RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

Documentos relacionados
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

Avaliação de impactos de tecnologias: experiências da Embrapa Gado de Corte

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

Moacyr Bernardino Dias-Filho

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS GERADAS PELA EMBRAPA

Escolha da Espécie Forrageira

Principais problemas da pecuária na Amazônia

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

Degradação de Pastagens: processos e causas

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DE TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

02/06/2015. Breve histórico da pecuária na Amazônia. Moacyr Bernardino Dias-Filho Embrapa Amazônia Oriental

Degradação de pastagem: Como evitar e potencializar a produtividade? - Portal Agropecuário

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

SÍNTESE DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE BRACHIARIA SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

Manejo Intensivo de Pastagens para Produção de Carne Bovina. Curso Teórico Prático Embrapa Pecuária Sudeste 22 a 25 de abril de 2003

O QUE É ILPF ILP IPF. A ILPF pode ser utilizada em diferentes configurações, combinando-se dois ou três componentes em um sistema produtivo:

INTEGRAÇÃO LAVOURA- Prof. Dr. Gelci Carlos Lupatini. UNESP Campus Experimental de Dracena 8200

1 Lavouras. Cereais, leguminosas e oleaginosas. Área e Produção - Brasil 1980 a 2008

Agronegócio brasileiro: desafios e oportunidades

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

04/10/2015. Moacyr Bernardino Dias-Filho Embrapa Amazônia Oriental. Amazônia: protótipo da fronteira agrícola brasileira

O BOI VAI PASTAR SOJA?

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

Pecuária na fronteira agrícola A pecuária é considerada a pecuária é ativ considerada a

Agropecuária. Estimativas Emissões GEE

Pecuária na fronteira agrícola A pecuária é considerada a pecuária é ativ considerada a

Principais problemas da pecuária na Amazônia 04/10/2016. Um dos principais problemas da atividade pecuária na Amazônia

20/11/2015. Aumento de produtividade da pecuária. Origem da pecuária bovina no Brasil. Moacyr Bernardino Dias-Filho Embrapa Amazônia Oriental

Experiência em avaliação de impactos da Embrapa Pecuária Sul. Jorge Sant Anna

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

Planejamento Alimentar na Bovinocultura Leiteira

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE

Moacyr Bernardino Dias-Filho

Presentation Title Mês 00, Adubação de Pastagens na Pecuária de Corte. Paulo Rodrigo Santos de Souza Assistência Técnica Nutrição Animal

Conferência Paulista de C&T&I

Comunicado Técnico. Características Agronômicas das Principais Plantas Forrageiras Tropicais. A Gramíneas. Gênero Brachiaria. Brachiaria decumbens

30/05/2010. Custo total da atividade de engorda (US$/100kg carcaça) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE SEMEADURA DIRETA A LANÇO NA REFORMA DE PASTAGENS DEGRADADAS NO ESTADO DO ACRE

Controle de Plantas Daninhas em Sistemas Integrados

COOPERATIVAS: PRODUZIR COM QUALIDADE E QUANTIDADE

Disciplina Forragicultura

MANEJO DE PLANTAS FORRAGEIRAS TROPICAIS PARA PRODUÇÃO DE FORRAGENS CONSERVADAS. CINIRO COSTA Prof.: Forragicultura e Pastagens FMVZ - UNESP Botucatu

Produtividade: Interação entre Adubação Fosfatada de Pastagens e Suplementação Mineral

VIABILIDADE ECONÔMICA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO SOJA- MILHO SAFRINHA 1.INTRODUÇÃO

RECUPERAÇÃO DE PASTAGEM DEGRADADA ATRAVÉS DO CONSÓRCIO COM FEIJÃO GUANDU

Departamento do Agronegócio Segurança Alimentar: O Desafio de Abastecer o Mundo com Sustentabilidade

COMPARATIVO DE LUCRATIVIDADE ENTRE O PLANTIO DE MILHO SEQUEIRO/SOJA E O ARRENDAMENTO DA ÁREA

Forragicultura e Pastagens

CAPÍTULO 3 - AGROPECUÁRIA E AGRONEGÓCIO PROFESSOR LEONAM JUNIOR COLÉGIO ARI DE SÁ 7º ANO

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.4 / dez.2011

Cadeia Produtiva da Silvicultura

TÍTULO: ACÚMULO DE BIOMASSA E COMPRIMENTO DE RAIZ DE ESPÉCIES DE BRACHIARIA SUBMETIDAS A DUAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS

CAPÍTULO 10. Indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. ecológica da produção leiteira. Introdução

AVALIAÇÃO E MANEJO DE DOENÇAS EM Brachiaria brizantha cv. BRS PIATÃ. Área Temática da Extensão: Tecnologia.

Banco do Brasil. Setembro 2012

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA

Prof. Clésio Farrapo

Avaliação dos impactos da tecnologia

Experiência de Avaliação de Impactos de Tecnologias da Embrapa Amazônia Oriental

Moacyr Bernardino Dias-Filho

Gerência de Assessoramento Técnico ao Agronegócio Gerag SP

A UEPAE de São Carlos, participando do Sistema. Cooperativo de Pesquisa Agropecuária (SCPA), sempre esteve

'.~ Embrapa Pecuária Sudeste PROCI-FD CPPSE 1999 FD FD Empresa Brasileira de Pesquisa

6/29/2015. Fonte: IBGE

TAXA DE DESFRUTE NA PECUÁRIA DE CORTE SUA INFLUÊNCIA NO AGRONEGÓCIO

Grãos no Brasil Desafios e Oportunidades Futuros Luiz Lourenço. Maringá (PR) Agosto 2012

O ESPAÇO AGROPECUÁRIO BRASILEIRO

Boletim de Agropecuária da FACE Nº 32, Abril de 2014

LSPA. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Janeiro de Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras agrícolas no ano civil

PROBLEMAS OCASIONADOS PELO MANEJO INADEQUADO DO SOLO

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

CONHEÇA NOSSOS PRODUTOS ANOS

PROJETO CAMPO FUTURO CUSTO DE PRODUÇÃO DO MAMÃO EM ITAMARAJU-BA

DPE / COAGRO Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - LSPA Diretoria de Pesquisas Coordenação de Agropecuária Gerência de Agricultura LSPA

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHOS HÍBRIDOS CONSORCIADOS COM Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

O ESPAÇO AGROPECUÁRIO BRASILEIRO

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.8 / abr-2012

Avaliação econômica do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária

Plano ABC & Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono

Transcrição:

EMBRAPA GADO DE CORTE RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA GADO DE CORTE Nome da tecnologia: Brachiaria brizantha cv. Marandu Ano base da avaliação: 2012 Equipe de Avaliação: Paulo Henrique Nogueira Biscola Mariana de Aragão Pereira Fernando Paim Costa Campo Grande, fevereiro de 2013 1

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA A Embrapa Gado de Corte tem se destacado na pesquisa de novas variedades de gramíneas e leguminosas forrageiras voltadas principalmente para a pecuária de corte e leite, mas também de relevância para outros ruminantes. Entre os lançamentos de grande aceitação no mercado estão os capins Marandu, Xaraés, Tanzânia, Mombaça, Massai, BRS Piatã e o Estilosantes Campo Grande; essa última uma leguminosa. Em conjunto, essas forrageiras ocupam a vasta maioria das pastagens cultivadas no Brasil, sendo várias delas ainda exportadas para regiões pecuárias tropicais. Merece destaque a cultivar Marandu, já que está presente em mais de 60% das pastagens cultivadas e representa cerca de 35% do mercado de exportação de sementes forrageiras. Os impactos econômicos, sociais e ambientais dessa cultivar vem sendo avaliados nos últimos anos, revelando números expressivos que contribuem substancialmente para o balanço social da Embrapa. Nessa edição do relatório da cultivar Marandu, referente ao ano-base 2012, estimou-se uma área total de 77,8 milhões de hectares ocupados com essa forrageira, dos quais apenas um terço estariam sujeitos ao ataque de cigarrinhas das pastagens; situação na qual essa tecnologia apresenta todo seu potencial produtivo em comparação com a tecnologia anterior a qual veio substituir. TECNOLOGIA 1.- IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA 1.1. Nome/Título: Brachiaria brizantha cv. Marandu 1.2. Objetivo Estratégico PDE/PDU: Competitividade e Sustentabilidade do Agronegócio 1.3. Descrição Sucinta: O capim-marandu é uma cultivar de Brachiaria brizantha lançado no Brasil em 1984, pela Embrapa Gado de Corte e Embrapa Cerrados. Apresenta elevada produção e qualidade de forragem, elevada resposta à adubação, boa produção de sementes, boa cobertura de solos, capacidade de competição com invasoras, estabelecimento rápido, resistência às principais espécies de cigarrinhas típicas de pastagens (embora mostre suscetibilidade às cigarrinhas da cana-de-açúcar, pertencentes ao gênero Mahanarva) e é adequada para uso como pasto vedado. Tem baixa adaptação, porém, a solos mal drenados. Esse capim representa uma excelente opção para a alimentação de bovinos, especialmente na fase de engorda. Sua resistência à cigarrinha-das-pastagens, apresenta-se como principal vantagem em relação à tecnologia anteriormente 2

utilizada (B. decumbens). Em sistemas mais intensivos, essa forrageira proporciona ganhos de até 480 kg de peso vivo/ha/ano, suportando lotação de 2,2 UA/ha/ano. O capim-marandu é resistente às principais espécies de cigarrinhas-das-pastagens pertencentes aos gêneros Notozulia, Deois e Aeneolamia. Contudo, na região Norte do Brasil, onde foram estabelecidas extensas monoculturas com esse capim, têm-se registrado altos níveis populacionais e danos ocasionados por espécie de cigarrinha típica da cana-de-açúcar, pertencente ao gênero Mahanarva. Devido ao monocultivo, o sistema de produção ficou vulnerável aos estresses abióticos e bióticos. Problemas dessa natureza têm sido constatados nas regiões Centro-Oeste e Norte do país, onde extensas áreas de braquiarão (Marandu) se apresentam secas e mortas. A mortalidade do capim-marandu ou síndrome da morte do capimmarandu, como denominada por alguns autores, tem progredido rápida e irreversivelmente. São estimados mais de 300 mil hectares de pastagem com sintomas de mortalidade (MARCHI et al., 2006). Parte dessas pastagens tem sido substituídas por outras gramíneas, principalmente, pela cultivar BRS Piatã. 1.4. Ano de Lançamento:1983 1.5. Ano de Início de adoção: 1984 1.6. Abrangência: Nordeste: BA Norte: AC, AM, PA, RO, RR, TO Centro-Oeste: DF, GO, MS, MT Sudeste: ES, MG, RJ, SP Sul: PR 1.7. Beneficiários: Os principais beneficiários desta tecnologia são os pecuaristas de corte e de leite, proporcionando maiores ganhos de peso, maior produção de leite e menor risco de produção devido ao ataque de cigarrinha das pastagens. O crescimento dos rebanhos de ovinos e caprinos na região Centro-Oeste, e a escassez de opções forrageiras adequadas a essas espécies, têm ensejado sua utilização em sistemas pastoris exclusivos ou em conjunto com bovinos. 2.- IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA: A cultivar Marandu à princípio representou um grande salto em produtividade para as fazendas pecuárias, dado o manejo facilitado, a exigência mediana em termos de fertilidade dos solos e um maior potencial de ganho de peso animal. Se por um lado sua utilização foi marcada pela substituição das pastagens de B. decumbens ou, mais recentemente, pela expansão em áreas de fronteira, do ponto de vista ambiental tem representado fonte de preocupação dos pesquisadores, dado os extensos monocultivos estabelecidos. Pecuaristas de norte a sul do Brasil adotaram essa gramínea que continua se expandindo, embora em menor velocidade. Segundo dados do Rally da Pecuária (Agrosoft & Bigma, 2012), que percorreu 30 mil quilômetros e realizou 400 amostras de campo em 9 Estados brasileiros, cerca de 3

69% das pastagens eram cultivadas pelo capim-marandu, comumente conhecido como braquiarão. O lançamento do capim-marandu alavancou também as indústrias de fertilizantes e de implementos agrícolas devido às suas exigências em fertilização, técnicas de plantio e manejo de pastagem. Outro setor fortemente impactado por essa cultivar foi o sementeiro. Estimativas realizadas pela Unipasto (informação pessoal) indicam que a cultivar Marandu respondeu por 35% das receitas e 47% do volume do mercado forrageiro em 2012. Somam-se a isso, as receitas de exportação visto ser essa cultivar a de maior demanda externa. O sucesso desta tecnologia pode ser comprovado não apenas pela sua abrangência nacional, mas também pelos inúmeros trabalhos de pesquisa a ela relacionados, possibilitando que outras cultivares da espécie fossem desenvolvidas. 3.- AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS 3.1- Avaliação dos Impactos Econômicos 3.1.1.- Impacto sobre a Produtividade (Incremento de Produtividade) Tabela Aa - Ganhos Líquidos Unitários Rendim. Rendim. Preço Custo Unidade de anterior atual unit. adicional Ganho unit. medida kg vivo/um kg vivo/um R$/UM R$/UM R$/UM Ano UM (A) (B) (C) (D) E=(B-A) x C-D 2001 ha 185 280 1,31 0,00 124,84 2002 ha 185 280 1,47 0,00 139,63 2003 ha 185 280 1,77 0,00 168,87 2004 ha 185 280 1,88 0,00 179,24 2005 ha 185 280 1,66 0,00 158,10 2006 ha 185 280 1,75 0,00 166,56 2007 ha 185 280 1,81 0,00 172,20 2008 ha 185 280 2,66 0,00 253,68 2009 ha 185 280 2,42 0,00 230,62 2010 ha 185 280 2,58 0,00 245,10 2011 ha 185 280 2,58 0,00 245,10 2012 ha 185 280 2,84 0,00 270,60 Tabela Ba - Benefícios Econômicos na Região Ganho líquido Benefício Participação Embrapa Unidade de Área de econômico Embrapa (%) R$/UM medida adoção (UM)* R$ Ano (F) G=(E x F) UM (H) I=(G x H) 1999 50% 51,52 ha 5.476.849 282.172.510,84 2000 50% 60,78 ha 6.727.775 408.891.208,98 2001 50% 62,42 ha 7.967.832 497.365.531,08 2002 50% 69,82 ha 10.104.659 705.462.550,17 4

2003 50% 84,43 ha 12.241.487 1.033.588.839,97 2004 50% 89,62 ha 16.034.734 1.437.069.324,79 2005 50% 79,05 ha 19.827.982 1.567.443.555,52 2006 50% 83,28 ha 23.621.230 1.967.179.947,95 2007 50% 86,10 ha 24.535.560 2.112.484.231,79 2008 50% 126,84 ha 24.535.560 3.112.141.948,62 2009 50% 115,31 ha 24.535.560 2.829.219.953,29 2010 50% 122,55 ha 24.535.560 3.006.832.878,00 2011 50% 122,55 ha 24.535.560 3.006.832.878,00 2012 50% 135,30 ha 25.691.388 3.475.999.553,77 3.2.- Análise dos impactos econômicos: O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de sementes de plantas forrageiras, contando com cerca de 115 milhões de hectares de pastagens cultivadas. O capim-marandu respondeu por 47% do volume e 35% do valor comercializado em 2012 no mercado forrageiro do Brasil. Nesse mesmo ano, os benefícios econômicos gerados pela cultivar e atribuídos à Embrapa Gado de Corte foram de aproximadamente 3,5 bilhões de reais, valor superior ao do ano anterior, dado o aumento de cerca de 5% na área cultivada. O capim-marandu vem sendo usado, principalmente, em substituição a outras espécies forrageiras ou em integração lavoura-pecuária. Tem sido também uma importante alternativa para a recuperação e reforma de pastagens degradadas de Marandu ou substituindo, em muitos casos, a B. decumbens atacada pela cigarrinha-das-pastagens. Cabe ressaltar que, provavelmente, os ganhos são maiores, pois a área de adoção é cerca de três vezes maior que a considerada (visto que nesta avaliação considerase apenas a área sujeita ao ataque de cigarrinha) e que atribuiu-se à Embrapa Gado de Corte cerca de 50% dos méritos do desenvolvimento desta cultivar, bem como dos benefícios gerados. Além disso, outras atividades também são beneficiárias da tecnologia, como a pecuária leiteira, que não foi considerada nessa análise. Se por um lado, o mercado do capim-marandu continua em expansão, seja pela abertura de novas áreas seja pela a recuperação de áreas degradadas, por outro lado parte das áreas cultivadas com Marandu vem sendo substituída por outras gramíneas, como o capim-piatã, ou outras culturas, como a soja e a cana. Estima-se que cerca de 2,5 milhões de hectares do capim BRS Piatã tenham sido plantados em áreas onde antes existia o capim-marandu (cálculos dos autores, com base em informações da Unipasto). Já a produção de soja cresceu em todas as regiões do Cerrado, especialmente em municípios do Maranhão, Piauí, Bahia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Parte desse avanço tem ocorrido sobre áreas de pastagens, sendo o capim-marandu a forrageira mais afetada devido a sua larga dispersão. A substituição de pastagens para a produção de cana-de-açúcar também resultou em decréscimo das áreas cultivadas com essa forrageira. A atualização das estimativas de uso do capim-marandu usaram como referência o ano de 2009, quando 74,3 milhões de hectares eram ocupados por essa cultivar. Entre aquele ano e 2012, a produção de sementes de Marandu, já descontada a quebra de 10% de produção/plantio e 15% destinada à exportação, permitiria o plantio de aproximadamente 15 milhões de hectares no período, elevando a área 5

total para 89,3 milhões de hectares. Contudo, isso não se verificou de fato, pois parte dessa semente destinou-se a recuperação/reforma de áreas já plantadas com a cultivar, não alterando a área total mas incrementando a capacidade suporte e produção de carne por hectare; houve perda de áreas plantadas com Marandu para outras espécies forrageiras e lavouras. Somente o capim-piatã substituiu a cultivar Marandu em cerca de 2,5 milhões de hectares. Considerando essa dinâmica conjuntamente, estimou-se em 13% a redução entre a área potencial e a área de fato estabelecida com a cultivar Marandu, o que resultou em 77,8 milhões de hectares cultivados com essa gramínea em 2012; um crescimento de 5% com relação a 2009. Nos cálculos de impacto, apenas 25,7 milhões de hectares, um terço da área total, foram considerados. No elo dos fornecedores de equipamentos e insumos a cultivar Marandu induziu a produção de equipamentos para colheita de sementes, aumento de faturamento e redução de custos via ganhos de escala. 3.3. Fontes de dados: Estado de Mato Grosso: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA - Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SFA/MT - Serviço de Fiscalização Agropecuária - SEFAG/DT/SFA/MT Estado de Minas Gerais: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SFA/MG Estado de São Paulo: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SFA/SP Estado de Mato Grosso do Sul: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SFA/MS MARCHI, C. E.; FERNANDES, C. D.; SANTOS, J. M.; JERBA, V. F.; FABRIS, L. R. Mortalidade de Brachiaria brizantha cultivar Marandu: causa patológica?. In: BARBOSA, R. A. (Org.). Morte de pastos de braquiárias. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2006. p.115-134. UNIPASTO Marcos Roveri José Diretor executivo (informação pessoal) 4.- AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIAIS 4.1.- Avaliação dos Impactos: A Unidade utilizou a metodologia AMBITEC-Social ( x ) sim ( ) não. 4.1.1.Tabela - Impactos sociais aspecto emprego Capacitação Sim 3,5 Oportunidade de emprego local qualificado Sim 7,8 Oferta de emprego e condição do trabalhador Sim 2,4 Qualidade do emprego Não 0 * Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial ). 6

A intensificação da exploração advinda do uso do capim-marandu criou a necessidade de capacitação em todas as áreas do sistema de produção, especialmente na formação e manejo de pastagens, exigindo uma mão-de-obra mais qualificada. Além disso, a expansão das áreas formadas com pastos gerou uma grande demanda por mão-de-obra permanente, para a lida do gado e o manejo das pastagens (braçal). Novas cultivares forrageiras atendem a todo tipo de produtor, independente de sua condição familiar ou patronal. Também no setor de produção de sementes, bem como na indústria de equipamentos para ele voltada, o capim-marandu levou à contratação de trabalho permanente e temporário. 4.1.2. Tabela - Impactos sociais aspecto renda Geração de Renda do estabelecimento Sim 5 Diversidade de fonte de renda Sim 3 Valor da propriedade Sim 3,5 * Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial) Devido à maior produtividade em comparação à B. decumbens, pela maior resistência ao ataque de cigarrinhas, o Marandu causou grande impacto na renda gerada no estabelecimento. Importante também foi sua contribuição para a diversificação das pastagens, apresentando-se como mais uma opção forrageira, viabilizando a pecuária de corte em condições antes desfavoráveis diante do problema da cigarrinha. Pastagens formadas fazem parte do ativo da fazenda, sendo portanto um item do patrimônio que valoriza sobremaneira a propriedade rural. 4.1.3. Tabela - Impactos sociais aspecto saúde Saúde ambiental e pessoal Não 0 Segurança e saúde ocupacional Não 0 Segurança alimentar Sim 4,8 * Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial) O capim-marandu contribuiu em grande medida para o aumento da produção brasileira de carne e outros produtos derivados do bovino, propiciando segurança quanto ao abastecimento interno (no passado o Brasil chegou a ter política pública de estocagem de carne congelada - estoques reguladores) e gerando excedentes para a exportação. 4.1.4. Tabela - Impactos sociais aspecto gestão e administração Dedicação e perfil do responsável Sim 1 Condição de comercialização Não 0 Reciclagem de resíduos Não 0 Relacionamento institucional Sim 3,25 *Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial) 7

A intensificação dos sistemas de produção decorrente do uso do capim-marandu passou a exigir maior dedicação e capacitação do responsável pela fazenda, aumentando a rede de relações com os demais elos da cadeia produtiva e fazendo maior uso dos serviços de assistência técnica. Também na indústria de sementes houve impacto da tecnologia, contribuindo para uma maior "profissionalização" do setor. 4.2.- Análise dos Resultados O capim-marandu foi responsável pela geração de inúmeros empregos nas fazendas de pecuária de corte e leite, no setor de produção de sementes e na indústria de equipamentos voltadas para o mesmo. Contribuiu também para incrementar a renda gerada em todos esses segmentos, além de induzir progressos na área gerencial. A média geral de 2,33 reflete esse quadro. Tipo 1 Tipo 2 2,33 4.3.- Impactos sobre o Emprego Não há dados disponíveis para quantificar o emprego gerado. Número de empregos gerados ao longo da cadeia: - 4.4. Fonte de dados: As informações inseridas nas planilhas do Ambitec - Produção Animal foram obtidas em painel realizado em 13/11/2007 com 18 informantes qualificados (técnicos - assistência técnica e pesquisa, produtores rurais e empresários do setor de sementes de forrageiras). A visão desses informantes abrange uma extensa área geográfica, sem especificação de municípios. Acredita-se não ter havido mudança significativa nessas análises, que, portanto, permaneceram inalteradas. 5.- AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 5.1.- Avaliação dos impactos ambientais A Unidade utilizou a metodologia AMBITEC ( x ) sim ( ) não. 5.1.1.- Alcance da Tecnologia Existem atualmente 115 milhões de hectares de pastagens cultivadas, sendo mais de 60% estabelecidas com o capim-marandu. Seu maior potencial de uso se estende dos Cerrados ao Trópico Úmido, com predominância em áreas de média a alta fertilidade. 5.1.2.- Eficiência Tecnológica Tabela 5.1.2.1 - Eficiência Tecnológica 8

Uso de agroquímicos/insumos químicos e ou Sim -2 materiais Uso de energia Sim -0,5 Uso de recursos naturais Sim -4 Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial Com a intensificação da produção resultante do uso do capim-marandu, houve certo acréscimo no uso de produtos veterinários (dado o aumento na capacidade de suporte das pastagens) e de suplementos alimentares. Estes últimos decorrem da necessidade de obter um desenvolvimento ponderal satisfatório no período seca, visando produzir animais mais precoces. Além disso, a simples expansão da atividade pecuária resultante da introdução do Marandu contribuiu para a adoção de novas práticas (como a suplementação na seca), antes não utilizadas. Os processos de formação e recuperação de pastagens consomem energia, principalmente óleo diesel, daí o aumento no uso desse insumo. Também os recursos naturais foram demandados nos processos de formação de novas áreas ou substituição de forrageiras já existentes. Os valores da tabela acima são negativos porque estas pressões pelo maior uso de insumos, energia e recursos naturais contribuem negativamente para o índice de impacto ambiental. 5.1.3.- Conservação Ambiental Tabela 5.1.3.1 Conservação Ambiental para AMBITEC Agro Atmosfera Capacidade produtiva do solo Água Biodiversidade *Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial) Tabela 5.1.3.2 Conservação Ambiental para AMBITEC Agroindústria Atmosfera Geração de resíduos sólidos Água *Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial) Tabela 5.1.3.3 Conservação Ambiental para AMBITEC Produção Animal Atmosfera Sim 0 Capacidade produtiva do solo Sim -1 Água Sim -0,2 Biodiversidade Sim -6 *Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial) 9

O capim-marandu resulta em certa produção de fumaça pela queima de óleo diesel no plantio, além de aumentar os gases de efeito estufa, pelo crescimento do rebanho devido a sua maior capacidade de suporte e às novas áreas formadas. Por outro lado, a eficiência no processo de sequestro de carbono pela forrageira, e a redução das queimadas devido à maior facilidade de manejo desta pastagem têm compensado tais emissões, gerando-se um coeficiente nulo para este item. Já a capacidade produtiva do solo sofre algum prejuízo, pois, em comparação com a B. decumbens, espécie tomada como referência nas avaliações de impactos, há uma aceleração no processo de erosão, devido a menor cobertura do solo. Este mesmo fato afeta negativamente a qualidade da água, pelo aumento da turbidez e do nível de sedimentos. A biodiversidade também tem sofrido com o processo de expansão da pecuária, havendo uma perda intensa de corredores de fauna e de vegetação nativa, pois grande parte dos produtores utilizou essa forrageira na forma de monocultura, o que é desaconselhado pela pesquisa. Cabe ressaltar que tal impacto não é inerente à tecnologia, mas sim ao seu mal uso. 5.1.4.- Recuperação Ambiental Tabela 5.1.4.1. - Recuperação Ambiental Recuperação Ambiental Sim 1,6 * Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial Se no passado o capim-marandu apresentou impactos negativos ao meio ambiente, atualmente esse quadro tende a se reverter. Frente à rigidez da legislação ambiental e à gradativa perda da capacidade produtiva dos solos, muitos produtores têm procurado adotar medidas de conservação ambiental, de estabelecimento e manejo adequado de pastagens e de recuperação/reforma de pastagem, sendo, para esta última, a cv. Marandu a opção mais usada. Outra alternativa que começa a ganhar espaço é uso desse capim para fornecer palhada para a introdução do sistema de plantio direto na implantação de lavouras, visto sua capacidade de proteger o solo contra a erosão. 5.1.5.- Qualidade do Produto Tabela 5.1.5.1. Qualidade do Produto Tipo 2 (*) Qualidade do produto Não *Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial A utilização do capim-marandu não tem qualquer efeito sobre a qualidade do produto, do ponto de vista da segurança alimentar, uma vez que a forragem oferecida pelo capim é inócua com relação a este fator. 10

5.1.6.- Capital Social Tabela 5.1.6.1. Capital Social Capital Social Não *Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial 5.1.7. Bem-estar e saúde do animal Tabela 5.1.7.1. Bem-estar e saúde do animal Bem-estar e saúde do animal Não *Tipo 1 - Produtor familiar ( pequeno ). **Tipo 2 - Produtor patronal ( médio e grande, comercial 5.2.- Índice de Impacto Ambiental Apesar do impacto ambiental final do capim-marandu ter sido negativo (-1,09), vale ressaltar que boa parte desses impactos não é inerente à tecnologia, devendo ser atribuída à sua utilização inadequada, principalmente em relação ao plantio exclusivo em grandes áreas, configurando grandes monocultivos ou ainda ao manejo incorreto, com altas taxas de lotação animal por hectare e sem reposição de nutrientes no solo. O impacto negativo em termos de biodiversidade de fato foi relevante no passado, porém atualmente não se justifica mais penalizar esta tecnologia. Em termos de contribuições positivas para o ambiente, como esta forrageira requer um pacote tecnológico mais aprimorado em sua condução, muitos pecuaristas estão reduzindo a degradação dos solos ao recuperar ou reformar pastagens com este capim. Seu crescimento acelerado, formando boa palhada, além de proteger o solo contra a erosão, tem sido visto como oportunidade para aprimoramento do sistema de plantio direto e, mais recentemente, da integração lavoura-pecuária. Tipo 1 Tipo 2-1,09 5.3. Fonte de dados As informações inseridas nas planilhas do Ambitec - Produção Animal foram obtidas em painel realizado em 13/11/2007 com 18 informantes qualificados (técnicos - assistência técnica e pesquisa, produtores rurais e empresários do setor de sementes de forrageiras). A visão desses informantes abrange uma extensa área 11

geográfica, sem especificação de municípios. Acredita-se não ter havido mudança significativa nessas análises, que, portanto, permaneceram inalteradas. 6.- AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOBRE CONHECIMENTO, CAPACITAÇÃO E POLÍTICO-INSTITUCIONAL 7.- AVALIAÇÃO INTEGRADA E COMPARATIVA DOS IMPACTOS GERADOS Cabe primeiramente ressaltar a natureza da inovação representada por uma nova cultivar de forrageira. Ao contrário do que ocorre com culturas anuais, onde uma nova variedade geralmente substitui plenamente aquela plantada em safras anteriores, a nova forrageira tem natureza complementar, com longa vida útil, gerando benefícios durante todo esse período. O capim-marandu, quando usado como opção para a diversificação das pastagens, é muito benéfico ao sistema de produção. Permite o aproveitamento das áreas do estabelecimento rural segundo suas condições naturais específicas, viabiliza o uso estratégico das pastagens (conforme as características da forrageira e da categoria animal manejada) e reduz os riscos associados à monocultura, que tem sido constantemente desestimulada pelos técnicos. Nesta análise, os benefícios advindos do uso do capim foram mensurados quanto aos ganhos de produtividade no âmbito da fazenda, atribuindo à Embrapa metade dos benefícios líquidos gerados. Estes se expressam em diversas situações: substituição da cobertura natural primitiva, por exemplo cerrados; substituição da B. decumbens sob ataque de cigarrinha-das-pastagens, a qual o capim-marandu é resistente; reforma ou recuperação de pastagens degradadas. Além de causar impacto na fazenda, o capim-marandu vem impulsionando outros elos da cadeia produtiva, como os segmentos de produção de sementes (produtores e beneficiadores/comerciantes), de máquinas e equipamentos, e, indiretamente, frigoríficos, processadores e comerciantes de carne bovina. Do ponto de vista econômico, considerando-se apenas o benefício produtivo na fazenda, computou-se um benefício líquido total, em 2012, da ordem de 3,5 bilhões de reais. Do ponto de vista social, a cultivar Marandu contribuiu para mudanças quantitativas e qualitativas na utilização da mão-de-obra, tendo efeito no aumento do nível de atividade econômica da cadeia como um todo, com impactos positivos na geração de emprego em geral. Na colheita de sementes, porém, há redução na absorção de mão-de-obra, no caso bastante desqualificada, o que é compensado, no agregado, pelo emprego na indústria de equipamentos de colheita de sementes de forrageiras e na própria indústria de beneficiamento/comércio de sementes. A mecanização da colheita pode ser atribuída ao capim-marandu e outras forrageiras lançadas no mercado, pois a indústria desses equipamentos somente se viabilizou com a expansão da produção de sementes de forrageiras. Quanto à questão ambiental, apesar de a cultivar Marandu ter apresentado um balanço negativo, atualmente a gramínea, por constituir-se uma relevante opção para a recuperação de pastagens degradadas ou para introdução de sistemas de plantio direto e integração lavoura-pecuária, é considerada um importante componente na conservação e recuperação ambiental. O capim-marandu também contribuiu para a 12

redução das queimadas, pois sua implantação está associada a um melhor manejo dos pastos. 8. CUSTOS DA TECNOLOGIA 8.1 - Estimativa dos Custos Tabela 8.1.1. Estimativa dos custos Ano Custos de Pessoal Custeio de Pesquisa Depreciação de Capital Custos de Administração Custos de Transferência Tecnológica Total 1975 247.194 26.936 11.538 168.755 0 454.423 1976 247.194 26.936 5.004 168.755 0 447.888 1977 247.194 26.936 5.004 172.299 0 451.432 1978 223.502 26.936 5.004 172.299 0 427.741 1979 223.502 26.936 5.004 172.299 0 427.741 1980 223.502 26.936 5.004 172.299 0 427.741 1981 223.502 26.936 5.004 172.299 0 427.741 1982 223.502 26.936 5.004 172.299 0 427.741 1983 223.502 26.936 5.004 172.299 0 427.741 1984 0 0 0 0 13.468 13.468 1985 0 0 0 0 13.468 13.468 1986 0 0 0 0 13.468 13.468 1987 0 0 0 0 13.468 13.468 1988 0 0 0 0 13.468 13.468 1989 0 0 0 0 13.468 13.468 1990 0 0 0 0 13.468 13.468 1991 0 0 0 0 13.468 13.468 1992 0 0 0 0 13.468 13.468 1993 0 0 0 0 13.468 13.468 1994 0 0 0 0 13.468 13.468 8.2 - Análise dos Custos Foram apropriados os custos de geração da tecnologia no período de 1975 a 1983 e de transferência, a partir de 1984. Os custos de pessoal envolvem os salários e encargos dos pesquisadores, proporcional à dedicação ao projeto (% de tempo dedicado), ao longo dos anos. Os demais custos foram sempre calculados por pessoa e considerando o percentual médio de dedicação, de forma que, bastava multiplicar o custo unitário pelo número de pessoas envolvidas para obter o item desejado. Os custos de administração foram obtidos a partir dos balancetes fornecidos pelo SOF, onde consta o custo da unidade, a partir do qual atribuiu-se que 30% deste seria oriundo da administração. Por diferença, obteve-se o custeio de pesquisa. Em termos de custos totais, o capim-marandu consumiu cerca de 4 milhões de reais, que comparados ao benefício por ele gerado somente em 2012, de cerca de R$3,5 bilhões, justifica plenamente seu lançamento e atesta o sucesso da tecnologia. 9 AÇÕES SOCIAIS A viabilização da pecuária de corte e leite, e mais recentemente de outras criações (ovinos e caprinos), pelas plantas forrageiras tropicais lançadas pela Embrapa Gado 13

de Corte tem contribuído para o incremento significativo da produção de carne,leite e derivados, possibilitando o acesso da população à proteína de origem animal à preços decrescentes ao consumidor. Tabela 9.1. Ações Sociais Tipo de ação Ações de filantropia Agricultura familiar Apoio Comunitário Comunidades Indígenas Educação e formação profissional externa Educação e formação profissional interna Meio ambiente e educação ambiental Participação no Fome Zero Reforma Agrária Saúde, segurança e medicina do trabalho Segurança Alimentar 10 - BIBLIOGRAFIA EMBRAPA GADO DE CORTE. Marandu: cultivar de Brachiaria brizantha. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2008 (Folder). Disponível em: http://www.cnpgc.embrapa.br/produtoseservicos/pdf/marandu.pdf. Aceso em 22 fev 2013. Kichel, A.N., Kichel, A.G. Requisitos básicos para a boa formação e persistência de pastagens. Embrapa Gado de Corte: Campo Grande, 2001. Gado de Corte Divulga, n.52. Marchi, C. E.; et al. Mortalidade de Brachiaria brizantha cultivar Marandu: causa patológica?. In: BARBOSA, R. A. (Org.). Morte de pastos de braquiárias. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2006. p.115-134. UNIPASTO Marcos Roveri José Diretor executivo (informação pessoal). Valério, J.R. & Nakano, O. Danos causados pela cigarrinha em pastagens de B. decumbens. Pab 23(5):447-453 Zimmer, A.H., Euclides, V.P.B., Euclides Filho, K., Macedo, M.C.M. Considerações sobre índices de produtividade da pecuária de corte em Mato Grosso do Sul. Embrapa Gado de Corte: Campo Grande, 1998 (Série Documentos, Doc 70) 11.- EQUIPE RESPONSÁVEL Equipe responsável: Paulo Henrique Nogueira Biscola, Mariana de Aragão Pereira, Fernando Paim Costa, Guilherme Cunha Malafaia, Edson Espíndola Cardoso, Carolina Castilho Dias. Origem dos participantes das reuniões de avaliação social e ambiental: Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Sindicato Rural de Maracaju - MS, 14

Germipasto Sementes de Pastagens, Produção Consultoria Pecuária, Rebanho Consultoria Pecuária, Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul (Agraer), Uniderp, produtores rurais autônomos e Embrapa Gado de Corte. 15