INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB 1.127 DE 07 DE FEVEREIRO DE 2011 - NOVAS REGRAS PARA APURAÇAO DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE AÇÕES TRABALHISTAS E ATRASADOS DO INSS PARA PESSOAS FÍSICAS por Priscilla Bitar D Onofrio Sócia de Almeida Guilherme Advogados e Natalia Barbieri Bortolin Advogada de Almeida Guilherme Advogados I Introdução O Diário Oficial da União de 08 de fevereiro de 2011 publicou a Instrução Normativa (IN) RFB 1.127 de 07 de fevereiro de 2011, que altera o procedimento para apuração e tributação de rendimentos recebidos acumuladamente- RRA, para pessoas físicas previsto no artigo 12-A da lei 7.713 de 22 de dezembro de 1988. A modificação em questão sempre esteve em debate no âmbito trabalhista, pois a forma de recolhimento tanto do Imposto de Renda quanto do INSS atrasado transparecia ser a forma equivocada de arrecadação, pelos motivos que serão expostos abaixo. A alteração foi determinada pela Medida Provisória nº 497 de 28 de julho de 2010, e convertida na Lei nº 12.350 de 20 de dezembro de 2010. Aduz a Instrução Normativa RFB 1.127 que os rendimentos recebidos P á g i n a d e
acumuladamente- RRA quando derivados do trabalho, aposentadoria, pensão, e pagamentos realizados pela Previdência Social dos Estados, do Distrito Federal e Municípios, serão tributados exclusivamente na fonte, ou seja, no mês do recebimento ou crédito. Ressalta-se que, referidos rendimentos compreendem o décimo terceiro salário, assim como qualquer acréscimo ou juros dele decorrentes. Ainda, de acordo com a IN 1.127, aplicar-se-á esta tributação na fonte também para as decisões da Justiça do Trabalho, Federal, Estadual e do Distrito Federal. Tal determinação representa uma forte vitória para os contribuintes, em especial para os empregados, pois pelas regras antigas, ainda que o contribuinte fosse isento à época do fato gerador, com o rendimento recebido acumulado, ele entrava na zona de contribuição. Isso porque, o cálculo não tomava por base o valor individual mensal que eles deveriam ter recebido anteriormente, mas sim o valor global acumulado. II Aplicação das novas regras Consoante o novo procedimento, os rendimentos acumulados serão tributados segundo as tabelas e alíquotas da época do ganho individual, e não a época de seu recebimento acumulado, como era realizado antes da edição da IN 1.127. Desse modo, se tomar como exemplo, uma decisão da Justiça do Trabalho proferida em 2010, que reconhece ser devido o pagamento de alguns valores faltantes do salário do empregado durante 11 (onze) meses do ano de 2008, de acordo com o antigo procedimento a correção seria feita com a alíquota do ano referente ao recebimento do montante, e tomando por referência o valor acumulado. Todavia, a partir da supracitada Instrução Normativa, será considerado para efeitos de tributação o período em que o empregado deveria receber este valor, no caso, os 11 (onze) meses P á g i n a d e
do ano de 2008 individualmente. Destaca-se, ainda, a possibilidade de dedução das despesas com a Ação Judicial necessária para o recebimento do crédito, incluindo o pagamento de advogados. Além dessas, as importâncias pagas a título de Pensão Alimentícia, ou em cumprimento de decisão judicial (acordo judicial ou escritura de separação consensual) e as contribuições pagas a Previdência Social da União, dos estados, Distrito Federal e municípios, também poderão ser descontados. Verifica-se, portanto, que a tributação será feita de acordo com o valor da quantia, efetivamente recebida, no mês de quando era devida a contribuição. Desta forma, se o montante acumulado corresponder a prestações mensais de até R$ 1.499,15 (mil e quatrocentos e noventa e nove reais e quinze centavos), o contribuinte estará isento. Se corresponder a cotas mensais de R$ 1.499,16 (mil quatrocentos e noventa e nove reais e dezesseis) à R$ 2.246,75 (dois mil duzentos e quarenta e seis reais e setenta e cinco centavos), a alíquota será de 7,5%. Para parcelas mensais entre R$ 2.246,75 (dois mil duzentos e quarenta e seis reais e setenta e cinco centavos) e R$ 2.995,70 (dois mil e novecentos e noventa e cinco reais e setenta centavos), será aplicada uma alíquota de 15%. Os rendimentos mensais entre R$ 2.995,70 (dois mil e novecentos e noventa e cinco reais e setenta centavos) e R$ 3.743,19 (três mil e setecentos e quarenta e três reais e dezenove centavos) têm um percentual de imposto de 22,5%. E por fim, as parcelas mensais acima de R$ R$ 3.743,19 (três mil e setecentos e quarenta e três reais e dezenove centavos) possuem a tributação máxima de 27,5%. Voltando ao exemplo prático, pela regra antiga, uma condenação no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) correspondente a um débito de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais, incidiria a alíquota de 27,5%, visto que ultrapassava o teto de R$ 3.743,19 (três mil e setecentos e quarenta e três reais e dezenove centavos). A partir de agora, a tributação desta condenação será realizada sobre a taxa de R$ 7,5%, isto porque, equivalerá ao ganho mensal da época, e não ao montante total recebido. Evidente, portanto, a conquista dos empregados que a partir da IN 1.127 não P á g i n a d e
sofrerão mais uma sobretaxa em suas contribuições. III Conclusão A IN 1.127 somente consolidou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que há tempos já vinha aplicando o novo procedimento, conforme pode observar-se pelo julgado abaixo transcrito: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO ESPECIAL APLICAÇÃO DO TEOR DA SÚMULA 284/STF POR ANALOGIA IMPOSTO DE RENDA ADICIONAL DE PERICULOSIDADE NATUREZA REMUNERATÓRIA INCIDÊNCIA PAGAMENTO ACUMULADO ALÍQUOTA. 1, Considera-se deficiente a fundamentação se o dispositivo trazido como violado não sustenta a tese defendida no recurso especial, aplicando-se, por analogia, a Súmula 284/STF. 2. Incide Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título de adicional de periculosidade, ainda que pagos a destempo, tendo em vista a sua natureza remuneratória. Precedente do STJ. 3. Esta Corte firmou o entendimento de que, quando os rendimentos são pagos acumuladamente, no desconto do imposto de renda devem ser observados os valores mensais e não o montante global auferido, aplicando-se as tabelas e alíquotas referentes a cada período. 4. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1162729/RO, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/03/2010, DJe 10/03/2010) Esclarece-se que, as alterações previstas na IN 1.127 já serão aplicadas para os rendimentos acumulados que serão recebidos em 2011. Desse modo, nos RRA recebidos em 2011, será aplicada a alíquota da época de quando era devida a contribuição. Entretanto, para os montantes recebidos em 2010, para fins de declaração no Imposto de Renda deste ano, o contribuinte poderá de optar entre a regra antiga ou a nova. P á g i n a d e
Dessa feita, conclui-se pela consolidação de uma decisão repetidamente emanada do Tribunal Superior do Trabalho e amplamente defendida pelos doutrinadores trabalhistas, pois apesar do montante pecuniário ser recebido em um único montante refere-se a valores que deveriam ter sido pagos mês a mês, sendo correta a atitude de cobrá-los pelo valor mensal recebido. P á g i n a d e