fls. 141 ACÓRDÃO Registro: 2017.0000275030 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 2028270-10.2017.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante RED - FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS MULTISETORIAL REDFACTOR LP, é agravado CLARIANT S.A.. ACORDAM, em 38ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SPENCER ALMEIDA FERREIRA (Presidente sem voto), FLÁVIO CUNHA DA SILVA E ACHILE ALESINA. São Paulo, 19 de abril de 2017. Fernando Sastre Redondo RELATOR Assinatura Eletrônica
fls. 142 VOTO Nº 15.791 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2028270-10.2017.8.26.0000 COMARCA: SÃO PAULO - FORO CENTRAL CÍVEL - 25ª VARA CÍVEL JUIZ / JUÍZA DE 1ª INSTÂNCIA: MARIA FERNANDA BELLI AGRAVANTE: RED - FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITORIOS MULTISETORIAL REDFACTOR LP AGRAVADO: CLARIANT S.A. INTERESSADOS: SINA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS LTDA, FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS MULTISSETORIAL R&G LP ("FIDC"), GAVEA SUL FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS MULTISSETORIAL LP ("GAVEA SUL"), FUNDO DE INVESTIMENTOS EM DIREITOS CREDITÓRIOS LOTUS MULTI FORNECEDOR ("LOTUS") E ITAÚ UNIBANCO S/A SUCUMBÊNCIA. Condenação. Cumprimento de Sentença. Ação consignatória julgada procedente. Executados que respondem proporcionalmente pela dívida. Sentença proferida na égide do CPC/73, que não reconhece a solidariedade da obrigação pelo pagamento. Inteligência do artigo 23 do CPC/73. Regra de direito intertemporal prevista no artigo 14 do CPC/2015. DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO. RELATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento contra r. decisão (fls. 34/37) que em ação de consignação de pagamento ajuizada pela agravada, em fase cumprimento de sentença, na qual foram condenados os réus a arcar com o pagamento da sucumbência, acolheu os embargos de declaração opostos pela agravada, determinando o prosseguimento da execução contra todos os executados, dentre eles, a agravante, sob o fundamento de que a sentença não fixou nenhuma divisão quanto à condenação. Pretende a coexecutado-agravante, a reforma da decisão para que seja declarada a extinção da execução em relação a ele, pois depositou sua cotaparte da condenação, alertando para o fato de que a sentença condenatória foi proferida sob a égide do CPC/73, aplicando-se, portanto, o artigo 23 do CPC/73, segundo as normas de direito intertemporal prevista no art. 14 do NCPC, de modo que não deve prevalecer as regras do artigo 85, 2º, do NCPC, inexistente, assim, previsão de solidariedade. Recurso tempestivo (fls. 1), preparado (fls. 125/127) e respondido. Agravo de Instrumento nº 2028270-10.2017.8.26.0000 egf fls. 2
fls. 143 VOTO O recurso comporta provimento. Trata-se de ação consignatória ajuizada pela agravada, julgada procedente para condenar os réus no pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em R$. 4.000,00. A sentença foi proferida em 11.2.2016 (disponibilizada no DJE em 19.2.2016), com rejeição dos embargos declaratórios opostos, cujas decisões foram disponibilizadas em 8.3.2016 e 14.3.2016, anteriormente, portanto, à entrada em vigor do CPC/2015 (18.3.2016). A agravada, coexecutada, efetuou o pagamento equivalente a 1/7 da condenação, diante da existência de outros seis executados e, instada a credora a se manifestar sobre o depósito, esta defendeu que a execução deveria prosseguir contra todos os devedores diante da solidariedade da dívida, já que a sentença transitou em julgado sob a vigência do CPC/15 (fls. 84/86). Na sequência foi proferida a decisão agravada, nos seguintes termos: "Fls. 53/54: assiste razão à exequente, tendo em vista que a sentença não fixou nenhuma divisão quanto à condenação. Assim, manifeste-se a exequente, em termos de prosseguimento, no prazo de dez dias, inclusive quanto ao levantamento dos valores já depositados. Após, nova conclusão." Respeitada a convicção da digna julgadora, a decisão não há de prevalecer. A sentença e as decisões que rejeitaram os embargos de declaração foram lançados e disponibilizados sob a égide do CPC/73, de modo que à luz deste deverá ser examinada a questão. Agravo de Instrumento nº 2028270-10.2017.8.26.0000 egf fls. 3
fls. 144 O Novo Código de Processo Civil estabeleceu, em seu artigo 14, que A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada (grifamos). Inaplicável, portanto, a regra do 2º, do artigo 87 do CPC/2015, que prevê a responsabilidade solidária dos réus, incidindo, portanto, a norma prevista no artigo 23 do CPC/73, in verbis: desta Corte: Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem pelas despesas e honorários em proporção. (destacamos) No mesmo sentido, precedentes do Superior Tribunal de Justiça e "PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. MERO ESCLARECIMENTO. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. SUCUMBÊNCIA. DISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL. SOLIDARIEDADE. EXCEÇÃO, QUE DEVE SER EXPRESSAMENTE CONSIGNADA. 1. Os litisconsortes vencidos respondem pela condenação sucumbencial em proporção, nos termos do art. 23 do CPC e 257 do CC/02. A solidariedade só se admite quando expressa na decisão exequenda. 2. Embargos de declaração acolhidos, mas sem efeitos modificativos." (STJ, EDcl nos EDcl no REsp 1181250/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 06/02/2013).. "A regra da proporcionalidade pelas despesas e honorários imposta pelo art. 23 do CPC só poderá ser afastada quando assim expressamente dispuser a sentença transitada em julgado" (REsp 1214824/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 01/12/2010). No mesmo sentido: AgRg no Ag 662.850/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJ 28/11/2005; REsp 489.369/PR, Rel. Ministro Castro Filho, Terceira Turma, DJ 28/03/2005; REsp 260882/PR, Rel. Ministro Ari Pargendler, Terceira Turma, DJ 13/08/2001." (STJ- AgRg no REsp nº 1.182.529-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, pub. 10/02/2012). Agravo de Instrumento nº 2028270-10.2017.8.26.0000 egf fls. 4
fls. 145 Bem móvel - Ação de obrigação de fazer - Título judicial - Fase de cumprimento de sentença - Condenação dos réus ao pagamento de honorários advocatícios - Inexistência de condenação solidária - Reconhecimento. Diante da inexistência de condenação solidária, cabe ao Banco executado arcar, unicamente, com metade do valor da verba honorária fixada no julgado. Recurso provido em parte. (Agravo de Instrumento nº 2076287-82.2014.8.26.0000, Relator (a): Orlando Pistoresi; Comarca: Piracicaba; Órgão julgador: 30ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 11/06/2014; Data de registro: 12/06/2014) SUCUMBÊNCIA - Ônus do pagamento aos réus, vencidos na demanda - Existência de litisconsórcio passivo - Solidariedade dos vencidos que não se presume Não há de se presumir a existência de solidariedade entre os devedores, para pagamento das despesas sucumbenciais, devendo tal obrigação ser expressamente definida, o que não ocorreu no caso -Inteligência do artigo 265 do Código Civil e artigo 23 do Código de Processo Civil - Recurso improvido. (Agravo de Instrumento n. 991.09.033837-6, Rel. Des. Pedro Ablas, 14ª Câmara de Direito Privado, v.u., j. 28.4.2010). Impõe-se assim, a extinção da execução em relação à coagravante, com fundamento no artigo 924, inciso II, do NCPC. Ante o exposto, dou provimento ao recurso. Fernando Sastre Redondo Relator Agravo de Instrumento nº 2028270-10.2017.8.26.0000 egf fls. 5