1 FATORES QUE INFLUÊNCIAM O GANHO DE PESO EM OVINOS JOVENS Adelmo Ferreira de Santana Prof de Caprinocultura e Ovinocultura E-mail: afs@ufba.br Departamento de Produção Animal Escola de Medicina Veterinária UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA CEP- 40.170.110 Salvador - Bahia Fábio Nicory Souza Costa Acadêmico de Medicina Veterinária Monografia apresentada como parte de conclusão do curso de Medicina Veterinária-Out/2002 1. INTRODUÇÃO Geralmente a ovinocultura no Nordeste apresenta baixa produtividade, basicamente em razão das condições adversas do meio, do baixo nível tecnológico aplicado ao manejo e do pequeno potencial genético das raças criadas, SILVA et al. (1995). Já GURGEL et al. (1992), atribui a baixa produtividade, ao fato da grande maioria dos ovinos serem criados em regime de pasto, atravessando períodos de abundância e escassez de alimentos, o que está diretamente relacionado com as estações chuvosa e seca de cada ano, ocorrendo também uma variação no valor nutritivo das pastagens, que cresce no período das águas e decresce durante a época seca, tornando-se nesse período, insuficiente para atender às exigências nutricionais dos animais. De acordo com SOUSA et al. (1999), características, como peso ao nascer e ao desmame, devem ser mensuradas na fase inicial do desenvolvimento do animal, pois são importantes na determinação da eficiência econômica de qualquer sistema de produção de ovinos e estão envolvidas no ganho diário e total do animal até o abate. Fatores como tipo de parto e sexo são importantes no desenvolvimento do animal nas diferentes fases como: na lactação e pós desmama, refletindo no peso e ganho de peso nas idades seguintes, MUNIZ et al. (1997). De acordo com OLIVEIRA et al. (1996), os melhores ganhos de peso são evidenciados no período compreendido do nascimento aos 5,5 meses de idade, indicando que é nesta fase
2 onde o animal apresenta maior desenvolvimento, pois após este período, as variações de peso corporal em relação ao tempo pouco contribuem no peso final. O objetivo deste trabalho foi buscar na literatura informações a respeito do ganho de peso em ovinos jovens e alguns fatores que estão ligados a este, como: peso ao nascimento, sexo e tipo de parto. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Fatores que interferem no ganho de peso em ovinos jovens Dentre os vários fatores que interferem no ganho de peso em ovinos jovens SOUZA et al. (1999), citam o peso ao nascer e ao desmame como fatores importantes a serem mensurados na fase inicial da vida do animal. Já SILVA et al. (1995), constataram que o sexo da cria exerce influência sobre o peso ao nascimento, e o tipo de parto influencia, os pesos e ganhos de peso no nascimento e nas diferentes idades até 112 dias. 2.1.1 Peso ao nascimento De acordo com PIRES et al. (2000), o peso ao nascimento está diretamente relacionado com fatores de ordem genética e a nutrição da ovelha gestante, enquanto que o peso ao desmame depende principalmente da produção de leite da ovelha e da disponibilidade de alimentos sólidos ao cordeiro. Avaliando a raça Morada Nova alimentada extensivamente em caatinga nativa na Fazenda Iracema no município de Banabuiu CE, LÔBO et al. (1996), encontraram o peso médio ao nascimento de 1,82 kg. Já com ovinos da raça Somalis, alimentados exclusivamente em pastagem nativa na fazenda Várzea Alegre, no município de Independência CE, SILVA et al. (1998), obtiveram o peso médio ao nascimento de 2,35 kg. Estudando agora a raça Santa Inês variedade vermelha, também alimentados em pastagem nativa na fazenda Santa Rita, em Sobral CE, SILVA et al. (1995), obtiveram o peso médio ao nascimento de 3,49 kg. Também estudando animais pertencentes à Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A (EMEPA PB) da raça Santa Inês, alimentados em pastagem nativa e
3 melhoradas, constituídas de capim Buffel (Cenchrus ciliaris) e Pangola (Digitaria decumbens), SOUZA et al. (1999), encontraram o peso médio ao nascimento de 3,58 kg. O peso médio ao nascimento encontrado por MACHADO et al. (1999), para animais oriundos do cruzamento de raças de corte com ovelhas SRD deslanadas em um experimento realizado na fazenda experimental da EMBRAPA Caprinos, Sobral - CE foram os seguintes: 3,22 kg Santa Inês; 3,73 kg Hampshire Down; 3,79 kg Ile de France; 3,95 kg Suffolk e 3,82 kg para o Texel. Já QUESADA et al. (2000), estudando ovinos das raças: Morada Nova, Santa Inês e mestiços de Texel x Morada Nova na Colônia Agrícola Itapeti no Distrito Federal, constataram nos animais alimentados extensivamente em pastagem de capim Andropogon e cana desidratada, enriquecida com milho, no período da seca, mais sal mineral à vontade, que os pesos médios ao nascer foram: do Morada Nova 2,36 kg, Santa Inês 3,07 kg e Texel X Morada Nova 2,84 kg afetando os pesos aos 30, 120 e 210 dias, sendo que os animais mais pesados ao nascer demonstraram a tendência de manter esta superioridade até 210 dias. (Tab. 1) TABELA 1. Médias de pesos ao nascer (PN), aos 30 (P30), 120 (P120) e 210 (P210) dias de idade, das raças Morada Nova (MN), Santa Inês (SI) e mestiços Texel x Morada Nova (T x MN) criadas no Distrito Federal. Raças MN (1312 Nasc.) SI (785 Nasc.) T x MN (240 Nasc.) Peso ao nascer 2,36 3,07 2,84 Peso aos 30 dias 5,54 8,01 7,53 Peso aos 120 dias 16,35 20,10 21,32 Peso aos 210 dias 26,26 29,84 32,99 Fonte: (QUESADA et al., 2002) Nasc - Nascimentos 2.1.2 Tipo de parto MIRANDA et al. (1996), utilizando ovinos da raça Bergamácia na fazenda experimental da Universidade Federal de Brasília alimentados em regime extensivo observaram que ovelhas
4 de primeiro parto e as idosas, com mais de seis partos, produziram cordeiros menos pesados do que às de idade intermediária. Os autores constataram que o nascimento de parto duplo reduziu significativamente o peso do cordeiro e que a diferença inicial foi de 35 % entre cordeiros de partos simples e duplo, decrescendo com a idade, alcançando 10 % aos 12 meses, confirmando que o tipo de parto (simples ou duplo) só tem efeito até seis meses de idade. MUNIZ et al. (1997), realizando um trabalho com ovinos de diferentes genótipos na estação experimental de São Gabriel RS, observaram que os cordeiros nascidos de partos simples foram mais pesados que os nascidos de parto duplo, entretanto, quanto aos ganhos médios diários, apenas o ganho do nascimento ao desmame foi maior para cordeiros oriundo de partos simples. Registraram ainda que crescimento ponderal de cordeiros nascidos de partos duplos foi significativamente menor do que os cordeiros nascidos de partos simples até o desmame. (Tab. 2 e 3). TABELA 2. Médias de pesos vivos (kg) de cordeiros oriundos de partos simples e duplos no ano de 1982, em diferentes idades (dias). Tipo Idade (dias) de nascimento 0 76 104 174 208 Simples 4,17 23,39 25,13 30,40 32,77 Duplo 3,79 18,83 21,38 27,25 29,78 Fonte: (MUNIZ et al., 1997) TABELA 3. Médias de ganho médio diário (kg/dia) e respectivos erros padrão de cordeiros oriundos de partos simples e duplos em diferentes períodos de idade no ano de 1982. Tipo Idade (dias) de nascimento 0-76 76-104 104-174 174-208 0-208 Simples 0,251 0,066 0,079 0,051 0,136 Duplo 0,198 0,089 0,080 0,087 0,129 Fonte: (MUNIZ et al., 1997)
5 QUESADA et al. (2000), trabalhando com ovinos das raças: Morada Nova, Santa Inês e Texel X Morada Nova na Colônia Agrícola Itapeti, Distrito Federal, alimentados em regime extensivo de pasto com capim (Andropogon gayanus) e cana desidratada, complementada com milho no período da seca e sal mineral à vontade, constataram diferenças de peso para o tipo de parto nas diferentes raças e idades, sendo as crias oriundas de partos simples mais pesadas ao nascimento e nas demais idades. (Tab. 4) TABELA 4. Médias estimadas pelos mínimos quadrados para tipo de parto e características de peso em ovinos Morada Nova, Santa Inês e mestiços Texel x Morada Nova no Distrito Federal. Idades PN P30 P120 P210 Raça MN Tipo de parto Simples 2,46 5,93 17,10 27,32 Duplo 2,17 5,52 16,05 23,17 Raça S.I Tipo de parto Simples 3,12 8,35 20,59 29,88 Duplo 2,90 7,11 19,11 29,49 Raça T x MN Tipo de parto Simples 3,00 7,82 21,96 33,86 Duplo 2,50 5,89 20,96 31,66 Fonte: (QUESADA et al., 2002) SANTANA (1996), observou em ovinos deslanados criados em sistemas extensivos no estado do Ceará, peso ao nascimento de 3,14 kg para cordeiros oriundo de partos simples e 2,53 kg para os de partos duplos. De acordo com SILVA et al. (1995), os ganhos de peso estudados em ovinos da raça Santa Inês variedade vermelha, alimentados em pastagem nativa na fazenda Santa Rita em Sobral CE, foram influenciados estatisticamente pelo tipo de nascimento, sendo as crias oriundas de partos simples 19,4 %; 42,8 %; 40,1 %; 35,7 % e 31,5 % mais pesadas do que as de partos duplos, ao nascer, aos 28, aos 56, aos 84 e aos 112 dias de idade, e ganharam 64,6 %; 35,5 %; 20,5 % e 6,7 % mais peso, do nascimento aos 28, dos 28 aos 56, dos 56
6 aos 84 e dos 84 aos 112 dias de idade, respectivamente, que os de partos duplos. De acordo com os autores, o efeito do tipo de nascimento é resultado da competição dos cordeiros na vida intrauterina, a qual proporciona menor desenvolvimento e conseqüentemente menor peso ao nascer, em relação aos cordeiros nascidos de partos simples, adicionado à competição pós-natal até a desmama, pelo leite materno. Já para ovinos Somalis criados exclusivamente em pastagem nativa na fazenda Várzea Alegre no município de Independência CE, SILVA et al. (1998), observaram que as crias de partos simples foram, em média, 15,2; 30,0; 31,0; 27,5; e 25,6 % mais pesadas que as de partos duplo, ao nascer, aos 28, 56, 84 dias e 112 dias de idade. O fato das crias de partos simples apresentarem melhor desempenho que as de partos duplo foi atribuído em parte pela inexistência de competição nutricional entre as crias de partos simples em comparação às de partos duplo. (Tab. 5 e 6) TABELA 5. Médias estimadas pelos mínimos quadrados para peso ao nascer (PN), aos 28, 56 (P56), 84 (P84) e 112 (P112) dias de idade, de cordeiros Somalis e Santa Inês Variáveis Médias (N) PN P28 P56 P84 P112 Somalis Tipo de parto Simples (354) 2,52 6,83 10,00 12,31 15,69 Duplo (141) 2,19 5,25 7,64 9,65 12,49 Média Geral (495) 2,35 6,04 8,82 10,98 14,09 Fonte: (SILVA et al., 1998) Santa Inês Tipo de parto Simples (382) 3,82 9,14 13,09 16,83 18,29 Duplos (223) 3,20 6,40 9,34 12,40 13,90 Média geral (605) 3,49 7,77 11,21 14,61 16,09 Fonte: (SILVA et al., 1995) (N) Número de observações
7 TABELA 6. Médias estimadas pelos mínimos quadrados para ganho médio diário aos 28 (GN- 28), dos 28 aos 56 (G28-56), dos 56 aos 84 (G56-84) e dos 84 aos 112 (G84-112) dias de idade, dos cordeiros Somalis e Santa Inês. Variáveis Médias (N) GN-28 G28-56 G56-84 G84-112 Somalis Tipo de parto Simples (354) 154,20 113,25 82,50 120,66 Duplo (141) 109,31 85,28 71,72 101,56 Média Geral (495) 131,76 99,26 77,11 111,11 Fonte: (SILVA et al., 1998) Santa Inês Tipo de parto Simples (382) 190,24 146,15 129,91 52,38 Duplos (223) 115,57 107,88 107,76 55,90 Média geral (605) 152,57 127,02 118,84 54,15 Fonte: (SILVA et al., 1995) (N) Número de observações 2.1.3. Sexo MACEDO et al. (1996), trabalhando com ovinos das raças Corriedale, Bergamácia e Hampshire Dow no centro de pesquisa da Universidade Estadual de Maringá-PR, constataram que os cordeiros machos foram mais pesados que as fêmeas ao nascimento com um peso médio de 3,49 kg, enquanto que as fêmeas 3,15 kg. Ainda aos 30 dias continuaram mais pesados, com peso médio de 8,08 kg enquanto que as fêmeas 7,39 kg, estes animais foram alimentados em pastagem de coast cross (Cynodon dactylon) com 17 % proteína bruta e 64 % de nutrientes digestíveis totais e os confinados receberam ração com o mesmo teor nutritivo da pastagem. MIRANDA et al. (1996), observaram na fazenda experimental da Universidade de Brasília ovinos jovens da raça Bergamácia alimentados em regime extensivo que os machos pesaram ao nascer 3,76 kg, enquanto que as fêmeas 3,61 kg, uma diferença inicial de 4 % que cresceu com a idade até os 12 meses, atingindo 19 %; sendo então concluído que os pesos dos cordeiros, até um ano de idade são altamente influenciados pelo sexo. Em outro estudo
8 RODRIGUES et al. (1996), avaliando as raças Santa Inês e Bergamácia no setor de Ovinos do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, alimentados em confinamento, obtiveram um ganho de peso médio de 205 g /dia para os machos e de 125 g /dia para fêmeas das duas raças. SILVA et al. (1995), em um estudo com a raça Santa Inês afirmam que o sexo da cria exerceu influência somente sobre o peso ao nascimento, que foi nos machos de 3,60 kg e média 6,5 % superior ao das fêmeas com 3,38 kg. Esse resultado foi atribuído ao desenvolvimento dos machos, em relação às fêmeas, ser resultante da diferenciação nos mecanismos de controle hormonal, característico das espécies de mamíferos. Já QUESADA et al. (2000), trabalhando com as raças Morada Nova, Santa Inês e Texel X Morada Nova, também encontraram diferenças de peso ao nascer de acordo com o sexo, permanecendo nas idades estudadas, como pode ser observado abaixo. (Tab. 7) TABELA 7. Médias estimadas pelos mínimos quadrados de acordo com o sexo para características de peso em ovinos Morada Nova, Santa Inês e mestiços Texel x Morada Nova no Distrito Federal. Idade PN P30 P120 P210 Raça MN Sexo M 2,37 5,58 17,15 26,20 F 2,36 5,50 16,01 25,94 Raça S.I Sexo M 3,12 8,10 20,60 30,45 F 3,00 7,97 19,61 29,17 Raça T x MN Sexo M 2,88 7,63 21,92 33,92 F 2,80 7,12 21,03 32,63 Fonte: (QUESADA et al., 2002) Neste estudo os mesmos autores verificaram que a raça Santa Inês e os mestiços de Texel x Morada Nova apresentaram pesos bem similares, entretanto, comparando com a raça Morada Nova, as diferenças foram consideráveis, com relevante vantagem para os mestiços a partir dos 120. Essa vantagem é provavelmente devido ao vigor híbrido, e a vantagem aos 30 dias da raça Santa Inês deve-se, possivelmente, ao fato de que esta raça produza mais leite.
9 No entanto, quando os cordeiros começam a pastar foi constatado que os híbridos, passaram a ter vantagem frente ao Santa Inês e Morada Nova. Avaliando ovinos da raça Morada Nova, na Fazenda Iracema no Município de Banabuiu CE, LÔBO et al. (1996), obtiveram para os machos o peso médio de 1,91 kg e para as fêmeas 1,73 kg, confirmando uma superioridade significativa dos machos em 180 g sobre as fêmeas. 2.2. Ganho de peso OLIVEIRA et al. (1996), avaliando cordeiros das raças Texel, Romney Marsh, Corriedale, Ideal e Merino alimentados com pastagem nativa até o desmame e suplementados com ração contendo 17 % de proteína bruta (PB) e 75 % de nutrientes digestíveis totais (NDT) após o desmame, em um experimento realizado no Centro de Pesquisa de Pecuária dos Campos Sul Brasileiros, EMBRAPA de Bagé -RS, observaram o baixo ganho de peso dos animais após 5,5 meses de idade, ou seja após esta idade, as variações de peso corporal em relação ao tempo pouco contribuíram com o peso final de abate. Constataram que é entre o nascimento e a desmama (75 dias) que ocorre um maior crescimento dos cordeiros, sendo na raça Texel 52,1 % do ganho de peso do nascimento até o abate. PIRES et al. (2000), em um experimento realizado no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria utilizando as raças Texel e mestiços da Texel X Ideal, alimentados em baias com ração balanceada de acordo com as exigências, verificaram que o ganho de peso obtido pelo cordeiro do nascimento ao desmame não é sustentado pósdesmame até ao abate, o que indica a necessidade de se buscar alternativas para o melhor desempenho nesse período, pois o cordeiro é a categoria animal que fornece carne de melhor qualidade e apresenta, nesta fase, os maiores rendimentos de carcaça e maior eficiência de produção, devido a sua alta velocidade de crescimento. Neste mesmo estudo foi constatado que o peso inicial dos cordeiros, em média 4,90 kg, representa 16 % do peso médio de abate, enquanto o peso a desmama (45 dias) representa 65 %. O aumento de peso do nascimento ao desmame foi em média de 15,04 kg com um ganho médio diário de 336 g o que corresponde a 49 % do peso médio de abate, e do desmame ao abate com um ganho médio diário de 176 g foi de 10,66 kg, ou seja, 35 % do peso de abate.
10 CARVALHO et al. (1999), trabalhando com ovinos Texel e cruza Texel X Ideal no departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, analisaram cordeiros machos não castrados, machos castrados, e fêmeas, todos confinados com suas respectivas mães 24 horas após o parto. Constataram uma drástica redução no ganho de peso por período, após o desmame aos 50 dias (0,309 kg para 0,145 kg de GMD em média). Os autores atribuíram à ausência do leite materno e ao baixo consumo de alimento pelos cordeiros, principalmente nos dias logo após o desmame. MACEDO et al. (2000), trabalhando com ovinos das raças Corriedale, Bergamácia e Hampshire Down no centro de pesquisa do Arenito em Cidade Gaúcha, observaram em dois sistemas de terminação (confinamento e pastagem), que cordeiros terminados no confinamento, mesmo recebendo ração equivalente nutricionalmente à pastagem de coast cross (Cynodon dactylon), apresentaram ganho de peso superior (0,144 kg) aos terminados nesta pastagem (0,106 kg) e, por consequência, atingiram peso de abate 39 dias mais cedo. BARROS et al. (1997), trabalhando na EMBRAPA (Caprinos) com ovinos mestiços Santa Inês X Criola, com idade em torno de 4 meses, verificaram que o ganho de peso diário de cordeiros foi linearmente incrementado na medida em que se elevaram os níveis de concentrado na dieta dos animais: 0 % = 113,7 g /dia; 15 % = 135,8 g /dia; 30 % = 143,9 g /dia; e 45 % = 172,8 g /dia indicando que os níveis de concentrado utilizados não eram suficientes para atingir o ponto de ganho máximo, e conseqüentemente, o potencial genético destes não foi totalmente explorado. RODRIGUES et al. (1996), em um experimento no Setor de Ovinos do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Larvas avaliaram as raças Bergamácia e Santa Inês alimentados em confinamento com dejetos de suínos como parte da dieta composta por feno de aveia, na proporção de 20 % do total oferecido, mais concentrado acrescido com 30 % de dejetos, sendo a ração balanceada em 16 % de proteína bruta e em média 2600 kcal/kg de MS, constataram um melhor desempenho para ganho de peso da raça Bergamácia (196 g /dia) se comparado com a raça Santa Inês (165 g /dia). Já PÉRES et al. (1998), trabalhando com as mesmas duas raças no setor de Ovinocultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, ambas alimentadas também com dejetos de suínos mais concentrado sendo a dieta balanceada em 18 % de proteína bruta, 2700 kcal de energia
11 metabolizável e 63 % de fibra detergente neutro, obtiveram ganho de 216 g /dia na raça Santa Inês e 208 g /dia na raça Bergamácia concluindo que estas possuem um desempenho semelhante quando terminados em confinamento e apresentam um potencial para ganho de peso semelhante a raças especializadas na produção de carne. Em um estudo realizado com ovinos da raça Somalis, na Fazenda Várzea Alegre no município de Independência - CE onde os animais eram manejados exclusivamente em pastagem nativa, SILVA et al. (1998), encontraram as seguintes médias de peso: 2,35; 6,04; 8,82; 10,98; e 14,09, para peso ao nascer, aos 28, 56, 84 e 112 dias de idade e os ganhos médios diários foram de 131,36; 99,26; 77,11; e 111,11, para ganhos do nascimento aos 28, de 28-56, 56-84 e 84-112 dias de idade. Já trabalhando com ovinos da raça Santa Inês variedade vermelha na Fazenda Santa Rita, em Sobral - CE, SILVA et al. (1995), encontraram pesos médios de 3,49 kg; 7,77 kg; 11,21 kg; 14,61 kg e 16,09 kg, para peso, ao nascer, aos 28 dias, aos 56 dias, aos 84 dias e aos 112 dias de idade. Os ganhos médios de peso foram 152,90 g; 127,02 g; 118,84 g e 54,15 g, dos 56 aos 84 e dos 84 aos 112 dias de idade, respectivamente. BARROS et al. (1996), constataram em um experimento realizado na EMBRAPA Caprinos avaliando as raças Somalis e Santa Inês alimentados em confinamento com dietas balanceadas de acordo com as exigências, que a raça do carneiro influenciou o peso inicial, o ganho de peso e o peso final. Os borregos Santa Inês foram mais pesados ao início e final dos testes apresentando um ganho de peso médio de 225,07 g /dia contra 168,65 g /dia da raça Somalis. Neste estudo os borregos da raça Santa Inês mostraram um maior potencial para produção de carne, em regime intensivo que os da raça Somalis. MACHADO et al. (1999), em um estudo realizado na fazenda experimental da EMBRAPA Caprinos no município de Sobral CE avaliando o potencial de ganho de peso das raças: Santa Inês, Hampshire Down, Ile de France, Suffolk e Texel cruzadas com ovelhas SRD deslanadas nativas da região, constataram que não houve diferença significativa no peso vivo ao desmame que foi de 11,4 kg no Santa Inês; 12,5 kg no Hampshire Down; 13,1 kg no Ile de France; 12,7 kg no Suffolk e 14,1 kg no Texel. No mesmo estudo os ganhos de peso no período do aleitamento encontrados foram os seguintes: 97,9 g /dia para o Santa Inês; 105,5 g /dia Hampshire Down; 112,4 g /dia Ile de France; 105,4 g /dia Suffolk e 124,0 g /dia
12 para o Texel, os autores então concluíram que a velocidade de crescimento de cordeiros F1 Santa Inês até a desmama não diferem das obtidas por crias de raças especializadas para corte. FUROSHO et al. (1997), utilizando ovinos da raça Santa Inês na Fazenda Experimental Rockfeller em São Gonçalo do Amarante RN, alimentados em confinamento com dietas contendo pendúnculo de caju seco, enriquecido ou não por leveduras, observaram que cordeiros Santa Inês em crescimento ganharam em média 240 g / dia podendo assim atingir um adequado peso de abate quando terminados em confinamento. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O peso ao nascimento determina maiores pesos nas diferentes idades até o abate, contribuindo para uma maior produção de carne por animal. O tipo de parto influencia significativamente o peso ao nascimento e o ganho de peso, principalmente na fase de lactação. O sexo da cria tem relação com o peso ao nascimento e ganhos nas idades estudadas, sendo os machos sempre superiores às fêmeas. A raça Santa Inês se comparada às raças Morada Nova e Somalis, tende a ter um maior peso ao nascimento e manter um maior desenvolvimento nas diferentes idades. Dentre as raças utilizadas para produção de carne pode-se destacar a raça Santa Inês que registrou ganhos de até 240 g /dia como uma raça de bom potencial pois, os índices produtivos são melhores quando comparados com outras raças deslanadas e estão próximos aos das raças lanadas especializadas para corte.
13 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, N. N.; CARVALHO, R. B.; ROSSETTI, A. G. Feno de cunhã para acabamento de borregos. Disponível na internet: http://www.sbz.org.br/scripts/anais1997/nut120. Acessado em 10/08/2002. BARROS, N. N.; SIMPLÍCIO, A. A.; BARBIERI, M. E. Desempenho de borregos das raças Santa Inês e Somalis Brasileira, em prova de ganho de peso. Disponível na internet: http://www.sbz.org.br/eventos/fortaleza/melh_anim/sbz581.pdf Acessado em 10/08/2002. CARVALHO, S.; PIRES, C. C; PERES, J. R. R.; ZEPPENFELD. C.; WEISS, A. Desempenho de cordeiros machos inteiros, machos castrados e fêmeas, alimentadas em confinamento. Ciência Rural, Santa Maria, V. 29, n.1, p. 129 133, 1999. FURUSHO, I. F.; PÉREZ, J. R. O.; LIMA, G. F. C.; KEMENES, P. A.; HOLANDA, J. S. Desempenho de cordeiros Santa Inês terminados em confinamento, com dieta contendo pedúnculo do caju. Disponível na internet: http://www.sbz.org.br/scripts/anais1997/nut114 Acessado em 10/08/2002 GURGEL, M. A.; SOUZA, A. A.; LIMA, F. A. M. Avaliação do feno de leucena no crescimento de cordeiros morada nova em confinamento. Pesq. Agropec. Bras., Brasília, V. 11, n. 27, p. 1519 1526, nov. 1992. LÔBO, R. N. B.; MARTINS FILHO, R.; FERNANDES, A. A. O. Efeito de fatores genéticos e de ambiente sobre o peso ao nascimento de ovinos da raça Morada Nova no sertão do Ceará. Disponível na internet: http://www.sbz.org.br/eventos/fortaleza/melh_anim/sbz167.pdf Acessado em 10/08/2002
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