O estádio do espelho, o narcisismo e o Outro

Documentos relacionados
Instituto Trianon de Psicanálise

CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA E IMAGINÁRIO

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno

Estádio do Espelho: Uma breve pesquisa e considerações

UMA POSSÍVEL ÉTICA DO OLHAR 1

Do corpo imaginário ao corpo marcado pelo objeto a no ensino de Lacan: uma torção

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina

Um olhar que atravessa: a dinâmica de abandono como efeito das perdas. narcísicas. 1 Dagmara Yuki Vieira Tomotani 2

A SUPERVISÃO: UM OLHAR QUE VAI ALÉM DAS RELAÇÕES ESPECULARES 1

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA. Profa. Dra. Laura Carmilo granado

6 Referências bibliográficas

A QUESTÂO DO EU, A ANGÚSTIA E A CONSTITUIÇÃO DA REALIDADE PARA A PSICANÁLISE 1

Sofrimento e dor no autismo: quem sente?

Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004

O BRINCAR E A BRINCADEIRA NO ATENDIMENTO INFANTIL

PERÍODO EDIPIANO. Salomé Vieira Santos. Psicologia Dinâmica do Desenvolvimento

Corpo da Imagem e Corpo Falante

Embasado no capítulo 5 do livro O ser da compreensão de Monique Augras ProfªEsp. Alexandra Fernandes Azevedo

8. Referências bibliográficas

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud

ANEXO 1- Teste do Desenho da Família

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1

Pelas vias da topologia

Jardim Infantil Popular da Pontinha. Projeto Educativo

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009

Mesa redonda intitulada: A escuta de um corpo na experiência clínica

Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN FPS e sinthome. Paola Salinas

Mesa-redonda 3.50: Sofrimento e sexualidade

TRANSTORNOS DIAGNOSTICADOS PELA PRIMEIRA VEZ NA INFÂNCIA OU ADOLESCÊNCIA: TRANSTORNOS DISRUPTIVOS DO CONTROLE DE IMPULSOS E DA CONDUTA

Imaginário, Simbólico e Real. Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano

O real no tratamento analítico. Maria do Carmo Dias Batista Antonia Claudete A. L. Prado

Curso de Atualização em Psicopatologia 2ª aula Decio Tenenbaum

Prefácio. Itinerário para uma leitura de Freud

O FENÔMENO PSICOSSOMÁTICO COMO DEMANDA DE AMOR: NOTAS A PARTIR DE UM CASO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA III Simpósio da UEFS sobre Autismo O sujeito para além do transtorno do espectro autista.

Escola Secundária de Carregal do Sal

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO

VI Congresso de Neuropsicologia e Aprendizagem de Poços de Caldas

O caso de Joana: sobre escrever o corpo

Luiz Fernando Botto Garcia

A Técnica na Psicoterapia com Crianças: o lúdico como dispositivo.

6 Referências bibliográficas

O estatuto do corpo no transexualismo

Violência Simbólica: possíveis lugares subjetivos para uma criança diante da escolha materna

Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum

O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1

O gozo, o sentido e o signo de amor

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1

Estruturas da Personalidade e Funcionamento do Aparelho Psíquico

52 TWEETS SOBRE A TRANSFERÊNCIA

Dra. Nadia A. Bossa FRACASSO ESCOLAR: UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB A PERSPECTIVA DE BION E WINNICOTT

Referências bibliográficas

TEORIAS DA APRENDIZAGEM

A contribuição winnicottiana à teoria do complexo de Édipo e suas implicações para a

A transexualidade entre a transgressão e a inserção social

O CHEIRO COMO UMA FORMA DE ESTRUTURAR-SE ENQUANTO SUJEITO: UMA ANÁLISE FÍLMICA DE O PERFUME

Auto-Estima. Elaboração:

seguiam a corrente clássica de análise tinham como norma tratar da criança sem fazer

8 Referências bibliográficas

PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

O Édipo em Lacan. O uso perverso do falo imaginário no mundo contemporâneo

A Função Paterna. Falo. Criança. Mãe. Tríade Imaginária

O MASOQUISMO E O PROBLEMA ECONÔMICO EM FREUD. Esse trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Marcas no corpo: capturas do olhar

Dra. Nadia A. Bossa. 3 Congresso Internacional sobre Dificuldades de Aprendizagem e Inclusão Escolar

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005

Seminário sobre O homem dos lobos. Jacques Lacan

Quando o ideal de amor faz sintoma Sônia Vicente

BRINCANDO COM A EDUCAÇÃO INFANTIL 1 PLAYING WITH CHILD EDUCATION. Thaís Kinalski 2

... Cultura. Em busca de conceitos

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social RELACIONAMENTOS AMOROSOS NA ATUALIDADE: DA PERDA À ELABORAÇÃO

SUBLIMAÇÃO E FEMINILIDADE: UMA LEITURA DA TRAGÉDIA ANTIGONA DE SÓFOCLES

O FRACASSO ESCOLAR E SEUS IMPASSES 1 THE SCHOOL FAILURE AND ITS IMPASSES. Mara Carine Cardoso Lima 2, Tais Cervi 3

ONTOLOGIA DO INCONSCIENTE

7 Referências Bibliográficas

O amor e a mulher. Segundo Lacan o papel do amor é precioso: Daniela Goulart Pestana

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer

Pesquisa Multicêntrica de Indicadores Clínicos de Risco para o

Referências bibliográficas

A Prótese de Origem. Igor Lobão

O DASEIN E SUA CONDIÇÃO ONTOLÓGICA DE ANGÚSTIA. Greyce Kelly de Souza Jéferson Luís de Azeredo

PROJETO JOGO SENSORIAL

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA Janieri de Sousa Oliveira Maria de Lourdes da Rocha Conceição Elane 1

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1

5. A Construção do espaço do jogo entre adulto e criança: o adulto como brinquedo

O que fazem os Psicólogos?

O AMOR NA PSICOSE. fórmulas da sexuação, entre o homem e a mulher. Já na articulação amor / suplência 3 o sujeito

I O jogo teatral na criação do roteiro

Desenvolvimento - 0 a 6 meses

ORGANIZAÇÃO E METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL. Profa. MS. Luciana Teofilo Santana

Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica ISSN: Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasil

Transcrição:

O estádio do espelho, o narcisismo e o Outro Antonia Claudete A. L. Prado Lacan falou sobre este tema em duas ocasiões. A primeira foi no Congresso de Marienbad, em 1936 1, no qual, incidentalmente, foi interrompido após cerca de dez minutos de exposição. A segunda apresentação ocorreu no XVI Congresso Internacional de Psicanálise em Zurique, em 17 de julho de 1949. Nesse trabalho Lacan está interessado em percorrer os caminhos que levam à constituição do Eu como figura de identificação com a imagem captada através do espelho. Começa diferenciando o eu da psicanálise do eu do cogito cartesiano, e outras filosofias nele pautadas. O eu da psicanálise não é o eu que pensa, o eu que existe, ou o eu que sabe. O eu da psicanálise é o eu do desconhecimento, o eu miragem, virtual, do imaginário. O eu da psicanálise é um eu indagador, sempre em busca de saber, cuja sede inicial é o espelho. Há um momento na vida da criança em que ela inicia um processo de estruturação do eu, que é propiciado pela identificação com a imagem do seu próprio corpo no espelho. A vivência psíquica experimentada pela criança até então era de um corpo despedaçado (corps morcelé). Ela não se tinha em uma unidade corporal, seu corpo era algo disperso, aos pedaços, um caos desconfortável. Em determinado momento a criança pára diante do espelho e expressa uma reação especial, a mímica do aha-erlebnis: surpresa e impacto emocional reconhece que aquela imagem (inicialmente estranha), lhe diz respeito. Às vezes chega até a se confundir com ela. Expressa surpresa, aha-erlebnis, ao reconhecer ali o reflexo dos objetos da sua realidade, onde se inclui o seu corpo, em um universo virtual, com o qual brinca prazerosamente ao perceber a duplicação dos seus movimentos, e dos objetos à sua volta, na imagem especular. É nesse momento inaugural de impotência motora que o sujeito se deixa capturar pela miragem escópica em uma gestalt onde se configura o seu eu imaginário. As fantasias de corpo fragmentado se mostram nos sonhos onde o corpo aparece com suas partes separadas, fantasias que se vê em pinturas como na de Bosch, O Jardim das Delícias. Lacan nota uma diferença importante entre o comportamento humano e o do chimpanzé que, embora supere a criança na sua inteligência funcional, por um espaço de tempo que vai dos seis aos onze meses de 1 Um artigo resumido sobre essa publicação foi publicado em 1938 na Enciclopédie Française e consta em Outros Escritos (Zahar, 2003), sob o título: Complexos Familiares na Formação do Indivíduo.

vida, não acompanha a criança no jogo gestual em que ela se mantém a partir de um ano de idade. O chimpanzé se mostra indiferente à visão de sua imagem, confirmando assim a tese de Roger Callois de que os animais não sofrem modificações psíquicas por efeitos de exposições visuais com o meio, como acontece com os seres humanos. Durante esse período observa-se a repetição de uma cena à qual Lacan se refere como: "o espetáculo cativante de um bebê que, diante do espelho, ainda sem ter o controle da marcha ou sequer da postura ereta, mas totalmente estreitado por um suporte humano ou artificial (o que chamamos, na França, um trotte-bébé um andador, supera, numa azáfama jubilatória, os entraves desse apoio para sustentar sua postura, numa posição mais ou menos inclinada e resgatar, fixá-lo, um aspecto instantâneo da imagem" 2. Esse regozijo da criança mostra um dinamismo libidinal que já havia lá, naquele ser habitado por um malestar do seu corpo fragmentado, mal-estar que é agora recoberto pela vivência jubilatória da criança no reconhecimento da sua imagem no espelho que a faz antecipar um eu corporal ortopedicamente unificado, ao qual ela se identifica e permanece alienada. É pelo espelho que o eu se toma e, assim constituído narcisicamente, permanecerá sempre atento, em estado de tensão, para não perder essa imagem, buscando a garantia do reconhecimento constante no qual se sustentará. Nesta estrutura se forma o conhecimento paranóico originário do eu, de consistência imaginária resultante da rivalidade do eu com a imagem do seu próprio corpo no semelhante seu duplo, ali se espelha e se compara, e se agride, conforme expõe Lacan no texto Agressividade em Psicanálise. Esse estágio primeiro de identificação imaginária, i(a), a uma forma que interessa e cativa, em que a criança ainda se encontra corporalmente impotente, dará lugar a uma identificação secundária I(A), simbólica, onde o eu ingressará numa linha de ficção para sempre irredutível para o indivíduo isolado ou melhor, que só se unirá assintoticamente ao devir do sujeito 3. A identificação secundária é regida pelo narcisismo, cujo objeto libidinal é o eu, constituído a partir do duplo, envolvido agora em um dinamismo libidinal que inclui os objetos nos quais o eu se insere e jamais, a partir daí, estará só terá sempre os objetos como referência. Em outras palavras: o eu é assim formado em uma linha de ficção que não irá coincidir com a realidade corporal do sujeito, mantendo-se sempre em uma união assintótica, permanecendo a sua realidade corporal sempre desconhecida para o sujeito. Lacan aborda o mimetismo, que Roger Callois apresenta como sendo um fenômeno de adaptação ao meio verificada entre os animais, que, mediados pela visão, assumem duas formas de identificação: 2 Lacan, J, Escritos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1998, O estádio do Estádio do Espelho como formador das funções do Eu, p. 97. 3 Ibidem, Agressividade em Psicanálise, p. 114. 2

a) Heteromórfica mimetismo onde o animal vai tomando a forma do seu ambiente (é o caso de animais que, ao avistar o inimigo, mudam a cor da pele para se confundir com a areia, por exemplo). b) Homeomórfica mimetismo no qual o animal produz transformações no corpo ao avistar um congênere. É o caso das pombas, cujas gônadas só atingem a maturidade se elas tiverem a visão de um semelhante. A visão tem uma função essencial na relação do organismo com o meio e produz modificações vitais nos animais. Diferentemente do que ocorre com os animais, a experiência visual com os objetos experienciada pelo homem resulta em alterações psíquicas, como mostra o estádio do espelho. Um exemplo muito ilustrativo é a Psicastenia Lendária (Callois, Sociólogo e antropólogo francês,1913-1978), onde o sujeito é absorvido por uma situação despersonalizante na qual ele se anula, confunde-se com o espaço e chega à desrealização. Essas constatações levam Lacan a elaborar a formulação: A função do estádio do espelho revela-se para nós, por conseguinte, como um caso particular da imago, que é estabelecer uma relação do organismo com sua realidade ou, como se costuma dizer, do Innwelt com Umwelt 4. Mas essa relação com a natureza é alterada, no homem, por uma certa deiscência 5 do organismo em seu seio, por uma discordância primordial que é traída pelos sinais de mal-estar e falta de coordenação motora dos meses neonatais.... o estádio do espelho é um drama cujo impulso interno precipita-se da insuficiência para a antecipação.... desde uma imagem despedaçada do corpo até uma forma de sua totalidade que chamaremos de ortopédica.... o rompimento do círculo do Innwelt para o Umwelt gera a quadratura inesgotável dos arrolamentos do eu. O psiquismo tem uma presença fundamental na constituição do ser humano, fato que se pode verificar especialmente pela observação de duas formas diferenciadas de comportamento apresentadas pelo homem e pelos animais: a) A identificação do animal à sua espécie é operada pela gestalt perceptiva da respectiva espécie, enquanto que o homem parte da imagem de si, à qual ele se aliena para caracterizar a espécie. b) O fator que conduz à inserção no mundo: no reino animal o natural tem a primazia sobre o indivíduo; no homem há a prevalência do psíquico sobre o organismo (a orientação - no animal: da gestalt da espécie para o indivíduo, no homem: da gestalt corporal do sujeito para a espécie). 4 Ibidem, Estádio do Espelho, p. 100. 5 Em botânica abertura espontânea de um fruto para deixar cair as sementes. Abertura natural de órgãos vegetais (p.ex., frutos) quando estes atingem a sua maturação 3

A formação do eu, entretanto, não se restringe apenas ao espelho, a criança busca a confirmação da imagem especular, no olhar da mãe pelo qual se vê, e se RE-CONHECE passando então a ocupar um lugar no desejo desse Outro materno, mediador da assunção a um eu social pela identificação à imago do semelhante. O desejo desse Outro sustenta as instâncias do sujeito dividido e do Ideal-de-Eu que ressoam para além do campo especular. Lacan diz que essa transposição, que passa pela intermediação cultural, inaugura também o ciúme primordial - dialética que desde então liga o [eu] a situações socialmente elaboradas 6. A relação com os objetos a partir daí é mediada pelo desejo do Outro que imprime no eu as marcas que irão condicioná-lo a fugir dos seus perigosos impulsos instintivos, mesmo aqueles naturais, tal como se vê no que tange ao objeto sexual, no complexo de édipo 7. O drama do ciúme primordial que acomete a criança no final do estádio do espelho decorre do fato dela encontrar nas outras crianças aquilo que reconhece como sendo seu, o que faz com que ela, em várias situações, se confunda com o outro. Esse fenômeno (confusão entre o eu e o outro) é tratado por Charlotte Bühler (Psicóloga alemã, 1893-1974) como transitivismo infantil a criança vê outra cair e chora, ou bate e diz ter sido batida. A criança está sempre concorrendo com o outro, o perfeito, o competidor que a ameaça e mantém em permanente agressividade. As figuras abaixo ilustram a posição do Outro, do sujeito, seus ideais e objetos no esquema ótico bem como a localização desses dispositivos na organização dos registros Imaginário, Simbólico e Real no nó borromeano. S i(a) a (- ) A ESQUEMA ÓTICO (- ) i'(a) I a Ics Real Falasser O que goza Angústia - S(A) i(a) R Φ Sintoma I(A) JA Jφ a I S Sentido NÓ BORROMEANO Je Ics Simb Eu Sujeito do dizer O que fala Inibição Limitação imposta pelo Eu para evitar a angústia Moi Imagem Eu Objeto do dito O que é falado 6 Ibidem, Estádio do Espelho, p. 101. 7 Ibidem, Estádio do Espelho, p. 102. 4

Concluindo, o Eu é uma instância constituída a partir do Outro, com o qual conserva eternamente uma relação de amor e ódio. A esse Outro o Eu mantém-se imaginariamente alienado, em estado permanente de desconhecimento e indagação. 5