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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 Ata 01/2013 No dia 14 de março do ano de dois mil e treze, no período das 10 horas às 12 horas, ocorreu a 1ª mesa redonda do V Seminário Nacional de Avaliação e Gestão das Feiras de Matemática no auditório da Unidade Urbana do IFCATARINENSE - Campus Rio do Sul, sob a coordenação da Professora Inhelora Knetzschmar Joen, com os debatedores: Viviane Clotilde da Silva, Rosângela Maria Dalagnol Parizzi, Paula Andrea Grawieski Civiero. A mesa teve como tema: Orientação e Autoria de Trabalhos de Feiras de Matemática DESENVOLVIMENTO A primeira fala foi da professora Rosângela que buscou primeiramente apresentar o que se tem numa feira de matemática, apontando para: Aprendizagem e ensino significativos; Desmistificação da matemática; Desenvolvimento do pensamento lógico; Espaço pedagógico privilegiado; Produção de novos conhecimentos. Também enfatizou nas possibilidades que as feiras apresentam: Pesquisa, novas buscas, relações e novas respostas, aprimoramento do raciocínio lógico, o enfrentamento de desafios (crescimento), construção e reconstrução de conceitos matemáticos e trabalho coletivo. Em seguida, relatou a respeito de alguns termos importantes, como orientar, pesquisa e tema. Sobre orientar apontou: Instruir, alertar, guiar, examinar diferentes aspectos. Sobre pesquisa: afirma que estimula a criatividade, exercita a intencionalidade, válida estratégias. Sobre tema: afirmou que emerge de uma curiosidade ou dúvida que os alunos têm, de um conceito pronto e acabado que pode gerar dúvidas, das curiosidades dos alunos, de uma sugestão do professor, ou mesmo de uma temática específica. Rosângela falou também sobre como trabalhar, Como o professor deve trabalhar: trabalhar com a turma toda (esse é o objetivo) ou por grupos de trabalho (afinidade), desestimular a competição, motivar os alunos para a construção do conhecimento, ação orientada para a produção (com a sua pesquisa, com os seus alunos). Então, definiu os papéis dos alunos e professores nesse processo. Sendo que o papel do aluno seria o de pesquisador, construtor e socializador do conhecimento, sujeito de sua aprendizagem, mas precisa ter ou ser orientado para ter. E o papel do professor orientador é de pesquisador, mediador, provocador de reflexão, facilitador de recursos, materiais, informações, avaliar resultados (o que está sendo feito, o que foi construído, como foi construído, que tipo de pesquisa foi feito), sistematizador. Em seguida, relatou sobre a autoria dos trabalhos, defendendo que a mesma é do professor e aluno, em cooperação, representando uma instituição na feira. Para a construção e socialização do conhecimento (tem que ser significativo). As decisões não tem verticalidade nem de poder, nem de saber, neste contexto professores e alunos trabalham com definições compartilhadas. O objetivo deve ser o aprimoramento do raciocínio lógico matemático, construção, seleção, organização, interpretação e avaliação do conhecimento. Afirma que, num bom projeto todos esses caminhos são viáveis. Os resultados devem estar desvinculados a

42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 competitividade, voltados para o espírito de investigação e desenvolvimento do conhecimento matemático. O professor na sua orientação é quem deve desvincular a ideia de prêmio. Rosângela afirma que para acontecer tudo isso, tem que se ter um roteiro, na qual estabelece os seguintes passos: Escolha do tema (professor e aluno); Ajuste de objetivos, metas; Orientação para a coleta (onde serão coletados? Que tipo de dados?); Seleção de dados, análise da relevância do trabalho (o trabalho tem que trazer conhecimento para todos); Acompanhamento sistemático para elaboração do resumo e relatório; Inscrição do trabalho, observar a categoria e modalidade, preenchimento da a ficha de inscrição é muito importante; Preparação dos alunos para exposição do trabalho com linguagem clara e objetiva, sequência lógica (sem decoreba, mais natural, mostrando que foi construída pelo aluno); Preparar os alunos para receber críticas e questionamentos; O professor deve acompanhar a montagem do trabalho, permanecer com os alunos durante a feira, sem interferência na hora da apresentação, orientar os alunos para acatar as decisões da avaliação. Rosângela encerra sua fala, afirmando que os alunos aprenderão a valorizar o processo da criação do saber e não o produto final, a feira não pode ser o produto final, temos o processo. A segunda fala da mesa foi da professora Paula, que inicia afirmando que sua fala vem em busca de provocações, pensando nas deliberações. A provocação vem no sentido da autoria do trabalho, quem é o autor? Paula questiona a fala de Rosângela que afirma que o autor é professor e aluno. Mas é isso que acontece nas nossas feiras? Como está publicado isso? De quem é essa autoria na teoria e na prática? Paula busca um panorama geral para discutir e avaliar essa autoria. Esse panorama está baseado nos resumos publicados nos anais da 27ª Feira Catarinense de Matemática. Paula questiona se o discurso está condizendo com o que está sendo apresentado nos resumos, quem lê o resumo do trabalho, pode identificar quem é o autor daquilo que está expresso. Por meio da metodologia de análise de discurso, buscou-se a partir dos resumos, identificar a voz do professor e aluno presente no resumo. De quem é a autoria? É do aluno? Do professor? É coletivo? Será que tem momentos que a autoria é só do professor? Ou só do aluno? Como pensar em possibilitar todas as alternativas, qual seria a forma justa de mensurar tudo isso? Alguns subsídios teóricos foram apresentados, como, todas as pessoas designadas como autores devem estar qualificadas para tal. Cada autor, em particular, deve ter participação suficiente no trabalho para tomar a responsabilidade pública pelo seu conteúdo (GOLDIM, 2007), e o Petroianu (2013), o orientador de um trabalho

83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 de pesquisa também é o autor. Talvez não seja tão importante quanto os que indicaram a ideia do trabalho ou descreveram o método a ser utilizado, porém imprescindível porque deve estar presente e atuante em todos os momentos da pesquisa. Nosso contexto nas feiras de matemática é o professor que pensa o trabalho e convida os alunos é o atuante, desde pensar nas ideias, exposição... o trabalho é do professor também. Para ilustrar seu posicionamento, Paula traz fragmentos dos resumos dos anais, onde aparece expressamente a voz do professor, o que não é visto como errado, pois é porque o professor conduz. Exemplos, no objetivo: despertar nos alunos o interesse pela matemática, oportunizar a aprendizagem significativa e..., Os alunos criaram problemas envolvendo dados da pesquisa feita... p. 90.... fazer com que os alunos gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do estudante. p.63 :... aprofundar conhecimentos matemáticos pertinentes ao grau de estudos em que se encontram os educandos,... p. 60. Nos resultados:... através deste projeto as crianças tiveram a oportunidade de conhecer de perto um pouco mais sobre a nossa história,... p.88 Ao jogar os alunos foram observados quanto a participação e desempenho: alguns apresentaram uma melhor atuação, outros encontraram dificuldade de elaborar estratégias de jogo, mostrando a necessidade de mediações individuais dor professor e do colega, o que demonstra a importância da interação. p.83. Esses trechos evidenciam o professor presente, tanto na atuação quanto na escrita. Mas na linguagem dos alunos também a exemplos:... fomos divididos em grupos para pesar no final de cada recreio a quantidades de sobra...... com o projeto... podemos perceber que pequenas atitudes como: colocar no prato somente o que pretendemos comer;... podem trazer muitos benefícios. p. 78. Objetivo... verificar se os moradores e os funcionários dos comércios utilizam os estacionamentos da Rua......percebeu-se que os estacionamentos ocupados pelos funcionários e moradores da rua, impossibilitando outros munícipes de usufruir dos estacionamentos da rua. Analisando os resumos do Anais da 27ª Feira Catarinense, observou-se que 71% dos resumos estão na voz do professor e 29% na voz do aluno. Numa análise separada pelas categorias, percebeu-se que na Educação Especial, Educação Infantil e Séries Iniciais, praticamente 100% estão na voz do professor, entendendo que não poderia ser diferente. A partir das séries finais esse quadro muda um pouco. No Ensino Superior 100% é a voz do aluno. Na categoria professor, verificamos uma mescla, ora professor, ora aluno. No regulamento das feiras, não é possível identificar uma regra para a autoria dos trabalhos, no mesmo há a identificação dos possíveis expositores de trabalhos (quem apresenta é o aluno); uma caracterização do processo entre professores e alunos (orientador e orientado), mas o mesmo deixa lacunas e provoca controvérsias na questão da autoria. Algumas questões levantadas por Paula:

123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 Podemos considerar autor, educandos relatores de um trabalho desenvolvido por uma turma de alunos no espaço escolar cujo objetivo maior foi o estipulado pelo professor? Não seriam eles apenas coadjuvantes? E o professor seria o autor? Em trabalhos expostos nas feiras, o professor orientador é visto como autor? Se o professor não é autor, então quem escreve os resumos? Há Controvérsias entre teoria (regulamento) e prática (escrita dos resumos)? O que queremos? Proposições apresentadas por Paula: Proposição 1: Será que os trabalhos apresentados nas feiras são relato de experiência ou pesquisa? Como podemos diferenciar isso? Percebemos na grande maioria, relatos de experiências. Na categoria professor, são trabalhos de pesquisa, que acontecem extraclasse. A ideia é que possamos distinguir na ficha de avaliação Relato de Experiência ou pesquisa. A opção por relato de experiência nos garante a autoria sendo coletiva. Já a pesquisa, o trabalho de pesquisa é o nome do autor, pesquisador. Proposição 2: Na ficha atual, temos o nome dos expositores e professor orientador, com essa distinção teremos que a autoria é do aluno. Colocar professores e alunos, lado a lado, autoria coletiva. Depois, por meio de índice, identificar o aluno (série, escola, email). Considerações finais da fala de Paula: Pensar sobre a autoria, como eu me vejo quando estou orientando um trabalho, enquanto autora e aluna. Evidencia-se a preocupação em valorizar a autoria do professor, entendendo que em todas as etapas do desenvolvimento este se mantém presente e na sua grande maioria é o que promove o trabalho, com as propostas e deliberações. Uma garantia de mudança sem prejuízo para os alunos, valorização do aluno. A terceira fala foi da professora Viviane. Esta inicia questionando sobre o que é orientação, o que é orientação na educação? No dicionário Aurélio (1999) orientação educacional é o processo intencional e metódico destinado a acompanhar, segundo técnicas específicas, o desenvolvimento intelectual e a formação da personalidade integral dos estudantes e que orientar significa indicar o rumo a; dirigir; encaminhar; guiar; dirigir; nortear. Assim, Viviane tenta expor o que significa orientar trabalhos na visão de algumas professoras que expõe ou expuseram, junto com seus alunos, seus trabalhos em Feiras de Matemática. Chama então sua fala de: Orientação: um olhar por meio de vários olhares. Esta fala busca ideias de professores que estão em sala de aula. As professoras que ela fala, foram 15 professoras dos anos iniciais, colaboradoras com sua pesquisa de doutorado. Professoras estas que, segundo os critérios de seleção, foram escolhidas para o trabalho, por participaram de várias edições de Feiras de Matemática e também de vários períodos. Algumas participaram das primeiras, outras das Feiras intermediárias e algumas das últimas edições. Esta opção se baseia no fato de que,

164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 depois das entrevistas, passou a pensar orientação de outra forma. Depois de tudo o que ouviu, descobriu que, em sala de aula: Orientar tem outro significado, que é o de Apaixonar-se. Quando fala de orientação, não está falando de Orientação de trabalho para Feira de Matemática. O foco de orientação está na sala de aula, na aprendizagem do aluno, a feira é consequência. Porque não apresentar um trabalho que não deu certo, na categoria professor por exemplo. Claro que se pode pensar no trabalho vai ser levado para a feira, isso vai nortear alguns aspectos, mas o foco principal é a sala de aula, é a aprendizagem. Viviane enfatiza o fato de que a exposição de um projeto em Feiras de Matemática é consequência de um trabalho desenvolvido em sala de aula e que foi bem sucedido. Temos sempre que pensar que o objetivo é o trabalho em sala de aula, a aprendizagem. A apresentação nas Feiras, uma consequência. Na fala da prof. Maria Salett, ela colocou muito de qual o objetivo do desenvolvimento de um projeto: levar o aluno a perceber, compreender e dar significado. Isso só se consegue quando é apaixonado, porque com isso a gente se envolve, se motiva, a nossa paixão faz o aluno se apaixonar. Complementando a fala, segundo Larossa, cria-se experiência. Pois segundo este autor, experiência é tudo que, de certa forma mexe com a gente. A única forma de levar o aluno a tudo isso é estando apaixonado pelo que se está fazendo. A paixão envolve, a paixão estimula, a paixão motiva. O conteúdo eu posso não lembrar, mas se eu gostar, eu vou lembrar da aula, vou lembrar daquilo. A experiência é importante. Este é um posicionamento trazido das primeiras participações nas feiras e também verificado nas entrevistas com as professores. Esse fato mostrou porque estas professoras tiveram tantos trabalhos apresentados em feiras de Matemática. Elas se mostraram apaixonadas pelo que fizeram. A cada projeto descrito, o brilho dos olhos mostrava o empenho de cada professora no que fazia. E o que ficou muito claro que a aprendizagem sempre esteve em primeiro lugar, não a Feira. Quando diz isso, não fala-se apenas em aprendizagem matemática, mas aprendizagem das várias matérias envolvidos, do crescimento do aluno como pessoa. Muitas professoras afirmaram isso explicitamente, em algumas feiras o meu trabalho não foi destaque. Alguns avaliadores disseram que havia pouca matemática, mas não importa, eu sei o que foi trabalhado com os alunos em um todo e isso é que é importante. Pode ser que ele (o projeto) poderia ter outros conteúdos de matemática a serem abordados, mas as outras disciplinas compensaram. O que importa é o que tudo o que eles aprenderam e todo a vivência em sala de aula. Não podemos pensar só na matemática, mas o crescimento do aluno como o todo é importante. Viviane reforça, Professores, apaixonem-se pelo que vocês estão fazendo. Envolvam-se ao máximo e envolvam seus alunos, façam eles construírem, analisarem, buscarem, façam eles também se apaixonarem. Esta é a base da verdadeira aprendizagem. Não podemos ir pra feira pensando em competição, o aluno não precisa nem saber que existe uma competição, levar o trabalho. A segunda parte de sua fala busca um assunto muito sério que é a autoria dos trabalhos. Não pensando na autoria, professor e aluno,

205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 colocada pela professora Paula. A questão da ficha, aluno, aluno, professor, apenas três nomes, e os outros 25 alunos? Temos que pensar nisso. Como colocar isso? Pensando na escrita, para a leitura posterior, o quanto é importante escrever. Sabemos de trabalhos excelentes, que não participam das feiras, porque os professores não gostam de escrever. Qual a importância de eu escrever um resumo, um relatório? A partir do momento que há publicação, eu e meus alunos somos os autores. Mais do que simples exposição de trabalhos diferenciados de sala de aula, as Feiras de Matemática se tornaram um lugar de formação continuada para professores, onde o professor não vai por obrigação. É um espaço de aprimoramento da prática, questão da avaliação. Os professores afirmam que aprendem, vem com ideias de trabalhos. Muitos professores vão até as Feiras para observar o que está sendo feito de diferente, como é explorado determinado conteúdo, novas alternativas de ensino. Isto é muito importante para o crescimento da educação, mas aí entra a importância da escrita. Precisamos ter o hábito de escrever, de registrar. Quando escrevemos um resumo, um relatório, um artigo sobre o projeto, a pesquisa, desenvolvidos estamos gerando um direito autoral. Protegendo a nossa propriedade intelectual. A partir deste momento quando alguém for repetir o que você fez e também quiser escrever algo sobre isso terá que citá-lo, pois caso não o faça estará plagiando seu trabalho. Então, por isso há esta cobrança em relação a escrita dos relatórios, dos resumos... Para que eles possam servir de base para outros professores e também para que eles não sejam simplesmente copiados sem que vocês sejam sequer citados. Infelizmente isto ocorre muito em todas as áreas, inclusive a educacional. Finalizando, registrem o que vocês fazem, assumam os seus trabalhos e, não esqueçam, na hora de utilizar ideias de outros, fazem menção a esta pessoa, façam citações. Questões do público: Rodrigo (professor dos munícipios de Ibirama e Apiúna): O desenvolvimento do trabalho busca uma aprendizagem significativa ou um trabalho aplicado (matemática pura)? Viviane: São duas categorias, o trabalho aplicado e o de matemática pura. O trabalho de matemática pura é importante dependendo do nível do aluno, nos anos iniciais, eu não vejo trabalho de matemática pura, nem nos primeiros anos finais, porque o aluno necessita muito do concreto para esse trabalho. Eu vejo o trabalho de matemática pura muito significante sim, o aluno conhecer o desenvolvimento e não simplesmente a fórmula pronta. Em geometria, é importante mostrar o desenvolvimento do raciocínio para chegar numa fórmula. São dois enfoques diferentes, mas acredito que nenhum sobrepõe a importância do outro, o único cuida é o nível dos alunos. Rosângela: Cuidado na inscrição, ou é matemática pura, ou relação com outras disciplinas, que se torna uma matemática mais aplicada.

245 246 247 248 249 250 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260 261 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 Paula: Os dois são fundamentais, não posso trabalhar matemática só pensando na sua contextualização e também não posso trabalhar apenas pensando na sua técnica. O trabalho é uma mistura de ambientes de aprendizagem, para que serve essa matemática, mas é preciso entender o conceito de matemática, ou seja tem que trabalhar os dois. Para a inscrição da feira, você pode fazer um recorte, apresentar só a parte de matemática pura ou só a aplicação. Andresa (Joinville): Com relação ao número de inscritos em matemática pura é significativa? Porque não é? Paula: Porque o professor de matemática está preocupado em trabalhar com uma matemática que relaciona com outros contextos. Viviane: Os professores em sala de aula articulam a matemática pura e aplicada, mas quando levam para feira, levam a aplicada porque chama mais atenção. É importante trabalhar a matemática pura, conhecimento cientifica, o conceito real. Quebrar o paradigma que a matemática pura é difícil, um trabalho árduo. Clodoaldo (Araquari): Como criar uma gana/vontade do aluno, desvinculando com a competitividade? Rosângela: O objetivo seria numa feira, eu fazer o meu trabalho em sala com os alunos, depois levar para feira. Assim, cada etapa que participamos é uma vitória. Temos que fazer um trabalho, como professores para desvincular essa competitividade, o como fazer, vamos descobrir juntos. Paula: O papel do orientar é elevar e valorizar a questão da socialização de conhecimento, mostrar esse papel da feira. Não conseguimos eliminar a competição, mas conseguimos amenizá-la. Viviane: Não conseguimos eliminar a competitividade, mas conseguimos não estimular, mostrar que o trabalho é importante, enfatizar na mostra de trabalho. Por falta de tempo, todas as colocações e questionamento foram seguidos, para uma fala final da banca. Fátima (Rio do Sul): Por que a avaliação é importante? Se não existe diferenciação de troféu, ou medalha? Todos ganham certificado de participação. Sugestão: premiação de destaque para 2/3 dos trabalhos, na Feira Catarinense, mais crianças motivadas, mais professores motivados e menos competição. Marcos (Bahia): Como se dá o envolvimento dos professores nas séries iniciais com esses trabalhos, já que a maioria tem formação de pedagogia? Liliana (Espírito Santo): Preparar os alunos a lidar com as críticas, com a avaliação de forma construtiva.

285 286 287 288 289 290 291 292 293 294 295 296 297 298 299 300 301 302 303 304 305 Paula: Primeiro quanto à escrita é muito trabalho sim, mas uma da conquista do professor de matemática é a escrita. A feira nos cobra, nos instiga a ter que escrever, é um lado que favorece o professor e o aluno. Marcos, nós temos nas feiras trabalhos fantásticos na educação infantil e nas séries iniciais. A feira é mais um espaço para criar a cultura dos professores pedagogos. Quanto a competição, não podemos fingir que não existe, mas o papel da feira é poder valorizar o que se faz na escola. Viviane: Os professores que fazem projetos de matemática nas séries iniciais são professores que tiveram muita dificuldade de matemática, foram pra sala de aula com o intuito de reverter isso. Vão em busca do conhecimento, em busca da matemática. Temos que preparar o aluno, esclarecendo que existe avaliação, mas não dando ênfase para isso. Sugestão: Por que não fazer uma análise diferente, por que separar em destaque e menção na catarinense, se não tem próxima etapa, uma sugestão é os professores fazerem um artigo e a partir disso selecionar. Sem mais manifestações, a professora (coordenadora) Inhelora Knetzschmar Joen encerrou os trabalhos da mesa redonda I, agradecendo a excelente participação e presença de todos. Rio do Sul-SC, 14 de março de 2013 Marília Zabel