UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA CENTRO DE ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO SOCIO AMBIENTAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA CENTRO DE ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO SOCIO AMBIENTAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS Estudo da adsorção de corantes presentes em efluente da lavagem de cartuchos de impressão empregando carvão ativado Gleiza Alves Diniz Itapetinga 2014

2 Estudo da adsorção de corantes presentes em efluente da lavagem de cartuchos de impressão empregando carvão ativado Gleiza Alves Diniz Dissertação apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, como parte integrante das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, área de concentração em Meio Ambiente e Desenvolvimento. para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profª. D.Sc. Cristiane Martins Veloso Co-orientadores: Prof. D.Sc. Marcelo Franco Profª. D.Sc. Renata Cristina Ferreira Bonomo Itapetinga 2014

3 Dedicatória Aos meus pais, José Luis Diniz Filho e Maria de Fátima Alves dos Santos, aos meus irmãos, Gleidson e Glenda, ao meu sobrinho Vitor Gustavo e a toda minha família.

4 Agradecimentos A Deus, por me sustentar em cada instante, por me conduzir por caminhos muitos melhores do que eu pensei pra mim, por colocar na minha vida as pessoas que eu precisava em cada momento e porque sem Ele nada disso faria sentido. A meus pais, José Luis e Maria de Fátima, por tudo que me ensinaram e me ensinam, pelo homem e mulher que são e que me enchem de orgulho, por todo amor que dedicam a todos os filhos, por me apoiarem sempre, por sofrerem comigo as minhas angústias, pelas orações, por abraçarem comigo este projeto e entenderem os momentos de ausência. Aos meus irmãos, Glenda e Gleidson, pela preocupação, apoio e por partilharem comigo este amor de irmão que me faz entender que a conquista de um é uma conquista dos três. Ao meu sobrinho Vitor Gustavo por proporcionar a esta tia tanto amor e tanta alegria. Estar com você meu pequeno sempre me deu forças pra seguir em frente e lutar por dias cada vez melhores pra todos nós. A tia Dora e a prima Andréia por nos ajudarem em tudo que podem, por acreditarem em mim e por fazerem desse projeto também uma realização de vocês. A toda minha família, pelas orações, pelo carinho e toda torcida ao longo deste tempo, esta é uma vitória de todos nós. A minha madrinha, Tânia, a Maurício, a Júllia e a Letícia, por me acolherem tantos anos em sua casa, por se manterem ao meu lado nesta luta, por todo amor dedicado, por tantos momentos felizes juntos. Vocês têm a minha profunda e sincera gratidão. Aos amigos e irmãos da Renovação Carismática Católica que estando ao meu lado, me apoiaram, se preocuparam, oraram por mim, me compreenderam e que com tantas experiências juntos, todas marcadas pelo Amor que nos une, fizeram este caminho mais alegre e mais suave. Aos amigos, afilhados e aos pais dos afilhados, por entenderem os momentos de sumiço, que tiveram de ouvir tantas vezes a mesma resposta da minha parte e promessas que na maioria das vezes eu não conseguia cumprir. A minha orientadora, a Professora Cristiane Martins Veloso, por acreditar, por não desistir de mim, pela paciência, por todos os ensinamentos e por nunca se fazer ausente, tudo ao longo deste tempo só fez crescer ainda mais a admiração que já tinha pela senhora.

5 Aos meus co-orientadores, Professora Renata Cristina Ferreira Bonomo e Professor Marcelo Franco por todo apoio, ensinamentos e colaboração. Ao professor Rafael da Costa Ilhéu Fontan pela generosidade em partilhar o seu conhecimento nas mais diversas áreas, pela paciência e disponibilidade. Aos demais professores do Laboratório de Engenharia de Processos (LEP), Prof. Paulo Bonomo, Prof. Evaldo Cardozo e Profª Vanessa Sampaio, cujo compromisso e dedicação servem de inspiração. Aos pesquisadores do LEP por partilharem conhecimentos e experiências. Em especial a Melque, Michelle, Elys, Adejanildo, Rafael, Simone, Gabriel, Olga e Mateus, pelas boas risadas, pelo companheirismo e cumplicidade. A Michelle Pignata pela experiência destes últimos meses. Nesta experiência totalmente nova na minha vida cuja convivência deixa as marcas do respeito, da alegria, da partilha, da compreensão, da descoberta e também da saudade já. A professora Kátia Iro e todos os colegas e pesquisadores do Laboratório de Aproveitamento de Resíduos (LABRA), em especial a Tami, a Carol, Alê, Tiago, Ismaicon, Gleydison, Nati e Ingrid, foram tantos bons momentos juntos, companheiros fiéis, se o carvão ficou bom foi também graças à todas as horas dedicadas separando o endocarpo do coco, limpando (até mesmo o que nem precisava), carregando peso e deixando a criatividade fluir, quem não se lembra do moinho de pedras. Ao Professor Bebeto do Laboratório de Sementes onde foi possível ser feita a seleção granulométrica do material precursor. A professora Flávia Mariani Barros que me incentivou a me inscrever na seleção do Programa de Mestrado, me animou ao longo de todo processo seletivo e pelo apoio durante as análises permitindo o uso dos equipamentos do Laboratório de Solos quando eu precisei. A professora Samantha Ferraz, Sah, pelo apoio no estágio em docência, pelas boas histórias de sempre e as palavras de incentivo em todo tempo. A Tamires pela amizade, apoio, por ter se colocado a disposição mesmo nos períodos em que estava de férias, por ter sido minha ajudante durante tanto tempo, me senti chique demais, afinal minha ajudante era doutoranda. A Bárbara Guimarães pela amizade sincera, pelas caronas para UESB, pela companhia no laboratório até altas horas até mesmo nos sábados. A Renata Ribeiro e Naiara Guimarães pela amizade, por me escutarem tantas vezes, pelos bons conselhos de sempre, pelas preocupações e orações.

6 A Vasconcelos por sua visão e responsabilidade ambiental que serviram de incentivo e por toda sua disposição em colaborar com este trabalho fornecendo as tintas e o efluente. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, que na interdisciplinaridade, contribuíram para o meu aprimoramento. Aos colegas do mestrado em especial a Camila, Melque, Tamires e Mayana, a galera da Engenharia Ambiental, cujo carinho e amizade foram força e ânimo neste tempo Aos funcionários da UESB, em especial a Virgínia, Sr. Raimundo, Aristides, as meninas da limpeza, Zé (Laboratório de Forragicultura) e Adelson (Fábrica de Ração) pela dedicação e disposição em ajudar. A UESB pela concessão da bolsa e por todas as oportunidades de crescimento e aperfeiçoamento não só no mestrado, mas, também nesses quase oito anos de vida acadêmica.

7 Pois vos é necessária a perseverança para fazerdes a vontade de Deus e alcançardes os bens prometidos. Ainda um pouco de tempo sem dúvida, bem pouco -, e o que há de vir virá e não tardará. Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração já não se agradará dele. Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação! (Hebreus 10, 36-39).

8 RESUMO DINIZ, G. A. Estudo da adsorção de corantes presentes em efluente da lavagem de cartuchos de impressão empregando carvão ativado. Itapetinga BA: UESB, 2014, 40 p. (Dissertação de Mestrado em Ciências Ambientais Área de Concentração em Meio Ambiente e Desenvolvimento) 1. Os carvões ativados (CA) são mundialmente empregados em processos de tratamento de efluentes industriais devido a sua alta capacidade adsortiva e afinidade para remoção de diversos compostos. A literatura apresenta diversos materiais carbonáceos para síntese dos CA, no entanto, atualmente, outros tipos de matéria renovável e de baixo custo vêm sendo utilizadas, os resíduos agroindustriais. Neste trabalho, o endocarpo de coco, resíduo da agroindústria, foi utilizado como material precursor na preparação de CA. Os CA foram preparados utilizando o ácido fosfórico (H 3 PO 4 ) como agente ativante. Os carvões foram caracterizados por adsorção/dessorção de N 2 para determinação das áreas BET (Brunauer, Emmet e Teller), análises termogravimétricas, espectroscopia de absorção no infravermelho com transformada de Fourier, identificação de grupos funcionais (método de Boehm modificado) e determinação do potencial de carga zero. Os carvões produzidos foram testados na adsorção das moléculas dos corantes presentes nas tintas comerciais para impressoras jato de tinta. Os resultados encontrados apontam o endocarpo de coco como um resíduo com alto teor de compostos lignocelulósicos, 71% e baixo teor de cinzas, 2,36%. Para o material precursor utilizado na síntese dos CA, obteve-se rendimento de resíduo após a carbonização de 39,62% e 32,28%, sendo o maior valor encontrado para o CA produzido sem o processo de lixiviação em solução alcalina. Os testes para análise do efeito do ph no processo de adsorção com a tinta na cor ciano demonstraram que o potencial hidrogeniônico não exerce influência sobre o processo de adsorção para o CA sem o processo de lixiviação em solução alcalina (CSL) e o contrário para o carvão submetido ao processo de lixiviação em meio alcalino (CCL). O estudo de massa realizado com as amostras de carvão revelaram que todas as massas testadas possibilitam alta eficiência de adsorção, com exceção da massa de 25 mg para o carvão CCL. Palavras-chave: Endocarpo de Coco, Lixiviação, Demanda Química de Oxigênio, Relações de equilíbrio. 1 Orientadora Cristiane Martins Veloso, D Sc. UESB e Co-orientadores Renata Cristina Ferreira Bonomo, D Sc. UESB, e Marcelo Franco, D Sc UESC.

9 ABSTRACT DINIZ, G. A. Study on the adsorption of dyes present in the washing wastewater print cartridges using activated carbon. Itapetinga BA: UESB, 2014, 40 p. (Dissertação de Mestrado em Ciências Ambientais Área de Concentração em Meio Ambiente e Desenvolvimento) 2. The activated carbons (AC) widely employed in processes for treating industrial effluents due to its high adsorption capacity and affinity for removing various compounds. The literature presents several carbonaceous materials for synthesis of CA, however, currently, other types of renewable material and low cost have been used, the agro-industrial residues. In this work, the endocarp of coconut residue agroindustry, was used as starting material in the preparation of CA. The AC were prepared using phosphoric acid (H 3 PO 4 ) as the activating agent. The coals were characterized by adsorption / desorption of N2 for determination of the BET areas (Brunauer, Emmet and Teller), thermogravimetric analysis, Fourier transform infrared absorption spectroscopy, identifying functional groups (Boehm modified method) and determination of potential zero load. The produced carbons were tested for adsorption of molecules of dyes present in commercial dyes inkjet printers. The results show the endocarp of coconut oil as a residue with a high content of lignocellulosic compounds, 71% and low ash, 2.36 %. To the precursor material used in the synthesis of CA, obtained yield of carbonization residue after 39.62 % and 32.28 %, being the highest value for CA produced without the leaching process in alkaline solution. Tests to analyze the effect of ph on the adsorption process with the ink in the cyan showed that the hydrogen potential has no influence on the adsorption process for the CA without the leaching process in alkaline solution (CSL) and the opposite for coal subjected to leaching in an alkaline medium (CCL). The study conducted mass with coal samples revealed that all tested pasta enable high adsorption efficiency, except for the mass of 25 mg for coal CCL. Keywords: Endocarp coconut, Leaching, Chemical Oxygen Demand, Equilibrium relations. 2 Orientadora Cristiane Martins Veloso, D Sc. UESB e Co-orientadores Renata Cristina Ferreira Bonomo, D Sc. UESB, e Marcelo Franco, D Sc UESC.

10 Lista de Tabelas Tabela 1 Caracterização do material precursor...37 Tabela 2 Rendimento de produção de carvão ativado...38 Lista de Quadros Quadro 1 Características químicas das tintas para impressão...17 Quadro 2 Características gerais que distinguem adsorção física e adsorção química...21 Lista de Figuras Figura 1 Tipos de isotermas de adsorção em materiais de carbono...25 Figura 2 Ilustração do coqueiro e corte longitudinal do coco verde com descrição de suas partes...30 Figura 3 Fluxograma demonstrando etapas na preparação dos carvões ativados...33 Figura 4 Estudo da remoção do corante IJ C 93 Ink Cyan (ciano) em função da variação do ph...40 Figura 5 Estudo do efeito de massa na adsorção do corante IJ C 93 Ink Cyan (ciano)...40

11 Sumário 1. Introdução... 13 2. Objetivos... 14 2.1. Objetivo geral... 14 2.2. Objetivos específicos... 14 3. Referencial teórico... 15 3.1. Cartuchos remanufaturados... 15 3.2. Caracterização das tintas para impressora jato de tinta... 17 3.3. Corantes... 18 3.4. Adsorção... 19 3.4.1. Adsorção de corantes... 22 3.4.2. Cinética de adsorção... 23 3.4.2.1. Cinética de pseudo primeira ordem... 23 3.4.2.2. Cinética de pseudo segunda ordem... 24 3.4.3. Isotermas de adsorção... 24 3.4.4. Principais adsorventes... 27 3.5. Carvão ativado... 28 3.6. Coco verde no Brasil... 29 4. Material e Métodos... 31 4.1. Materiais... 31 4.2. Métodos... 32 4.2.1. Caracterização do material precursor... 32 4.2.2. Preparação dos carvões ativados... 32 4.2.3. Caracterização dos carvões ativados... 34 4.2.4. Testes adsortivos... 35 4.2.4.1. Efeito do ph no processo adsortivo... 35 4.2.4.2. Estudo de massa... 36 4.2.4.3. Cinética de adsorção... 36 4.2.4.4. Isotermas de adsorção... 37 5. Resultados e Discussão... 37 5.1. Caracterização do precursor... 37 5.2. Caracterização dos carvões ativados... 38 5.3. Estudos adsortivos...39 5.3.1. Estudo do efeito do ph... 39

12 5.3.2. Estudo do efeito de massa... 40 6. Considerações finais... 41 7. Referências...41

13 1. INTRODUÇÃO As últimas décadas foram marcadas por um constante crescimento do interesse quanto às questões ambientais. Com isso, houve também um aumento na busca de soluções para se resolver os mais diversos problemas associados à poluição ambiental. Neste contexto, um dos problemas que têm gerado grande preocupação ao longo dos anos corresponde à contaminação dos corpos hídricos causada principalmente pelo descarte de efluentes tanto domésticos como industriais. Esses efluentes são geralmente constituídos por uma alta demanda química e bioquímica de oxigênio, o que acarreta uma sobrecarga nos corpos naturais, podendo levar a deterioração na qualidade das águas. Além da alta carga orgânica esses efluentes, sobretudo os industriais, estão comumente atrelados a uma alta toxicidade devido aos diversos compostos químicos que, utilizados na obtenção de seus produtos, apresentam em sua maioria características que oferecem riscos à saúde humana e para o meio ambiente. Consequentemente, o número de estudos em busca de novas tecnologias avançadas para o tratamento de efluentes tem sido intensificado, em especial, no que diz respeito aos efluentes com alta coloração, que quando dispostos nos corpos receptores dificultam a passagem da luz para camadas mais profundas, afetando principalmente a atividade fotossintética da biota aquática (Aguayo-Villarreal et al., 2013). Embora os corantes sejam uma classe de compostos importante para diversas indústrias sua remoção dos efluentes industriais é necessária, pois além de modificações nas atividades fotossintetizantes, estes podem ser tóxicos para vida aquática, afetar processos simbióticos e reduzir a capacidade de reoxigenação da água (Dotto et al., 2011). Além disso, quando, presentes nos efluentes, podem encarecer ou dificultar o processo de tratamento de água (Kammradt, 2004). Isto porque, os corantes são substâncias recalcitrantes, isto é, compostos orgânicos estáveis a agentes químicos e resistentes a degradação biológica o que faz com que estes tendam a persistir e acumular no ambiente (Dotto et al., 2011; Queiroz et al., 2011). Por esta razão, diversos tratamentos vêm sendo empregados a fim de reduzir a concentração dos corantes presentes nos efluentes e minimizar os impactos nos corpos receptores. Dentre os tratamentos comumente utilizados, a adsorção destaca-se pela eficiência do seu

14 mecanismo, já comprovada em diversos estudos científicos, quanto à remoção desse tipo de composto e pela ampla faixa de sistemas em que pode se configurar. Contudo, a eficiência no processo de adsorção está diretamente ligada ao tipo de adsorvente usado. Neste sentido, os carvões ativados são os adsorventes mais utilizados mundialmente, devido a sua estrutura porosa e superfície interna elevada (Rodriguéz- Reinoso, 2004), por sua eficiência na remoção de inúmeras substâncias como também pela possibilidade de ser obtido a partir de qualquer material precursor carbonáceo (Cambuim, 2009). A literatura apresenta diferentes precursores, de origem animal, vegetal ou mineral, que são utilizados para produção de carvões ativados. Dentre os diversos materiais estão: a casca de coco, o carvão mineral, a madeira, a turfa, resíduos de petróleo, ossos de animais, etc. Atualmente, outros tipos de matéria renovável e de baixo custo vêm sendo utilizadas, dentre elas estão os resíduos agroindustriais, que disponíveis em grande quantidade, são uma alternativa viável tanto do posto de vista econômico como ambiental na produção de carvões ativados (Avelar et al., 2010). Neste contexto, no presente trabalho tem-se por objetivo sintetizar carvões ativados a partir do endocarpo de coco (Cocos nucifera) e avaliar a capacidade adsortiva destes na remoção de corantes presentes em efluente gerado durante o processo de lavagem de cartuchos de impressão em preparo para recarga. 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Produzir carvões ativados a partir do endocarpo de coco empregando variações no processo de preparação e avaliar a sua eficiência na remoção de corantes presentes no efluente oriundo do processo de lavagem de cartuchos de impressão em preparo para recarga. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar a influência do processo de lixiviação alcalina na formação de poros e consequentemente na capacidade adsortiva do carvão ativado sintetizado;

15 Comparar a eficiência da adsorção do carvão ativado submetido ao processo de lixiviação alcalina com o carvão ativado sem este processo; Caracterizar os carvões ativados produzidos quanto à área superficial específica, diâmetro médio de poros e volume total de poros, análise térmica diferencial (DTA) e termogravimetria (TG), espectrofotometria de absorção no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e determinação do potencial de carga zero; Avaliar a eficiência dos carvões ativados na adsorção dos corantes presentes nas tintas comerciais para impressoras do tipo jato de tinta nas cores preto, ciano, magenta e amarelo; Avaliar a influência do ph e da massa de carvão ativado na eficiência de adsorção; Determinar relações de equilíbrio à temperatura constante (T = 20 C, 30 C e 40 C), a partir do ajuste de modelos matemáticos aos dados experimentais. 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1.Cartuchos remanufaturados Com a preocupação crescente da sociedade quanto às questões ambientais e o aumento nas exigências por parte da legislação, diversas atividades e áreas do conhecimento que trazem consigo os valores da sustentabilidade tem ganhado destaque nos últimos tempos, como é o caso da logística reversa. De acordo com Leite (2002): Entende-se por logística reversa a área da Logística Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros (Leite, 2002; p.2). Dentro desta nova perspectiva de mercado a logística reversa vem ganhando espaço e apresenta ferramentas de grande importância para diversos setores empresarias. Dentre os quais tem se destacado o mercado da remanufatura de cartuchos de impressoras de jato de tinta uma vez que estes cartuchos correspondem a um produto que já foi utilizado pelo consumidor e após ser recondicionado volta ao mercado (Duarte et al., 2012).

16 Com o crescimento do uso de equipamentos de informática e o custo elevado dos cartuchos originais surgiu no Brasil uma nova indústria no mercado formal de impressoras, a recarga de cartuchos para impressão. Esta ideia surgiu da necessidade de se minimizar o custo de impressão sem haver, no entanto perda em sua qualidade. Este setor correspondia em 2008 a um mercado bem consolidado e difundido no país, contando com mais de cinco mil empresas de pequeno e médio porte (SEBRAE, 2008). Um cartucho remanufaturado corresponde a um produto submetido a diversas etapas em seu reprocessamento, dentre as quais estão a desmontagem, limpeza e recarga, até sua devolução ao mercado (Duarte et al., 2012). De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2008) o mercado de remanufaturamento cresceu em função do baixo custo desse serviço para o cliente, o que fez com que a procura por lojas que reciclassem o produto aumentassem. Além do baixo custo, o processo de remanufaturamento de cartuchos aparece ainda como um aliado da questão ambiental, visto que sua prática contribui na aplicação dos conceitos de redução, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos (Poças et al., 2010). Do ponto de vista não só ambiental, mas também econômico esta é uma questão extremamente importante uma vez que, a geração de resíduos sólidos está entre os graves problemas da sociedade moderna. Isto porque, a Terra apresenta uma capacidade finita tanto para disponibilidade de recursos como para o descarte dos resíduos. Desta forma, minimizar perdas ambientais através do aproveitamento de matéria prima passível de utilização evitando que as mesmas sejam retiradas da natureza para fabricação de novos produtos e, promover o uso mais eficiente de recursos e de energia, se tornou ainda mais evidente. O reaproveitamento de resíduos promovido pelo remanufaturamento dos cartuchos além de ampliar o ciclo de vida útil destes produtos cartuchos para impressora -, contribui efetivamente na redução de resíduos descartados em aterros e lixões. De acordo com Poças et al. (2010), 38 mil toneladas de resíduos, que podem levar de 500 a 1000 anos para se decompor, deixam de ir anualmente para os aterros municipais. Entretanto, apesar de todos os benefícios que possam estar associados a esta atividade, o remanufaturamento também apresenta desvantagens. Como já foi dito, o processo de remanufaturamento de cartuchos é constituído por várias etapas, dentre as

17 quais pode se destacar a fase de lavagem dos cartuchos. Este procedimento para limpeza é feita em máquinas específicas e tem como objetivo a retirada dos vestígios microscópicos da tinta, que na maioria das vezes está ressecada ou cristalizada (SEBRAE, 2008). Com isso, a mistura da água com a tinta remanescente gera um efluente caracterizado por uma alta coloração. Por esta razão, estes efluentes antes de serem descartados precisam ser submetidos a uma etapa prévia de tratamento. De acordo com Kao et al. (2001) os efluentes coloridos apresentam substâncias potencialmente tóxicas e que podem causar danos ao meio ambiente. Kammradt (2004) ainda destaca que até mesmo resíduos líquidos contendo corantes menos tóxicos, se não tratados, são passíveis de acarretar impactos aos corpos hídricos. Para tanto, inúmeras técnicas de separação física, química e biológica podem ser aplicadas (Trevisan et al., 2009). Porém, é importante que a metodologia escolhida garanta a remoção da cor de forma eficiente e seja um processo economicamente viável (Robinson et al., 2001). Neste contexto, a adsorção apresenta-se como um método alternativo para minimizar o impacto desses efluentes contendo corantes devido a sua eficiência na remoção de cor. 3.2. Caracterização das tintas para impressora jato de tinta Inks, 2012). O Quadro 1 apresenta as características químicas das tintas para impressão (OCP Quadro 1 Características químicas das tintas para impressão mediante informações do fabricante (OCP Inks). Tinta IJ BKP 89 Ink Black IJ Y 93 Ink Yellow IJ M 93 Ink Magenta Composição Química Solução de água (70-75%), dispersão de negro de fumo (pigmento), modificadores e auxiliares (tensoativos) com glicóis adicionais, solventes (0,5-2%) e 5-8% de misturas alcoólicas e mistura de álcoois adicionais. Solução de água (aprox.75-80%), corantes solúveis em água, modificadores e auxiliares (surfactantes). Contém uma mistura (8-10%) de glicerol 56-81-5, glicol 107-21-1 e poliglicol 25322-68-3 e uma mistura (8-10%) de etanol 200-578-6 e 2-propanol 71-36-3. Solução de água (aprox.75-80%), corantes solúveis em água, modificadores e auxiliares (surfactantes). Contém

18 IJ C 93 Ink Cyan uma mistura (8-10%) de glicerol 56-81-5, glicol 107-21-1 e poliglicol 25322-68-3 e uma mistura (8-10%) de etanol 200-578-6 e 2-propanol 71-36-3. Solução de água (aprox.75-80%), corantes solúveis em água, modificadores e auxiliares (surfactantes). Contém uma mistura (8-10%) de glicerol 56-81-5, glicol 107-21-1 e poliglicol 25322-68-3 e uma mistura (8-10%) de etanol 200-578-6 e 2-propanol 71-36-3. 3.3. Corantes Do ponto de vista das aplicações industriais, os corantes correspondem a uma classe importante de compostos (Vieira et al., 2011). No entanto, sua presença constituise em um grave problema ambiental quando descartado nos corpos hídricos nos efluentes industriais sem realização de tratamento preliminar. Devido às grandes utilidades dos corantes, sua produção mundial atingiu em 2007 valores entre 7,5 10 5 e 8,0 x 10 5 t/ano, das quais cerca de 2,65 x 10 5 t/ano foram consumidas no Brasil (Monego, 2007). Os corantes são compostos que através de mecanismos de adsorção, ou por meio de ligações iônicas e covalentes, se fixam ao material que irão colorir. Estas características inerentes aos corantes são fruto da presença de dois grupos químicos importantes que constituem suas moléculas, os grupos cromóforo e auxocromo, responsáveis por conferir cor e afinidade com as fibras, respectivamente (Queiroga, 2012). Segundo Almeida (2008), os corantes podem ser classificados de acordo com sua constituição química ou de acordo com o modo pelo qual ocorre a fixação às fibras. Quanto à constituição química, os mais comumente encontrados são os corantes azóicos e quanto ao modo de fixação podem ser encontrados nas classes reativos, ácidos, básicos, diretos, dispersos, à cuba, de enxofre e complexados com metais ou prémetalizados. Os corantes azóicos são compostos coloridos, insolúveis em água, sintetizados sobre a fibra durante o tingimento (Gomes, 2010). Soares (1998) e Trotman (1975) apud Soares (1998) por sua vez descrevem os diversos tipos de corantes quanto a sua forma de fixação da seguinte maneira:

19 Corantes reativos: são compostos que contém um ou mais grupos reativos capazes de formarem ligações covalentes com um átomo de oxigênio, nitrogênio ou enxofre, de substratos como fibras celulósicas, fibras protéicas e poliamidas. Corantes ácidos: são também chamados de corantes aniônicos e na sua grande maioria correspondem a sais de ácido sulfônico. Corantes básicos: são solúveis em água e conhecidos também como corantes catiônicos. Corantes diretos: são corantes aniônicos solúveis em água e que diferem dos corantes ácidos e básicos por apresentarem alta afinidade por fibras celulósicas. Corantes dispersos: são denominados corantes não-iônicos. Corantes à cuba: são corantes insolúveis em água e podem ser convertidos em compostos leuco-solúveis por ação de um meio alcalino (NaOH) e agente redutor, como o hidrossulfito de sódio. Corantes ao enxofre: têm como característica principal desta classe a presença de enxofre em sua molécula. 3.4. Adsorção As técnicas envolvendo os mecanismos de adsorção são comumente utilizadas no tratamento de diversos efluentes industriais (Trevisan et al., 2009) e ganharam reconhecimento em função da sua ampla eficiência quanto à remoção de poluentes frente aos métodos tradicionais (Robinson et al., 2001). Esta expansão na aplicação da adsorção está diretamente relacionada com a sua habilidade em separar uma ampla faixa de compostos químicos e por possibilitar a recuperação de materiais orgânicos e inorgânicos (Macedo, 2005), viabilizando processos de separação de gases, purificação e reação (Rocha, 2006). A adsorção corresponde a um fenômeno de superfície no qual uma substância é removida de uma fase e acumulada na superfície de uma segunda fase (Peruzzo, 2003). Ou seja, é um processo em que uma fase é enriquecida, enquanto a outra sofre redução em um ou mais componentes (Geankoplis, 1993). Desta forma, a solução em contato com o adsorvente faz com que ocorra uma diminuição na concentração inicial do soluto para um valor de equilíbrio, aumentando assim a concentração da substância na região de interface (Reynolds, 1996).

20 A espécie adsorvida é denominada de adsorbato e a fase densa, na qual ocorre à adsorção, é denominada de substrato ou adsorvente (Bandeira, 2007). Dependendo do tipo de fase envolvida no processo de adsorção, o contato pode ocorrer em sistemas gáslíquido, gás-sólido, líquido-líquido ou líquido-sólido (Geankoplis, 1993). No processo de adsorção as moléculas do adsorbato são atraídas para a zona interfacial devido à existência de forças atrativas não compensadas na superfície do adsorvente. Isto é, a adsorção é resultado do desequilíbrio das forças existentes na interface do sistema uma vez que a molécula a ser adsorvida é atraída para a superfície do adsorvente a fim de compensar o desequilíbrio presente na zona interfacial (Brandão, 2006). De acordo com as forças envolvidas no contato entre adsorvente e adsorbato, a adsorção pode ocorrer das seguintes formas: adsorção física ou fisiossorção e adsorção química ou quimiossorção (Peruzzo, 2003). Nelas, as interações físicas são consideradas como interações fracas e menos específicas quando comparadas as interações químicas (Bandeira, 2007). No processo físico, a adsorção é reversível, onde não há alterações nas propriedades dos materiais através de interações químicas, o que faz este processo bastante utilizado no setor industrial, pois possibilita que a substância adsorvida seja liberada, culminando no processo inverso, a dessorção das moléculas (Schneider, 2008). A adsorção física é um fenômeno que ocorre devido às forças de van der Waals (forças dipolo-dipolo e forças de polarização, envolvendo dipolos induzidos) e interações eletrostáticas, as quais são responsáveis pela atração entre as moléculas da solução e do adsorvente (Nunes, 2009). Desta forma, o soluto é adsorvido na superfície do adsorvente justamente quando estas forças de atração se tornam maiores entre o soluto e o adsorvente que entre o soluto e o solvente (Reynolds, 1996). Entretanto, em função da sobreposição de camadas que vão se formando ao longo do processo essas forças atrativas vão diminuindo (Silva, 2009). Por outro lado, na adsorção química, as moléculas se unem à superfície do adsorvente por meio de ligações químicas, o que propicia uma elevada entalpia de adsorção (Silva, 2009). É um processo caracterizado pela formação de um composto químico de superfície ou complexo de adsorção resultante da interação química entre a molécula do adsorbato e o sólido adsorvente (Nunes, 2009). Na quimiossorção a reação é geralmente irreversível, havendo apenas a formação de uma única camada que recobre a superfície (Macedo, 2005).

21 Entretanto, além das forças de interação outro fator que também possui influência sobre o mecanismo de adsorção é a energia envolvida no processo. Tanto a adsorção física quanto a química são processos exotérmicos decorrentes da diminuição de energia livre na superfície. Desta forma, a entropia do sistema é minimizada uma vez que as partículas adsorvidas possuem menor liberdade quando se acomodam nos sítios de adsorção (Guimarães, 2006). Contudo, além das forças de interação e da energia envolvida no processo há ainda outras variáveis que devem ser investigadas para que se obtenha um processo eficiente de adsorção. Dentre elas estão a afinidade entre o adsorvente e o adsorbato, o ph da solução, o tempo de contato, a quantidade de material utilizado, entre outros fatores, os quais afetam diretamente no mecanismo da adsorção (Luis, 2009). De acordo com Ruthven (1984), as principais características que possibilitam a diferenciação entre a adsorção física a quimiossorção estão apresentadas de forma resumida no Quadro 2. Quadro 2 Características gerais que distinguem adsorção física e adsorção química (Ruthven, 1984). Adsorção Física Adsorção Química Baixa energia de adsorção (2 a 3 vezes menor que o calor de vaporização) Não específica Cobertura por monocamadas ou multicamadas Não há dissociação das espécies adsorvidas Significativa apenas em temperaturas relativamente baixas Rápido, espontâneo e reversível. Não há transferência de elétrons, embora possa ocorrer polarização do adsorbato Elevado energia de adsorção (2 a 3 vezes maior que o calor de vaporização) Altamente específica Cobertura apenas em monocamada Pode envolver dissociação das espécies adsorvidas Significativa em uma ampla faixa de temperatura Pode ser lento, forçado e irreversível. Transferência de elétrons levando a formação de interação química entre o adsorbato e a superfície do adsorvente

22 3.4.1. Adsorção de corantes Efluentes com alta coloração podem ter sua origem em diversos tipos de indústrias tais como: indústrias têxteis, de papel, de alimentos, de couro dentre outras (Zeni e Ostroski, 2009). Os principais processos de tratamento para estes efluentes, geralmente, incluem precipitação, degradação química, eletroquímica e fotoquímica, biodegradação, adsorção, etc. (Guaratini e Zanoni, 1999). Entretanto a maioria destes processos envolvem custos elevados ou são ineficientes, principalmente no que diz respeito a processos envolvendo microrganismos, uma vez que alguns corantes são tóxicos a eles, eliminando a microbiota e dificultando assim a implantação de alguns sistemas. Neste contexto, a adsorção em fase sólida é apresentada pela literatura como um dos métodos mais eficientes para remoção de corantes presentes em efluentes (Royer, 2008). Dentre os adsorventes mais utilizados pela indústria para este fim, o carvão ativado é o mais comumente empregado devido a sua eficiência e baixo custo (quando comparado a outros métodos). Esta capacidade na remoção dos corantes está atrelada, principalmente, a sua estrutura porosa que possibilita a obtenção de um adsorvente com elevada área superficial e um volume médio de poros apropriado (Rodriguéz-Reinoso, 2004). Ao mesmo tempo, sua natureza química permite que sua superfície seja facilmente modificada por tratamento químico melhorando assim suas propriedades. Por muito tempo, o carvão mineral foi tido como uma das principais fontes, senão a única, na produção comercial de carvões ativados. No entanto, embora fosse um suporte eficiente para adsorção, seu uso sempre esteve relacionado a desvantagens tais como, o alto custo, ineficiência com alguns tipos de corantes, e em alguns casos, certa dificuldade no processo de regeneração com perda do adsorvente (Royer, 2008). Por essa razão, surgiu um interesse econômico e ambiental cada vez maior quanto a utilização de materiais alternativos como matéria-prima para obtenção do carvão ativado (Cambuim, 2009). Neste aspecto, a atenção voltou-se aos resíduos agroindustriais. Isto porque, além de constituir-se num material alternativo e de baixo custo, corresponde a um substrato de fácil disponibilidade, cuja utilização contribui ainda na redução de seu acúmulo no ambiente (Lima et al., 2007). Estes resíduos são produzidos em abundância no mundo inteiro e podem prontamente serem empregados na síntese de carvão ativado visto que são constituídos basicamente por compostos lignocelulósicos. Esta é uma característica fundamental do material na produção do carvão ativado, uma vez que o carvão pode ser obtido a partir

23 de qualquer precursor carbonáceo (Cambuim, 2009). Desta forma, o desenvolvimento de carvão ativado a partir do uso de resíduos agroindustriais se tornou amplamente difundido já que os resíduos da agroindústria são compostos ricos em fonte de carbono e energia (Ortiz, 2010), o que possibilita a sua utilização como matéria prima para síntese de diversos compostos químicos e produtos com alto valor agregado (Ordoñez Camacho, 2009). 3.4.2. Cinética de adsorção A cinética de adsorção é utilizada para se obter a velocidade com que o fenômeno da adsorção acontece. Por meio dela, é possível compreender a influência do tempo de contato sobre a quantidade de moléculas adsorvidas na superfície do adsorvente. Os estudos de cinética são fundamentais para determinar as condições ideais para se alcançar a eficiência no sistema, podendo ser influenciado diretamente pelas características físico-químicas do adsorbato (natureza do adsorbato, peso molecular, solubilidade e etc.), do adsorvente (natureza, estrutura de poros) bem como da solução (ph, temperatura e concentração) (Schimmel, 2008). Diversos modelos cinéticos podem ser utilizados para descrever o mecanismo de adsorção, dentre eles destacam-se os modelos cinéticos de pseudo primeira ordem e pseudo segunda ordem. 3.4.2.1. Cinética de pseudo primeira ordem De acordo com Shimmel (2008), o modelo de pseudo primeira ordem é descrito de acordo com a Equação 1. ) (1) Sendo k 1 a constante da taxa de adsorção do modelo pseudo primeira ordem (min -1 ), q eq e q t representam a quantidade adsorvida de corante (mg/g) no equilíbrio e no instante de tempo t, respectivamente. Construindo o gráfico loq(q eq - q t ) versus t obtémse a cinética de adsorção pseudo primeira-ordem. Os valores da constante da taxa de adsorção k 1 são obtidos através da intercepção do gráfico.

24 3.4.2.2. Cinética de pseudo segunda ordem O modelo de pseudo segunda ordem pode ser representado pela Equação 2 (Shimmel, 2008). ) 2 (2) Sendo k 2 a constante da taxa de adsorção de pseudo segunda ordem (min.g/mg), q eq a quantidade de adsorbato adsorvida no equilíbrio (mg.g -1 ) e q t a quantidade adsorvida no instante t. Construindo o gráfico t/q t versus t obtém-se os valores de q eq, e interceptando-se o gráfico pode-se calcular k 2. 3.4.3. Isotermas de adsorção As isotermas de adsorção são uma ferramenta importante na compreensão do mecanismo da adsorção, possibilitando descrever os estados de equilíbrio de um sistema (Queiroga, 2012). As isotermas são empregadas na caracterização da retenção de substâncias químicas pelos sólidos adsorventes, permitindo representar graficamente a concentração de material adsorvente em função da quantidade de soluto adsorvida em uma dada temperatura por unidade de massa de adsorvente. De um modo geral, o equilíbrio entre a fase fluida e a fase adsorvida sofre influência da temperatura, da pressão e do sistema fluido-sólido. Entretanto, como a fase líquida pode, geralmente, ser considerada isenta da influência da pressão, a representação da isoterma varia de acordo com o estado em que se encontra a fase fluida (Brandão, 2006). Desse modo, para adsorção em soluções aquosas diluídas, existem várias equações empíricas e respectivas isotermas de adsorção, e as comumente estudadas em carvões estão mostrados na Figura 1. Figura 1. Tipos de Isotermas de adsorção em materiais de carbono (Rodriguéz- Reinoso, 2004).

25 Atualmente, existem diversos modelos de isotermas de adsorção, alguns dos quais aplicados em casos particulares. No entanto, a maioria dos modelos existentes corresponde a variações das isotermas ideais de Langmuir (Minato, 2010). O modelo de Langmuir considera que todas as moléculas ficam acomodadas em sítios definidos do adsorvente, sendo que cada sítio pode ser ocupado apenas por uma única molécula do adsorbato, em que cada sítio apresenta igual energia de adsorção admitindo que não há interações entre moléculas adsorvidas em sítios vizinhos (Schneider, 2008). Assim, a partir de tais considerações a isoterma de Langmuir pode ser deduzida matematicamente e aplicada a adsorção de líquidos de acordo com a Equação 3. Em que C eq representa a concentração no equilíbrio, q eq representa a quantidade adsorvida no equilíbrio por unidade de massa de adsorvente, K e Q max são constantes do modelo. A constante de equilíbrio K está relacionada com a energia livre de adsorção que corresponde à afinidade entre a superfície do adsorvente e o soluto e o Q max é a constante que representa a cobertura de adsorbato em uma monocamada, ou seja, a máxima adsorção possível. Os valores de Q max e K são determinados a partir de dados experimentais. Quando KC eq >>1, a isoterma é muito favorável e se KC eq <<1, esta é quase linear (Zeni e Ostroski, 2009).

26 A equação de Freundlich (Equação 4) por sua vez foi obtida empiricamente.o modelo de Freundlich é muito utilizado para baixas concentrações de soluto (soluções diluídas) (Zeni e Ostroski, 2009). Onde q eq é a quantidade de adsorbato adsorvida no equilíbrio (mg g -1 ), C eq a concentração do adsorbato no equilíbrio (mg L -1 ), k f constante que representa a capacidade de adsorção [(mg g -1 ) (L mg -1 ) 1/n ] e n constante que representa a intensidade do processo de adsorção. A equação de Toth é uma modificação da equação de Langmuir. Esta equação fornece melhores resultados quando aplicada a adsorção em multicamadas. A isoterma de Toth é representada pela Equação 5 (Shimmel, 2008). ( ) A equação de Radke e Praunsnitz por sua vez é também uma modificação da equação de Langmuir onde um novo coeficiente foi acrescentado a fim de melhorar o ajuste dos dados experimentais. A Equação 6 apresenta este modelo (Shimmel, 2008). Assim como as equações de Langmuir e Freundlich, a equação de BET (Brunauer, Eminett e Teller) é uma das mais utilizadas nos estudos de adsorção, principalmente no que diz respeito a adsorção de gases e vapores em materiais porosos (Leal, 2003). Este modelo corresponde a uma complementação do modelo de Langmuir e considera a ocorrência da adsorção em multicamadas, em que, apenas a camada em contato direto com a superfície do adsorvente sofre influência das forças de adsorção (Guimarães, 2006). Desta forma, a isoterma de BET é expressa pela Equação 7 (Fernandes, 2008):

27 ( )[ ] (7) Onde q eq representa a quantidade adsorvida no equilíbrio por unidade de massa de adsorvente, Q máx é a constante que representa a cobertura de adsorbato em uma monocamada, ou seja, a máxima adsorção possível, C eq representa a concentração no equilíbrio, b está relacionado com a saturação em todas as camadas, Cs é a concentração do soluto na saturação de todas as camadas. 3.4.4. Principais adsorventes Para se obter um sistema de adsorção eficiente um fator importante é a seleção adequada do adsorvente. Para tal escolha algumas características que devem ser levadas em consideração, tais como área superficial específica, densidade, tamanho de partículas, resistência mecânica, disponibilidade, custo, capacidade de adsorção, etc. (Bandeira, 2007). Inúmeros materiais existem e podem ser utilizados como adsorventes, no entanto, os tipos comerciais mais comumente empregados, segundo Geankoplis (1993), são o carvão ativado, a sílica gel, a alumina ativada, a peneira molecular de zeólitos e os polímeros sintéticos ou resinas. O carvão ativado geralmente é utilizado na adsorção de compostos orgânicos. A sílica gel na desidratação de gases e líquidos e no fracionamento de hidrocarbonetos. A alumina ativada é usada principalmente na adsorção de gases e líquidos. As peneiras moleculares de zeólitos por sua vez são utilizadas para a secagem, separação de hidrocarbonetos, misturas, e muitas outras aplicações. Já os polímeros sintéticos são usados para adsorver compostos orgânicos não polares a partir de soluções aquosas ou podem ser utilizados com uma quantidade maior de solutos polares em solução aquosa. Embora, haja atualmente uma ampla gama de adsorventes que possam ser utilizados, devido a sua elevada capacidade de adsorção e baixo custo, o carvão ativado é mundialmente o adsorvente mais utilizado nos sistemas de tratamento por adsorção. Isto porque corresponde a um material altamente poroso e com elevada área superficial, sendo eficiente na remoção de uma extensa variedade de compostos presentes nos efluentes, inclusive diversas classes de corantes (Aguayo-Villarreal, 2013).

28 3.5. Carvão ativado O carvão ativado é o nome comercial de um grupo de carvões que se caracterizam por ter uma estrutura porosa e uma superfície interna elevada. Na maioria dos casos, os carvões ativados, são preparados através do tratamento com gases oxidantes de precursores carbonizados, ou por carbonização de materiais carbonáceos, misturados com produtos químicos desidratantes, em condições adequadas para desenvolvimento de porosidade (Rodriguéz-Reinoso, 2004). O carvão ativado é um material bem conhecido e usado principalmente na indústria para os processos de adsorção, em que geralmente, o único critério de seleção é a capacidade de adsorção do carbono tratado (Afrane, 2008). O carvão ativado é um material que apresenta uma estrutura porosa bem desenvolvida e sua alta capacidade de adsorção está associada essencialmente com a distribuição do tamanho de poros, área superficial e volume de poros (Soares, 1998). Além do mais, corresponde a um material com boa estabilidade química e com a presença de vários grupos funcionais contendo oxigênio sobre a superfície (Keqiang Qiu, 2011). Estes grupos químicos são importantes e possuem influência direta quanto ao caráter ácido ou básico do carvão, característica esta que irá determinar os tipos de moléculas que terão maiores afinidades para serem adsorvidas em sua superfície. A natureza do precursor, a molécula a ser adsorvida, bem como as condições de preparação do carvão são variáveis que também implicam fortemente na capacidade de adsorção do carvão ativado. Atualmente, resíduos agrícolas e agroindustriais são as principais fontes alternativas para a produção de carvão ativado, isto porque são ricos em carbono e disponíveis em grande quantidade. Desta forma, levando-se em conta o grande volume de carvão ativado necessário para atender a crescente demanda mundial, esses resíduos se tornam ainda mais interessantes, do ponto de vista ambiental como também do ponto de vista econômico (Prauchner e Reinoso, 2012). O carvão ativado é um excelente adsorvente, por essa razão vem sendo utilizado em grande variedade de processos, tais como filtração, purificação, desodorização e separação (Oliveira et al., 2008). É o adsorvente mais utilizado para remoção de cor por adsorção, apresentando alta eficiência na remoção de uma ampla variedade de corantes, tais como os catiônicos mordentes e ácidos e em menor extensão de corantes dispersos, diretos, Vat (à cuba) e reativos (Kammradt, 2004). Para sua obtenção duas etapas básicas são necessárias: a carbonização pela pirólise do precursor e a ativação propriamente dita (Claudino, 2003). De acordo com

29 Fernandes (2005) a carbonização consiste no tratamento térmico (pirólise) do precursor. É uma etapa de preparação do material, onde se removem componentes voláteis e gases leves, produzindo uma massa de carbono fixo e uma estrutura porosa primária que favorece a ativação posterior. A ativação por sua vez corresponde ao processo subsequente a pirólise e consiste em submeter o material carbonizado a reações secundárias, visando o aumento da área superficial. Assim, é nesta etapa que o aumento da porosidade acontece. A ativação pode ocorrer de duas maneiras: por ataque químico ou físico. Na ativação física o material carbonizado é submetido a um novo tratamento térmico em atmosfera suavemente reativa utilizando vapor de água ou dióxido de carbono. Enquanto que na ativação química o material precursor já é previamente tratado a partir da impregnação com um agente químico (Fernandes, 2008) Na literatura, diversos tipos de resíduos da agroindústria são apresentados como materiais eficientes na obtenção de carvão ativado, dentre eles estão: fibras de coco (Macedo, 2005), endocarpo de coco (Andrade et al., 2004; Cambuim, 2009; Fernandes 2008; Guimarães, 2006; Prauchner e Reinoso, 2012; Schneider, 2008), casca de arroz (Schettino Júnior, 2004; Schettino Jr. et al., 2007; Silva 2009), turfa (Claudino, 2003), endocarpo da noz de macadâmia (Rocha, 2006), bagaço de cana de açúcar e casca da semente de girassol (Liou, 2010), fibra de piaçava (Avelar et al., 2010), semente de goiaba (Rocha, 2006), resíduo do beneficiamento do café (Brum et al., 2008), rejeitos de café (Pereira et al., 2008), dentre outros. Embora haja uma grande variedade de biomassa passível de ser utilizada como precursor de carvão ativado, a casca de coco corresponde a um dos resíduos mais utilizados para fins industriais, principalmente devido à sua grande disponibilidade em várias regiões do mundo (Prauchner e Reinoso, 2012). O endocarpo de coco, por sua vez, graças as suas características físico-químicas bem como sua alta disponibilidade estimulam sua utilização uma vez que, é um resíduo comum nas praias brasileiras e de baixíssimo custo. 3.6. Coco Verde no Brasil A fruticultura do Brasil, e em especial a da região Nordeste, vive um momento bastante favorável. O Brasil está entre os maiores produtores de frutas, com 41 milhões de toneladas produzidas, perdendo apenas para a China e para a Índia (Paranhos et al., 2009). O Brasil também é beneficiado com a cultura do coco verde, ou coco da baía

30 como é comumente conhecido (Cocus nucifera), que é abundante principalmente nos estados do Nordeste. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, (IBGE, 2011), os maiores produtores nacionais de coco são os estados da Bahia, do Ceará e de Pernambuco, com produção nacional de 1.891. 687 toneladas em 2010. O consumo estimado de coco no mercado brasileiro corresponde a 62% de coco seco e 38% de coco verde (Silveira, 2008). Mas, o consumo da água de coco verde, no Brasil, tem crescido vertiginosamente. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA), o consumo da água de coco representa 140 milhões de L/ano. Embora significativo esse volume ainda é considerado pequeno pela Associação Brasileira dos Produtores de Coco (ASBRACOCO), que pretende atingir 500 milhões de L/ano (Carrijo et al., 2002). O coqueiro é uma planta de origem asiática, que chegou ao Brasil por volta do ano de 1553, pelo Estado da Bahia, a bordo das embarcações portuguesas. Por ser uma planta tropical, encontrou condições propícias para o seu desenvolvimento no Brasil, e se espalhou pelas regiões Norte e Nordeste, e, mais recentemente, no Sudeste (Pereira, 2012). O fruto é a parte do coqueiro com maior valor comercial e sua constituição está descrita na Figura 2. Figura 2. Ilustração do coqueiro e corte longitudinal do coco verde com a descrição de suas partes (Benassi, 2006). Fonte: Pereira, 2012.