O Banco Mundial e a Gestão da Educação Brasileira: Grandes Desafios



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Transcrição:

RESUMO O Banco Mundial e a Gestão da Educação Brasileira: Grandes Desafios SANTIAGO, Andréa M. O. Versiani 1 A conjuntura das práticas educacionais brasileiras assim como outras políticas sociais das duas últimas décadas têm sido vinculadas às transformações resultantes dos processos de reestruturação e manutenção da ordem capitalista mundial, consequência da mundialização da economia dentro do ajustamento neoliberal. Obedecendo a essa lógica, o Banco Mundial tem sido estratégico para o cumprimento das políticas educacionais implementadas em nosso país nos últimos anos. Nesse horizonte, o presente artigo objetiva discutir as agendas do Banco Mundial no que se refere a aspectos de organização, capacidade institucional e a tão propalada melhoria das condições sociais via educação. De forma significativa, a tensão entre o discurso apolítico do Banco Mundial e a realidade de suas ações têm sido exacerbadas por um reconhecimento claro dos obstáculos políticos ao real desenvolvimento do país. Para o aprofundamento da discussão, utilizou-se como método uma pesquisa bibliográfica. Especificadamente pretendeu-se investigar as reformas educacionais dentro de novos paradigmas, por entender que tais reformas são centrais para o desenvolvimento - ou não - da educação e da sociedade brasileira. Palavras-Chave: Políticas Educacionais; Banco Mundial; Desenvolvimento. A Conferência Mundial de Educação para Todos, acontecida em Jontier na Tailândia, entre 5 a 9 de Março de 1990, foi organizada pelo programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (UNESCO), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Banco Mundial. No documento resultante da Conferência Mundial de Educação para Todos (1990, p. 3), percebemos que a orientação no inicio dos anos de 1990, era o contrário da então realidade vivida pelo Brasil nos anos 1980: agora é bom momento para atuar. O clima internacional é muito cooperativo, na medida em que se diluem as tensões mundiais. Muito mais gente vê a necessidade de dar prioridade maior e todo investimento no potencial humano. A Conferência buscava no seu discurso oficial promover a universalização do acesso à educação e a promoção do equilíbrio, dar prioridade à aprendizagem, ampliar os meios de alcance da educação básica e fortalecer o ajuste das ações educativas (1990b, p.4). É nesse contexto que os anos de 1990 tornam-se marco, com a completa assimilação dos elementos norteadores dos organismos internacionais na implementação e gestão da política educacional em curso no Brasil. 1 Mestre em Desenvolvimento Social e Docente das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros FIP- MOC.

Embora as políticas públicas educacionais sofram a influência de vários organismos, o presente artigo objetiva discutir a agenda do Banco Mundial no que se refere a aspectos de organização, à sua capacidade institucional e o discurso de desenvolvimento alcançado pela educação. Na definição das políticas educacionais no Brasil, o Banco Mundial toma para si o papel centralizador, vincula a educação à produtividade, numa clara visão economicista. Dos anos de 1980 para 1990, a agenda das políticas adotadas pelo Banco Mundial permitiu o deslocamento das reformas macroeconômicas para as reformas do Estado e da gestão pública, ensejando promover boa governança e consequentemente fortalecer a sociedade civil. Muito embora o Banco Mundial tenha se preocupado em criar uma reputação de neutralidade técnica, como uma instituição apolítica, diversos autores discutem que a implementação de suas políticas, vão muito alem de objetivos econômicos. A tensão entre a retórica apolítica da instituição e a realidade educacional brasileira tem provocado embates teóricos sobre o modelo. Sendo assim, deve-se analisar como a agenda atual favorece esse tensionamento. A análise priorizará, em especial, as reformas educacionais, uma vez que o Banco Mundial tem enfatizado às consequências de ordem política, reconhecendo, serem estas necessárias para o desenvolvimento social do país. Ressalta-se que o financiamento à política da educação crescem muito nas últimas três décadas, mostrando uma evidente mudança de prioridades. A instituição deixou mais explícita que a concretização e sucesso de seu modelo de desenvolvimento está assentado em mudanças políticas e sociais da sociedade em que atua. As reformas iniciadas em 1990 vieram atender a essa lógica, garantindo a inserção do Estado brasileiro nos dilemas dos capitalismo internacional. A idéia de consenso tornou-se realidade, favorecendo a estabilidade política subjacente ao modelo de desenvolvimento neoliberal. Assim, a análise das reformas defendidas pelos organismos internacionais, notadamente do Banco Mundial aponta a expansão das políticas mais convenientes aos interesses do capital. Para Santiago (2010, p.63), tais diretrizes contam com o apoio decisivo dos governos e das elites nacionais que viabilizam sua inserção e operacionalização, de acordo com as orientações das agências que monitoram, por meio de mecanismos de condicionalidades, às metas estabelecidas nos ditos acordos de cooperação internacionais. Nesse sentido, o enunciado co-operações consiste, de fato, em estratégias de expansão das políticas e interesse do capital internacional,

sendo a educação elemento significativo na reprodução da forças de trabalho para o capital (SANTIAGO, 2010, p. 63). Estado e governança como elementos estratégicos do Banco Mundial Surgido após à 2ª Guerra Mundial durante a Conferência de Brettom Wooods o Banco Mundial é um organismo multilateral de financiamento que conta com a participação de 180 países mutuários inclusive o Brasil. Outras instituições também fazem parte do Banco 2. A predominância do capital norte-americano desde o início, permite perceber a importância do Banco para a construção da hegemonia internacional dos Estados Unidos após o conflito de 1945. Para SHIROMA (2007, p. 61), o Banco tem sido auxiliador, dos Estados Unidos na política externa americana. Diferentemente do seu foco inicial, no final da anos 1970, a linha de atuação do Banco Mundial passou a ter como um de seus principais objetivos a educação, notadamente na América Latina. Que razões teriam levado o Banco a preocupar-se com questões educacionais? Para respondermos a essa pergunta faz-se necessário lembrar que a reconstrução dos sistemas de ensino e as políticas educacionais fazem parte de uma ofensiva ideológica e política do modelo neoliberal. A proposta de privatização dos serviços públicos, o avanço do capital e a reificação da humanidade e das decisões das agências do capital internacional levaram a criação de mercados competitivos globalizados para serviços públicos e também setores sociais como a educação. Essa visão de educação como elemento de mercado é marcada pela seleção, pela exclusão e situa-se dentro de um contexto exponencial de desigualdades, quer no âmbito nação, quer mundialmente. A realidade da existência de cerca de 1 bilhão de pobres no mundo fez com que o Banco utilizasse a educação como pilar para a sua política de contenção da pobreza, um ajuste de caridade como descreveu Marília Fonseca (2007, p. 64). A partir da Conferência Internacional de Educação para Todos, o Banco elaborou sua diretrizes políticas para as 2 O próprio Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). ASSOCIAÇAO Internacional de Desenvolvimento (IDA), a Corporação Financeira Internacional (IFC), o Centro Internacional para Resolução de Disputa sobre Investimento (ICSID), Agencia de Ganhos de Investimentos Multilaterais (MIGA), o Fundo Internacional para o Meio Ambiente (GEF).

décadas subsequentes, publicando em 1995, o documento Prioridades y Estratégias para La Educação, uma significativa análise global do setor. O referido documento examina as opções de políticas educacionais para os países pobres e reafirma o propósito de eliminar o analfabetismo. Sugere reformas nos setores de financiamento e educação, começando pela redefinição do papel do Estado, a criação de um novo modelo e a busca por novas fontes de recursos. A redefinição do conceito de governança no início dos anos de 1990 mostra um aspecto de inflexão significativo na trajetória do Banco Mundial. Tal inflexão demonstra claramente um deslocamento de preocupações, de caráter mais técnico, relacionado às reformas burocráticas e ao gerenciamento de políticas econômicas, para aspectos mais abrangentes, como a legitimidade e o pluralismo político. Partindo de experiências anteriores mal sucedidas, a partir dos anos 1980, o Banco convenceu-se da necessidade de instituir um modelo de governança para alcançar seus propósitos de desenvolvimento. Para tanto, o conceito da governança foi definido como a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos econômicos e sociais do país, com vista ao desenvolvimento. Implicando ainda a capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções. Vale ressaltar que o conceito de governança tem sido utilizado em vários campos, com sentidos diferenciados (GONÇALVES, 1992, p.1) 3. Busca-se aqui, discutir a governança como elemento substitutivo da estrutura legal para o desenvolvimento dentro do cenário neoliberal. A fim de concretizar sua agenda, o Banco Mundial, especifica quatro pontos para boa governança: administração do setor público, participação, transparência e informação. O primeiro ponto relaciona-se à melhora da capacidade de gerenciamento econômico e da prestação de serviços sociais. Tal política já vinha acompanhando a ação do Banco, uma vez que a preocupação com questões de capacidade burocrática já se faziam presentes em programas anteriores de estabelecimento de ajustes estruturais. O segundo foi justificado como necessário diante da síndrome de ilegalidade que caracterizava muitos países em desenvolvimento. Por último, a boa governança refere-se a questões de transparência e participação. Tais aspectos são considerados fundamentais para garantir a eficiência econômica, envolvem a disponibilidade de informações sobre as políticas governamentais, a transparência da formulação dessas políticas e certo espaço para que a população possa participar dos processos decisórios. 3 http://www.ligiatavares.com/gerencia/uploads/arquivos/24cccb375b45d32a6df8b183f8122058.pdf.

Embora em seus documentos o Banco Mundial não defenda de forma direta nenhum modelo específico de governo, sua política deixa claro que o Estado ideal é o Estado liberal neutro, desprovido de uma concepção prévia de bem estar social. Para atender a essas diretrizes, os investimentos em políticas públicas tornaram-se quase nulas e passou-se a supervalorizar as relações economicistas, negligenciando aspectos que afetam a maioria da população. Ao criticar enfaticamente a interferência da política na esfera social, econômica e cultural, o neoliberalismo questiona a própria noção de direito e concepção de igualdade que serve (ao menos teoricamente) como fundamento filosófico da existência de uma esfera de direitos sociais nas sociedades democráticas. Tal questionamento supõe, na perspectiva neoliberal, aceitar que uma sociedade pode ser democrática sem a existência de mecanismos e critérios que promovam uma progressiva igualdade e que se concretizam na existência de um conjunto inalienável de direitos sociais e de uma serie de instituições publicas nas quais tais direitos se materializam (GENTILI, 1996, p. 6). Nessa lógica, o bom governo é aquele que permite que o seu povo busque seus próprios fins, garantindo a opulência por meio do livre mercado e de um Estado facilitador da concretização dos ditames internacionais. O Estado ideal ou boa governança são relacionados à garantia dos direitos de propriedade e promoção de investimentos privados e não particularmente a uma forma específica de governo, conforme dito anteriormente. Torna-se evidente uma clara mercantilização das políticas sociais. Para tanto, o modelo de homem neoliberal é o cidadão privatizado o entrepeneur, o consumidor (Gentili, 1996, p. 6). Soares (2003) aponta que tem ocorrido uma mercantilização dos serviços sociais na medida em que a população vem arcando com as despesas por tais serviços. Aqueles que não possuírem as condições materiais para garantirem tais despesas, deverão comprovar a pobreza e, dessa forma, integrarem-se a programas assistencialistas. Para o autor a filantropia substituirá o direito social: os pobres substituem os cidadãos. A ajuda individual substitui a solidariedade coletiva, O emergencial e provisório substituem o permanente. As microssoluções, ad hoc substituem as políticas publicas (SOARES, 2003:12), sendo assim a tutela do Estado é utilizada como pacificadora das relações sociais. As estratégias macrossociais do neoliberalismo, engendradas nas ações do Banco Mundial possuem como objetivo maior a manutenção de um sistema classisista, portanto, as políticas educacionais são peças significativas desse jogo.

No Brasil, a política do Banco Mundial tem se concretizado através de investimentos que (...) encorajam o crescimento econômico e o desenvolvimento social num contexto de estabilidade macroeconômica (BANCO MUNDIAL, 1995, p. 11 apud DE TOMMASI, 1998, p. 197). Partindo dessa realidade, não é difícil argumentar que às proposições oficiais do Banco Mundial relacionam-se a elementos e aspectos institucionais, procedimentos de desenvolvimento, desconsiderando-se o regime político. A ideia de boa governança está associada à garantia dos direitos de propriedade e à criação de um ambiente favorável ao setor privado. Sendo assim, percebe-se que as políticas oficiais do Banco destacam principalmente o marco legal sobre o crescimento e a eficiência de mercado, escamoteando questões de outras ordens, que fazem parte da realidade. A educação brasileira no conjunto das políticas do Banco Mundial Segundo Coraggio (1998) a educação é vista pelo Banco Mundial como empresa produtora de recursos humanos devendo ser submetida como qualquer outra empresa, à reeducação de custos para obtenção de retorno financeiro. Os arautos do neoliberalismo defendem a educação como instrumento para a valorização humana, argumentando que esta propicia qualidade de mão de obra. Tais posições garantem a reprodução e manutenção da divisão técnica do trabalho, garantindo alienação e dificultando que a criticidade seja realidade no interior das escolas. O modelo prevê o desenvolvimento intelectual para apenas uns poucos. Há uma centralização no avanço técnico, que passa a ser visto como elemento mantenedor da ordem capitalista. O Banco Mundial favorece a política educacional descentralizadora, que tem como objetivo o enfraquecimento do movimento dos trabalhadores envolvidos na educação (professores e estudantes). Fica assim evidente, que os organismos internacionais, dentre eles o Banco Mundial, são legítimos representantes da ordem hegemônica capitalista, utilizam retóricas conservadoras temendo que o universo escolar seja lócus do despertar de consciência. Nesse contexto, o processo das reformas educacionais tem recebido atenção prioritária do Banco. Mudanças do organismo e da administração dos serviços educacionais

também se tornaram prioridade ante a necessidade de garantir custos sociais do ajuste econômico em uma realidade marcada por restrições orçamentárias na maioria dos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil. Para Frigotto (2000, p. 87), tornou-se necessário garantir, (...) subsídios do Estado ao capital privado; escolas comunitárias e organizações de centros populacionais; escolas cooperativas. [...] O que o Estado deve fazer é dar um montante de dinheiro para cada aluno pobre [...] e deixar a ele, ou a sua família, a decisão de comprar no mercado o tipo de educação e de instrução que quiser, adoção de escolas publicas por empresas [...] filantropia [...]surgimento de centenas de Ongs [...] (FRIGOTO, 2000, p. 87). No Brasil a influência dos agentes internacionais nas políticas educacionais ganhou espaço nas décadas de 1950 a partir do Acordo MEC-USAID, os quais influenciaram inclusive a chamada reforma universitária de 1968 (VIEIRA, 2001). A partir de 1990, em concomitância com as políticas econômicas internacionais, o Banco Mundial assumiu importante papel na reestruturação do Estado brasileiro. As políticas educacionais tornaram-se estrategicamente significativas na consolidação de políticas macroeconômicas. As reformas do Estado, institucionalizadas por meio da adoção das diretrizes impostas pelo Banco, como nos afirma Leher (2001) efetivou-se na medida que os empréstimos estão condicionados à adoção pelo país tomador das diretrizes dos organismos. Sendo o MEC o equivalente a uma subseção do Banco, a convergência é completa (LEHER, 2001, p. 62). Dentro dessa realidades de reordenamento e redefinição das funções do Estado, o governo brasileiro atendeu, completamente, às premissa do neoliberalismo, garantindo para si o papel de sócio da agenda definitiva (DOURADO; PARO, 2001, p. 61). Durante o governo Collor, o Ministério da Educação elaborou o Programa Setorial de Ação, nas Áreas da Educação (1991-1995). A Constituição Federal de 1988 já balizava a educação como fundamento do modelo econômico nacional. O programa destacava como urgente a tarefa de inserir o Brasil no quadro de transformações contemporâneas, por força de uma revolução científica tecnológica sem precedentes (BRASIL, 1992, p. 23). O presidente Itamar Franco, sucessor de Collor, estabeleceu uma política de cunho mais populista, interrompendo as reformas neoliberais.

Entretanto, tais reformas foram retomadas no governo Fernando Henrique Cardoso. O então ministro da educação Murilo Hingel participou da Conferência de Educação para Todos, acontecida na China em 1994 e assim se pronunciou, Participando de uma Conferência de Educação para Todos, em março de 1993, na China, verifiquei que o Brasil não tinha ainda tomado iniciativas consistentes para cumprir o compromisso da Declaração Mundial de Educação para todos de Jontier, Tailândia, de 1990. retornando ao Brasil, após ter convivido alguns dias com esta frustrante experiência de indiferença do nosso pais em torno de um compromisso assumido internacionalmente, tomei a decisão de elaborar o Plano Decenal de Educação para todos, determinando que sua metodologia se orientasse por uma ampla participação e mobilização da sociedade (PERONI, 2003, p.94) Pela fala do ministro, percebe-se que o estabelecimento do Plano Decenal foi realizado num contexto em que o Brasil tinha a obrigação de apresentar contas aos organismos internacionais sobre as escolhas da área educacional. Se em um primeiro momento, ainda na década de 1970, o Banco Mundial esteve voltado para o financiamento do ensino profissionalizante de nível médio, industrial e agrícola, no período em questão, a partir de 1990 o foco passa a ser a educação básica como evidenciado abaixo, O Encontro Mundial da Cúpula pela criança (Nova York, setembro de 1990) reforça os princípios da Declaração Mundial sobre educação para Todos, através da Declaração sobre a sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento da criança. Esse documento, no qual o Brasil foi signatário, foi constituído por quatro objetivos: expansão e desenvolvimento do atendimento em educação infantil, universalização do acesso à educação básica e finalização do ensino fundamental por pelo menos 80% das crianças em idade escolar ate o ano 2000; redução significativa do analfabetismo adulto, aumento da aquisição dos conhecimentos, habilidades e valores requeridos para a melhoria da vida e desenvolvimento sustentável para indivíduos e famílias (DOURADO; PARO, 2001, p. 154/155). de ensino mais barato, A ideia era desviar o foco da prioridade da educação formal para uma modalidade (...) a educação primária passou a ser considerada como a mais adequada para regiões de concentração de pobreza e que apresentassem crescimento populacional acelerado. Esta ultima questão foi considerada como fator de desestabilização das economias centrais e locais, pela possibilidade de gerar pressões massivas por benefícios sociais e econômicos. Embora no Brasil os projetos de educação primaria só tenham sido desenvolvidas nos anos 80, os

estudos MEC/BIRD para a implantação das políticas iniciaram-se em 1975 (FONSECA, 2007, p. 52). Sendo assim, as políticas educacionais implementadas no Brasil, nas últimas décadas sofreram uma mudança de paradigma e tornaram-se reféns dos interesses do capital. Essas políticas contaram com o apoio do Estado e das elites nacionais que criaram condições para sua operacionalização, de acordo com interesses dos organismos internacionais que controlam, por meio de condicionalidades, os objetivos ditados nos acordos de cooperação internacional. A proposta de co-operação torna-se, de fato, uma estratégia de expansão do capital internacional, tornando a educação pilar do processo de reprodução das forças de trabalho para o sistema. Como consequência, temos, presenciado políticas sociais inócuas e de baixo resultado. O discurso modernizador ampara-se em falsos mitos. Os projetos emanados dessa realidade, segundo Falleiros (2005): Vem demandando uma educação capaz de conformar o novo homem de acordo com os pressupostos técnicos, psicológicos, emocionais, morais e ético, políticos da flexibilização do trabalho e com um modelo de cidadania que não interfira na relações burguesas fundamentais no contexto de ampliação da participação política (FALLEIROS, 2005, p. 211). A fala de Falleiros (2005) leva-nos a refletir sobre a necessidade premente de discutir políticas impostas por organismos internacionais. Fica evidente que as políticas educacionais não se traduziram em melhorias concretas na qualidade da educação oferecida em nosso país. O modelo de educação desenvolvida nas últimas décadas, tem se firmado sob a lógica unidimensional do mercado, explicitando-se tanto no modelo de governança como no pensamento pedagógico. A educação foi concretizada, de forma associada e subordinada aos organismos internacionais, gestores da mundialização do capital e dentro da ortodoxia do credo neoliberal de cunho tecnocrático, cujo núcleo central é a ideia do livre mercado e da irreversibilidade de suas leis ( FRIGOTTO, 2003, p. 9).

Considerações O Banco Mundial sempre teve como orientação a defesa de um ideário modernizador, capaz de propiciar o desenvolvimento capitalista e conter a mobilidade dos países pobres. O que tem se efetivado de forma mais clara nas últimas décadas é que o Banco tem explicitado condições políticas necessárias para a implementação de seu modelo de desenvolvimento, reconhecendo que, para alcançar seus objetivos, faz-se necessário uma intervenção em setores não pensados anteriormente. Para garantir o sucesso de seu projeto, o Banco reconhece a importância da área educacional para a sua agenda de reformas. A educação é fundamental para a construção da ideologia de igualdade de oportunidades, que caracteriza o centro da teoria do Capital Humano. Através de um modelo de políticas educacionais, busca-se legitimar o Estado Liberal, dando-lhe uma conformação de instituição neutra e empenhado em garantir o estabelecimento de regras justas. Sendo assim, o conceito de inclusão social torna-se bastante peculiar. Leva-se em conta a luta contra a pobreza e a exclusão social, mas desprezase a desigualdade social de renda, que, segundo o Banco, apenas demonstra diferenças nos níveis de habilidade e de esforços de cada um. Trata-se de uma mudança de mentalidade com o claro objetivo de garantir o desenvolvimento das formas capitalistas de mercado. De certa forma, o Banco retoma o conceito de sociedade orgânica, criado pelo francês Èmile Durkheim no século XIX, ao defender o papel essencial na manutenção da anomia e nas construção de uma ordem consensual, permitindo a integração da sociedade e a manutenção da ordem política estável elementos necessários para o sucesso das reformas defendidas pelo mesmo e para a consolidação de uma boa governança. Como resultado da completa subordinação das políticas educacionais a autonomia do setor educacional fica comprometida. Os propósitos da educação deslocam-se para uma racionalidade que se localiza fora dela, isto é, não integra suas diretrizes maiores. Assim, as inúmeras questões que fazem parte da realidade social brasileira ficam reduzidas ao mero cumprimento dos imperativos econômicos internacionais. A sobreposição dos aspectos econômicos faz com que as reformas da área educacional sejam marcadas por critérios gerenciais e de eficiência, próprios da realidade de mercado. A exposição permite afirmar que a ação do Banco Mundial acarreta consequências políticas, técnicas e financeiras à educação. O objetivo que conduziu o texto foi de trazer ao

debate a problemática que envolve a parceria Banco Mundial com o governo brasileiro. A ideia de neutralidade e de capitação de recursos financeiros, utilizadas nos documentos oficiais deve ser repensada. A priorização da educação básica talvez esteja permitindo a formação de alunos/trabalhadores com capacidades básicas, criando, mais uma vez, hierarquias sociais difíceis de serem mudadas. Referências: BRASIL, Ministério da Educação Programa Setorial de Ação do Governos Collor na Área de Educação. Brasília, 1990. CONFERENCIA MUNDIAL SOBRE LA EDUCACIÓN PARA TODOS. Jontier, Tailândia. como satisfazer lãs necessidades basicas de aprendizaje del mundo? Jontier: UNICFE, 1990. CORAGGIO, J.L. (1998) Proposta do Banco Mundial para a Educação: sentido oculto problema de concepção: In: DE TOMMASI, L; WARD M.J; HADDAD, S. O banco mundial e as políticas educacionais 2 ed. São Paulo. Cortez. p. 75-124. DOURADO, Luiz Fernando. A reforma do estado e as políticas de formação de professores nos anos de 1990. In: DOURADO, Luiz Fernando; PARO, Vitor Henrique (orgs). Políticas publicas e educação básica. São Paulo: Xamã, 2001. FALLEIROS, Islê. Parâmetros curriculares para a educação básica e a construção de uma nova cidadania. In: NEVES, Lucia Maria Wanderley. A nova pedagogia: estratégias do capital para educar consensos. São Paulo, Xamã, 2005. FONSECA, Murilo. O Banco Mundial e a Educação: reflexão sobre o caso brasileiro. In: GENTILI, Pablo (org) Pedagogia da Exclusão: criticas ao neoliberalismo em educação. Petrópolis: vozes, 2007. FRIGOTTO, G. (2000) Os Delírios da Razão: crise do capital e metamorfose conceitual no campo educacional. In: GENTILI, Pablo (org) pedagogia da exclusão: criticas ao neoliberalismo em educação. Tradução: Vânia Paganini; Thomaz Tadeu da Silva. 7 ed. Petrópolis: vozes (Coleção Estudos Culturais em Educação) p. 77-108. FRIGOTTO, G; CIAVATTA, M. Educação básica no Brasil na década de 1930: subordinação ativa e consentida à lógica do mercado educação e sociedade. Campinas/SP v.

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