História de Ilma Lida Kasper Nascimento: 21 de abril de 1955 Falecimento: 19 de junho de 2014 Existem mulheres e mulheres. Ilma Lida Kasper era daquelas repleta de coragem, amor e intensidade. Nasceu no interior de Cachoeira do Sul, chamado Rincão dos Kasper, perto de Taboão, no dia 21 de abril de 1955. Filha de Artur Rodolfo Kasper e Nida Kasper e irmã de Edo, Lucildo, Eraldo, Luci e Eldo, ela se apaixonou por Miguel Ferreira de Lima. Desse relacionamento nasceu Fernanda Kasper de Lima, sua única e amada filha. Sua infância foi difícil, quando ela tinha que caminhar por muito tempo para estudar. Era uma escadinha de irmãos e eles se relacionavam muito bem. Ilma estudou até a quarta-série. Era uma boa aluna, mas parou os estudos para poder trabalhar. Seus pais plantavam tabaco e arroz e ela ajudava em diversas tarefas, como ajudar a cuidar de seus irmãos, preparar a comida para a família e cuidar da casa, pois era a irmã mais
velha. Veio do interior de Cachoeira do Sul com mais de 25 anos de idade para começar vida nova na cidade. Trabalhou uma época em uma fábrica de calçados. Foi empregada doméstica por muitos anos, mas já estava aposentada desde 1996. Adorava sua profissão. Sabia fazer faxinas de forma excelente, mas na cozinha era onde ela mais gostava de estar, preparando diversos pratos. Domingos de manhã, ela mesmo fazia o churrasco e ajeitava tudo para a família. Fazia melhor do que o marido. 11h ela começava a preparar. Ligava a televisão, assistia tri legal e de noite Silvio Santos. O apresentador era um grande ídolo. Sonhava em encontrá-lo e, em cada domingo, ninguém podia chegar perto da televisão, pois ela assistia Roda a Roda. Gostava também do cantor Roberto Carlos e Leonardo. Seu sonho era ganhar na mega sena para ajudar os irmãos. Tinha cartão vip do bingo, ganhava sempre. Era muito sortuda, chegou a ganhar três vezes o prêmio acumulado. Certa vez, ligaram para o Miguel para ele levar as identidades e trouxe para casa um saco de dinheiro, com 700 reais em notas de um real, obtidos no bingo. Com esse valor, comprou a máquina de lavar roupa que ainda funciona.
Ilma era uma mulher sempre alegre, sempre rindo, podia ficar brava, mas logo esquecia. Era uma pessoa divertida e carismática. Não praticava esportes, mas gostava de trabalhar. Assistia televisão e escutava musicas bem ecléticas. Em 2012 precisou fazer uma cirurgia, para colocar uma prótese no lado esquerdo da perna, pois sentia fortes dores, estava com desgaste nos ossos, e por isso tinha um pouco de dificuldade para caminhar. Tomava suco, refri e pouca bebida alcoólica. Gostava de comer churrasco, galinhada e carreteiro. Mas, impossível esquecer os pratos que ela preparava. Segundo a família, ela era nota 10. Difícil encontrar alguém que passava roupa de modo tão impecável. Fazia sagu muito bem. Seu patrão lhe dizia que ela podia abrir um negócio, pois o seu sagu era o melhor que ele havia comido entre todos os lugares que já viajou. Os vizinhos também sempre falavam: Nunca vai existir um sagu melhor que o da tua mãe. A filha lembra-se dos sábados e domingos que a mãe almoçava 11h30min e 12h30min ela pegava o ônibus para o bingo. Certa vez, quando viu que ia perder o ônibus, correu com seu salto alto e acabou caindo. A preocupação dela não era se havia se machucado e sim que iria perder o bingo. Perdi o ônibus e agora não tenho mais jogo. As viagens que faziam para a praia são momentos que a filha guarda com carinho. Ela se lembra de sua mãe sentada na areia olhando o mar. O nascimento e crescimento de sua filha foram momentos especiais. A cada aniversário, o primeiro dia na escola, sua primeira comunhão, ao completar seus 18 anos e tirar sua carteira de habilitação, foram momentos marcantes. Pois Fernanda era sua única filha. Em 1992, Miguel e Ilma se conheceram pelas ruas de Santa Cruz do Sul. Ele vinha de moto e quando parou lhe avistou. Ela vinha bem animada de um aniversário e quando foi atravessar a esquina, os olhares dos dois se encontraram. Miguel foi conversar com ela na mesma hora. Foi amor a primeira vista. Então, ela subiu na moto e saiu com ele. Uma mulher corajosa e cheia de atitude. Mas, isso tudo porque os dois sentiram no mesmo instante que era amor. Eu me encantei em seus olhos azuis, disse Miguel.
Quando os dois foram morar juntos, passaram algumas dificuldades, mas sempre superaram todos os desafios. Criaram a filha Fernanda na simplicidade de seus dias. A educaram e a transformaram em uma jovem repleta de respeito e amor aos pais. Seu marido aprendeu com ela não somente a fazer churrasco, mas também a ser um homem melhor. Nasceu e morreu em feriado. Pessoas especiais nascem e partem em dias especiais, diz Fernanda. Faleceu por erro médico, pelo menos é o que a família acredita. Os médicos diziam que ela estava com câncer no útero, o que fez com que eles tirassem a bexiga, o intestino e a vagina. No procedimento de retirada do útero, eles trancaram a entrada de sua vagina. Como tinha dificuldades para fazer suas necessidades durante dois anos, os médicos tiraram sua bexiga. A cada parte sua que retiravam, era uma dor a mais para o marido a filha e toda a família, que não queriam lhe perder. O relógio que ela usava parou de funcionar quando ela faleceu. Levaram várias vezes na relojoaria e nada de funcionar. Quando Fernanda começou a usar ele voltou ao normal. Para a filha, algum porquê existe. Talvez seja porque quando algo é para ser nosso, ele acaba sendo. Mas, como Ilma não pode mais estar aqui na terra, tudo que lhe era especial cabe melhor em sua filha, assim como ficava nela. O marido, a filha, a sobrinha Claudia e sua grande amiga Leni, sentem muita saudade. Sua sogra Ana, de 85 anos lhe adorava e vive dizendo para Fernanda, algo que toda a família e amigos sentem: Como tua mãe faz falta. Algo que todos aprenderam com Ilma, foi a força de vontade que tinha para superar as dificuldades da vida. A filha diz que herdou de sua mãe, o carisma, a simplicidade mas principalmente a força e coragem de enfrentar os problemas, com um sorriso no rosto.
Fernanda deixa um recado: Eu faria de tudo, para ver minha mãe bem e feliz. Queria ela ao meu lado, para poder abraça-la, escutar seus conselhos e brincadeiras e principalmente, dizer a ela que é a pessoa mais linda e sensível que conheci. Dizer que a ama muito, e cuidaria dela para sempre. É difícil de acreditar que ela se foi. A minha vida continua, mas posso dizer que não é a mesma coisa quando estava comigo. Choro de saudade que a cada dia aumenta mais e mais! Não estou completa, mas me sinto abençoada por ter ela cuidando de mim de alguma forma em algum lugar. O que me da forças para continuar é saber que a mãe que tive, era Guerreira e lutou dia após dia. Sempre alegre e sorrindo, é assim que vejo você!