Ginástica Laboral: Um conceito ainda não formalizado por diversas companhias

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Transcrição:

Ginástica Laboral: Um conceito ainda não formalizado por diversas companhias Jéssica Frübel (Faculdade de Tecnologia da Serra Gaúcha) jessica.frubel@hotmail.com Prof Esp. Nédio Antonio Andreolli (Faculdade de Tecnologia da Serra Gaúcha) nedio.andreolli@ftsg.edu.br Artigo de Luiz Fabiano Corrêa Leal Pós Graduando em Ergonomia na Faculdade de Ávila No início da Revolução Industrial, as atividades trabalhistas eram encontradas próximos de rios e cursos d água. As empresas eram improvisadas e na maioria dos casos sem estrutura. A mão de obra também era despreparada e grande parte dos trabalhadores eram mulheres, crianças e imigrantes em busca de novas oportunidades. Paralelamente com a revolução, Taylor solidifica sua teoria de que para administrar e organizar uma empresa, era necessário o uso da fragmentação, ou seja, o homem não precisava mais dominar todas as técnicas de execução de um determinado produto, pois cabia a ele somente uma parte, uma mica de todo o processo produtivo. Essa teoria ressoou e fez com que Herry Ford desenvolve-se uma nova proposta de gestão de produção: a linha de montagem. Denominada Fordismo que tinha por objetivo economizar o tempo gasto do trabalhador em função de seu deslocamento em busca de material para trabalho. Assim, o trabalhador podia ser abastecido de peças e componentes através da esteira. Segundo Flerury e Vargas (1983), a partir daí, a esteira rolante passou a ter funcionamento interrupto, combinando operações extremamente parceladas dos trabalhadores. Pode-se dizer que esta renovação foi um grande marco na época, o homem por sua vez, começou a sentir os impactos frustrantes da padronização de movimentos repetitivos e em longos períodos. Como consequência disto, surge um tipo de patologia chamada Doenças Ocupacionais. Além disto, salários baixos, problemas familiares, vícios e máquinas em mau

estado também fazem parte do quadro. Antes mesmo da Revolução Industrial, Ramazzini (médico italiano), se dedicou a descrever as doenças ocupacionais, salientando que certas atividades exigem das pessoas postura correta e esforços físicos e mentais e a falta dos mesmos poderiam causar certas doenças. Devido a este aumento de doenças, o Ministério do Trabalho começou a pressionar as empresas para que adotassem alternativas a seus funcionários para amenizar seus problemas e proporcionar maior motivação, conforto e bem-estar. Então as companhias começaram a elaborar Programas de Qualidade de Vida com a inclusão da Ergonomia e da Ginástica Laboral, visando que o trabalhador seria o maior beneficiado. A Ginástica Laboral não é algo recente, e segundo Lima (2003), registros afirmam que esse tipo de atividade (destinada a operários) existiu na Polônia, em 1925 e alguns anos depois chegou na Holanda e na Rússia. Porém, foi no Japão em 1928, que segundo Alvarez (2002), a Ginástica Laboral teve sua origem conhecida. Após a 2ª Guerra Mundial, este hábito foi difundido por todo o Japão. No Brasil, a mesma foi introduzida somente em 1969, por executivos nipônicos na Ishikawajima do Brasil Estaleiros S.A, localizada no Rio de Janeiro. A aula tinha duração de aproximadamente 4 a 8 minutos. Feita às 07:30h, tinha a participação de 4.300 funcionários (divididos em grupos) ao som de Tchaikowsky. Em 1973, segundo Bergamaschi (2003), houve uma experiência pioneira no Brasil. A proposta, feita pela Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo RS (FEEVALE), chamada Educação Física Compensatória e Recreação, tinha por obtivo a criação de exercícios baseados em análise biomecânica, para o relaxamento da musculatura. Mais tarde com apoio do SESI, as duas organizações elaboraram um novo projeto e denominaram de Ginástica Laboral Compensatória. A mesma foi implantada em cinco indústrias na época, porém devido à falta de comprometimento de todas as empresas, a experiência fracassou e caiu no esquecimento, retomando com força total em 1990. Com o efetivo apoio do Sindicato dos Trabalhadores, a Ginástica Laboral, em 1995 já era compreendida como um bom instrumento na melhoria da saúde física do trabalhador, reduzindo os impactos ocupacionais. O conceito da Ginástica Laboral nas empresas é a combinação de algumas atividades físicas que tem como objetivo melhorar os efeitos fisiológicos (promover o combate e prevenção de doenças profissionais bem como o sedentarismo, o estresse, a depressão e ansiedade; melhorar a flexibilidade; coordenação; ritmo; resistência e agilidade, promovendo

assim maior mobilidade e melhor postura; reduzir a sensação de fadiga no final da jornada; relaxar o corpo), os efeitos psicológicos (motivar o funcionário a novas rotinas; melhorar o auto estima, a auto imagem, as tensões emocionais; desenvolver consciência da questão corporal; favorecer o relacionamento social e trabalho em equipe) e efeitos empresariais (diminuição de queixas, afastamentos médicos, lesões e acidentes; redução dos gastos em função do afastamento e da substituição de funcionários; melhorar a imagem da instituição junto aos funcionários e a companhia). A seguir, são apresentadas imagens ilustrativas de exercícios que podem ser praticados por todos os funcionários no ambiente de trabalho:

Figura 01 Exercícios Fonte: http://www.furb.br/especiais/interna.php?secao=49

As imagens ilustrativas são exemplos de exercícios na ginástica laboral. Vale salientar que para cada atividade laborativa, existem exercícios específicos que precisam ser feitos corretamente, e, com acompanhamento de um profissional da área. É do conhecimento de muitos que pessoas ainda fazem descaso a prática do exercício da ginastica laboral, porem os benefícios trazidos pela mesma, na sua maioria são imensuráveis, ou seja, difíceis de quantificar o bem que a mesma proporciona para o rendimento do funcionário, mesmo que este rendimento, as vezes, permaneça oculto. Pode-se dizer então, que esta atividade trás qualidade de vida ä organização como um todo. Apesar dos grandes benefícios vistos da Ginástica Laboral nas empresas, ainda há um número efetivamente alto de companhias que ainda não adotaram este método por considerar que o tempo em que o funcionário perde em função disso, poderia ser aproveitado para fazer x peças para a empresa, ou então, por visarem o lucro antes mesmo da qualidade de vida e trabalho do funcionário. Conceitos estes, que devem ser retomados, pois os requisitos de qualidade de uma empresa se devem ao empenho e desempenho de seus funcionários.