UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ARTES E ARQUITETURA ESCOLA PROFESSOR EDGAR GRAEFF CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO A cidade surpreendeu pela rapidez com que se ergueu mas não poderá manter o ritmo. O estilo de vida própria criou em Goiânia um comportamento social próprio. Tanto pela necessidade de novos planos, a partir da experiência, como pela sobrevivência de problemas, a população quer saber o que pensa o profissional arquiteto-urbanista. A cidade é uma seqüência de áreas que não podem ser ocupadas ao sabor de improvisos. Não basta evitar a repetição de erros e omissões: é indispensável o compromisso com os cidadãos. Os meios de transporte de massa devem anteceder e orientar a ocupação das novas áreas, além das soluções de superfície. A expansão urbana pede infra-estrutura condizente com as novas necessidades. Na renovação da cidade devem ser mantidas suas características históricas mas sem voltar ao passado, estabelecendo um compromisso com o futuro. Este texto tem por objetivo auxiliar no encaminhamento de propostas temáticas, escolha de tema e objeto de intervenção/projeto.
INTRODUÇÃO O conhecimento dos grupos sociais das tribos às grandes civilizações teve sempre como ponto de partida a sua arquitetura; as ruínas e as obras remanescentes de autores anônimos ou reconhecidos, realizações de menor importância ou verdadeiras obras de arte. Com e na sua arquitetura, as civilizações viveram seu primórdio, seu apogeu e sua decadência. Em seu interior ou externamente em relação com a história viu e vê o desenrolar do drama humano através do tempo com seus mais variados componentes, como política, economia, família, artes, guerra, etc.. Viver arquitetura é a necessidade que acompanha o homem desde que, com o crescimento dos grupos primitivos, viu-se obrigado a organizar sua caverna para melhor ajusta-la às limitações da sociedade emergente. Daí depreende-se que arquitetura e ser humano; duas entidades não separáveis. Nós arquitetos, desde os tempos antigos, dedicamos nossa vida à construção do mundo material com o objetivo de conquistar a felicidade para nossos semelhantes. Erigimos os monumentos que representam os valores culturais das civilizações surgidas ao longo da história. A evolução da humanidade pode ser resumida aos fatos arquitetônicos que a representam como Stonehenge, e até o World Trade Center. A destruição deste conjunto arquitetônico projetado por Minoru Yamasaki (1942-1986), com grande esforço e paixão, o converteram no protagonista de mudanças históricas e culturais bruscas e radicais. Ícone nova-iorquino por seu tamanho desproporcionado, pela multidão cotidiana de trabalhadores e visitantes, e por ter sido o edifício mais alto do mundo superado pelo Sears Tower e pela Oriental Pearl Tower marcante na paisagem junto ao Rio Hudson, o conjunto arquitetônico é agora mais um testemunho arquitetônico da insanidade da humanidade. Lamentavelmente, nem todos os seres humanos têm os mesmos sonhos, os mesmos desejos e nossas aspirações. O arquiteto formado nos moldes tradicionais estudo cronológico e acadêmico fica limitado em seu potencial criativo pela superficialidade, e tende a desaparecer, com maior ou menor rapidez, segundo o estágio de desenvolvimento da sociedade de que faz parte. Elemento social atuante, não só como integrante da sociedade mas, principalmente como elemento que nela interfere ao criar os espaços físicos em que as comunidades se desenvolvem e ainda como modificador de estruturas ambientais, o arquiteto é o visionário, o pesquisador de épocas passadas, autor, platéia e crítico de seu tempo, profeta de tempos futuros. A atividade do arquiteto exige uma visão global não especializada. As conquistas cientificas e tecnológicas proporcionam ao arquiteto condições excepcionais para criar, o problema é o uso destas conquistas. Considerados como realizações do espaço, os problemas da arquitetura se apresentam ao arquiteto como desafios, e distingue a arquitetura das demais atividades humanas pelo exercício continuado de escolher. 1 Qualquer composição arquitetônica deve ser precedida de coleta de dados, da situação real existente e da situação a que se quer chegar, e mais ainda, dos meios de que dispomos para passar de uma a outra. De modo geral consistem no seguinte: 1 Lúcio Costa, O arquiteto e a sociedade contemporânea, in Sobre Arquitetura, Porto Alegre 1962, Centro dos Estudantes de Arquitetura. 2
A gênero de atividade para a qual se destina a obra; B características do ambiente físico; C informação bibliográfica disponível; D possibilidades de realização financeira da obra. Os temas arquitetônicos, para melhor situar no texto, são determinados por necessidades e aspirações humanas. O edifício, ou conjunto de edifícios, irá atender a programa que diz que tipo de obra deve ser realizada. Da mesma forma, a criação de espaços urbanos, ou intervenção nos existentes, será determinado pelo conhecimento que se tenha das necessidades reais de seus usuários. O EDIFÍCIO O caráter de um edifício decorre de sua veracidade como expressão do objetivo funcional e determinação estrutural. Todas as pessoas e coisas conhecidas têm características aparentes pelas quais se identificam. Assim são os edifícios. Estes levam o cunho do artista, mas exprimem principalmente uma alma coletiva, estereotipada em planta, nas formas, na pintura, nos espaços, nos materiais utilizados; são frutos da época, do meio, da coletividade, bem como de uma específica função social. Devemos destacar que o principal e mais importante edifício da cidade é sem dúvida, a habitação. Realmente, mais de 60% do solo brasileiro urbanizado é ocupado por habitações, na maioria das vezes de forma caótica. A habitação de nosso tempo ainda não existe. Com essa frase, aforística como todas as suas, Mies Van der Rohe iniciava o programa para a Exposição da Construção celebrada em Berlim em 1930. Contudo continuava Mies a transformação do modo de vida exige sua realização. O que esta frase sugere é que nossa habitação, naquele tempo tanto quanto hoje, não corresponde às ansiedades do cidadão. Mies foi um arquiteto da Bauhaus, escola-movimento precursor da arquitetura e design de International Stile, que nos anos pré-guerra emigrou da Alemanha (Weimar) para os Estados Unidos. Buscou intensamente a idéia do modernismo na arquitetura, através da construção com técnica contemporânea eficiente para dar moradia a toda população enquanto esteve na Bauhaus, e depois tornou-se um arquiteto dos empreendedores em Chicago, com importantes edifícios. Se observarmos que a produção agrícola perdeu sua importância e autonomia nos países industrializados e, que representa um setor da produção industrial, subordinada a seus imperativos, submetida a suas exigências, a concentração da população acompanha os meios de produção tornando-se eminentemente urbana. Daí o que chamamos malha urbana, como estrutura viária da cidade, como afirmava Lefebvre já nos anos sessenta em La Révolution Urbaine, o tecido urbano prolifera, estende-se, corrói os resíduos de vida agrária. Podemos, portanto, pensar como Walter Benjamin, que é cada vez mais nos locais de trabalho onde há de se buscar o marco verdadeiro da vida do cidadão. O marco fictício de sua vida se constitui no domicílio privado. Mas, gostaria de enfatizar, que o habitat humano é composto também por outros edifícios além da habitação, do abrigo. São os equipamentos e serviços urbanos os 3
elementos indispensáveis à qualidade de vida urbana. Os edifícios de saúde, de educação, de lazer, de cultura, de esportes, públicos ou privados, de prestação de serviços profissionais ou comerciais e os edifícios industriais, formam a composição do espaço urbano e são as referências da população. Muitos edifícios destinados a funções públicas ou privadas, por suas dimensões e características de programa, implicam intervenções urbanas o que nos leva a sempre entender que o edifício é o componente principal da alteração da paisagem urbana. A paisagem e ambiência urbana, estão intimamente ligadas a produção de arquitetura e ao entendimento do urbanismo em três dimensões. O URBANISMO Apesar da revolução industrial, dos movimentos sociais, dos nacionalismos emergentes, ainda não havia o urbanismo como disciplina responsável pela organização dos espaços da cidade. Esta disciplina originou-se de dois paradigmas interessantes, de um lado o higienismo, já que as cidades passaram a receber cada vez maiores levas de populações do campo e teriam de ser criados hábitos novos. Por outro lado o embelezamento e o paisagismo, como fatores de engrandecimento de uma nova elite surgida dos novos meios de produção. Durante o século XX com os recursos da tecnologia e, atrelados a um processo de construção de uma sociedade burocrática consumista, desenvolveram-se novos conceitos, tendo sido o urbanismo moderno da cidade eficiente e racional estabelecido na Carta de Atenas em 1933. Com este documento se construiu ou reformou a maioria das cidades modernas. O termo urbanismo foi introduzido na língua francesa por volta de 1910, vinda através de artigo assinado por um professor da escola Superior de Comércio de Lyons, Pierre Clerget. O uso do termo, para qualificar uma ciência de aplicação foi atribuído por inúmeros cronistas contemporâneos a Alfred Agache, em 1912-1913. O urbanismo se caracterizou entre nós, por suas intenções de higienismo e de embelezamento, iniciado com a reforma de Pereira Passos no Rio de Janeiro no início do século com a operação bota a baixo, inspirada em Haussmann. O início do século trouxe para o Brasil também as experiências das cidades-jardim de Ebenezer Howard, e cidades industriais de Tony Garnier. E é com estas experiências somadas aos conhecimentos do modernismo, que Attílio Corrêa Lima, primeiro urbanista brasileiro com formação no L Institut d Urbanisme de Paris, realizou o projeto de Goiânia. Nos anos trinta e quarenta da século XX, entre nós o urbanismo transformou-se de culturalista em progressista 2, acabando por criar uma cidade zonificada ao fim do século XX. O urbanismo moderno buscava a racionalização do espaço, a eficiência através da padronização destes espaços, da máquina de morar e da produção em série. A estrutura deste meio urbano seria uma malha viária que leva ao parcelamento e zoneamento da vida urbana. 2 Françoise Choay, O Urbanismo. 4
Após a Segunda Guerra Mundial surgiu o urbanismo de diagnósticos, que deu origem às atuais legislações de uso do solo e zoneamento. Ao final da década de sessenta, vamos conhecer o urbanismo de revitalização, quando se intensificam os programas de renovação urbana das grandes cidades, para um enfrentamento não somente das políticas públicas de transporte e circulação urbana, mas sobretudo da questão habitacional. Num estudo apurado Otília Arantes 3 busca definir o fim do urbanismo moderno investigando a possibilidade de uma substituição da ideologia do plano moderno, por uma ideologia de diversidade, onde os conflitos são escamoteados por uma espécie de estetização..., lembrando que não se pode pensar numa fórmula de cidade baseada em uma sociabilidade que já não existe mais. O mesmo estudo mostra que a velocidade progressista, com a necessária adaptação aos novos condicionantes de um capitalismo em transformação, leva esses novos elementos a se tornarem em realidade, elementos simbólicos de um meio de produção capitalista que consagra a aparência, o modismo. Símbolos que se modificam com grande velocidade segundo as palavras de ordem da moda. O momento atual de globalização aponta agora na direção de um urbanismo, não só participativo, mas caracterizado por intervenções em pequenas escalas, locais. PLANO DIRETOR O termo Plano significa desejo, aspiração a um fim determinado. Desta forma Plano Diretor deve significar o desejo, o sonho de realização da sociedade urbanizada. No bojo da Constituição Federal de 1988, foi também incluído o dispositivo que obriga aos municípios com mais de 20 mil habitantes a elaborar um Plano Diretor. Instrumento jurídico-normativo que serve de base para o estabelecimento de diretrizes urbanísticas, organização do espaço urbano e ambiental, normatização do uso do solo, sistemas, serviços e equipamentos urbanos. Estes planos deveriam se constituir em instrumentos de planejamento das cidades em processo contínuo de debates entre os vários segmentos da sociedade, e portanto constantemente atualizados. PLANEJAMENTO URBANO Ao planejamento urbano se deve dar status de instrumento de politicas públicas, organizador dos sistemas, equipamentos e modos de atendimento àquele grupo de pessoas habitantes de um determinado sítio. Diretamente ligado ao cidadão, a casa, o lote, a rua, a quadra, a árvore, os lugares do seu bairro, fazem sua relação com o restante da cidade. Os bairros, tradicionais ou novos, têm enorme responsabilidade no resgate de uma forma de convivência mais harmônica entre cidadãos. Não importando se diferentes por sua condição de renda, ou falta dela. Penso que o conceito de bairro deve ser revisto e suas dimensões adequadas a escala do cidadão. Transformar o cidadão de objeto em sujeito. Os centros de bairro poderiam retomar sua grande importância, se devidamente valorizados e equipados. DESENHO URBANO 3 O urbanismo em fim de linha-edusp,1998. 5
O desenho urbano se constitui em processo decisório de organização e expressão arquitetônica dos espaços urbanos, cobrindo o campo vivencial mais próximo dos usuários do sistema e estruturas urbanas. 4 Compreendo em Del Rio que o desenho urbano, seria a forma desenhada de distribuição dos espaços e volumes que compõem o espaço urbano. Se nos Planos e formas até avançadas de Planejamento se incorporam inúmeros atores de outras disciplinas, o Desenho Urbano é o campo privilegiado do arquitetourbanista, por seu reconhecido domínio espacial. RENOVAÇÃO URBANA A manutenção e/ou recuperação de áreas da cidade nos coloca frente ao desafio de questionar como será a cidade dentro de cinco ou dez anos, tempo em geral necessário para que as reformas urbanas sejam assimiladas. A este respeito é bom lembrar a limitação da tarefa do urbanista. Sempre realizando planos para cidades considerando os valores de seu tempo, e tendo em vista que o progresso tecnológico das comunicações permitirá chegar, no decorrer de alguns anos e de algumas décadas, a cidade de trinta, cinqüenta milhões de habitantes. 5 Através da restauração de edifícios, de logradouros e praças, a prática de renovação urbana busca dotar uma área da cidade de novo modelo urbano, atendendo a uma ocupação específica. INTERVENÇÃO URBANA A intervenção urbana pode ser descrita como procedimento destinado a recuperar áreas degradadas da cidade. Pode ser através de um novo projeto de sistema viário, ou de ocupação, de alterações na legislação, de zoneamento, e será sempre a reestruturação urbana, que implica novo desenho de estrutura física objetivando ampliação de áreas e minuciosa adequação às particularidades de usos das edificações do sítio, integração funcional e paisagística dos espaços. Um maior dinamismo precisa ser dado aos centros de bairro, através de multiuso dos espaços. Integrados numa dinâmica tal que, o pequeno mercado, o colégio, ou o posto de saúde possa ser a ancora do lugar. REVITALIZAÇÃO URBANA Trata-se de dar a uma área da cidade, novas características funcionais. Como exemplo: a revitalização de centros de cidade deteriorados ou de utilização desqualificada; a operação efetuada em centros de bairro, que transforma áreas e dá novo impulso a áreas comerciais; a criação de novos centros urbanos. Não necessariamente implica em intervenção física, mas deve constituir um instrumento de negociação entre os ocupantes da área e os agentes intervenientes, no sentido de melhorar a capacitação dos espaços coletivos. 6 4 Del Rio, Vicente. Desenho Urbano. São Paulo, Ed. Pini 1990. 5 O ritmo de construção das cidades particularmente entre nós já se torna alucinante, acompanhado de mudanças nos hábitos da população cada vez mais influenciada pela informática, tornando válido afirmar que a civilização industrial colocou em crise a concepção tradicional de cidade, mas ainda não conseguiu substituí-la por sua própria concepção. ARGAN, G. História da Arte como História da Cidade. p.225, Ed.Martins Fontes, São Paulo 1995. 6 RODRIGUES, F. M.. Desenho Urbano-cabeça e prancheta. São Paulo, Projeto 1986. 6
PRESERVAÇÃO URBANA/ARQUITETÔNICA É o programa que visa recuperar edifícios ou áreas da cidade, preservando sua forma e recuperando seu aspecto original. Uma das coisas mais admiráveis e agradáveis que podem ser vista ao longo das calçadas das grandes cidades são engenhosas adaptações de velhos espaços para novos usos. São desse tipo as pequenas transformações que estão sempre ocorrendo nos bairros em que há vitalidade e que atendem às necessidades humanas (...) As cidades precisam de mesclas de prédios antigos para cultivar as misturas de diversidade principal, assim como aquelas de diversidade derivada. Elas precisam especificamente dos prédios antigos para incubar uma nova diversidade principal. 7 PAISAGISMO Integrante da preocupação de qualquer projeto urbano em áreas novas, intervenções, reestruturações, renovação urbana e sobretudo na preservação de áreas públicas verdes, o paisagismo não deve ser confundido com jardinagem. Estão integrados ao paisagismo não somente a vegetação, mas todo mobiliário urbano, objetos e a arquitetura dos edifícios, que realmente constituem a paisagem construída da cidade. CONCLUSÕES A sociologia e a geografia urbanas já nos tem mostrado, que a construção da cidadania passa pela qualidade do espaço urbano, através da presença de elementos da paisagem capazes de interferir na educação e formação do cidadão. A cidade é composta de formas, de lugares, que vão construindo a sua totalidade, formando sua memória histórica de lugar. Lugar combinado a espaço-tempo, fundamental para se chegar a história do urbano da cidade. O professor Milton Santos 8 em seus estudos do espaço urbano, estabelece a noção de totalidade da cidade como uma região de lugares, e que é um lugar que dispõe de movimento combinado segundo uma lei do organismo urbano. Tal organismo se alimenta exatamente das percepções e contribuições do cotidiano do cidadão, que vão afetar as relações espaço-tempo, construindo sua memória histórica. As operações que buscam a possível contenção da violência, qualquer que seja ela, está também na produção dos espaços urbanos, entendida como a relação do homem com seu meio. Desta forma, são prioridades do planejador urbano; atender a demanda por habitação; garantir espaços planejados para os equipamentos de ensino e saúde; favorecer à hierarquia de transportes coletivos; criar espaços para o lazer respeitando desejos da população. 7 GRAZIELLE, Preservação de edifícios históricos. Trabalho de graduação UCG, 2002. 8 SANTOS, Milton. A Cidade e o Urbano como Espaço-Tempo. In FERNANDES, Ana - GOMES, Marco Aurélio. (org.) Cidade&História. UFBA, Salvador 1992. 7
Podemos utilizar o pensamento de Camillo Sitte na construção dos espaços da cidade, e construir belas praças de uso, não apenas dotadas de canteiros floridos, mas com mobiliário urbano, e equipamentos de lazer e parque infantil, onde crianças poderão correr e se libertar das amarras do play-ground, do condomínio. Lugar onde o ponto do ônibus exerça sua referência do ir-e-vir, com função múltipla, dotado de bancas de jornais, telefone e até caixas eletrônicos de banco, evitando-se desta forma o aspecto de abandonado e ocioso, além de perigoso. Para tanto, Kevin Lynch nos idos dos anos 60 já preconizava; o plano, exato ou não, deve permitir que se volte para casa. Ao se criarem locais de bem-estar e convívio em segurança, com ações disciplinadoras e repressoras à circulação de veículos, estamos incentivando a permanência das pessoas nos espaços públicos. De certa maneira a observância pelos técnicos, do Estatuto da Cidade conduz a um melhor espaço para a sociedade urbanizada. A cidade é um acontecimento, e diversos são os especialistas que participam de seu processo. Todos eles criando meios de interpretação histórica e avaliação de cidadania. Diferentemente o arquiteto-urbanista, além de reconhecer os valores históricos, precisa interpretar os anseios de uma sociedade em constante mutação, e construir edifícios, seus espaços e sistemas urbanos, interferindo assim profundamente na sua história. Dirceu Trindade Arquiteto Goiânia, 20 de março de 2003. 8