. Os focos ainda são, em sua maioria, na Zona da Mata, onde concentra maior população de equídeos, particularmente de muares, utilizada como força de trabalho e cujo impacto econômico e risco assume grandes dimensões e isto não diminui o impacto econômico da doença, pois, se não há o efeito negativo da interrupção do trânsito, afinal de contas os animais limitam-se Prevalência de Mormo no estado de Pernambuco no período [...] 43

44 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 ao transporte de carga nas propriedades, As medidas de controle de trânsito, seja interno ou externo, devem ser mantidas como meio de impedir que o Mormo se propague às outras regiões, do Estado ou fora deles, além de se procurar formas mais efetivas de se fazer levantamentos em um número maior de animais nos diversos estados que apresentem a enfermidade. REFERÊNCIAS BRASIL. Instrução Normativa N 24, de 5 de abril de 2004, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. BRASIL. Instrução Normativa Nº 50, de 24 de julho de 2013, Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. BITTAR, M. J. Mormo: consequências sanitárias e medidas profiláticas. Rio Claro: Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural, DIEHL, G. N. Mormo. Rio Grande do Sul: Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Informativo Técnico, GOMES, H. L.; VIEIRA, A. M. L.; TAKAOKA, N. Y.; NUNES, V. F. P. Manual de vigilância de zoonoses e manejo de equídeos do Estado de São Paulo, v.2. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Mimeografado. HIRSH D.C., ZEE Y. C. Microbiologia Veterinária. 1ª Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p Brasil - IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário (2011). Disponível em: Acesso em agosto de ITO, F. H.; KOTAIT, I.; CARRIERI, M. L.; SOUZA, M. C. A. M.; PERES, N. F.; FERRARI, J. J. F.; ARAÚJO, F. A. A.; GONÇALVES, V. L. N. Programa de vigilância de zoonoses e manejo de equídeos do estado de São Paulo: outras zoonoses de importância em equídeos e vigilância epidemiológica em unidades municipais. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Mimeografado. LEOPOLDINO, D. C. C.; OLIVEIRA, R. G.; ZAPPA, V. Mormo em equinos. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 4, n.12, p MOTA, R. A.; BRITO, M. F.; CASTRO, F. J. C.; MASSA, M. Mormo em equídeos nos Estados de Pernambuco e Alagoas. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.20, n.4, p MOTA, R. A. Aspectos etiopatológicos, epidemiológicos e clínicos do mormo. Vet. e Zootec. V.13, n.2, p OIE Organização Mundial de Saúde Animal Manual of diagnostic tests and vaccines for terrestrial animals. Principles of validation of diagnostic assays for infectious diseases. Disponível em: normes/mmanual/2008/pdf/ valid.pdf. Acesso em ago PADDOCK Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias Disponível em: Acesso em: 08 jun RADOSTITS O. M., GAY C.C., BLOOD D.C. e HINCH- CHCLIFF K. W. Clínica Veterinária. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, Cap. 20, p SANTOS, F. L.; MANSO FILHO, H.C. M.; MENDON- ÇA, C. L. Mormo. In: RIET, F. C.; SCHILD, A. L.; LE- MOS, R. A. A.; BORGES, J. R. J. Doenças de ruminantes e equídeos. 3 ed, v.1, Fernovi Editora, p , SILVA, F. L.; GOMES, M. J. P. Gênero Pseudomonas e Burkholderia spp: Burkholderia mallei. Rio Grande do Sul: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mimeografado. TELES, J. A. A. Desenvolvimento e avaliação de um teste ELISA indireto para o diagnóstico sorológico do mormo em equídeos f. Dissertação (Mestrado). Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. VERMA R.D Diagnosis and control of glanders in equids. VIII Conference International on equine infectious diseases. p Marcelo Brasil MACHADO et al.

45 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 Comparação da Prevalência do Mormo entre as Zonas da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco, de 2005 à 2011 Pedro Paulo M. da SILVEIRA 1, Marcelo Brasil MACHADO 2, Jéssica de Torres BANDEIRA 3, Renato Souto Maior Muniz de MORAIS 4, Fernando Leandro dos SANTOS 5, Ana Virgínia Marinho SILVEIRA 6, Christiane Maria Barcellos Magalhães da ROCHA 7 RESUMO O mormo acomete os equídeos, outros mamíferos e ocasionalmente o homem. Este estudo descreve os resultados dos testes diagnósticos realizados para trânsito de equídeos no período de 2005 à Os testes foram realizados na Zona da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco. Todos os positivos no exame da fixação de complemento (FC) sem sintomatologia clínica eram confirmados pela prova da maleína. Foi utilizada a base de dados da Superintendência Federal de Agricultura no Estado de Pernambuco (SFA-PE), alimentada por meio de relatórios mensais elaborados por dois laboratórios credenciados para realização do diagnóstico do mormo. Foi feita análise descritiva da série histórica 2005 à 2011 dos casos de mormo e calculada a prevalência. A prevalência foi estratificada pelas regiões de Pernambuco. Foi feito o teste qui-quadrado para testar a associação entre a prevalência do mormo (variável direta) e diagnóstico de AIE nas regiões do Estado (variáveis independentes).verificou-se 68 animais positivos, com uma média de 9,71 casos por ano. Conclui-se que: 1.há maior prevalência de mormo na Zona da mata (p<0,05); 2.há associação entre a ocorrência de Mormo e AIE (p<0,05); 3. o número de testes realizados para diagnóstico do mormo e AIE apresenta sazonalidade causada pela distribuição dos eventos hípicos. PALAVRAS-CHAVE ADAGRO, Equídeos, Defesa Sanitária Animal ABSTRACT Glanders Prevalence comparision between Zona da Mata, Agreste and Sertão from Pernambuco, Brazil, from 2005 to 2011 Glanders affects equines, other mammals and occasionally man. This study describes the results of diagnostic tests for equine traffic from 2005 to The tests were conducted in the Zona da Mata, Agreste and Sertão of Pernambuco. All animals positive in the complement fixation test (FC) without clinical symptoms were confirmed by the evidence of mallein. It was used database of the Federal Agriculture in the State of Pernambuco (SFA-PE), fed through monthly reports from two laboratories accredited to perform the diagnosis of glanders. Descriptive analysis and calculated prevalence were accomplished on the time series in 2005 to 2011 cases of glanders. Prevalence was stratified by region of Pernambuco. The chi-square test was done to test the association between the prevalence of glanders (direct variable) and diagnosis of AIE in the regions of the state (independent variables). There were 68 positive animals, with an average of 9.71 cases per year. It is concluded that: 1. There is a higher prevalence of glanders in the Zona da Mata (p <0.05); 2. There is an association between the occurrence of glanders and AIE (p <0.05); 3. The number of tests for diagnosis of glanders and AIE presents seasonality caused by the distribution of equestrian events. KEYWORDS ADAGRO, Animal Health Protection, Equines 1 Fiscal Federal Agropecuário, 2 Fiscal Estadual Agropecuário Adagro 3 UFRPE Programa de Pós Graduação em Ciência Veterinária 4 Médico Veterinário autônomo 5 UFRPE Professor do curso de Medicina Veterinária 6 UFRPE Professora do curso de Gastronomia 7 UFLA Professor do Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Defesa Sanitária Animal 45

46 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 INTRODUÇÃO O mormo é uma enfermidade infecto-contagiosa de caráter zoonótico que acomete os equídeos (burros, cavalos e jumentos), outros mamíferos e o homem. Não existe um tratamento eficaz para essa enfermidade, sendo o sacrifício a única maneira de controlar a doença. Tem grande importância na saúde pública, por acometer os humanos, principalmente aqueles que lidam diretamente com os animais doentes. Oficialmente o último foco de mormo no Brasil ocorreu no município de São Lourenço da Mata, em Pernambuco no ano de 1968, após esse período o mormo foi considerado erradicado no Brasil pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Uma vez que todo material coletado nesse período para isolamento da bactéria não crescia em laboratório, impossibilitando a confirmação do diagnóstico. Passados 30 anos sem notificação oficial, o mormo voltou a ser notificado no ano de 1999, em dois municípios as mata sul de Pernambuco (Cortês e Serinhaém) e no município de São José da Laje, no Estado de Alagoas. (MAPA 1999) O Estado de Pernambuco possui uma população estimada em (duzentos e oitenta mil, novecentos e dez) eqüídeos, sendo (cento e trinta e oito mil oitocentos e onze) equinos; (noventa e hum mil seiscentos e trinta e quatro) asininos e (cinquenta mil,quatrocentos e sessenta e cinco) muares (IBGE 2006). Os equídeos estão distribuídos nas Zonas da Mata, na qual predomina os equinos e os muares, em decorrência das atividades, em grande parte, voltadas para o transporte de cana de açúcar; Zona do Agreste, composta de mais equinos, utilizados no trabalho das fazendas de criação, granjas, pequenas chácaras e pequenos produtores rurais e Zona do Sertão, onde existe a maior concentração de asininos. Os animais da Zona da Mata (equino e muares) trabalham em usinas e engenhos no transporte da cana de açúcar, já na região do agreste a população de equinos é bem maior que a de muares e além dos trabalhos nas fazendas de criação, tem-se também maior quantidade de eventos agropecuários como leilões, exposições, vaquejadas, feira de animais e na Zona do Sertão, predomina os asininos que antigamente trabalhavam nas fazendas e transportavam pequenas cargas para as cidades nos dias de feira. Com a reinsurgência do mormo no final de século passado (1999), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) foi obrigado a instituir legislação especifica e restringir o trânsito de equídeos com o objetivo de controlar a enfermidade no Estado. Com isso o MAPA passou a credenciar laboratórios para realização do diagnóstico do mormo, cadastrar médicos veterinários para colheita de sangue para diagnóstico. A partir de 2002, a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária (ADAGRO), passou controlar a enfermidade e fiscalizar o trânsito desses animais no Estado. Sabe-se que o mormo é transmitido de um animal para o outro por meio das secreções do animal doente, veiculada na água e alimentos contaminados. Observa-se que os muares são mais sensíveis, por isso desenvolvem a forma aguda da doença e os equinos são considerados portadores crônicos. Na Zona da Mata pernambucana onde predomina os muares e equinos usados no trabalho de transporte da cana, o manejo sanitário é deficiente, onde os animais são alojados em estábulos coletivos, pouco arejados e úmidos, tendo em comuns cochos e bebedouros, com acesso livre. Essas condições são favoráveis à transmissão e disseminação da enfermidade, causando grandes surtos na criação e o conseqüente prejuízo econômico na atividade. Na Zona do Sertão onde predomina os asininos e os equinos, respectivamente, o aparecimento da enfermidade é pouco comum, uma vez que os eventos e concentração de animais são em menor número. Na região do Agreste, predomina 46 Pedro Paulo M. da SILVEIRA et al.

47 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 a criação de equinos, sobretudo aqueles usados para fins de hobby, esporte e exposição. Nessas criações possuem poucos registros de casos da doença. Objetiva-se demonstrar a situação do mormo em relação aos equinos que transitam, observando sua regionalização e prevalência no Estado de Pernambuco, comparando a distribuição dos casos nas Zonas do Agreste, da Mata e do Sertão. MATERIAL E MÉTODOS Coleta de Dados Esse estudo foi realizado no Estado de Pernambuco, no período de 2005 à 2011, em equídeos que iriam se deslocar para participar de eventos hípicos. Os testes de diagnóstico para o mormo foram realizados em animais das Zonas da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco. Para todos os testes positivos no exame da fixação de complemento (FC) em que o animal não apresentava sintomatologia clínica, eram exigidos o diagnóstico confirmatório realizado pela prova da maleína. Em Pernambuco é obrigatório a apresentação dos exames sanitários para transitar, assim foram levantadas informações sobre animais testados com diagnósticos positivos e negativos para mormo e AIE, realizados para obtenção da Guia de Trânsito Animal (GTA), que é gerada apenas quando os exames são negativos. Este trabalho utilizou a base de dados da Superintendência Federal de Agricultura no Estado de Pernambuco (SFA-PE), informados por meio de relatórios mensais elaborados por dois laboratórios credenciados para realização do diagnóstico do mormo. Análise dos Dados Foi feita análise descritiva da série histórica 2005 à 2011 dos casos de mormo e calculada a prevalência. A prevalência foi estratificada pelas Zonas da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco. Foi feito o teste qui-quadrado para testar a Associação entre a prevalência do mormo (variável direta) e diagnóstico de AIE nas regiões do Estado (variáveis independentes). RESULTADOS Houve associação significativa (valor de P<0,05) entre os resultados positivos de Mormo e AIE em relação aos equídeos no Estado de Pernambuco. Os equídeos apresentaram uma probabilidade 6,751 vezes maior de serem soropositivos para AIE que para o Mormo. (tabela 1). A variação dos casos de mormo durante os anos demonstra comportameto diferenciado nas diferentes regiões do Estado (gráf.1). Nos meses de maio a agosto (Graf.2) se concentram os eventos agropecuários que ocorrem durante o ano. As vaquejadas, as exposições agropecuárias específicas para equinos, fazem com que nesse período ocorra um maior trânsito dentro do estado e como conseqüência um aumento nas fiscalizações com barreiras fixas e móveis e nos eventos agropecuários. Isto também traz uma maior conscientização do criador que para tran- TABELA 01 Associação entre os resultados positivos e negativos entre mormo e AIE para os eqüídeos, no período entre 2005 à 2011 no Estado de Pernambuco Resultados Mormo AIE N % n % Total Positivo , , Negativo 68 0, , Total Comparação da Prevalência de Mormo entre as zonas da [...] 47

48 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 GRÁFICO 01 Distribuição anual dos casos de Mormo nas Zonas da Mata, Agreste e Sertão do estado de Pernambuco no período de 2005 a 2011 GRÁFICO 02 GRÁFICO 03 Meses com maior número de exames no teste da Fixação de Complemento (FC), no período de 2005 a 2011, no Estado de Pernambuco Meses com menor número de exames no teste da Fixação de Complemento (FC), no período de 2005 a 2011, no Estado de Pernambuco. sitar com seus animais, sabe que necessita estar com documentação sanitária em dia e dentro do prazo de validade. Com o fim dos eventos agropecuários para equinos, os meses de dezembro a fevereiro foram aqueles que tiveram menor número de exames de Fixação de Complemento realizados para Mormo, sendo esse período considerado de descanso (férias) para os vaqueiros e tratadores (Graf.3). A quantidade de exames realizados no período de 2005 à 2011, aumentou ano a ano, com um total de exames realizados de (Gráfico 4). Houve variação do número de casos entre os anos. No período estudado, o total de exames positivos foi 68 (gráfico 4). O aumento do número de exames realizados esteve relacionado com o trabalho de educação sanitária, realização de palestras, distribuição de folders nos locais dos eventos agropecuários e nos diferentes municípios em que ocorreu maior quantidade de animais positivos, havendo a intensificação da vigilância nos eventos e no trânsito dos equídeos. A Zona da Mata é a que apresenta o maior número de casos neste período, porém houve aumento ao longo dos anos na Zona do Agreste e Sertão 48 Pedro Paulo M. da SILVEIRA et al.

49 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 GRÁFICO 04 Exame de mormo com a finalidade de trânsito no Estado de Pernambuco no período de 2005 a (Gráf.5). DISCUSSÃO O maior número de exames positivos na Zona da Mata (Gráf. 4), em relação ao agreste, se deve ao fato dos proprietários de engenhos (produtores de cana de açúcar) também possuírem cavalos que transitam para participar de eventos hípicos e são criados em coabitação com os animais de trabalho quando podem se contaminar. No Agreste, ocorre o maior número de eventos agropecuários relacionados à indústria do cavalo. Com a realização dos eventos hípicos, há uma aglomeração dos animais proporcionando um aumento do risco de transmissão do agente, como citam (HOWE e MILLER, 1947; GANGULEE et al.1966). Facilitado pela forma de transmissão que são os cochos e bebedouros coletivos (MOTA et. al. 2000). Um fator importante para manutenção e disseminação do agente é o muar de descarte (aparentemente sadio), oriundos dos engenhos localizados na Zona da Mata que são comercializados nas feiras da região do Agreste. Eles são adquiridos por fazendeiros e donos de haras, para o transporte de capim nas propriedades. A presença deste animal doente funciona como reservatório e potencial transmissor aos demais equídeos da propriedade. (ZUBAIDY e AL-ANI, 1978) (MOTA et. al., 2000).O aparecimento da enfermidade no Sertão em 2009 e 2010 (Gráf. 4) pode ser explicado em parte pelo trânsito de animais de vaquejada. Muitos desses animais são provenientes da região do Agreste pernambucano. Com o quantitativo de exames para diagnóstico do mormo realizados no período estudado, pode-se observar que o mormo tem uma menor casuística em relação a Anemia Infecciosa Eqüina (AIE); no entanto, quando os equídeos são criados coletivamente, dividindo o mesmo estábulo, cocho e bebedouro, numa coabitação constante, favorece a rápida transmissão da enfermidade e a consequente contaminação e morte dos os animais. A análise comparativa dos dados relativos ao número de exames do período estudado, envolvendo a AIE, observa-se no Gráf. 4, que o número de exames relativos as duas enfermidades se equivalem, todavia, a grande diferença está no número de exames positivos dessas doenças, que representa um percentual de 0,065% de exames positivos para mormo e de 0,808% de exames Comparação da Prevalência de Mormo entre as zonas da [...] 49

50 Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 16, no 1/2/3, p janeiro/dezembro, 2013 GRÁFICO 05 Distribuição dos soropositivos para mormo pelo Teste da Fixação de Complemento nas regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão do Estado de Pernambuco no período de 2005 a Pedro Paulo M. da SILVEIRA et al.

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